Da bancada onde eu estava podia ver Belinda sentada a beira da piscina.
Pude notar que ela chorava. Ela estava com os pés dentro d'agua.Terminei de preparar os sanduíches e fui até ela.-Sanduíche de queijo.
-Estou sem fome. -Você está sem comer há horas, aliás duvido que tenha comido alguma coisa desde ontem.-Não consegui.-Mas precisa Belinda.Ela pegou o sanduíche e o suco a contragosto. Comeu tudo, pois eu praticamente a obriguei. Levei Belinda para o único quarto da casa. Peguei um colchonete e arrumei no chão para mim.
-Não precisa dormir no chão.
-É melhor assim.-Prefiro que durma comigo. Assim não me sinto só. -Tudo bem.Me acomodei ao lado dela e em poucos segundos ambos dormimos.
Acordei com gritos. Belinda gritava e falava coisas sem nexo.Me pus sentado ao seu lado e comecei a chamar por ela.Foi horrível!
Eu andava pelo cemitério, procurava pelo túmulo de Will. De repenteCorri na direção do banheiro e quando empurrei a porta vi que algo a escorava por dentro. Com a força do corpo empurrei a porta e ouvi algo sendo lançado longe. Quando entrei vi que era uma cadeira. Ouvi novamente os gritos e depois eles cessaram para dar lugar a gargalhadas.Na última cabine duas garotas seguravam Sabrina e uma terceira enfiava sua cabeça no vaso sanitário.-O que está havendo aqui?-É melhor sair se não quiser tomar água da privada também princesinha.Todos sabiam quem eu era devido ao alarde que meu pai fizera no meu retorno, mas quase ninguém sabia que Sabrina era minha prima. Sua mãe,na verdade foi governanta na casa de meu tio e ele se apaixonou por ela. Ela é negra e talvez isso que o tenha atraido.Ela ficou grávida de Sabrina,mas antes dela nascer ele morreu. Eles haviam se casado, mas o meu avô paterno disse que o casamento não era válido, e deu um jeito de anulá -lo. Depois colocou as duas para fora de casa sem nem um centavo. Minha mãe a
No meu supercilio havia um curativo e minhas costelas doíam um pouco. Mas o lugar que mais doía era o meu coração. Ver Cristian ali tão perto e não poder tocar seus cabelos e nem beijar seus lábios me destruía por dentro. Me casaria com Estevão em nome do amor. Não permitiria que Estevão me tocasse. Meu corpo assim como meu coração pertenciam a Cris. Existe uma diferença entre o amor de sua vida e o homem da sua vida. O amor da sua vida faz você cometer loucuras, ficar de pernas bamba e sentir borboletas no estômago. O homem da sua vida é justamente o contrário. Te mantém sensata, com os pés no chão e faz você saber que é amada.Acho que no meu caso Cris é os dois.Eu não sabia como seria minha vida dali para frente, não amava Estevão e seria sua esposa.Olhei na direção de onde ele conversava com Sabrina e nossos olhares se encontraram. Desviei o olhar e sai correndo.Cheguei em casa e fui direto para m
"PRINCESINHA DA FAMILIA CASTRO É ENCONTRADA MORTA EM SEU QUARTO NO DIA DE SEU CASAMENTO"Era este o anúncio que estampava a primeira página de todos os jornais da cidade.Não pude acreditar que ela havia mesmo feito aquela loucura! Não pude conter minhas lágrimas. Segundo o jornal, no horário que eu fui a casa dela, ela já estava morta. Meu celular vibrou no meu bolso e ao ver quem ligava atendi com a voz embargada.-Alô - Falei.-Você precisa tirar Belinda de lá antes das duas da manhã, se passar disso ela irá ficar sem oxigênio.-Você é maluco, vocês dois são, como ela faz uma coisa assim? Ela confiou a vida dela nas mãos de outras pessoas.-A vida dela esta nas suas mãos, então salve - a. A família ainda está aqui, mas logo irão embora. Tire - a de lá.Praticamente voei até o cemitério. A multidão que havia ido ao seu enterro começava a se dispersar e em poucos minutos havia somente os pais e o irmão de Belinda. A mãe dela chorava alto
Belinda saiu e após poucos minutos aquele homem voltou e jogou um jato de água em mim. Me deu uma calça caqui e camiseta branca. Eu não iria para casa.Eu estava na penitenciária do estado. Não poderia lutar por Belinda.Na cela havia uma cama de cimento com um colchão velho sem lençol, uma pia e um vaso sanitário. Ouvi a fechadura ser trancada e fiquei ali sozinho.Alguns dias depois minha mãe foi me visitar.-E o papai?-Não veio. Não pode suportar ver você aqui. Aí meu filho sabemos que essas acusações são falsas.-E de que me acusam?-Dizem que você tentou matar a filha dos Castro...-Estevão...-Sim. Belinda me procurou. Ela me contou a verdade e disse que teve que aceitar as ameaças dele.-Belinda?-Sim. Ela está aqui.-Belinda está aqui?Minha mãe não respondeu. Apenas se levantou e abriu a porta.-Venha querida.Belinda entrou. Ela estava claramente abatida. Seus olhos fundos e quilos mais magra. Parecia mu
Algo estranho aconteceu. Eu sempre ia ao cemitério da cidade vizinha. Como não sabia onde tinha espalhado as cinzas de Debbie, ia sempre lá como uma forma de visitá-la.Eu tinha uma foto dela que Estevão havia conseguido para mim. Nossa filha não se parecia com ela. Ela era loira e tinha os olhos extremamente azuis. O retrato sorria para mim. Ele disse que essa foto havia sido tirada por mim por isso ela sorria. Ele disse que havia encontrado amassada no jardim, logo após me deixar na casa. Mas o sorriso dela não chegava aos olhos. Parecia forçado. Talvez algo a afligisse.Fui mais uma vez ao cemitério e dessa vez levei minha filha para que ela pudesse aprender que sua mãe não estava mais entre nós. Parei em frente a um túmulo e fiquei ali pensando em Debbie. Ao longe havia uma mulher mais velha e uma garota, próximo a um túmulo. Elas choravam muito. Fiquei realmente curioso para saber quem era digno das lágrimas de duas belas mulheres. Então me escondi e qua
Envenenada.Foi isso que meus exames constaram. Eu estava sendo envenenada aos poucos há pelo menos seis meses. Eis o motivo do nascimento prematuro e morte da minha filha. Só que o mais estranho, era que no meu estômago não haviam vestígios do veneno, apenas na minha corrente sanguínea existia uma grande concentração de arsênico, portanto não era na comida que ele estava sendo colocado. Sem veneno, sem provas. Podia ser qualquer um, apesar de que, eu tinha certeza que era Estevão. Mas infelizmente não podia provar. E muito menos denunciar, já que era Uli quem cuidava de minhas coisas e com toda certeza Estevão a culparia.Ele entrou no quarto logo após a saída do médico.-O que quer aqui?-Vim ver como você está.-Estou ótima, já pode ir.Apertei a campainha que chama a enferme
O sono me abandonou. Belinda saiu daquele quarto mas eu ainda podia sentir o seu perfume. Sentia ódio de Estevão. Ele estava envenenando Belinda. O que o impediria de me matar e a minha filha? Nada. Apesar de que para ele eu era inofensivo por não me lembrar de Belinda. Mas suponho que seu intuito era outro. Ele a queria morta. Não a mim. Ele queria que eu sentisse sua perda. Como ele sentiu.Desde o início eu sabia que me envolver com Belinda traria graves consequências. Mas imaginei uma briga sem fim com o pai dela e não um marido indesejado. Ela tinha apenas dezoito anos mas já sofrera por toda uma vida. O que leva um pai a obrigar a própria filha a se casar com um homem que não ama? Estevão era apenas dois anos mais velho do que Belinda. Me lembro de vê-lo olhar para ela na escola. Seus pais morreram pouco antes de Belinda voltar, deixando em suas mãos todos os negócios da familia. Ao menos era o que se dizia nos corredores da escola. Todas as garotas o queriam (ou
Toquei a campainha e a porta se abriu sem muita cerimônia. Já havia sido anunciada pelo porteiro.-Belinda!Que surpresa boa.-Precisamos conversar Verônica.Há muito já havia deixado de chamá -la formalmente. Ela havia exigido que eu a chamasse pelo nome.-O que aconteceu, querida?-Preciso te contar uma coisa... Sobre Cristian.-Meu menino, sinto tanto sua falta. Tenho ódio daquele homem cada vez que penso no meu filho.-Com o que vou lhe contar sentirá ainda mais ódio, mas deverá se controlar.-Você está me assustando.-Verônica...Cristian... Ele... Ele está vivo.-Como disse, querida?Acho que não ouvi direito.-A senhora ouviu perfeitamente bem.-Não brinque comigo Belinda.-Não estou brincando e quase morri de susto, tanto quanto você.Ela não respondeu.-Verônica, ouça. Lembre-se daquele rapaz que vimos no cemitério?-Sim.-Era ele.-Não era, ele teria vindo até nós.&n