Toquei a campainha e a porta se abriu sem muita cerimônia. Já havia sido anunciada pelo porteiro.
-Belinda!Que surpresa boa.
-Precisamos conversar Verônica.Há muito já havia deixado de chamá -la formalmente. Ela havia exigido que eu a chamasse pelo nome.
-O que aconteceu, querida?
-Preciso te contar uma coisa... Sobre Cristian. -Meu menino, sinto tanto sua falta. Tenho ódio daquele homem cada vez que penso no meu filho.-Com o que vou lhe contar sentirá ainda mais ódio, mas deverá se controlar.-Você está me assustando.-Verônica...Cristian... Ele... Ele está vivo. -Como disse, querida?Acho que não ouvi direito.-A senhora ouviu perfeitamente bem.-Não brinque comigo Belinda. -Não estou brincando e quase morri de susto, tanto quanto você.Ela não respondeu.
-Verônica, ouça. Lembre-se daquele rapaz que vimos no cemitério?
-Sim. -Era ele.-Não era, ele teria vindo até nós.&nAcordei sentindo minha mente enevoada. Flashes do que ocorreu no cemitério surgiram. Eu estava sozinha num quarto. A luminosidade era parca e cheirava a mofo. O colchão sob o meu corpo fedia a uma mistura de suor e poeira. Me forcei a sentar e olhei em volta a procura de uma pista de onde eu estava. Nada. Era um quarto pequeno e não tinha móveis, além do colchão no qual eu me encontrava. Havia duas portas. Me levantei e fui até a primeira. Trancada. Provavelmente a saída. A segunda porta se abriu para revelar um banheiro onde havia um vaso sanitário e um cano no lugar que deveria ser o chuveiro.O cheiro era de água sanitária.Olhei pelo pequeno vitrô do banheiro. Não reconheci o lugar. Era deserto. Havia um descampado e mais a frente podia - se notar uma densa floresta.As horas se arrastaram até que Estevão apareceu. Ouvi a porta se abrir e fechei os olhos para fingir que dormia.-Acorde - Vociferou.Abri os olhos para dar de cara com u
A dor era escruciante. Não parecia real. Era forte demais para ser real.Eu tinha visões. Imagens desfocadas que envolviam Estevão e Cristian. Mas eu não saberia explicá -las posteriormente.Senti algo gelado em minha testa e abri os olhos. Eles pareciam pesados. Um rosto que eu não conhecia olhava para mim com olhar preocupado.-Oi. Achei que não fosse acordar - Falou com um sotaque que eu conhecia mas não me lembrava de onde.-Quem é você? -Me chamo Maya.-Onde eu estou?-Na floresta da Tijuca. -Eu...Não me lembro o que houve.-Você foi picada por uma cobra. Teve sorte de eu estar lá. -Você mora na floresta da Tijuca? -Bem no meio dela - Disse sorrindo.-Não imaginei que fosse possível. -Mas é. Agora descanse enquanto preparo algo para você comer.-Não estou com fome.-Você está há qua
Minha vida quase voltara a rotina normal, a que eu tinha antes de tudo, se não fosse pelo fato de que eu ainda achava que Belinda estava viva.Eu fiz uma prova e com isso conclui a faculdade. Minha filha falou mamãe e por mais que eu pedisse a ela que dissesse papai, só o que ouvia era um sonoro "mamã ", seguido de uma gostosa gargalhada.Quase um mês após o sumiço de Belinda ela não havia aparecido. Ainda....Maya me ajudou com o cabelo, eu queria estar apresentável quando chegasse em casa.Fui com ela até o carro e todos entramos. Ela foi quem dirigiu. Ouvia algo no som que eu não prestei atenção. Meus olhos focaram na estrada. Então percebi porque mesmo depois de ter me curado, mesmo quando estava com raiva de Ben, eu não voltei. Foi porque estava com medo. Medo de enfrentar Estevão. De correr o risco de ser tocada por ele novamente. Mas eu precisav
Acordei com uma batida na porta.-Quem é?-Eu meu filho.-Pode entrar mãe.Ela abriu a porta e entrou fechando - a atrás de si.-Tem alguém que quer vê-lo.-Não quero ver ninguém.-Tenho certeza que vai gostar.-Olha mãe...-Desça, Cristian e se não gostar da visita pode subir de volta.Senti que minha mãe escondia algo. Suspirei.-Está bem mãe. Desço em cinco minutos.Ela sorriu e saiu do quarto.Fui ao banheiro e lavei o rosto. Passei os dedos nos cabelos e coloquei uma camiseta. Abri a porta e sai sem vontade. Desci as escadas e quando cheguei a sala de estar minhas pernas falharam. Bem no meio da sala, em pé estava Belinda. Corri até ela e a abracei. Meu rosto já estava banhado em lágrimas.-Você está viva!-Estou Cristian.Comecei a soluçar. Não me contive, não quis me conter e dei vazão ao choro. Meus membros tremiam. A dor era escruciante, mas o alívio era ainda maior.
Após a anulação do meu casamento com Estevão, Cris e eu marcamos a data para selamos nossa união. O meu amado pediu a meu pai que me permitisse viver com ele até o casamento. Meu pai não se opôs, dizendo que já havia impedido minha felicidade por tempo demais. Eu não quis. O nome da familia Castro e da família Montesano tem estado muito em evidência negativa. Eu não queria dar mais um motivo a imprensa.-Faltam apenas alguns dias Cristian. -Eu não aguento acordar sem você todos os dias.- Você sabe que serei sua em pouco tempo, e nada pode impedir que isso aconteça. -Pode ser. Mas ainda sim quero que venha morar comigo. -Sabe que não vou ceder, não é? -Sei. O que não me impede de tentar.Minha mãe bateu na porta e entrou após alguns segundos.-Querida, você precisa descer, a costureira está lá embaixo.-Estou indo mamãe. -Te aguardo lá embaixo. E você rapaz, nada de ver Belinda de noiva.-Vou espe
Os franceses chamam o orgasmo de a pequena morte ou le petit mortē. Cada vez que chegamos ao êxtase profundo em um contato íntimo morremos um pouquinho, segundo eles. Morri muitas vezes com Belinda naquela noite. Nossa noite de núpcias foi mágica. Nosso amor nos tornou um.Por fim a exaustão a dominou e ela dormiu em meus braços. Sua pele estava rosada pelo calor da Itália. O lençol lhe cobria da cintura para baixo e ela estava deitada de bruços com as mãos debaixo do rosto. Seus cabelos espalhados pelo travesseiro. Eu já pedira o café da manhã, mas me faltava coragem para acordá -la. Depositei um beijo em sua cabeça e ela sorriu sonolenta.-Bom dia linda.-Bom dia.-Já pedi o café.-Hum, tratamento vip?-Sempre.-Já sinto saudades de Cri...Digo Bella.-Precisamos ver isso.-Ver o que?-Como queremos chamar nossa filha.-Eu não quero pensar nisso agora.-Mas ela vai ficar confusa se você a chamar de Cristhie e eu de Bell
Estevão estava sentado na cama, a arma ainda apontada para nós.-Pense bem Estevão, se nos matar...-Matar? Quem falou em matar? Eu já te disse uma vez Belinda, o que tenho para vocês é pior do que a morte. Vocês vem comigo.-Não iremos a lugar algum com você.-Irão sim, a menos que a pirralha não seja importante para vocês, meu querido amigo Billy.-Onde está minha filha?-Segura...Por enquanto.-Onde de ela está?-Ainda está onde vocês a deixaram, mas eu posso ir buscá - la se quiserem.Eu imaginei que Estevão estivesse blefando, mas não era uma opção arriscar. Belinda estava transtornada. Seus olhos demonstravam o tamanho do medo que ela sentia.-Está bem Estevão, vamos com você.-É eu sei.Quando o carro estacionou na frente da
Belinda tremia e sua febre aumentava cada vez mais. Tirei sua blusa e molhei para colocar em seu rosto na esperança de reduzir a temperatura. Já era noite quando finalmente a temperatura na gruta diminuiu. Tive esperança que com o frio a febre dela cedesse, mas a situação apenas piorou. O frio a afetava mais que o calor. Ela tremia e sem algo para esquenta-la, me deitei em volta dela para protege -la. Peguei no sono, mas logo em seguida acordei com um gemido de Belinda. Sua pele estava muito vermelha e ela delirava. Falava coisas incompreensíveis. Eu não podia permitir que Estevão vencesse. Não poderia ver Belinda morrer assim. Mas o que eu poderia fazer? Apenas ficar ao seu lado...Eternamente. A velha historia se repete.Ouvi um barulho seguido do som de passos. Me levantei e fiquei em alerta. Protegendo Belinda com o corpo. Sempre acreditei em Deus, mas nunca fui muito religioso. Nessa hora pensei nEle. Fechei os olhos e fiz uma oração. Ele ouviu. Não era