Capítulo 5 – Ficará comigo

Alexander

O carro mal havia percorrido um quilômetro quando Evelyn adormeceu. No meio do caminho, sua cabeça deslizou para o meu colo. No início, considerei afastá-la, mas, por alguma razão que não quis questionar, acabei deixando-a ali.

Pelo retrovisor, percebi Jackson me observando.

— Quer me perguntar alguma coisa, Reynolds?

Questionei, sem desviar os olhos dele.

Ele se endireitou ao volante.

— Não, chefe. Na verdade…

Hesitou por um segundo e levantei uma sobrancelha.

— Ainda acha que Evie sabe de alguma coisa?

Meu olhar baixou para a mulher adormecida em meu colo. Em menos de 24 horas, era a segunda vez que ela dormia nos meus braços. Seu rosto estava relaxado, os lábios entreabertos, ainda avermelhados. As sombras sob seus olhos continuavam ali—ela realmente precisava descansar.

Meu olhar percorreu suas feições, parando no nariz levemente arrebitado, na respiração calma que fazia seu peito subir e descer suavemente. Assim, entregue ao sono, ela parecia tão inofensiva… Nada lembrava a mulher que, desperta, era um verdadeiro furacão: respondona, teimosa, sempre pronta para me desafiar. Era estranho vê-la assim. Estranho... e perturbador.

Jackson pigarreou, trazendo-me de volta.

— Não.

Minha voz saiu firme. Olhei para ele pelo retrovisor.

— Não acredito que ela saiba de nada.

Afastei uma mecha de cabelo do rosto dela, e ela se remexeu suavemente.

— Ela é só mais uma vítima dessa merda toda… assim como nós. Mas agora, queira ou não, vai ter que lidar com o que Anderson deixou para trás.

Chegamos a Houston e seguimos direto para minha cobertura. Assim que Jackson estacionou, ele veio em minha direção para pegar Evie, mas não permiti. Eu a carregaria. Ela estava completamente entregue ao sono, e eu não queria acordá-la.

Seguimos para o elevador, e, assim que entramos na cobertura, Amélia, minha governanta, apareceu para nos receber.

— Senhor, não sabia que voltaria hoje.

Ela olhou para o relógio. Eram exatamente três da manhã.

— Poderia ter me avisado. E quem é a moça?

Por um momento, fiquei sem saber o que responder, mas Jackson foi mais rápido.

— Essa é Evie, noiva de Brandon.

Algo cintilou em seus olhos , parecia pena. Todos aqui sabiam quem era Brandon. Não consegui decifrar se Amélia sentia dó de Evelyn pela morte dele ou por saber quem ele realmente era.

— Vou ajeitar os quartos.

Ela anunciou, virando-se para o corredor.

— Ela ficará comigo.

Me arrependi dessas palavras assim que saíram da minha boca. Por que eu disse isso? Eu nunca trago ninguém para casa, muito menos para o meu quarto. O choque nos rostos de Amélia e Jackson era visível, mas eu não voltaria atrás. Ignorei-os e caminhei até meu quarto. Assim que entrei, fui direto para a cama, ajeitando Evelyn e cobrindo-a.

— Obrigado, amor...

Ela sussurrou.

Aquilo me irritou. Ela pensava que eu era Brandon.

Saí do quarto e retornei para a sala, onde Jackson me aguardava.

— Tem certeza de que quer que ela fique aqui? No seu quarto?

Ignorei sua pergunta e caminhei até o aparador. Precisava de uma bebida para clarear minhas ideias. O líquido desceu quente pela minha garganta, acalmando meus pensamentos. Caminhei até as grandes janelas da cobertura. Eu morava no lugar mais privilegiado, bem no centro da cidade.

— Quero que contate Benjamin. Preciso saber o que exatamente uma Snake fazia na casa de Evelyn.

Me virei para ele.

— E mande uma equipe para lá. Traga as coisas dela e vasculhem a casa. Quero saber o que aqueles malditos estavam procurando.

Dei mais um gole na bebida.

— O que te faz pensar que eles não encontraram o que queriam?

Um sorriso brincou em meus lábios.

— Porque eles não foram treinados por mim. Mas Brandon foi.

Jackson assentiu. Ele sabia o que eu queria dizer. Minha equipe era a melhor. Eu era o melhor! Se Brandon escondeu algo, foi para que ninguém além de um de nós o encontrasse. O que quer que aqueles homens estivessem procurando, não estava lá. Apenas pistas de onde poderia estar.

Dei as últimas instruções a Jackson e o mandei descansar em um dos quartos. Amanhã ele resolveria tudo.

Quando retornei ao meu quarto, Evelyn continuava dormindo do mesmo jeito em que a deixei. Peguei minhas roupas e segui para o banheiro. Entrei no chuveiro e deixei a água cair, levando com ela as lembranças dos últimos acontecimentos.

Assim que saí, deitei-me na cama, ao lado dela. Eu realmente precisava dormir um pouco, nem que fossem algumas horas.

No instante em que me ajeitei, ela se virou para mim, jogando os braços sobre meu abdômen. A pele dela encostou na minha, quente e macia. Pequenas mãos deslizaram sobre meu abdômen nu, e um arrepio disparou pela minha espinha.

Que diabos...?

Minha respiração ficou mais lenta. Eu não deveria estar reagindo assim.

Eu nunca durmo com ninguém. Nem sequer trago mulheres para minha cama. Faço o que tenho que fazer por aí, mas meu quarto é sagrado.

O que ela tem?

Havia algo nela... Algo que, de certa forma, me atraía. Mas ela não era meu tipo. Era uma mulher bonita, sim, não podia negar. Mas não fazia meu estilo.

Comecei a avaliá-la. Seu corpo era perfeito, cheia nos lugares certos. Suas curvas se destacavam sob aquele pijama ousado. Sua pele era tão macia ao toque...

Controle-se, Alexander!

Eu precisava me recompor. Não podia me perder por qualquer mulher, ainda mais por uma que era o resto de Anderson.

Uma raiva me dominou. Eu tinha que sair dali. Trazer Evelyn para minha casa já tinha sido um erro. Para minha cama, então? Pior ainda.

No momento em que fui afastá-la, ela sussurrou:

— Fique... por favor.

Suspirei. Droga. Ela ainda achava que eu era Brandon.

Mas então ela abriu os olhos. E me viu.

Seus lábios se entreabriram, a respiração um pouco mais rápida. Nenhuma confusão, nenhum engano.

— Por favor, Alexander. Não quero dormir sozinha.

Ela sabia.

Sabia que era eu o tempo todo

Assenti, deitando-me novamente. Ela jogou o braço sobre minha cintura e repousou a cabeça sobre meu peito.

— Obrigado.

Sua voz trêmula entregava seu nervosismo.

— Prometo ir embora pela manhã.

Senti seu suspiro quente contra minha pele. Logo depois, ela dormiu outra vez.

Passei a mão pelo rosto, exausto.

— Boa noite, Evie.

Toquei de leve seus cabelos, e logo em seguida fiz o mesmo que ela. Me entreguei ao sono.

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