Lorenzo RiveraMinha casa era tão silenciosa que às vezes não suportava ficar sozinho, todavia, naquela noite só queria ficar no meu quarto. Olhei para o relógio na parede, era quase meia-noite. Eu estava estressado devido a uma mulher. Nunca tinha visto alguém como a Garcia antes. Uma mulher que falava sem pensar nas consequências, de certa forma, me deixou surpreendido porque apenas meu pai falava o que pensava de mim. Não pensei que estaria vivo para ver uma mulher como aquela falar sem medo o que pensava de mim. O que eu esperava? Esperava no mínimo educação, porém, ela deixou claro que não tinha.— Lorenzo, não pense mais nisso! — murmurei, sorrindo, enquanto recordava do quanto deixei a Garcia sem jeito. Por mais que ela tentasse desviar seu olhar, eu sabia muito bem pra onde estava
Amira GarciaUm pressentimento ruim estava me deixando triste, tentei não pensar ou querer entender o que poderia ser. Naquele dia cheguei um pouco mais cedo ao trabalho. Coloquei o uniforme e retornei para cozinha, para aguardar o babaca chegar. Infelizmente persentia que ele seria um problema e dos grandes pra mim.— Rivera chegou! — um garçom adentrou a cozinha gritando e todos ficaram em silêncio. Com um chefe como aquele conseguia entender a expressão de medo em seus rostos.Lorenzo entrou na cozinha indo diretamente para o trocador, não olhou para nenhum de nós. Minha convivência com ele seria bem difícil, um homem daquele amargo, não colocava medo à toa. Quando ele saiu feito trovão do trocador, em nossa direção, me assustei, algo não estava
Lorenzo RiveraMeu jantar do dia anterior com a minha irmã me fez refletir, Sarah tinha uma novidade, estava dedicando seu tempo as crianças abandonadas no orfanato, as histórias que ouvi me fizeram sair de lá envergonhado, senti vergonha porque sabia que não era diferente dos pais daquelas crianças. Um segredo escondido poderia mudar o jeito que minha irmã me enxergava, eu tinha uma filha que nunca quis ter, ela estava há alguns quilômetros de distância em um internato. Não lembrava do seu rosto, aquela criança era apenas uma bebê quando a deixei. O DNA foi feito duas vezes porque eu não queria aceitar aquele resultado. O que eu fiz? Chorei e entrei em desespero, estava me sentindo derrotado, porém, algo ainda poderia ser feito, pensando nisso paguei um bom advogado, e obtive a guarda def
Amira GarciaEu queria momentos menos dolorosos, mas as coisas estavam cada vez pior, três semanas trabalhando no restaurante e nada mudava, minhas brigas com Lorenzo estavam incomodando os outros funcionários. Petra mais conhecida como fifi, apelido carinhoso que coloquei, não tinha um dia que ela me deixasse em paz.— Não aguento mais, Flora. Por que sua mãe sofre tanto? — perguntei olhando para minha gata que estava lambendo sua patinha. Eu não estava exagerando, minhas costas doíam, meus pés estavam um pouco inchados, andava de um lado pro outro sem pausas no trabalho.Nunca fui de fazer corpo mole, no entanto, meu corpo implorava por descanso, tudo que estava fazendo não era coisa de uma simp
Lorenzo RiveraSibele brincava do meu lado, e eu não parava de pensar na besteira que fizera no restaurante mais cedo. Por que eu disse tudo aquilo? Queria entender porque palavras de conforto saíram da minha boca. O que ela estava fazendo comigo? Senti vontade de protegê-la, não hesitei em tocá-la, ver a Garcia daquele jeito me desesperou. Não queria machucá-la quando segurei firme seu braço, acabei me exaltando em excesso. Eu disse que tentaria mudar, falei coisas absurdas, foi loucura da minha parte, perdi a oportunidade dela ir embora da minha vida, praticamente implorei que ela ficasse.Precisava afastar meus pensamentos e esquecer o que tinha feito.— Filha, está gostando da escola? — pergun
Amira GarciaDe frente para o delegado, expliquei tudo exatamente como aconteceu, e chorei algumas vezes recordando. Por que aquelas coisas aconteciam comigo? Um castigo? Mais por quê? O delegado parecia estar me analisando, seus olhos semicerrados me causou desconforto. Ele estava duvidando de mim? Passei minha mão suada na minha roupa, esperando que ele dissesse alguma coisa.— Então, alguém quer assassinar a senhorita, e não o reconheceu? — sua pergunta me deixou mais nervosa. Enquanto ele estava confortável na sua poltrona de couro preto, passando uma das mãos em sua barba grisalha, eu queria que tudo fosse um pesadelo.— Como eu ia reconhecer, delegado? Ele estava mascarado! — afirmei, fechando minha
Lorenzo RiveraQuando convidei a Garcia para ficar na minha casa, foi pensando em protege-la de qualquer risco de vida, mesmo sabendo que a convivência seria muito difícil com ela. Existia algo nela que de certa forma, estava me afetando muito, talvez fosse os acontecimentos recentes. Deixaria para pensar ou me arrepender um pouco mais tarde, porque naquela noite queria apenas descansar, porém, ela não estava colaborando.— Entra! — falei pela segunda vez. Estávamos aproximadamente há dois minutos parados em frente a porta da minha casa. Por quê? Porque ela ficou feito bobona boquiaberta, encarando a fachada da casa!— Você mora mesmo aqui? — perguntou, olhando em direção a piscina. Que
Amira GarciaMeu inimigo logo pela manhã foi me importunar. Não suportava mais com firmeza meus problemas, era humilhante depender de alguém para sobreviver. Lorenzo me magoou com suas palavras, não consegui segurar o choro. Sabe quando você se sente um nada? Eu me sentia assim, não conseguia esquecer ele me acusando de tentar seduzi-lo, para lhe arrancar dinheiro. Quem realmente era ele? Pensei encontrar uma casinha confortável e não uma mansão com seguranças. Tinha medo de descobrir a verdade, ser um cozinheiro deveria ser apenas uma fachada. Meus colegas de trabalho, nem imaginavam quem realmente era o senhor mandão, muito menos eu.— Flora, não quero descer. — resmunguei, olhando para ela, que soltou um miado. Como queria que ela falasse, com c