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Meu Vizinho mafioso
Meu Vizinho mafioso
Por: Bell J. Rodrigues
01 - Confronto na rodoviária.

Prólogo

Eu costumava viver com meu avô paterno, Timóteo. Nossa casa ficava no interior do estado de Madrid, um lugar super tranquilo, só nós dois na maior parte do tempo. Meus pais se foram quando eu era bem pequena, então o vovô cuidou de mim. Nunca mantive muito contato com o resto da família, assim como ele, que escolheu se afastar após perder sua amada, a vovó Felicia.

Mas, sabe, meu avô estava lutando contra uma doença pulmonar terrível, fazendo tratamento médico e tomando montes de remédios, mas a situação só piorava a cada dia. Até que no final do ano passado, quando fiz 18 anos, ele nos deixou. Foi triste para todos, mas para mim, foi como perder tudo. Ele era meu mundo, e aquilo foi devastador.

Depois do funeral, voltei para nossa casa no interior, mas aquilo já não era o mesmo. Estava sozinha, e isso me deixou arrasada. Então, tomei uma decisão: mudar para um lugar novo, começar uma vida diferente, tentar fazer amigos e viver de outra maneira. Como a casa estava no meu nome de acordo com o testamento do meu avô, consegui vendê-la por um bom preço. Guardei comigo os objetos que eram preciosos para ele, com muito carinho.

Nunca tive muitos amigos, então talvez seja bom morar sozinha. Sei que não vou ficar solitária para sempre, posso fazer amizades no futuro. Escolhi uma faculdade, me matriculei e encontrei uma casa pela internet em uma cidade grande do estado de Madrid. E agora, estou no ônibus, indo para lá. Não faço ideia do que o futuro me reserva, mas, de alguma forma, estou animada.

01- Confronto na rodoviária.

No ônibus...

O ônibus para na rodoviária, assim que desço, percebo o quão agitada é essa cidade; pessoas se movendo freneticamente, esbarrando umas nas outras. Era um lugar completamente diferente de onde vim.

— Espero me acostumar logo...

Pensando em voz alta, pego minhas malas. Primeiro, preciso ir até o guichê próximo ao ponto na rodoviária, onde encontro uma moça, a atendente.

Ao me aproximar dela, sou recebida com um olhar de desprezo. Ela me observa dos pés à cabeça e me ignora. Não me considero particularmente "atraente", pelo menos, não tanto quanto imaginaria... Tenho cabelos de um loiro escuro, que caem um pouco abaixo dos ombros, olhos castanhos-esverdeados.

Não costumo usar muita maquiagem, e minha altura é uma mediana um metro e cinquenta e cinco. Prefiro roupas mais discretas. Mas, por que as pessoas agem assim? Por que tratam os outros com tanta superioridade? Não suporto pessoas desse tipo, que se acham melhores que os outros.

Depois de ser ignorada, decido chamar a atendente. Ela não podia me ignorar para sempre.

— Moça?!

Pergunto, chamando sua atenção. Enquanto ela continua a me ignorar, aparece outro atendente, desta vez um rapaz, aparentando ter quase minha idade, uns vinte e poucos anos.

Ele lança um olhar confuso para a outra atendente e me atende.

— Em que posso te ajudar?

Ele diz com um sorriso padrão que atendentes costumam dar, sem nem me olhar, enquanto mexe em alguns papéis no balcão.

— Preciso pegar minhas malas, sabe?

Digo, colocando o papel para retirar a bagagem na frente dele. Ele finalmente olha para mim e parece surpreso.

— Oi!

Ele diz novamente, mas desta vez me olhando fixamente.

— Ah, oi...

Respondo confusa, sem entender por que ele me olhou tão surpreso. Deve ser algum problema com todos eles, um mais estranho que o outro, penso, segurando o riso.

Ele me observa por alguns segundos e parece acordar.

— Ah, suas malas! Venha comigo, vou buscar para você!

Ele diz com um sorriso, agora mais genuíno que o anterior. No entanto, assim que ele se levanta, a outra atendente se aproxima do balcão e o interrompe.

— Você não precisa pegar nada para ela, apenas carimbe o papel e devolva... ela que pegue suas próprias malas!

Ela diz com rudeza, com o rosto coberto de maquiagem, ostentando um decote enorme e sapatos de salto alto. Parece ter a mesma idade que o rapaz.

— Olha, Lili, pare de se meter...

Diz o rapaz, mas é interrompido novamente por ela.

— Esses caipiras, deixem que eles resolvam seus próprios problemas...

Agora sei que ela se chama Lilian ou algo assim, já que Lili parece ser um apelido. Pode até ser bonita por fora, mas parece ser horrível por dentro.

— Caipiras?

Pergunto, séria e irritada. Não sou de brigar, mas não vou ficar calada enquanto falam de mim na minha frente.

— Olha, só quero minhas malas, por favor, só carimbe o papel e me dê logo.

Digo, estendendo a mão para o rapaz, que carimba o papel e me entrega. Lilian continua resmungando.

— Vocês do interior são todos sem educação. Você acha que só porque tem um rostinho bonitinho pode tratar as pessoas assim?

Ela balança a cabeça e olha para suas enormes unhas pintadas.

— O quê? Se tem alguém sem educação aqui, é você!

Respondo cada vez mais impaciente, meu rosto já estava vermelho de raiva. Quase fui lá e dei uns t***s nela. Que garota ousada, quem ela pensa que é?

Quando estou prestes a responder à atendente, o rapaz fala na minha frente.

— Chega, Lili, deixe a garota...

Ele diz, desapontado com a atitude da outra atendente.

Assim que pego o papel, dou meia volta, saindo dali o mais rápido que posso. Volto para o ônibus para pegar as malas; eram apenas duas, não trouxe muitas roupas e consigo carregá-las sozinha, embora com um pouco de dificuldade.

Saindo da rodoviária, chamo um táxi/Uber. No caminho até o local onde eu iria embarcar, uns quatro jovens se ofereceram para me ajudar com as malas, até uns bonitinhos, mas estava tão estressada que só queria sair dali, nem dei muita atenção para eles.

Chego ao endereço da minha nova casa, que havia alugado pela internet. Era completamente diferente das fotos. Fiquei super assustada com o local, cheio de becos e pessoas estranhas na esquina. Estava morrendo de medo de ser assaltada.

Após descer correndo do Uber/táxi com as malas até a porta, a dona do lugar estaria me esperando para entregar as chaves. Era um kitnet em um pequeno prédio, térreo e mais dois andares, cada andar com quarto, sala, banheiro e uma pequena cozinha com varanda. Eu aluguei o kitnet do segundo andar.

Ao entrar, me deparo com um casal saindo pela porta do apartamento do térreo. Paro imediatamente e arrumo meu cabelo, que ficou bagunçado devido ao vento. Quero causar uma boa impressão com os vizinhos.

Me aproximo e digo, "Olá..." para eles, que sorriem para mim. Parecem ser pessoas boas, usando alianças, então presumo que sejam casados e com mais de trinta anos.

— Olá, você é a nova moradora do segundo andar? — pergunta a senhora, enquanto tenta trancar a porta com dificuldade. Me aproximo e respondo.

— Sim, acabei de chegar... — digo sorrindo, esperando me dar bem com os vizinhos, afinal, eles são como uma segunda família, certo?

A senhora continua tentando com a fechadura e comenta que aqui as coisas são do pior tipo, com coisas quebradas e bagunça pelas ruas, devido à ausência da dona do local. Fico até receosa de morar aqui, mas só vou saber se é ruim depois de tentar. Ela me pergunta meu nome, e eu respondo que sou Nicole Lopez, estendendo a mão para cumprimentá-los.

— Me chamo Elizabeth, e esse é meu esposo Lúcio. — ela responde, apertando minha mão com um sorriso.

Lúcio questiona se não sou daquelas garotas delinquentes que ficam na rua, mas Elizabeth o repreende. Ela comenta sobre os problemas com jovens nas ruas e diz para eu tomar cuidado.

Eu tento tranquilizá-los, dizendo que não sou esse tipo de pessoa, que só quero estudar e me formar logo. Eles parecem aliviados e brincam um pouco. Eles são realmente pessoas acolhedoras, e quero conhecer melhor meus novos vizinhos.

Elizabeth e Lúcio alertam sobre o inquilino do andar de cima, que é um pervertido metido a mafioso. Parecem não gostar dele. Mesmo sem entender totalmente o que ele faz, decido que não vou me envolver com problemas.

— Não precisam se preocupar, não vou causar problemas, e também não sou manipulável como a maioria dessas garotas que devem vir aqui. — asseguro a eles. Eles prometem estar disponíveis se eu precisar de algo.

Eles têm que ir embora, e Lúcio entrega as chaves. Agradeço e pego minhas malas, começando a subir as escadas. Cada degrau parece tornar as malas mais pesadas. Suspiro, percebendo que talvez devesse ter subido uma de cada vez. Não posso perder tempo; tenho muitas coisas para organizar. Após um esforço considerável, finalmente chego à porta do meu kitnet.

— Amém! — exclamo aliviada ao ver que cheguei.

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