Cabeça quente

Fomos calados por todo o caminho, não tinha clima para papo depois de tudo que ouvi dela, ela me olhava como se esperasse eu falar algo, mais não falei, numa tentativa ela colocou a mão na minha mão mas também não reagi, eu esperava sim o chilique dela mais estou tão cansado que não quero falar, nem discutir, não quero, mas nada referente a essa relação.

Estacionei o carro de qualquer jeito, mas não sai como de costume.

— Está em casa. — parei o carro sem desligar, ela me olhou frustrada.

— Não vai descer nenhum pouquinho? — perguntou.

— Estou com pressa, depois conversamos. — Meu tom seco poderia mostrar de longe o quanto eu estava frustrado, ela me puxou pela gola do terno e beijou os meus lábios, ainda tentando esquentar o clima colocou a minha mão no meio das suas pernas.

— Espero que não coloque tudo isso a perder Mike. — diz ao meu ouvido, respirei fundo atormentado enquanto ela saia do carro rebolando.

Já no portão ela mandou beijo e sem acenar de volta sai em direção ao hospital, parece que as bombas resolveram explodir todas no mesmo dia, a minha paz não está mais garantida e tenho até medo da Jéssy ser uma jovem rebelde e inconsequente. Mas mesmo com tudo isso pretendo seguir firme, espero eu.

Cheguei no hospital e dei entrada indo diretamente falar com o médico, ele me alertou sobre a alimentação dela e me deixou a par de toda situação e os cuidados que precisará ter. Após cumprimentei o médico que me entregou os papéis da alta, então caminhei para o quarto que ela estava internada, andava distraído num ato impensado, não bati na porta, somente entrei, só não esperava ver Jéssy com um rapaz que eu não conhecia se beijando, como enxerguei ela tão mocinha assim? Devo ter me concentrado demais no fato dela ter a idade da minha irmã.

Meu susto foi grande e a minha única reação foi falar o nome dela, como se eu fosse um tio surpreso.

— Jéssy! — falo surpreso, vi ela se assustar e me olhar de imediato, ela ficou sem graça e o rapaz não estava com uma cara muito agradável já que estraguei o momento deles.

— Mike, a nossa que susto! — colocou a mão sobre o peito enquanto o rapaz pegava em sua mão a colocando ao redor dele, só faltou ele esconder ela.

— Quem é você? — ele perguntou sério, para quebrar o clima ruim tentei ser simpático.

— Sou Mike, prazer, não sabia que a Jéssy tinha namorado. — Me senti estranho falando com aquele rapaz enquanto ela estava toda tímida. E você, Jéssy como está?

— Estou bem, já tive alta. Esse é o Alisson e nós não. — o rapaz a interrompeu fazendo eu cruzar o olhar dela.

— Prazer, sou Alisson, namorado dela. — diz como um galo vigiando o seu terreno, a minha vontade foi de rir da cara do rapaz, mas não fiz isso em respeito a ela. — E o que você é dela?

— O Mike será meu tutor Alisson. — Ela se soltou dele meio perdida pegando a sua bolsa. Dava para perceber o quanto ela estava constrangida e ele observando.

— Se é namorado dela, saiba que ela mudará de endereço. — falo com a intenção de informá-lo. Coloquei as minhas mãos nos bolsos e encostei na parede.

— Para onde você vai, Jéssy? — ele me ignorou enquanto ela não parecia nada tranquila, o que me fez lembrar que o médico pediu para mantê-la em um ambiente calmo já que a mente dela anda perturbada depois da morte da Luiza.

— Depois conversamos Alisson, por favor. — Fala sem emoção.

— Mas você vai para onde. Vamos…

— Alisson! — chamei a sua atenção e ele me olhou. — É esse o seu nome não é? — Eu o interrompi.

— Sim. — fala engrossando a voz.

— Aqui não é lugar e nem hora para ela te explicar, pode ter certeza que ela falará com você quando estiver bem, mas agora como vê ela não está em condições. — digo fazendo ela me olhar surpresa.

— Ok. — ele se aproximou dela para beijá-la, eu me virei dando as costas, mas percebi o desconforto, me sinto um bobo por fazer essa entrada tosca flagrando os dois. Tô parecendo um tiozão vigiando ela. — Jéssy, mas tarde vou te ligar para nos encontrarmos. — Ela assentiu com a cabeça, mas em minha mente eu me negava, vendo que o rapaz ainda não se ligou que ela estava internada em um hospital e não na casa de uma amiguinha curtindo.

Ele saiu e tratei de desfazer o mal-entendido.

— Me desculpe por entrar assim, foi totalmente desconfortável.

— Não precisa se desculpar.

— Preciso, sim, não sou disso e quero que saiba que terá o seu espaço. — Ela pegou as suas bolsas e fui tentar ajudá-la.

— Não se preocupe. — Sorriu, mas sem querer peguei em sua mão ao invés da alça da bolsa, nos olhamos e eu logo tirei minha mão da dela e agi como se não tivesse feito.

— Eu levo. — estendi a mão e ela sorriu me entregando as bolsas, saímos do quarto enquanto ela fez questão de ir falar com as enfermeiras que cuidaram dela, fiquei observando de longe parecia serem conhecidas há muito tempo, ela é muito simples e parece ser uma jovem muito inteligente, espero que tudo dê certo daqui para frente.

Ela veio até mim sorridente com a enfermeira ao lado.

— Mike queria te apresentar a Sheila, ela cuidou muito bem de mim.

— Olá, obrigada por todo cuidado que teve com ela. Espero poder cuidar dela como você fez. — falo simpático cumprimentando a senhora.

— Você não me disse que seu namorado era tão bonito, aliás fazem um lindo casal. — Eu não esperava ouvir isso e pela cara da Jéssy ela também não, ficamos sem graça e a mulher percebeu. — Falei algo errado? — Jéssy sorriu sem graça.

— Ele não é meu namorado. — Jéssy respondeu sem jeito.

— Meu Deus, desculpe minha flor, é que comentamos que ela tinha um namorado e na minha cabeça veio que seria você. Me desculpa por favor. — tentou se justificar dando a certeza que o cara no quarto é mesmo namorado dela. Por um momento achei que ela não estava confortável ao falar com ele, pelo jeito foi impressão minha.

— Não tem problema. Mas obrigada! — sorri tentando desfazer o mal-entendido. Jéssy se despediu dela e das outras enfermeiras e fomos para o carro.

Tudo que está acontecendo está fazendo os meus dias mudarem bruscamente, só espero não ter mais surpresas, por hoje já basta!

No caminho para minha casa ela estava distante e até triste, são tantas mudanças repentinas que ela terá que tenho até medo dela desenvolver uma depressão, liguei o som do carro colocando Bruno Mars - That's What I Like, pensei que se colocasse uma música mais animada lhe daria mais ânimo, ela sorriu ouvindo a música e comentou.

— Adoro essa música! — diz cantarolando baixo.

— Então eu acertei na escolha. — Sorri prestando atenção no caminho, quando chegamos a minha casa ela entrou observando tudo.

— Saí às pressas, não tive tempo de arrumar nada, fique à vontade. — digo meio que atrapalhado, tropecei nas minhas próprias pernas quando fui para o quarto.

“Que nervosismo doido é esse Mike.” — penso comigo.

Ela ficou na sala sentada no sofá e eu a chamei para conhecer o quarto. — Jéssy, venha aqui por favor. — ela veio a passos largos. — Esse é o seu quarto, só me desculpe, pois não tive tempo de arrumar a decoração. — mostrei o quarto a ela.

— Meu Deus, que gracinha, eu amei. — diz com a mão na boca, o quarto não tinha nada de mais, só é bem ajeitado.

— Não é nada de mais. — falo sem jeito, passando a mão na cabeça.

— Não precisava de decoração. — diz pegando a caixa que estava ao lado.

— Que isso tinha, sim, só não deu tempo de organizar tudo. Mas faço isso rapidinho. — tirei o terno, o colocando ao lado.

— Não, não precisa, eu faço isso. Vou adorar fazer é um bom passatempo.

— Se quiser te ajudo.

— Não, não precisa, com certeza você tem muito a fazer. Só terei que ir à casa do tio Rick para pegar algumas coisas minhas, algumas lembranças da minha tia.

— Eu te levo lá mais tarde, estou de saída, mas fique a vontade, está bem, qualquer coisa me ligue, eu já volto.

— Está bem. Obrigada Mike. — sorriu tímida, fui até a sala e olhei para o rumo do quarto e pensei nas cartas que ainda tenho que entregar, mais estou enrolando, o meu medo é de isso não dar certo, mesmo que seja um contrato que ninguém saberá, tenho medo de assustá-la com essa história de casamento mesmo que não seja para colocar em prática, isto assusta.

Vou pensar mais um pouco, quando perceber que ela está bem vou a colocar a par de tudo que a Luiza deixou.

Angêl López

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