NICOLE Escuto um som agudo, um assobio vindo de algum lugar próximo. Minha testa se franze automaticamente. Olho para os lados, depois para baixo, mas não é a vizinha do andar de baixo. Estranho. Meu coração acelera um pouco com a curiosidade. Então, um pensamento me atinge como um raio."Será que é meu vizinho tarado do andar de cima?" Reviro os olhos, soltando um suspiro irritado. Não, justo hoje não. Já tive confusão demais por um dia. Não quero ter que lidar com aquele cara inconveniente agora. Mas algo dentro de mim me faz olhar para cima, e quando meus olhos encontram a figura parada na varanda do andar de cima, arregalo os olhos, completamente surpresa.É Edgar.Ele está lá, me encarando com um sorriso divertido no rosto, como se estivesse adorando minha reação. Minhas mãos sobem automaticamente até minha boca, tentando conter o choque.— Como... como veio parar aí, Edgar?! — minha voz sai mais alta do que o esperado.Ele ergue uma sobrancelha, cruzando os braços, o sorriso s
NICOLE Uma semana se passou desde que Edgar e eu começamos a namorar de fato. Todas as noites, ele janta comigo na minha casa, ainda nem acredito que estamos namorando, parece surreal, eu e ele... Mas, acontece que não consigo mais disfarçar e mentir a mim mesma que nada está acontecendo.Não dá pra continuar ignorando...Nessa semana, fiz pratos novos para testar minhas habilidades na cozinha e, para minha alegria, ele adora tudo o que preparo. O olhar satisfeito dele enquanto come e o jeito que elogia cada tempero me fazem sorrir. Mas o que realmente me encanta é o quanto ele me respeita. Mesmo que os beijos entre nós fiquem cada vez mais intensos, ele nunca força nada. Ele entende o meu tempo e não me pressiona. E isso só me faz me apaixonar mais por ele.Depois de uma semana puxada na faculdade, aprendendo pratos novos e entregando trabalhos, me sinto aliviada por hoje não ter faculdade, mas tenho trabalho.Começo a me arrumar como sempre para ir ao restaurante. Hoje é sábado, e
Nicole Tomo um banho rápido depois de trancar a casa, tentando acalmar meu coração acelerado. A água quente relaxa meus músculos, mas minha mente continua presa na mensagem estranha.Quem poderia ter mandado aquilo? O que queria dizer com "cuidado com o lobo"?Balanço a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Saio do banho, enrolada na toalha e escolho algo rápido para vestir, coloco um pijama confortável, coloco minhas pantufas e penteio meus cabelos, estava um caos. Em seguida, vou até a sala e me sento no sofá, ainda sentindo um peso no peito.Eu preciso fazer alguma coisa... Mas o que? Eu não sei, me sinto totalmente confusa agora. Passo a mão sobre o rosto, preocupada. Até que algo tira a minha atenção. Meu celular vibra ao meu lado. Meu coração dispara de novo, mas, ao pegar o aparelho, vejo que é Edgar.Ufa... ainda bem. Começo a ler a mensagem. Edgar: "Desculpa por não ter te buscado, gata. Tô resolvendo umas coisas, mas tô indo pra casa agora. Você já chegou? Já janto
NICOLEA luz suave do sol preenche meu quarto quando abro os olhos. Já amanheceu. O calor agradável das cobertas me faz querer ficar ali por mais alguns minutos. Puxo a coberta para mais perto do meu rosto e viro meu corpo, em direção onde Edgar estava deitado. Mas, quando olho com atenção percebo que Edgar não está mais na cama.'' Já acordou?'' franzi as sobrancelhas, me sento devagar, espreguiçando o corpo antes de me levantar. Preciso lavar o rosto, despertar completamente.Dobro o cobertor e dou uma ajeitada na cama, antes de caminhar até o banheiro. Ao fechar a porta, ligo a torneira e enxaguo o rosto com água fria, em seguida seco meu rosto e me olho no espelho, minha aparencia está melhor hoje.Escovo os dentes e penteio os cabelos, deixando-os soltos. Depois, troco de roupa para algo confortável e borrifo um pouco de perfume.— Estou melhor assim. — comento, me olhando mais uma vez no espelho. antes de sair do quarto.Quando caminho pelo corredor, um aroma delicioso preenc
Nicole O aeroporto está movimentado, como sempre. Pessoas indo e vindo, malas sendo arrastadas pelo chão, vozes animadas se misturando ao som dos anúncios dos voos. Meu olhar percorre o saguão até que finalmente a vejo.Sara está ali, tão bonita como sempre. Seus cabelos loiros bem claros estão mais curtos, na altura dos ombros, e completamente lisos, dando a ela um ar ainda mais sofisticado. Seus olhos brilham de animação quando me vê, e um sorriso largo se forma em seu rosto.Ela carrega uma mochila grande de rodinhas, movendo-se com facilidade até mim.— Nicole! — Ela chama meu nome e, antes que eu possa responder, me puxa para um abraço apertado.— Sara! Você tá linda! — digo, rindo ao abraçá-la de volta.Ela me solta apenas para me analisar de cima a baixo, arqueando uma sobrancelha.— E você? Meu Deus, Nicole! Tá mais bonita! E olha só, nem tão magra como antes. Finalmente tá com um corpo saudável, tá bem gata amiga. — Ela sorri, me cutucando de leve.— Você continua a mesma, S
Nicole. Sara e eu continuamos a conversar, depois que tomamos o chá e comemos um pouco, fomos para o sofá. Ela não para de falar, me contando cada detalhe sobre sua vida, os garotos com quem ficou e os quase namoros que não deram certo.Bom, é bom ouvir tudo isso, estava sentindo falta de conversas assim. — Juro, Nic, quase engatei em um namoro, mas decidi que agora não é hora. Faculdade primeiro, garotos depois. — Ela fala com convicção, mas logo dá uma risada leve, balançando a cabeça. — Pelo menos por enquanto, né?Sorrio, feliz pela minha amiga. É bom vê-la tão empolgada e determinada. Tenho certeza de que ela ainda vai viver muitas aventuras pela frente. Bem, essa é a Sara, eu a conheço bem. — Eu entendo, Sara. Você está certa, focar na faculdade é importante agora. — comento, concordando com ela.Bom, no meu caso, consigo manter uma relação, eu e Edgar começamos agora a namorar e, bom... não consigo me afastar dele, mesmo que seja perigoso, bom... Sara não precisa saber sobre
PrólogoEu costumava viver com meu avô paterno, Timóteo. Nossa casa ficava no interior do estado de Madrid, um lugar super tranquilo, só nós dois na maior parte do tempo. Meus pais se foram quando eu era bem pequena, então o vovô cuidou de mim. Nunca mantive muito contato com o resto da família, assim como ele, que escolheu se afastar após perder sua amada, a vovó Felicia.Mas, sabe, meu avô estava lutando contra uma doença pulmonar terrível, fazendo tratamento médico e tomando montes de remédios, mas a situação só piorava a cada dia. Até que no final do ano passado, quando fiz 18 anos, ele nos deixou. Foi triste para todos, mas para mim, foi como perder tudo. Ele era meu mundo, e aquilo foi devastador.Depois do funeral, voltei para nossa casa no interior, mas aquilo já não era o mesmo. Estava sozinha, e isso me deixou arrasada. Então, tomei uma decisão: mudar para um lugar novo, começar uma vida diferente, tentar fazer amigos e viver de outra maneira. Como a casa estava no meu nome
Pego a chave e, para minha surpresa, a fechadura estava realmente difícil de abrir. Quase fiquei estressada tentando forçá-la, mas depois de algumas sacudidas na porta, finalmente consegui abri-la. Devagar, abri a porta, e mal podia acreditar que aquele lugar seria minha nova casa.Da entrada, consegui ver a pequena varanda que estava conectada à cozinha. Na sala, havia dois sofás e uma pequena mesa de centro. Uma prateleira de madeira aparentemente antiga ficava ao lado da porta. Entrei e fechei a porta atrás de mim, colocando minhas mochilas no chão antes de correr para a varanda e contemplar a vista.Não era a vista mais espetacular, mas era incrível poder observar tudo dali. Havia uma praça próxima ao prédio, o que tornava ótimo para observar a movimentação. Porém, ao olhar para baixo, pude ver a varanda do Sr. Lúcio e da Dona Elizabeth. Eles não estavam em casa, mas me senti meio exposta. Já que eu podia ver a varanda deles, o morador do andar superior também poderia ver a minha