04.Tempestade

Jéssy

Eu sabia que a situação da Luiza não era das melhores, mas não poderia imaginar que ela me deixaria assim, mas também sabia que ela não estava, mas ali, eu não sentia a sua presença, não sei explicar o que é mais sempre tive uma ligação surpreendente com a tia Luiza, algo que não sei explicar.

Me faltava tudo naquele momento até mesmo o ar, eu chorava baixo nunca fui de escândalos nem mesmo para brigar ou chorar, só parei de correr quando cai, meu rosto quase se chocou com o chão e a única coisa que salvou meu rosto foi minhas mãos, não quis me levantar fiquei ali jogada no gramado pensando em porque tinha que acontecer isso logo com ela, dizem que as pessoas boas se vão primeiro deve ser isso, não vejo ninguém melhor do que ela, ela sempre deu a vida por uma pessoa que não saiu dela, deu amor, carinho, atenção e tudo mais que o dinheiro não compra, além de tudo nunca me deixou faltar nada, mas não foi só por mim que ela fez muito isso só a engrandeceu em vida, mas nunca me ensinou viver sem sua presença não consigo assimilar em como seguirei sem ela, parece que nada mais faz sentido, estava me sentindo vagando no mundo como se minha vida não valesse mais nada.

Depois de muito tempo ali sozinha o Mike apareceu, ele tinha os olhos vermelhos e sem falar nada me levantou, me abraçou e me levou para casa, não tinha mais o que fazer ali era só o seu corpo sem vida, fomos o caminho todo calados, chegando em casa entrei no meu quarto e queria esquecer que o mundo existe, o meu mundo era ela, não sei viver em um mundo que ela não exista.

— Porque tia, porque você me deixou! — supliquei em voz baixa sentindo sua falta.

(…)

Rick

Já fazem 2 semanas que enterramos a Luiza, estou preocupado com a menina Jéssy, ela não sai do quarto, se nega a comer e agora nem abre mais a porta quando bato, sei que ela está sofrendo mais irá acabar doente e não posso nem imaginar isso também.

Pedi ao Mike auxílio, afinal essa menina nunca agiu desse jeito, estou com medo dela fazer algo contra si mesma, eu não me perdoaria se isso acontecesse. O Mike chegou com a Lívia, me senti aliviado, pois pensei que ele nem viria já que sumiu depois do velório não dando mais notícias.

— Entrem, fiquem a vontade. — falei abrindo para eles entrarem.

— Onde está a Jéssy?

— No quarto, ela não abre a porta e não me responde mais.

— Porque você não arrombou a porta? — perguntou irritado.

— Não achei necessário. — o Mike foi para a porta e bateu chamando o nome dela.

— Jessica! — falou batendo na porta. — Jéssica, está bem? Abre a porta por favor. — ela não respondeu, ele inclinou para trás e com o pé arrombou a porta, a Jéssy estava no chão. — Que droga! — ele se aproximou a vendo desacordada. — A respiração está fraca, vou levá-la ao hospital. — ele a pegou no colo e saiu a levando, fomos no meu carro e eu estava nervoso, dirigia com as mãos suadas, quando chegamos ao hospital ela logo foi socorrida, mas percebi um clima tenso entre a líbia e o Mike, mas isso não é novidade.

— Isso parece um pesadelo. — digo me sentando, o Mike estava inquieto, os dedos não paravam, parecia tenso.

— O que você tem amor? — a Lívia o perguntou.

— Isso é culpa minha, eu não fiz o que a Luiza me pediu. — disse tenso, eu não estava entendendo o porquê ele dizia aquilo.

— Calma, Mike, a menina que se trancou no quarto deve estar desnutrida.

— Eu não podia ter feito isso com a Luiza. — Ele falava palavras desconexas para mim, mas estava intrigado, o que a Luiza o pediu?

— O que a Luiza te pediu, Mike? — perguntei, esperando que ele me respondesse.

— A Jéssy se calou por todo esse tempo? — ele perguntou, não me respondendo.

— A última vez que falou algo foi perguntando se eu havia achado a família dela, eu disse que não e ela disse estar procurando na Internet. — ele bagunçou os cabelos me ouvindo, estava desolado.

— Eu preciso que ela fique bem ou não me perdoarei. — a Lívia o ouvia com a cara fechada, parecia não gostar da atenção que ele estava dando a Jéssy, ela saiu de perto dele e o médico veio até nós.

— Vocês são os familiares da Jéssica Arantes?

— Sim, somos. — digo rápido. — Como ela está, doutor?

— Está fraca, pelo jeito não estava se alimentando bem, apresenta um quadro de desnutrição, estamos mantendo ela hidratada e medicada, ela perdeu a tia recentemente não é mesmo?

— Sim, doutor.

— Não podemos a deixar regredir ou estará exposta a uma depressão.

— Posso vê-la? — Mike perguntou, não sei que tamanho interesse ele tem nela, estou começando a achar que anda se sentindo atraído pela menina.

— Ela ainda não se encontra no quarto. — o médico o respondeu.

— Precisará de acompanhante? — perguntou novamente.

— Eu fico se for o caso, sou mulher, ajudarei mais. — a Lívia entrou no meio, sinto cheiro de ciúmes.

— Ok, só vamos estabilizar la. — o médico saiu nos deixando a sós.

— Lívia não precisa ficar aqui... — o Mike disse sem olhá-la e eu o interrompi.

— Isso, Lívia, eu fico, sou o tio dela. Não precisam se preocupar. — O Mike me olhou com o semblante fechado.

— Não, Rick. — repreendeu.

— Porque não amor, ele é tio dela

— Não, se precisar eu fico. — o Mike disse para fúria da Lívia, ela o puxou pelo braço o tirando da sala, parecia a fúria em pessoa. Não sei o que o Mike anda me perturbando, nunca fiz nada de mais, foi só desejos carnais e acabei conversando demais quando estava bêbado, eu sou homem e sei controlar os meus desejos, até hoje fiz isso porque eu me descontrolaria agora?

A conversa dos dois demorou e o médico liberou o quarto da Jéssy, ela estava deitada com acessos, a boca e a pele já estavam rosados, estava linda como sempre me aproximei dela que me olhou triste.

— Você nos deu um susto, mocinha. — dei um beijo em sua testa e peguei em sua mão. Ela não falou nada mais seus olhos se encheram. — Ei não fica assim pequena, sua tia não iria gostar de te ver assim, vai, decepcioná-la? — tentei animada, e ela virou o rosto.

— Para quê? Para que viver, não vejo motivos. — Senti muito ao ouvi-la, peguei seu rosto entre as mãos e coloquei minha testa na dela.

— Não fala assim, ela sempre vai fazer falta, mas não pode fazer isso. — digo de olhos fechados com a testa na dela, só não esperava ouvir o Mike.

— O que você está fazendo Rick? — perguntou se aproximando enquanto a Lívia tentava domá-lo.

— Estou tentando acalmar a minha sobrinha. — o respondi.

— Você está bem, Jéssy?

— Não, nem quero. — disse triste.

— Rick, Lívia, por favor deixem conversar com ela.

— Virou psicólogo Mike? — perguntei sarcástico.

— O que você quer conversar a sós com ela? — a Lívia perguntou.

— Não quero dar trabalho para ninguém, Mike, por favor. — ouvi a Jéssy e me senti mal por estar agindo assim em sua frente.

— Vamos Lívia. — digo saindo evitando uma discussão, eu e a Lívia saímos a contragosto e o Mike fechou a porta quando saímos, o que ele tem de tão importante para tratar com ela a portas fechadas? Nada me tira da cabeça que ele a quer do mesmo jeito que eu quero.

— O que seu namorado quer com ela?

— Não me pergunte. — falou nervosa se sentando.

— Um homem com uma mulher tão linda como você, a sós com uma menina.

— É né, uma menina bem mulher pelo que vejo.

— Mente de menina e corpo de mulher. — digo sorrindo.

— Esse é o problema! — Lívia argumenta estalando os dedos, nervosa, fomos para fora e eu pude saber mais da vida da bela Lívia, diria que ela é interessante, pena, com um namorado que mal vê isso.

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