AlexanderEu não sabia que merda eu estava fazendo. O que exatamente foi aquilo? Ela sair me incomoda, um vestido me irrita, um choro dela me dilacera. Saber que ela ainda ama Brandon, então… me faz querer abrir a caixa preta da vida dele, só para que esse amor se transforme em ódio! Mas por quê? Esse não sou eu.Mulheres, para mim, sempre foram apenas prazer. Casuais, descartáveis. E, de preferência… modelos ou garotas ricas e mimadas, que se satisfazem com uma joia, uma bolsa ou um vestido de marca e nunca esperam por um telefonema depois.Não sou o tipo que leva para jantares, compra flores ou vai ao cinema. Nem na adolescência fui assim. Entrei no exército aos 17 anos, enquanto outros caras buscavam um ‘amor’. Eu buscava diversão. E, quando saí de lá, busquei poder. Consegui. Porque nunca me permiti distrações. Relacionamentos nos tiram do foco, limitam nossos objetivos. Tenho 29 anos e sou um dos homens mais bem-sucedidos de Houston. Conhecido no país inteiro. No mundo.Evelyn é
EvelynAcordei emaranhada em Alexander. No começo, isso me atormentava, fazia-me sentir uma traíra. Hoje... o sentimento mudou. Depois do que aconteceu ontem, pude ver que talvez, lá no fundo, mesmo que por uma pequena fração, Alexander se importe comigo. Comigo, Evelyn, e não apenas com o que represento em relação a Brandon. E entre nós... poderia estar surgindo uma... amizade?Com cuidado, me desvencilhei de seu aperto, desci da cama e segui para o banheiro. Assim que entrei, deparei-me com o box quebrado e me lembrei da resposta dele ontem: "Picos de estresse". Eu sabia que seu trabalho era perigoso e realmente estressante, mas... havia algo mais ali. Algo que ele não quis me contar.A Evelyn de Brandon não insistia. Ela aceitava respostas prontas e fingia que tudo estava bem. E foi o que fiz ontem. Mas agora... uma nova Evelyn despertava dentro de mim. Uma que se importa, que insiste, que não aceita segredos. Muito menos de um amigo.Terminei minha higiene e senti a determinação c
AlexanderQuando senti ela se sentar ao meu lado, meu coração disparou. Seu toque queimou cada pedaço da minha pele. Mas, ao perceber onde ela havia tocado e o que exatamente estava acariciando... a raiva tomou conta de mim. Era por Brandon. Sempre por ele.Ela disse que não, mas aquilo martelava na minha mente.Só que foi a menção de Rachel, minha Rachel, que me fez explodir. E, assim que as palavras saíram, um gosto amargo de fel tomou conta da minha boca:"Vocês dois não são dignos."Eu havia insinuado que Evelyn não era digna... Mas, no fundo, eu sabia a verdade. Assim como Rachel, ela também foi vítima de Brandon.Mas eu não sou bom em pedir desculpas. E não carrego arrependimentos.Então... deixei minhas palavras prevalecerem.Eu estava com raiva. Não dela, mas da situação. Rachel se foi. Brandon também. E agora... Evelyn.Meus olhos caíram sobre minha mão machucada, um lembrete gritante de que ela importava. Claro que sim. Esses cortes e pontos eram a prova disso.Levantei-me e
EvelynA viagem para casa foi silenciosa. Em um momento ou outro, David falava alguma coisa, apenas para deixar o clima mais leve e menos estranho. Isso ajudava, pois me tirava dos meus pensamentos. Mas, por mais que tentasse, hora ou outra minha mente me pregava uma peça e me levava até Alexander. Seu carinho e cuidado no dia anterior... para hoje se tornarem fúria e desprezo."Vocês dois não são dignos."Mas ser indigno? Isso é forte demais... Isso... Isso faz Brandon parecer uma pessoa má. E ele não era, certo? Ele só tinha seus momentos difíceis... só guardava coisas para si... só descontava em mim quando estava irritado. Mas ele nunca me machucou de verdade, nunca levantou a mão contra mim. Então por que essas palavras de Alexander não saem da minha cabeça? Por que uma parte de mim sente que ele pode estar certo?Chegamos, e David me pediu desculpas, pois algo havia surgido e ele não poderia ficar. Assenti e nos despedimos. Combinamos que eu começaria a trabalhar em quinze dias.
EvelynJackson, sempre paciente, esperou que eu me trocasse e me ajudou a arrumar minhas coisas para voltarmos para Houston. O caminho até o hospital foi torturante. Benjamin nos ligou para dizer que a cirurgia de Alexander havia terminado após horas de tensão e que logo ele seria levado para o quarto. Um alívio me tomou. Apesar do susto, ele ia ficar bem.Jack tentou puxar assunto, tentou aliviar o clima. Ele sabia os gatilhos que esse tipo de acontecimento causava em mim, pois foi exatamente assim que perdi meus pais. A lembrança daquele dia me atingiu como uma lâmina fria.Eu tinha acabado de me formar na Universidade do Texas, em Austin. Foram quatro anos longe dos meus pais, vendo-os apenas nos feriados ou nas visitas surpresas que faziam para mim. Austin não ficava tão longe de Boerne, e foi por isso que escolhi estudar lá.Quando voltei para casa, meus pais prepararam uma festa para mim. Alguns dias depois, já estava empregada. Os Anderson, que sempre foram amigos da nossa famí
AlexanderDepois do acidente, eu apaguei. Lembro de acordar e já estar deitado. Percebia vultos ao meu redor, e as luzes no teto pareciam correr. Foi quando percebi que estava em um hospital. Tudo acontecia muito rápido; eu alternava entre momentos de sono profundo e lapsos de consciência. As vozes ao meu redor eram apenas murmúrios, difíceis de entender.— Precisamos encaminhá-lo para a cirurgia — ouvi uma voz masculina.— Estamos tentando contato com a família — agora era uma voz feminina.Um pensamento me atingiu como um raio.— Evie... — sussurrei, antes de ser engolido pela inconsciência novamente.Não sei quanto tempo dormi, mas desejei do fundo do coração que não estivesse morto. Então, senti uma presença ao meu lado, acompanhada de vozes indistintas. Tentei abrir os olhos, mas foi em vão. Um cheiro familiar preencheu meus sentidos, seguido de uma voz doce.— Quanto tempo até ele acordar?Era Evie? Não podia ser. Eu não tinha certeza se estava sonhando ou se já tinha atravessad
EvelynAssim que acordamos, a enfermeira trouxe o café da manhã. E, claro, o humor de Alexander estava péssimo! Ele odiava ser ajudado, mas, com as mãos machucadas e um dos braços engessados, não tinha escolha.— Onde está Benjamin? — Sua voz era autoritária, e a irritação evidente em cada sílaba.— Juro por Deus, Alexander, se me perguntar isso mais uma vez...Antes que eu concluísse a frase, a porta se abriu. Lá estava minha tábua de salvação.— Boa tarde. — Ben disse com um sorriso, que morreu no instante em que percebeu o mau humor de Alex.— Até que enfim. — Alexander bufou.Peguei a cadeira de rodas e levei até a beirada da cama.— Para que isso? Estou com o braço engessado, não as pernas.— Procedimento padrão. — Respondi, esperando que ele se sentasse.Mas, teimoso como era, ele foi caminhando até a porta.— Alexander Sterling, pare de agir como uma criança. Sente-se nessa cadeira, ou não assino para que tenha alta.Ele se virou para me encarar, e eu ergui uma sobrancelha. Ben
AlexanderQuando Benjamin me disse que haviam encontrado os documentos sobre Brandon e que eu não ia gostar nada do que o maldito vinha fazendo, fiquei furioso. Um verdadeiro vulcão, pronto para entrar em erupção.Não queria ter explodido com Evie, não depois do nosso pequeno momento no hospital. Mas eu não sou bom em relacionamentos, especialmente em um que nem sei como rotular. Quando percebi que a magoei, mais uma vez, cedi. Parece que ceder a ela estava se tornando um hábito. Eu nunca cedo para ninguém. Quer dizer… ninguém além dela.Ainda estava com meu braço ao redor de sua cintura, o queixo apoiado em sua cabeça, quando Amélia apareceu na sala. Ela nos encarou, e senti o corpo de Evie enrijecer sob o meu, mas apertei levemente sua cintura, tentando tranquilizá-la.— Ãh… — começou Amélia.— Gostariam de comer alguma coisa?Evie se afastou de mim apenas o suficiente para me olhar.— Você precisa comer, lembra do que o médico disse?Sorri. Parece que ganhei uma enfermeira.— Prepa