- POV LAYLA
Mamãe sempre deixou isso claro para mim, antes da sua partida as coisas eram mais fáceis.
Mas infelizmente a doença tomou conta dos seus pulmões e a tirou de nós, deixando meu pai sozinho com duas meninas para criar.
Queria não ser egoísta e pensar que o destino nos odeia, demorei alguns anos para superar a falta que ela fazia e ainda faz, só que agora com menos intensidade.
Não foi fácil não ter com que contar sobre a minha primeira vez menstruando, mas o meu pai foi um guerreiro, sempre se mostrou e ainda se mostra interessado na minha opinião e na da minha irmã.
Exceto por agora, quando ele diz que nós vamos nos mudar, para a puta que pariu, um lugar no Texas chamado de Braston City, qual é? Quem raios coloca um nome desse em uma cidade.
Pelo o que a Mali pesquisou, a cidade não tem cobertura de rede, então resumidamente é isto que vai nos acontecer.
Sairemos da civilização e voltaremos para o tempo das cavernas, mas entendo o meu pai, ele deu um duro danado para nos dar um bom futuro e estabilidade financeira, o problema foi que a empresa que ele trabalhava faliu e todos perderam dinheiro inclusive ele.
Portanto, ou nos mudamos para o Texas ou nos juntamos aos desabrigados.
Não sou uma pessoa muito social, e isso não me incomoda tanto, mas a Maria Luiza está tendo um ataque de histeria desde a hora que meu pai anunciou a nossa partida.
Que por acaso é hoje.
Mas há alguém bem feliz com isso, a cobra da minha madrasta, uma modelo gostosona, que infelizmente caiu nas graças do meu pai.
No começo ela era doce e gentil, mas foi só conquistá-lo de verdade, mostrou a sua verdadeira face, para mim e minha irmã é claro, perto do nosso pai, ela finge ser recatada e do lar.
— MARIA LUIZA COLLINS! ANDA LOGO!— grito e escuto seu suspiro ao arrastar a mala e fechar a porta do seu quarto.
— por que o mundo me odeia? O que eu fiz de ruim, na vida passada para está pagando nessa? Por que viver sem Wi-Fi me deixa louca só de imaginar.
— tem livros, podemos ler.— sugiro, nos entreolhamos e sorrimos.
— boa piadista você, como se eu me interessasse por leitura, gosto de sair, viver a vida.
— e eu amo o nosso pai acima de todas essas coisas, portanto, sugiro que você feche essa sua boca reclamona e o apoie, a gente nem sabe como é a cidade, não temos o direito de reclamar de barriga cheia.
— você é tão certinha que me deixa tonta... me segura... me segura que vou cair.— fala colocando a mão no peito fingindo um desmaio.
Ordinária.
— para de ser sonsa e leva logo as malas para o carro... o papai está esperando.
— e você o que ainda faz aqui?
— esperando você, não suporto estar na mesma lugar que aquela pitom por muito tempo.
— então vamos logo, antes que ela envenene ainda mais o nosso papito.— fala puxando a sua mala e sigo atrás dela.
(...)
— pai, vamos ter uma apê só nosso né?— Maria questiona e a Antonela sorri tirando sarro da cara dela.
— querida, nós não vamos morar em apartamento, até porque a cidade na possui prédios, mas ficaremos numa bela casa cedida pelo senhor Caccini o meu patrão.
— e como ele é?— questiona.
— dizem que é autoritário, mas trabalha dentro da lei.
— não isso, eu quero saber se ele é bonito.
— Maria Luiza! Ele tem trinta e poucos anos, não é para o seu bico garota.— papai a repreende e ela sorri.
Já estávamos no aeroporto, a espera do motorista da fazenda que virá nos buscar, mas começo a pensar que está vindo de camelo.
Depois de mais alguns minutos e ouvir o meu pai listar motivos para que nem eu nem a Maria Luiza se envolva com qualquer pessoa desta cidade, o motorista chegou, numa caminhonete prata.
Ótimo! Uma caminhonete é bastante confortável, ao menos tinha quatro lugares.
Meu pai e o motorista foram na frente, enquanto eu, Mali, e Antonela fomos atrás.
Ela foi entre nós duas e para evitarmos confusão, viramos o rosto e encaramos a vegetação durante todo o caminho.
A cidade não era ruim de todo modo, mas ainda assim é estranho demais não ver uma cafeteria perto, e tão pouco um restaurante.
Mas bares, isso tem, em trinta minutos de trajeto já olhei três.
Quando nos aproximamos de uma casa enorme, achei que ficaríamos nela, mas o motorista mencionou que pertence ao Caccini, e por isso vimos a placa na entrada " vem vindo a Caccini Vill "
E a nossa casa era vizinha da dele, quando o homem estacionou, Maria desceu rápido demais e eu demorei alguns segundos para crer no que estava vendo.
— eu estou me sentindo no período colonial.— ela diz e seguro a risada.
— a casa é linda.— Antonela comenta.
— eu concordo.— falo e acho que foi a primeira vez na vida que fiz isso.
Meu pai sorriu feliz, e esperamos o motorista lhe entregar as chaves e adentramos o lugar.
A entrada da casa é linda, apesar do estilo antigo, como portas e janelas de madeira e as paredes num tom amarelo queimado, e ter muitas plantas na fachada, parece muito com as casas do interior dos Estados Unidos.
Nada que uma boa mão de tinta não resolva.
Mas o que me encantou de fato foi o interior da casa, móveis recém comprados, piso envernizado, e a cozinha inteira para mim.
— eu realmente gostei da casa.— confesso e papai beija a minha cabeça, seu telefone toca e ele pede licença e vai para a varanda.
Luiza se aproxima e sorrio da sua carranca, ela amou o lugar mas tá se fazendo de difícil.
— você concordou com a cobra, cadê a união das irmãs?
— ainda existe, confessa, você amou o lugar.— afirmo e ela sorri sem mostrar os dentes.
— quer saber, eu vou achar o meu quarto, e espero que o seu seja horrível.
— vai sua criança.— brinco e a vejo subir as escadas, Antonela me encara do sofá e força um sorriso e eu retribuí da mesma maneira.
As coisas não seriam fáceis, mas pelo meu pai, estou mais que preparada.
- POV LAYLAApós a ligação meu pai retornou para a sala, e minha madrasta e eu disfarçamos as nossas expressões de quem odeia a companhia da outra e agimos normalmente, como se dois segundos atrás ela não estivesse me mostrando o dedo do meio e eu devolvendo com uma banana junto.Gesticulou com um palavrão e eu até devolveria, mas meu pai adentrou na mesma hora.— quem era querido? — pergunta interessada.— era o meu chefe! Vou precisar ir até ela, provavelmente só voltarei para o jantar, ele ainda irá mandar uma empregada para cá, então Layla... a cozinha é toda sua filhota.— informa e não escondo o sorriso faceiro que se forma em meus lábios.— urruuu! Valeu pai.— comemoro e lhe abraço calorosamente, e subo para o meu quarto, termino de arrumar minhas coisas no closet, quando ouço o clique na maçaneta.— ei zoião!— chama.— o que é?— amanhã já começamos na escola.— avisa empolgada.É o meu último ano, e estou tão alegre quanto alguém um professor de história tendo que dar aula para
- POV LAYLADepois de nos mostrar à escola, a kat nos levou até a sala da Maria Luiza, e nos apresentou a todos de lá, depois fomos para a minha, aconteceu a mesma coisa, todos foram gentis, menos uma garota, suponho que ela, deva ser a abelha rainha daqui, não sei quem é, mas já não simpatizei, depois das apresentações, fomos nos sentar e a raiva sentou-se ao meu lado.Não fiquei preocupada com a Maria Luiza, ela sabe se virar muito bem sem mim.As horas passaram voando, e quando finalmente chega a hora de ir embora, fomos barradas na porta da sala a abelha rainha, estava na porta encarando-me com um sorriso desdenhoso no rosto.— sei que é novata, então é bom saber, que quem manda nessa escola sou eu, se não quiser problemas, é melhor não pisar no meu calo e ficar longe do que me pertence.Avisa jogando meu caderno no chão, respiro fundo e conto até dez, mas estou irada demais para funcionar.É o meu primeiro dia caralho, que tipo de pessoa acha que tem direito sobre com que eu fa
- POV LAYLA— que foi?— Luiza me indaga, enquanto passa os braços ao redor do irmão da kat, e eu estou na minha quinta dose de tequila.— é... licencinha rapidinho, preciso dar uma palavrinha com minha irmã.Ele me encara confuso, e a Lu sorri, pego no seu braço e a levo até um cantinho mais reservado.— Maria Luiza Collins! O que a senhorita acha que está fazendo? Mal conheceu o garoto, e já está pendurada no pescoço dele?— você me conhece mesmo, mas eu e ele somos livres e desimpedidos, então eu vivo lá vida louca!— fala colocando as mãos na cintura e reviro os olhos.Ela se faz de durona, mas no primeiro pé na bunda ela chora e sobra para mim ter que inventar sabores novos de brigadeiros para agradá-la.Com a morte da mamãe eu meio que me responsabilizei por algumas coisas e a Luiza faz parte disso, não que meu pai não ajude na sua criação, longe disso, ele é maravilhoso, mas algumas coisas ela sempre conversa comigo, a primeira vez que menstruou foi para mim que ela contou e esta
- POV LAYLAAcordo com os primeiros raios de sol atravessando as minhas cortinas.Olho para o despertador e são seis da manhã, levanto e arrasto meu corpo para o banheiro, ignorando a dor de cabeça que estou sentindo.O poder da tequila.Depois tomar um banho, visto um vestido azul claro longo, e uma bota marrom.Seco meu cabelo depois o penteio o deixando solto, passo um rímel efaço um delineado, por fim finalizo com uma manteiga de cacau.Desço e encontro papai e Antonela na cozinha.— bom dia filha!— bom dia pai!— bom dia Layla, onde está a maluzinha ela ainda não desceu.Droga! A Luiza provavelmente ainda não veio da casa dos Caccini.Preciso ir até lá, mas antes tenho que arrumar uma boa desculpa.— ah ela saiu mais cedo.— que pressa né?— a pitom destila seu veneno, respiro fundo e reúno todo meu alto controle para não atirar uma xícara na sua face cínica.— sim! Tínhamos um trabalho na casa de uma amiga da escola, inclusive estou indo, ah, Antonela eu vou pegar o seu carro
- POV LAYLA— estou aqui para ver a minha irmã, que por acaso estava na sua "casa"Enfatizo o casa, e ele me encara um pouco surpreso mas logo recompõe a carranca de ignorante.— como pode ver ela não está aqui, pode ir embora da "minha " casa.Cretino idiota.— tudo bem! Pode enfiar a "sua" casa no seu rabo.Falo sem lhe dar o direito de resposta, caminho de volta para o meu carro e já estava entrando quando avisto a safada da minha irmã, vindo toda serelepe em cima de um cavalo com o Thomas, e acenando para mim.— oii Layla, tudo bem?— tudo bem? ... Está tudo ótimo...perfeito.— ironizo.— calminha aí!— calma nada! Vamos embora agora, papai está procurando por você, e não venha me dizer que vai ficar, porque se quiser estará por sua conta.— esbravejo e ela parece surpresa, e agora o cara que estava servindo de apoio para a Maya vem em nossa direção.— maninho! Você saiu cedo em.— o cretino fala colocando a mão sobre o ombro do irmão.— é que a Malu queria ir conhecer a nossa viníco
- POV LAYLAAcordei e ainda são seis da manhã, me levanto tomo banho e me visto, desço para tomar café, e dou graças aos céus que a guinoma não resolveu fugir para casa dos Caccinis.— bom dia família.— falo me juntando à eles.— bom dia! Filha você está linda.— obrigada pai!— agradeço sem jeito e Luiza revira os olhos.Optei por usar um corselet rosa, com uma calça jeans, e um tênis branco.— ei! E eu?— ela pergunta brava e eu sorrio.— você também caçula.Ela manda um beijo para ele que devolve no mesmo instante.Peço para o meu pai me passar a garrafa de café, e noto um enorme chupão no pescoço da minha irmã, que por acaso está coberto por base, mas estou vendo daqui que é enorme.Danadinha ela, gostei!— meu subconsciente provoca e reviro os olhos.Danadinha é o nome do cinto que papai vai usar se ele ver isso.Terminamos o café e saímos no carro do papai que já voltou do conserto, porque Antonela saiu no dela.Ele também disse que daria um carro para nós duas usarmos, já que a Lu
- POV AIDEN— está tudo preparado?— questiono e meu irmão acena com a cabeça concordando.— sim, está no galpão a sua espera!— avisa e suspiro.— ótimo! Vamos logo.Pegamos os cavalos e seguimos para o galpão....Descemos dos cavalos e seguimos em direção a porta, cumprimentamos um dos meus homens que estava a espreita, vigiando para que ninguém entrasse ou cavalgasse nessa área.Fito o idiota audacioso que ousou me trair... odeio traidores eles sempre são mentirosos e sabem disfarçar.Assim que o mesmo nota minha presença, seu rosto fica ainda mais pálido e sorrio.— ora... ora... ora... o que temos aqui.— falo me aproximando dele.— senhor eu juro... não fiz nada!— se defende e curvo os lábios num sorriso.— não? Então me explique, como você foi até o Gonzales informá-lo sobre o nosso arsenal de armas, estava sonâmbulo?— questiono e ele engole em seco.— vamos... estou esperando a explicação.— afirmo fitando o seu rosto.— por favor, não me mate eu imploro, faço qualquer coisa.—
- POV LAYLADepois de voltar para casa, subi para o meu quarto e me espanto assim que papai entra de fininho.— oi filha, desculpe te assustar, está tudo bem por aqui?— questiona e parece um pouco ansioso, isso me fez arquear as sobrancelhas numa expressão desconfiada.— oi pai, tudo bem, só estava pensando longe.— falo e ele senta-se ao meu lado na cama.— você estava pensando na Marta?— questiona e sinto um aperto no peito, sei que meu pai faz de tudo para suprir a falta da mamãe e nunca tentou substitui-la, mas as vezes me pergunto como seriam nossas vidas se ela ainda estivesse aqui.— sim, tem momentos que nós garotas passamos e ter a mãe por perto é tão bom, não que não seja um bom pai ou bom ouvinte, não é nada disso, o senhor é maravilhoso, mais é algo inevitável papai, sinto muita saudade.— confesso deixando uma lágrima solitária escapar dos meus olhos e ele me abraça.— sei que não é fácil, eu também sinto a falta dela, Marta foi e sempre vai ser o meu primeiro amor, ningué