Estevão estava sentado na cama, a arma ainda apontada para nós.
-Pense bem Estevão, se nos matar...
-Matar? Quem falou em matar? Eu já te disse uma vez Belinda, o que tenho para vocês é pior do que a morte. Vocês vem comigo.-Não iremos a lugar algum com você. -Irão sim, a menos que a pirralha não seja importante para vocês, meu querido amigo Billy.-Onde está minha filha?-Segura...Por enquanto.-Onde de ela está? -Ainda está onde vocês a deixaram, mas eu posso ir buscá - la se quiserem.Eu imaginei que Estevão estivesse blefando, mas não era uma opção arriscar. Belinda estava transtornada. Seus olhos demonstravam o tamanho do medo que ela sentia.
-Está bem Estevão, vamos com você.
-É eu sei.Quando o carro estacionou na frente da
Belinda tremia e sua febre aumentava cada vez mais. Tirei sua blusa e molhei para colocar em seu rosto na esperança de reduzir a temperatura. Já era noite quando finalmente a temperatura na gruta diminuiu. Tive esperança que com o frio a febre dela cedesse, mas a situação apenas piorou. O frio a afetava mais que o calor. Ela tremia e sem algo para esquenta-la, me deitei em volta dela para protege -la. Peguei no sono, mas logo em seguida acordei com um gemido de Belinda. Sua pele estava muito vermelha e ela delirava. Falava coisas incompreensíveis. Eu não podia permitir que Estevão vencesse. Não poderia ver Belinda morrer assim. Mas o que eu poderia fazer? Apenas ficar ao seu lado...Eternamente. A velha historia se repete.Ouvi um barulho seguido do som de passos. Me levantei e fiquei em alerta. Protegendo Belinda com o corpo. Sempre acreditei em Deus, mas nunca fui muito religioso. Nessa hora pensei nEle. Fechei os olhos e fiz uma oração. Ele ouviu. Não era
A névoa se desfez aos poucos e minha visão começou a desanuviar. Podia ver melhor ao redor. Ouvi alguém me chamar e me virei. Meu rosto deve ter denunciado o terror, porque ele sorriu. Comecei a correr e senti minha perna doer. Olhei para ela que sangrava, mas não parei de correr. Ele me seguia de perto. Sua risada me entrava nos ouvidos e me fazia estremecer. Corri mais rápido, mesmo com a dor não parei. Tive medo de parar. Algo me dizia que eu não deveria continuar correndo, mas o medo não me deixava voltar.Corri por muito tempo sem me sentir cansada. Apenas a dor e o frio me incomodavam. Olhei para trás e ele ainda me perseguia. Eu precisava voltar. Mas como? Os arbustos roçavam a pele das minhas pernas enquanto eu corria.Encontrei uma cabana e entrei nela. Achei estranho que ali haviam retratos de todas as pessoas que eu amava. Eles estavam esgarçados pelo tempo,
Após alguns dias Belinda já estava totalmente recuperada e o pajé disse que poderíamos ir se quiséssemos. Belinda estava apreensiva com a possibilidade de reencontrar Estevão.-Você precisa tomar coragem. Não podemos passar aqui o resto de nossas vidas.-Eu sei. Mas me preocupo que ele possa nos pegar de novo.-Não podemos viver à sombra dele.-Eu só estou assustada. Mas em todo caso precisamos ir...Pela Bella.Nos despedimos de todos e nos embrenhamos na mata em companhia de Açucena e seu marido. Em algumas horas chegávamos a uma cidadezinha, onde pudemos chamar um táxi. Não quisemos pernoitar e o homem dirigiu por várias horas até a mansão Castro. Eram mais de três da manhã quando chegamos. As luzes ainda estavam acesas, o que demonstrava que ainda estavam acordados. O portão foi aberto e nós entramos. Antes que pudéssemos bater na porta a senhora Castro saiu em disparada pela porta e abraçou Belinda.-Minha filha! Eu fiquei tão preocupada! Q
Nem quando achei que Cristian estava morto eu sofri tanto. Talvez porque eu soubesse que carregava um fruto do nosso amor, a dor fora menor. A minha dor com relação a perda do meu pai, só era comparada a dor que eu senti quando Estevão me disse que Cristhie morrera. Eu não suportei naquela época. E não suporto agora. Se não fosse por Cristian a dor e o sofrimento certamente já haveriam me consumido. Mas minha mãe não tinha Cristian. Martin tinha Lucca, mas minha mãe não tinha ninguém. Eu e Martin não éramos suficientes para aplacar a dor dela, então ela foi sucumbindo ao luto. E aos poucos foi adoecendo. Minha mãe, antes cheia de vitalidade e energia, não era capaz de sorrir mais. Sua jovialidade tão invejada pelas mulheres da sociedade que tinham a mesma idade dela, sumira. Minha mãe definhava a cada dia. Se ela continuasse assim eu não sabia o que aconteceria.Como se tudo não já estivesse suficientemente complicado, minha prima Sabrina, que eu não via há algum tempo apar
Ficamos apenas eu e Martin. Eu por ainda ser menor de idade não podia fazer muita coisa pela empresa. A emancipação que o casamento me deu não mudou o fato de que eu só faria dezoito anos em quatro meses. Martin estava perdido e eu o ajudava no que podia, mas não podia tomar decisão alguma sem a sua presença e nada podia ser assinado por mim, então meu irmão ficou sobrecarregado. Uma certa manhã Sabrina e eu saíamos da empresa após uma reunião com meu irmão, ele precisou da nossa ajuda para um projeto. Como a empresa ficava próximo a nossa casa, optamos por ir a pé. Quando chegávamos em casa notei algo estranho e sai na frente de Sabrina que falava ao celular com o namorado.Na frente da casa havia muito lixo e nos muros estava pichado dezenas de ofensas. Eu sabia que eram todas para Sabrina por causa do teor das palavras.Eram coisas como:Macaca, Preta imunda, preto tinha que ser escravo, cabelo duro, entre outras coisas horríveis.Sabrina que estava distraída no
Eu sabia que a calmaria que vivíamos nos últimos dias, ao menos no que se dizia respeito a Estevão, era falsa. Ele estava a solta e provavelmente tramando alguma coisa.Me obriguei a manter a calma. Minha mãe estava num manicômio, minha prima em estado grave num hospital e minha família precisava do meu apoio.Meu aniversário chegou, mas não foi a data feliz que eu imaginei que seria quando eu fizesse dezoito anos. A idade chegou agora, mas a maturidade chegara bem antes disso.Cristian preparou uma festa surpresa com a ajuda de sua mãe e Uli. Sorri, mas não estava realmente feliz. Minha mãe não estava ali participando daquele momento. Meu pai não estava também. Era como se eu não tivesse esse direito. Comemorar mais um ano de vida quando meu pai estava morto, minha mãe doente e minha prima mal. A única pessoa que me restava naquele momento era meu irmão. Martin era minha única família agora. Claro que Cristian e Cristhie eram tudo para mim, mas a lacuna que meu
Estevão estava na cozinha. Uli deixara cair os pratos ao vê-lo ali. Seus cabelos estavam mais compridos, seus olhos tinham um ar abatido de alguém que não dormia há semanas, pude ver isso quando ele se virou para Cristian. O olhar que ele lançou a ele era doentio.-Você!-O que quer aqui Estevão?-Vim até a casa da minha esposa e encontro você aqui?-Ela não é sua esposa.-Chega! Não tenho que te ouvir, vim buscar Belinda.-Ela não vai a lugar nenhum.-Ah ela vai.Ele pegou Uli pelos cabelos e a colocou a frente do corpo, engatilhou uma arma na cabeça dela.-Uli!-Gritei e sai de trás de Cristian.-Belinda não!Estevão olhou para minha barriga e seus olhos se encheram ainda mais de ódio.-Você vai ter outro filho com esse desgraçado?Eu não respondi. Martin chegou de repente.-Mas que...-Quietinho aí cunhado.-Estevão?-Eu mesmo. Aproveita que você entrou e tranca a porta.Martin obedeceu. Estevão ap
Não podia haver momento pior para surgir um problema, mas apenas não podia deixar de me preocupar com minha mãe. Liguei para todos os possíveis lugares que ela podia estar. Estevão ofereceu ajuda e eu rejeitei.-Eu posso cuidar disso sozinha, obrigada.-Se quiser posso mandar alguns contatos meus a encontrarem.-Não é necessário. Eu imagino que tenha ido para uma das residências de minha família. Martin já está se encarregando dela e vai me avisar assim que ela aparecer.-Se você prefere assim.-Prefiro. Meu foco agora é cuidar de você.-Me sinto lisonjeado. - Falou e se aproximou de mim. Seus lábios roçando meu pescoço. Eu fiquei apreensiva. Lutei bravamente para dominar meu ódio. Uma onda de fúria me invadiu, mas eu a mantive sob controle.-Estevão eu...-Eu sei Belinda, não est&aacu