Amira Garcia
Deixei todos os meus problemas de lado porque o momento era de felicidade. Após esperar dias e temer o falecimento do meu avô, ele milagrosamente provou o quanto queria viver. Não planejava estar sozinha naquele momento tão importante, enquanto me preparava para adentrar o leito, não conseguia evitar de pensar em Lorenzo e no quanto ele tinha agido estupidamente. Preferi ir sozinha até o hospital, apesar de Sarah ter oferecido sua companhia, recusei, pois, sabia que tínhamos algo incomum, e em aberto para resolver, concordamos que ela conversaria primeiro com o grandão, bem, e eu conversaria quando retornasse do hospital.
Quando toquei na maçaneta do leito, senti minhas pernas fraquejarem, por um segundo hesitei, mas não tinha do que ter medo, talvez meu avô fosse simpático, pensei, adentrando e quase caindo em cima da lixeira. Alg
Lorenzo RiveraEram quatro da manhã e eu continuava sentado do lado de fora, esperando que a qualquer momento Amira chegasse. Não conseguia acreditar que ela havia ficado tão ofendida com nossa discussão, tivemos outras piores e nunca ela tinha desaparecido antes. Telefonei para o hospital meia-noite e disseram que ela esteve lá e logo foi embora. Onde ela poderia estar? Queria tanto pedir desculpas pelo que tinha feito. Sarah não era mais uma criança, conversamos sobre ocorrido, senti-me envergonhado, entendi que não deveria me intrometer daquele jeito na sua vida.Fernando ficou tão pálido acreditando que eu fosse demiti-lo, mas, na verdade, fui lhe pedir desculpas, não o conhecia para julgá-lo como um molestador. Mais não deixei de ameaç&aacu
Amira GarciaEstava na pior prisão que poderia existir, uma com a qual não conseguiria me defender. Subestimei a inteligência maligna de Miguel, contratar falsos policiais para me capturar foi longe demais. A van azul era realmente do meu tio psicopata, me entregaram em suas mãos, não sabia onde estávamos, porém, acreditava que bem longe de todos. O ferimento do meu pulso, causado pelas algemas, agravou-se nas minhas tentativas de escapar. Dentro da van sem nenhuma ventilação, aguardava pelo momento final, ele deixou claro que em poucas horas eu estaria a sete palmos do chão.Virei o rosto, fechando os olhos em seguida, depois de ouvi-lo abrindo a van. Novamente eu seria vítima de suas loucuras, durante horas passei não só por torturas emocionais, como
Lorenzo RiveraEstava ansioso pelo que estava para acontecer, quase não consegui dormir no dia anterior. Após contar os dias, tinha finalmente chegado, aquele dia em especial, sentia euforia e expectativa de tudo ser perfeito. A realização de um dos meus sonhos.— Amor, como estou? — perguntei, dando uma volta. Minha mulher estreitos os olhos e depois sorriu. Branco e vermelho seria o uniforme que usaria durante muito tempo.— Está um cozinheiro gostoso! — respondeu, agarrando minha cintura. Sorri satisfeito.Era a inauguração do meu restaurante, adiei por quase dois meses antes de inaugurá-lo. Passamos por muitas coisas desgastantes, como, por exemplo, o
Amira GarciaO que uma mulher poderia desejar? As outras não sei, mas eu, tinha tudo e um pouco mais. Após cinco anos sofridos finalmente tinha meu diploma na parede do quarto, destacando minha formação. Faltava bem pouco até meu escritório de advogacia ser aberto, contava os dias. Há três anos casei com o amor da minha vida em uma cerimônia simples para poucas pessoas. Sarah mudou-se para um apartamento e mora junto com seu noivo Fernando, os dois têm conquistado muitos sonhos juntos.— Querida! — disse ele, chamando minha atenção. Sorri para meu avô. Cada dia amava mais aquele velhinho que merecia ser amado pelo resto de sua vida.— Vov&o
Amira GarciaO cheiro forte do campo me trazia um pouco de tranquilidade, mas só eu sabia o quanto estava sendo difícil. Meus olhos permaneciam fechados, aquela era a minha despedida, eu já não poderia viver na minha cidade do interior, todas as lembranças não me deixariam seguir em frente.— Essa falsa paz não me fará esquecer aquela tragédia. — murmurei, olhando em direção onde ficava minha casa, antes de ter pegado fogo acidentalmente e tirado tudo de mim.Três semanas haviam se passado desde que tudo aconteceu, eu estava sendo abrigada por um dos amigos do meu pai, todos na cidade estavam com pena da pobre órfã que perdeu tudo. Já não tinha lágrimas para c
O despertador não parava de tocar, contudo, eu só queria dormir mais um pouco, porque no dia anterior caminhara bastante procurando trabalho. Quatro anos se passaram tão depressa, e minha tão desejada estabilidade financeira sempre estava mais distante. O emprego que havia passado mais tempo foi como caixa de um supermercado, durou seis meses, até eu ser expulsa mais uma vez devido ao meu jeito de agir impulsivamente, eu não poderia deixar ninguém abusar de mim como das outras vezes, precisei usar agressividade para me proteger. Meus traumas do passado não me deixavam nenhum momento, tinha noites que os pesadelos pareciam reais de mais, e eu não tinha ninguém parame consolar, me isolar das pessoas era o melhor que eu poderia fazer, assim evitaria me machucar. Tomei coragem e saí da cama, me alonguei antes de ir ao banheiro fazer minha h
Lorenzo RiveraQuando você tem tudo, ou, pelo menos, quase tudo, ser só mais um homem legal não faz diferença alguma, lá estava eu mais uma vez, sendo pressionado pelo meu pai, ele não era a melhor pessoa do mundo, e adorava se intrometer na minha vida.— Filho, assuma suas responsabilidades! — meu pai disse furioso socando a mesa, eu quase cuspi o café que estava tomando, foi um erro ter ido visitá-lo naquela manhã, estava arrependido, sabia como tudo acabaria e mesmo assim fui.— Não quero sua empresa! Por que não coloca a sua filha? Tudo que ela mais deseja é passar horas dentro daquele escritório. — ele sabia bem o quanto a empresa era importante para mi
Amira GarciaMeu destino era mesmo fodido, logo no primeiro dia de trabalho quebrara meu nariz. Não estava acreditando ainda na coincidência de ser justo o poste ambulante que trabalharia ao meu lado. Ele sentia repulsa de mim sem ao menos disfarçar.— Se você quer sobreviver nesse lugar, melhor não causar problemas! — olhei em direção a porta assustada. Quem era aquela mulher para falar comigo daquele jeito?— Sou uma vítima. Não está vendo? — resmunguei, franzendo o cenho.Sua gargalhada escandalosa quase me deixou surda. Cruzei meus braços encarando aquela mulher que se aproximava de mim, ela parou na minha frente, socando um uniforme no meu peito com brutalidade, me fazendo dar um passo para trás.