Mike

Meu dia já começou mal, depois da bebedeira desenfreada Lívia acordou sentindo-se mal. Fui até a padaria e comprei algo leve para ela comer já que deve ter só álcool em seu organismo, no caminho fiquei pensativo sobre a chegada da Jéssy, provavelmente ela terá alta médica hoje, é muito estranho pensar que ela irá morar em minha casa por 3 anos, mas farei de tudo para que sua adaptação seja rápida.

Ao chegar na padaria comprei alguns pães e bolo sem cobertura.

Fui para casa e entrei vendo Lívia sentada na mesa com a cabeça abaixada.

— Se alimenta, às vezes melhora, depois se estiver disposta podemos conversar? — falo baixo em tom calmo.

— Conversar? Mike eu tô morrendo de dor de cabeça, meu estômago parece que tá numa roda gigante, que assunto é esse que você não para de falar, já está me enjoando. — me senti mal com as colocações dela.

— Não, não é nada, come tá bom. — sentei no sofá enquanto ela abria as sacolinhas, peguei meu celular e vi várias mensagens do Rick, ele parece estar muito nervoso nos áudios, me perguntou se eu estava em casa, mas isso já faz uns 30 minutos.

Quando estava respondendo o porteiro interfone avisando que Rick solicitava sua entrada, liberei enquanto Lívia me enchia o saco devido ao bolo sem cobertura.

— Mas que porcaria, Mike, sabe que odeio bolo sem cobertura! Que saco parece que faz para provocar! — bufei sem paciência, não sou obrigado a aturar isso logo cedo, não é atoa que não pretendo me casar tão cedo, gosto da minha paz.

— Lívia, vai comer doce logo cedo com o estômago doendo? Nunca vi isso, você precisa parar e pensar um pouco, não acha?

— Eu tô sentindo dor, mas é porque bebi com o estômago vazio.

— Então vê pensa da próxima vez antes de encher a cara de bebida sem ao menos comer. — ela ficou emburrada, fui até a mesa e parti um pedaço do bolo e comi. — Não vai comer? — perguntei partindo outro pedaço e colocando a sua frente.

— Perdi a fome! — se levantou indo para o quarto, percebi que ela estava se arrumando, deve ser para ir embora, há um tempo tentamos morar juntos, mas não deu certo, ela é muito festeira, gosta de amigos em casa e eu não gosto disso, sou mais na minha e diria até que sou mais romântico, gosto de agradar pena que ela pouco quer saber desse meu jeito.

No começo eu a levava muito para baladas românticas, para restaurantes, fazia muitas surpresas para ela, cheguei a achar que eu a amava, mas hoje vejo que o amor não existe, o amor simplesmente é duas pessoas que se gostam, que fazem dar certo e se não tiver isso nada dá certo, eu até tentei, mas desisti. Isso não é para mim, não costumo lutar sozinho por um relacionamento, como dizem os brasileiros, vamos empurrando com a barriga até onde der.

Ela se arrumava no quarto quando ouvi a campainha, era Rick, atendi e ele logo entrou nervoso.

— Quem você pensa que é para tirar Jéssy da minha casa e trazer ela para morar com você? — Rick fala nervoso, de imediato vi Lívia aparecer na porta do quarto.

— O que você disse? — ela perguntou entrando no assunto.

— Você não sabia? Seu namoradinho quer trazer a minha sobrinha para morar com ele.

— Não é bem assim Rick, fala as coisas direito.

— Você está louco! — Lívia veio até mim, dando t***s no meu peito, segurei as mãos dela que se debatia.

— Para com isso! — Falo sério tentando fazer ela parar enquanto Rick aproveitava para atiçar sua fúria.

— Você é muito pervertido Mike, se fazendo de bonzinho todo esse tempo só para comprar a Luiza antes da sua morte! Você não presta! — diz enquanto Lívia está surtada. — Nem ao menos falou para sua mulher que iria trazer outra para dentro da sua casa. — diz sarcástico.

— Olha como você fala! Respeita a Luíza, isso foi decisão dela e estava lúcida, se ela fez isso é porque confiava em mim.

— O que mais ela deixou para você além da sobrinha? Tô começando a achar que as suas visitas a ela eram proporcionais. — diz desrespeitando a memória da Luiza, nunca fui tão exposto em toda minha vida, nunca precisei ouvir nada do tipo e agora por tentar fazer algo por alguém estou sendo julgado. Minha raiva subiu.

— Rick eu não estou com paciência. O que você pensa ou deixa de pensar não é problema meu! — Lívia percebeu a minha fúria e largou meu braço, se sentou no sofá ainda nervosa, ela sabe quando estou a ponto de perder a cabeça.

— Eu vou entrar na justiça contra você Mike. — baixou o tom.

— A Jéssy não é um bem, muito menos uma criança. Ela pode decidir o que ela quer, mas na sua casa ou na minha eu farei tudo que Luiza me pediu.

— O que ela te pediu, Mike? Conta, mata a nossa curiosidade!— Lívia argumentou se levantando enquanto Rick via que estava tendo êxito nas suas insinuações.

— Luiza pediu para que eu fosse tutor da Jéssy por 3 anos, nada mais do que ensiná-la a cuidar e gerir a sua herança.

— Por que você? E, por que ela tem que se mudar para sua casa? — Lívia continuou.

— O Rick sabe do porquê, pergunte a ele. — falo olhando para ele que ficou sem graça. Meu celular tocou e vi ser do hospital. O doutor me alertava da alta da Jéssy, enquanto eu falava ao telefone Lívia e Rick só me observavam reparando cada palavra que eu falava. Quando desliguei, me lembrei que não havia arrumado o quarto.

— Que droga! — digo vendo a Lívia sorrir.

— Não deu certo, amor?

— Não é isso, não é nada. — não toquei no assunto com eles, já basta! — A Jéssy vai ter alta, preciso sair. Vou te deixar na sua casa, Lívia. — falo a ela que se colocou em minha frente.

— O quê? Acha mesmo que vou permitir que você coloque outra mulher dentro da sua casa?

— Pelo jeito o casal tem muito a discutir, Lívia estou com você, não tem nada a ver a Jéssy vim morar aqui. Estou de saída. — peguei no braço dele que de imediato olhou para minha mão.

— Não adianta ir até lá, eu vou buscar ela na sua casa se fizer isso, não queira transformar a vida dela num inferno. — falo sério.

— Eu não vou buscar ela, Mike. — puxou seu braço. — Sei que logo você levará ela de volta, não vai conseguir essa proeza de lidar com uma jovem linda como ela dentro da sua casa.

— E você conseguiu Rick? — perguntei irônico, ele saiu pisando fundo enquanto a Lívia continuava na minha frente.

— Do que vocês estão falando? — perguntou curiosa.

— Nada! — respondi seco e fui até o quarto. Ela não veio atrás, só ficou na porta. Vesti uma roupa social e sapato, penteei os cabelos para trás.

Peguei o celular e minha mala com os documentos da Jéssy, sai do quarto para sala e peguei mais um pedaço de bolo.

— Onde você vai?

— Preciso ir buscá-la, ela está sob os meus cuidados.

— Você disse bem, ela está sob os seus cuidados. Esses cuidados deveriam ser só meus, você é o meu homem, mas você está colocando outra mulher entre nós e pior dentro da sua casa. Você iria me esconder isso? — perguntou em tom dramático.

— Desde ontem estou tentando conversar com você e nada de você me ouvir, agora viu que o assunto era sério? — falo vendo ela enrijecer os músculos do rosto, ela estava cada vez mais enfurecida.

— Eu não vou aceitar isso.

— Não posso fazer nada, Lívia, se achar melhor, então cada um segue seu rumo. — Falo duro, ela me olhou surpresa com os olhos arregalados, ela não esperava isso.

— Você não pode fazer isso, você nunca fez esse tipo de coisa, o que é tá apaixonado pela menininha é? — Fala se aproximando, continuei seco me negando a entrar no seu jogo psicológico.

— Preciso sair Lívia, depois conversamos.

— Você vai mesmo fazer isso? Está disposto a tudo dessa maneira?

— Estou! Vou cumprir com o que prometi a Luíza, agora se você está disposta a dificultar as coisas, não irei tolerar.

— Pensa bem, Mike, irei te dar um tempo para você pensar, sei que voltará atrás, ela pode ser bonita, novinha e…

— Para com isso, pelo jeito você não me conhece o bastante. Eu jamais me aproveitaria de ninguém da maneira que está citando. Minha única vontade é cumprir o que prometi. Me respeite ou não terá o meu respeito!

— Está bem, está bem. Deixa-me em casa. — diz calma.

— Ok, vamos.