CAPÍTULO 4

Felipe

Ultimamente os meus dias tem sido extremamente corridos... Eu sempre estou pela faculdade pela manhã, e alguns dias até mesmo durante a tarde e também tenho o meu trabalho no hospital, então mal me sobra tempo para aproveitar a vida, mas eu dou o meu jeitinho, eu sempre dou!

- Eu estava com saudades de você, gato! Fazia tanto tempo que você não ligava pra mim, eu achei até que tinha esquecido de mim.- Uma voz soou próximo a mim e ao olhar para o lado, me deparei com aquela mulher deitada ao meu lado.

Eu sempre estou muito ocupado com a minha vida, mas dou o meu jeitinho de me divertir e fazer o que mais gosto de fazer, e hoje foi um desses dias... O meu trabalho no hospital e na faculdade estava me deixando com a cabeça explodindo, então eu trouxe uma mulher do clube para passar a noite comigo e isso me aliviou, e muito.

Eu precisava mesmo extravasar e me aliviar um pouquinho, então foi bom traze- la pra cá, mas agora chega... Eu só queria um pouco de sexo para esvaziar a cabeça e eu paguei bem por isso, não quero ficar de conversinha com ninguém... Essa mulher veio aqui para me satisfazer e não para dar uma de psicológica.

Eu não quero e não vou conversar com ela!

- Não demora tanto pra me chamar da próxima vez, eu fico morrendo de saudades de você, meu gato.- Aquela mulherzinha diz levando a sua mão até o meu peitoral.

É, acho que está na hora dela ir embora daqui.

Levantei-me rapidamente me afastando dela, pegue a minha carteira que estava sob a mesinha de cabeceira e tirei um dinheiro dali.

- Eu deixei toda a conta paga lá no clube, pegue esse dinheiro para o táxi... Já está na hora de você ir embora.- Disse sendo curto e grosso.

Eu não quero estar com ninguém, não quero me relacionar com ninguém e é por esse motivo que eu prefiro pagar caro para ter o minino de prazer... Isso não me causa cobranças, então já está de bom tamanho e vale a pena.

- Mas já? Eu achei que ia ficar mais aqui com você.- Ela diz se insinuando pra mim.

Será que ela ainda não entendeu que eu quero que ela vá embora? Eu já fui claro, mas pelo visto terei que ser mais.

- Eu não te pago para achar nada, eu te pago para abrir as pernas e me satisfazer. Agora pegue as suas coisas e vá embora, por favor... Eu tenho mais o que fazer!- Eu disse sendo o mais direto possível.

Ela parece ter finalmente me entendido, porque ela se levantou rapidamente, pegou as suas roupas no chão e logo em seguida começou a se vestir... Graças a Deus!

- Vá assim que acabar, o dinheiro do táxi está aqui.- Avisei a ela e dei as costas pronto para sair dali, mas a sua voz me fez parar.

- Quando você vai me chamar novamente?- Ela me questionou me tirando do sério.

Virei-me novamente em sua direção, dei um sorrisinho irônico e balancei a cabeça sem acreditar que ela realmente estava me perguntando aquilo... Essa aí já não serve mais para alguém como eu, eu não vou ficar aguentando cobrança de uma puta.

- Nunca mais! Agora me faça um favor e saía já dá minha casa.- Eu a respondi ainda com um sorriso irônico em meu rosto e saí do quarto deixando a sós.

Eu pago para ter sexo justamente por não gostar de cobranças, não vou aguentar uma puta me cobrando algo... Essa aí nunca mais volta aqui!

Caminhei diretamente para o banheiro e comecei a me preparar para meu trabalho, assim que saí do banheiro e voltei para o quarto, vi que ela já não estava mais alí.

- Graças a Deus!- Disse ao ver que estava finalmente a sós novamente.

Eu aprecio muito a vida que levo aqui, gosto de viver sozinho e eu não pretendo mudar isso nunca... Essa historinha de se casar, ter filhos e viver "felizes pra sempre" não pra mim e eu não pretendo cair nessa história pra boi dormir.

Me aprontei rapidamente para o meu trabalho e saí de casa em rumo a faculdade.

Hoje terei um dia cheio por lá, eu irei recolher o trabalho que foi passado na última aula e irei passar uma atividade. Não tenho tempo a perder e quero que os meus alunos sejam os melhores médicos daqui a alguns anos e sei que assim será! Os que forem medíocres, nem irão sair da faculdade.

- Felipe? Felipe?- Pude ouvir alguém chamar por mim assim que eu pisei no campos.

Eu reconheço bem essa voz e já sei o que está por vir... Inferno!

- Fala!- Respondi a Lívia sem a minina paciência.

- Que bom que te encontrei! Precisava mesmo falar com você, fazem dias que não te vejo... Estava com saudades.- Lívia diz me causando estranheza.

Saudades? Essa mulher está totalmente fora de si! Ela só pode estar!

- Do que você precisa? Eu tenho algumas coisas pra adiantar antes da primeira aula de hoje, eu não posso perder tempos com besteiras.- Fui direto e franco.

- Não é nada demais, Fe... Eu só queria saber se você não quer tomar o café da manhã comigo, faz tanto tempo que a gente não conversa.- Lívia disse e aquilo me fez ter vontade de rir.

Era só o que me faltava... A última coisa que eu eu quero na vida é tomar café da manhã com essa mulher... Estou cansado e eu não quero ouvir balelas na minha cabeça.

- Não, eu não posso e nem quero, Lívia! Como te disse antes, eu tenho trabalhos pra adiantar antes da primeira aula... Era só isso?- A questionei sem paciência alguma.

Ela me encarou com sem graça, acenou com a cabeça e em seguida ela sorriu sem mostrar os dentes.

- Ótimo! Então já vou indo.- Disse sem perder tempo e saí dali direto para a minha sala.

Ao entrar alí, estranhei ao ver alguém sentado na primeira fileira e ao olhar bem, vi que se tratava daquela garota, aquela que se atrasou para o primeiro dia de aula.

Mas o que ela faz aqui tão cedo? Faltam mais de cinquenta minutos para a primeira aula.

- Bom dia, professor Felipe!- Ela me cumprimentou com um sorriso de menina em seu rosto assim que entrei na sala.

Fiquei parado alí na porta por alguns segundos e os meus olhos ficaram presos sobre ela... Helena, esse é o nome dela, eu sabia que me lembrava!

Helena, essa garota com algo estranho em seus olhos... Eu sempre paro no tempo toda vez que olho para eles... Ela tem algo em si, eu não sei o que é, mas eu sei que ela tem algo ali... Algo que me irrita e me petrifica ao mesmo tempo.

Resolvi não responde-la e caminhei até minha mesa sentando-me ali e dei início ao meu trabalho... Não tenho tempo a perder com uma garota.

- Professor, o senhor pode me tirar uma dúvida?- A voz daquela garota soou bem de  repente chamando a minha atenção.

Mas o que essa garota quer? Não tenho tempo a perder com perguntas idiotas.

- Não, eu não posso! A minha aula irá começar daqui a meia hora, até lá, por favor não dirija a palavra a mim.- Disse sendo curto e grosso e sem pesar algum.

Desviei o meu olhar dela voltando a encarar o meu notebook e voltei para o que realmente me interessava, o meu trabalho.

Essa garota só quer puxar papo furado comigo e eu não estou nenhum pouco a fim de perder o meu tenho agora.

Ela parece ter entendido perfeitamente o que eu havia dito, pois um silêncio pairou sobre a sala e eu finalmente pude trabalhar em paz... Graças a Deus por isso.

- Alunos, me entreguem por favor o trabalho que foi passado na última aula. Lembrando que o trabalho não será aceito depois de hoje até o último horário... Depois não adianta insistirem.- Os avisei assim que a aula chegou ao fim.

Eu tento fazer o meu trabalho da melhor forma e dar o melhor de mim, mas eu não aceito que os alunos me passem para trás. Se o dia de entrega do trabalho é hoje, eu não aceito o trabalho com nem um dia de atraso se quer... E quem não estiver feliz com isso, que não voltem mais para minha aula.

- O meu trabalho, professor...- Aquela garota disse ao se aproximar de mim e estender as suas mãos para me entregar o seu trabalho.

- Deixe sobre a mesa.- A respondi sem encara-la.

- Professor, eu posso tirar aquela dívida com o senhor agora?- Ela me questionou ainda parada alí.

- A minha aula já chegou ao fim, todas as dúvidas serão tiradas durante o horário de aula... Agora vá, eu não tenho todo o tempo do mundo e os outros alunos também irão me entregar os trabalhos.- Eu a respondi sem paciência alguma.

Ela ficou algum tempo parada alí, parecendo não acreditar no que eu falava, mas ela logo caiu em si e se foi me deixando finalmente em paz... Finalmente!

O dia passou bem rápido depois daquela aula, consegui conclui meu trabalho com todas as turmas e aproveitei para adiantar algumas matérias... Após o fim das aulas, eu decidi ir almoçar em um restaurante que costumo frequentar.

O meu dia de trabalho na faculdade já chegou ao fim, mas eu ainda terei um longo plantão no hospital e com a correria, tenho certeza que essa será a minha primeira e última refeição do dia, então irei aproveitar e me alimentar direito.

- Boa tarde! Eu posso anotar o seu pedido? O senhor já sabe o que vai querer comer?- Uma voz bem familiar soou próximo a mim e ao levantar a cabeça não acreditei no que estava vendo.

Ahhh, mas isso não é possível!

Eu só posso ter jogado pedra na cruz pra merecer passar por isso... A tal de Helena aparentemente trabalha aqui. Essa garota já me persegue na faculdade, agora aqui também? Mas que falta de sorte!

- Você trabalha aqui?- A questionei ainda sem acreditar no que estava vendo.

Ela também me encarava com uma surpresa visível em seu olhar e o seu corpo parecia estar tenso... Ela estava bem séria e retraída, o que não é normal pra ela... Essa garota está sempre tão feliz, vive rindo feito uma palhaça por aí.

- Sim, comecei a pouco mais de uma semana... Estou gostando muito! É perto da faculdade e eu consigo conciliar tudo. Como eu sou bolsista, tenho que ter uma fonte de renda para bancar os custos com livros e todos aqueles xérox.- Ela desandou a falar, até mesmo coisas que não perguntei.

- Eu não tenho o minino interesse na sua vida pessoal, garota. Agora anote logo meu pedido, eu estou morrendo de fome e não tenho tempo a perder.- A respondi sem a minina paciência e desviei o meu olhar dos dela.

Essa garota parece me perseguir... Já bastava ter que conviver com ela lá na faculdade, agora ela vai estar em todos os lugares que eu for? Mas que inferno!

- Tudo bem, me desculpe... Pode me passar o seu pedido senhor.- Ela me respondeu e a sua voz me causou repulsa.

Que todas essas coincidências infernais acabem logo... Eu não gosto de encontrar os meus alunos fora da faculdade, ainda mais essa aluna especificamente.

Toda vez que ela cruza o meu caminho, estranhamente tudo da errado pra mim e eu quero que essas confidenciais cheguem logo ao fim... Eu não a suporto, eu não sei o porque, mas eu não a suporto.

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