Jéssy
Depois de tudo que aconteceu com minha tia eu só sentia estar dando trabalho para pessoas que não tinha responsabilidade nenhuma por mim, nem a tia Luíza tinha, mas me adotou e criou com muito amor e carinho, sinto tanto por não falar a ela tudo que ela foi para mim, a mãe incrível e amorosa, hoje sinto por não ter a chamado de mãe por todo esse tempo, queria dizer a ela que ela sempre foi uma mulher incrível e um dia eu gostaria de ser como ela, mas não ando vendo nem motivos para continuar vivendo.Lívia e Mike entraram no quarto, mais a primeira coisa que ouvi foi a voz firme dele repreendendo Rick, eu não sei o que houve entre eles e ignoro, não me importo com mais nada, nem para mais ninguém, minha vida perdeu o brilho, os dias ficaram nublados, não tenho vontade de nada.Para demonstrar o quanto sou especial, nem meu namorado me procurou, nem sei se ele sabe que minha tia se foi já que ele viajou sem ao menos me avisar, agora espero que continue assim, não faço nem questão que me procure.Quando Mike pediu para ficar a sós comigo, eu lhe dei atenção porque sabia que ele era a pessoa que minha tia mais confiava em vida, mas ele parecia mais atormentado do que eu.— Não sei por onde começar, Jéssy, estou me sentindo culpado por tudo isso. — Mike senta-se na cadeira ao meu lado com a cabeça baixa. Abaixei o olhar:— Não se culpe, foi uma decisão minha. Não sei porque me trouxeram para esse hospital, para que se dar esse trabalho se estou sendo só um peso? — ele me olhou se negando com a cabeça.— Não fale assim. Eu tinha que ter agido antes, não pensei que isso aconteceria e te peço desculpas.— Não precisa se explicar Mike.— Jéssy quero cuidar de você como a Luiza me pediu, eu sei muito bem como você era e ainda é importante para ela, eu gostaria que ela tivesse te explicado tudo que me pediu, mas não deu tempo. — diz de cabeça baixa me deixando confusa. — Ela te deixou várias cartas para serem abertas no momento certo.— Do que está falando? Você cuidar de mim? — ele me olhou com um olhar perdido, parecia ainda estar em choque. Respirou com pesar e tentou se explicar.— Fui egoísta, me afastei porque não queria acreditar que ela tinha ido embora assim, eu tô me sentindo perdido igual a você. Não pense que é só você que está se sentindo assim com um vazio e sem chão. — Ele fala me fazendo pensar, vi o quanto ele estava abatido e sentia estar sendo verdadeiro.— Desculpa por ser egoísta, não pensei que estivesse assim.— Não se desculpe, eu só tentei fugir da realidade. Jéssy não será nada fácil, mas vou começar pelo começo. — me ajeitei na cama olhando para ele que não me encarava. — A Luísa me pediu para eu ser o seu tutor. E nessa primeira carta ela explica isso. — ele me entregou a carta. — Espere para ler com calma e sozinha, muita coisa vai mudar de agora em diante, para você e para mim. — Enfim me olhou para entregar a carta, olhei para a carta não entendendo.— O que é isso, um tutor? Olha Mike você não precisa fazer isso, por mais que fosse a vontade dela você tem sua própria vida, não precisa se preocupar comigo. — me senti invadindo sua vida com aquela história que ele me contava, mal tínhamos convivência e agora do nada ele será meu tutor?— Foi os últimos desejos dela e eu vou cumpri-los, Jéssy. — diz calmo mais em tom firme. Tentei entender o lado dele que sempre foi um grande amigo dela, mas não via como aquilo poderia funcionar, nunca tive que lidar com nada disso.— Entendi, vai me adotar também? — ele sorriu se negando com a cabeça.— Não, não vou te adotar, você não tem mais idade para isso, mas terá que entender algumas cláusulas que ela nos deixou. — arqueei a sobrancelha ouvindo, cláusulas?— Como assim? — eu me senti a mais burra das criaturas com tantas perguntas.— Calma! Não vamos atropelar as coisas, primeiro você lê essa primeira carta e depois vai me dizer se entendeu, está bem, ela deixou o passo a passo.— Não faço ideia do que ela planejou. — me neguei com a cabeça pensando no que poderia estar escrito ali.— Nem eu sei direito, mas também vou começar a entender agora, mas de uma coisa tenho certeza, você não voltará para casa do Rick. — joguei minha cabeça para trás escorando na cabeceira da cama do hospital não entendendo, sera vão me mandar para um orfanato ou um convento? Minha mente vagava.— E eu vou para onde? Vai me mandar para o Brasil? — perguntei, pois sabia que o tio Rick sempre falou dessa possibilidade mesmo a Luiza não aceitando.— Não, Jéssy, não tem possibilidades de você ir para o Brasil. Você irá para minha casa, terá que se adaptar, vamos ter que nos adaptar. — ele fala em tom serio, não consegui dizer nada, minhas palavras foram engolidas com a saliva que desceu com dificuldade, eu terei que me mudar para casa dele? Por que não poderei ficar onde já moro? Sei bem que a casa não é minha, mas nunca invadi o espaço do meu tio e jamais faria isso. Agora vou morar com um estranho? E o que a namorada dele pensa disso?Ai meu Deus, a Lívia! Será que minha tia pensou nisso? Espero não estar entrando numa fria. Respirei fundo e argumentei.— Sei que tem boas intenções em me ajudar, mas o que a sua namorada pensa disso? Ela mora com você também. — afirmei.— A Lívia não tem nada com isso, pode ficar tranquila. E ela não mora comigo há muito tempo.— Posso fazer uma pergunta?— Claro! Pergunte.— Não estou sendo ingrata, não me entenda mal, mas, por que terei que ir para sua casa sem que moro com os meus tios a anos?— Ainda não dá para eu te explicar direitinho, mas é o que a Luísa queria. Não será obrigada a ir mais é melhor do que eu ter que ir morar com vocês não acham? — arregalei os olhos não entendendo, por que isso tudo? Que possibilidade sem sentido!— É, seria estranho! Mas está bem, vamos ver se isso dará certo.— Sei que não sou das pessoas mais abertas para conversar mais o que quiser e precisar pode falar comigo, está bem? — diz pela primeira vez olhando para mim, Mike parece ser uma boa pessoa e não duvido disso, mas a namorada dele me assusta já que nunca foi amigável, mal me cumprimenta— Sim, entendi. Obrigada Mike! O médico falou quando terei alta?— Ainda não, mas provavelmente amanhã, você precisa de um acompanhante?— Não, por favor, prefiro ficar sozinha.— Ok, vou aproveitar e mandar organizar o seu quarto e algumas coisas que estão pendentes, tem algum detalhe que queira no seu quarto? — nunca pensei que ouviria isso dele, é estranho, muito estranho.— Não, não se incomode, ainda não digeri as informações.— Está bem, qualquer coisa me ligue, fique com este aparelho até eu trazer o seu, aí só tem o meu número. — Ele me entregou um aparelho celular e como sempre sério.— Ok. Não se preocupe. — Percebi que ele estava enrolando, parecia sem jeito de ir e me deixar sozinha, enquanto eu estava curiosa para ler a carta.— Eu…— Pode ir Mike, não se preocupe. — peguei em sua mão, ele respirou fundo e me olhou.— Leia a carta. Qualquer dúvida me ligue. — levantou.— Obrigada por tudo.— Não precisa agradecer, até mais. — Mike me olhou sem jeito e saiu.Peguei a carta da tia Luíza em mãos, fechei os olhos me lembrando dela, mas o que será que tem aqui? Por que pediu ao Mike para cuidar de mim? Minha mente vagava.MikeDepois do enterro de Luiza eu simplesmente não quis saber de mais nada, fui para minha casa não querendo a companhia de ninguém, fiquei horas e horas vendo fotos que tínhamos juntos e algumas mensagens que me recuso a apagar, todas as manhãs ela me mandava mensagem de bom dia, e sempre com a alegria, de sempre, mesmo quando estava nos seus piores dias não transparecia, eu simplesmente me recusava a acreditar que ela havia partido, para amenizar a dor eu me fechei.A primeira semana trabalhei de casa, não tinha ânimo para sair na rua ou olhar para cara do Rick, trabalhamos juntos e eu me recuso a admirar um cara que tinha o amor de uma mulher como Luiza e não dava o devido valor, não tenho raiva dele, mas a admiração que tinha morreu, sou o tipo de amigo que vejo as coisas e falo, não guardo para agradar, por isso sou tão na minha para não ver coisas indevidas e sair arrumando problemas. Venho de uma família tradicional, meus pais são muito unidos até hoje depois de 32 anos de casa
Na volta para casa Chloe já estava mais que curiosa para saber mais da Jéssy, o problema é que eu sei bem pouco sobre ela, e pensando bem acho que Jéssy vai gostar de ter uma amiga de sua idade, pretendo apresentá-las e com isso deixarei Jéssy mais a vontade, sei que não será fácil para ela simplesmente se mudar para casa de um homem que ela pouco conhece.— Essa moça, Jéssy, como ela é? Ela é doida ou é mais santinha? — perguntou me fazendo rir.— Essa pergunta é muito difícil, eu simplesmente não sei. Ela me parece ser um pouco tímida, mas não muito.— Entendi, tomara que não seja daquelas patricinhas chatas.— Patricinha, eu sei que não é, é até bem simples para quem tem de tudo, a tia dela sempre deu de tudo a ela e agora ela herdou tudo de sua tia, vamos ver daqui para frente. — argumentei.— Hum! E a pergunta que não quer calar. Ela gosta da Lívia? — perguntou me fazendo rir novamente.— Não sei Chloe, elas nunca conversaram, mas a Lívia não dá espaço e implica com tudo e todos,
Jéssy Estava lendo a carta da minha tia, me emocionei lendo as palavras dela, ela tinha o dom de tocar no coração das pessoas sem precisar de muito e muitas das vezes sem ter intenção como na carta que li. Sempre que me lembro dela me vem à cabeça sua força, sua luta, ela lutou até os últimos minutos de vida e quando pensei estar sozinha e sem ninguém no mundo ela já tinha colocado alguém por mim, para me ajudar, para eu não me sentir sozinha ou deslocada. Carta Para minha filha Jéssy Filha! Isso mesmo, você não era minha afilhada, era muito mais do que isso e sempre soube disso, é e sempre será minha filha do coração, minha companheira, amiga, minha principal ouvinte, aquela que ouvia meu choro, meus segredos e minhas lamúrias, além de me divertir, não nasceu de mim, mas o amor que nos uniu sempre foi incondicional. Estou falando era, pois você só receberá esta carta em minha falta, infelizmente as coisas não são como planejamos, porque se fosse eu morreria velhinha vendo a mulhe
Não teve como não me sentir estranha diante do meu tio ali, ele parece não saber que vou para a casa do Mike, o que me causa estranheza.— Estou bem melhor! Obrigada pelo presente. — peguei as rosas e agradeci.— Os seus exames estão todos bem, não é mesmo, não está amarela, está se alimentando bem? Não quero mais você me dando sustos assim mocinha. — Rick segurou meu rosto olhando as extremidades. — Vou conversar com o médico sobre sua alta. — Fiquei temerosa em entrar no assunto, então só assenti com a cabeça. Ficamos em silêncio até que ele o quebrou. — O Mike tem aparecido aqui? — Assenti com a cabeça.— Sim, ele tem vindo aqui, está por dentro de tudo que se passa. — respondi sincera.— Sei que a Luiza gostava muito do Mike, mas acho que ele está se intrometendo demais na nossa vida, nem avisado de nada estou sendo. Não estou gostando nada disso. — Novamente fiquei sem jeito, simplesmente não tinha palavras para falar a ele. — Você não acha Jéssy? — me olhou esperando uma resposta
MikeMeu dia já começou mal, depois da bebedeira desenfreada Lívia acordou sentindo-se mal. Fui até a padaria e comprei algo leve para ela comer já que deve ter só álcool em seu organismo, no caminho fiquei pensativo sobre a chegada da Jéssy, provavelmente ela terá alta médica hoje, é muito estranho pensar que ela irá morar em minha casa por 3 anos, mas farei de tudo para que sua adaptação seja rápida.Ao chegar na padaria comprei alguns pães e bolo sem cobertura.Fui para casa e entrei vendo Lívia sentada na mesa com a cabeça abaixada.— Se alimenta, às vezes melhora, depois se estiver disposta podemos conversar? — falo baixo em tom calmo.— Conversar? Mike eu tô morrendo de dor de cabeça, meu estômago parece que tá numa roda gigante, que assunto é esse que você não para de falar, já está me enjoando. — me senti mal com as colocações dela.— Não, não é nada, come tá bom. — sentei no sofá enquanto ela abria as sacolinhas, peguei meu celular e vi várias mensagens do Rick, ele parece est
Fomos calados por todo o caminho, não tinha clima para papo depois de tudo que ouvi dela, ela me olhava como se esperasse eu falar algo, mais não falei, numa tentativa ela colocou a mão na minha mão mas também não reagi, eu esperava sim o chilique dela mais estou tão cansado que não quero falar, nem discutir, não quero, mas nada referente a essa relação. Estacionei o carro de qualquer jeito, mas não sai como de costume.— Está em casa. — parei o carro sem desligar, ela me olhou frustrada.— Não vai descer nenhum pouquinho? — perguntou.— Estou com pressa, depois conversamos. — Meu tom seco poderia mostrar de longe o quanto eu estava frustrado, ela me puxou pela gola do terno e beijou os meus lábios, ainda tentando esquentar o clima colocou a minha mão no meio das suas pernas.— Espero que não coloque tudo isso a perder Mike. — diz ao meu ouvido, respirei fundo atormentado enquanto ela saia do carro rebolando.Já no portão ela mandou beijo e sem acenar de volta sai em direção ao hospit
Eu não consigo entender o que o Mike pretende colocando uma menina como aquela dentro de casa, juro que não sei. Mike sempre foi um homem muito tranquilo, às vezes até demais. Quando conversei com minha amiga Rihanna ela me disse que eu teria que tomar cuidado já que a Jéssy é muito bonita, ela que não sabe que conheço bem o meu homem, o Mike jamais se interessaria por ela, é muito nova e ele já é um empresário muito bem-visto, seria loucura e já está sendo loucura só dele colocar aquela menina dentro de casa, mas todos veem isso como um gesto bondoso e é nisso que estou me apegando, pode acontecer o que for ele não me trairia, ele é bonzinho demais para isso, não é do seu feitio se interessar fácil, piorou por uma pirralha da idade da irmã dele, ele mal conversa com outras mulheres, a única mulher que eu realmente me enciumava era com a Luiza, os olhos dele brilhavam quando ele a via, quando conversavam ele vivia sorrindo coisa que raramente o faz comigo, por isso eu tinha tanta impli
JéssyMinha ficha ainda não caiu, parece que do nada eu voltarei à minha realidade, estou me sentindo bem mais um pouco deslocada, espero me acostumar rápido com essa nova rotina.A casa de Mike é bem aconchegante, nem parece que aqui mora um homem sozinho, é tudo muito arrumado, tudo no lugar, não dá para imaginar ele fazendo tudo aquilo, pensei que deveria ter quem arruma para ele.Comecei a desembrulhar as caixas com a decoração e fiquei surpresa com o bom gosto, era tudo muito bonito, algumas coisas no tom bege com brilho e outros na cor violeta, fui ajeitando tudo fazendo o tempo passar, o que mais gostei é que nada tinha tom infantil, não sei o porquê mais acho que Mike me vê como uma adolescente, vai entender. Se bem que não é muito diferente de mim que o vejo como um velho. Um velho muito bonito, é claro mais um velho. Espero que ele nunca ouça isso, mas acho que é porque ele é muito sério, mesmo tentando brincar ele continua com aquele terno que te dá um tom de homem de escri