Felipe O meu corpo se encontra totalmente cansado nesse momento, eu passei as últimas doze horas de pé correndo de um lado para o outro, sem tomar um banho, dormir ou me alimentar, mas ao menos nesse plantão nós não tivemos nenhuma perda, então todo o cansaço valeu a pena, porque pra mim realmente não há nada pior do que ver um bebê ou uma criança partir.Fazem mais de cinco anos que eu atuo como cirurgião pediatra e eu me adaptei bem a essa área... Me lembro bem que na época da faculdade eu tinha dúvidas sobre qual área iria seguir, mas no meu primeiro dia de residência de pediatria cirúrgica, eu soube que era aquela área que iria seguir.Eu nunca fui fã de crianças, nunca tive sonho de ser pai e nem nada do tipo, mas eu me lembro bem que no meu primeiro dia de residência eu presenciei uma garota de três anos chorar copiosamente de dor devido a um câncer no pâncreas e eu me lembro bem que fiz uma promessa pra mim mesmo naquele momento, eu prometi que faria o possível e o impossível
Helena Parada em frente a mesinha de estudos do meu quarto, eu encaro o porta retratos com uma foto minha e do meu paizinho quando eu ainda era um bebê e sinto as lágrimas descerem por meu rosto... Eu sinto tanto a falta disso, de ter o meu paizinho aqui por perto e de ter o seu colinho, a única coisa que me conforta é saber que eu estou aqui, a caminho de realizar o grande sonho da sua vida, ter uma filha médica... Ou como ele mesmo dizia, "doutora".Sorri em meio as lágrimas ao me lembrar dos momentos felizes que vivi por anos ao lado do meu, naquele momento uma certa tranquilidade tomou conta de mim e algo me disse que mesmo ele não estando mais aqui, o meu pai ainda toma conta de mim e lá no fundo, eu sei o quanto isso é real.- Eu te amo, paizinho e eu nunca vou me esquecer de você.- Disse sorrindo enquanto as lágrimas desciam e deixei um beijo em nossa foto.Eu ainda olhava aquela foto, quando de repente a porta do meu quarto foi aberta e a minha única reação foi secar as minha
Felipe Nesse exato momento eu me encontro dentro do maldito restaurante que a Helena trabalha... Hoje é sábado, são mais de nove horas da noite e o local está completamente vazio... O que eu estou fazendo aqui? Eu simplesmente não faço ideia!Desde que descobri que Helena trabalha nesse lugar, algo me move e me trás pra cá todo santo dia... Eu não sei porque e nem como, mas eu já não consigo passar um dia sem vir pra cá e ver essa garota... Talvez eu esteja enlouquecendo, acho que essa é a única explicação plausível.Eu vejo essa garota insuportável de segunda a sexta feira, devo estar fora de mim pra ter a bebida ideia de vir pra cá aos fins de semana também... Só pode ser isso!- O senhor deseja mais alguma coisa? A cozinha vai fechar daqui a dez minutos.- Helena se aproximou de me questionando com uma cara de poucos amigos.É visível o quanto essa garota está incomodada e infeliz com a minha presença por aqui, mas quanto a isso, não há absolutamente nada que eu posso fazer.- Huuu
Helena Eu realmente não sei o que deu em mim nos últimos segundos... Em um momento eu estava praticamente brigando com o idiota do professor Felipe e no outro eu estava em seus braços, como? Eu simplesmente não faço ideia! Mas nesse exato momento eu estou totalmente entregue a ele.Os meus braços estão envoltos em seu pescoço, sinto as suas mãos firmes aqui em minha cintura e os seus lábios estão juntos aos meus... Eu sei que isso é errado e que eu não deveria estar fazendo isso de maneira alguma, mas cá estou, em seus braços e sem a minina força para sair daqui.O professor Felipe separou os seus lábios dos meus de repente, ele me encarou com uma certa escuridão em seus olhos, pude ver o quanto a sua respiração estava forte e ofegante e o seu rosto vermelho.- Então, vamos?- Ele falou desarmando o alarme do carro.Vamos? Mas pra onde!- Pra onde?- O questionei confusa.Felipe me encarou por alguns segundos, soltou uma gargalhada rápida e balançou a cabeça.- Ué, pra minha casa.- Ele
#Bônus PatríciaSentada em meu escritório encaro toda aquela papelada sem saber ao menos o que fazer... Ultimamente as coisas não tem sido fáceis aqui em casa e está bem complicado pagar todas as contas da casa, manter os funcionários e ainda bancar a faculdade da minha filha, então estamos tendo que nos virar em mil... O meu marido é advogado e ele tem um escritório no centro da cidade, mas o movimento por lá anda fraco demais e isso tem feito as coisas apertarem muito por aqui... Eu nunca fui muito de trabalhar e também não quero que minha filhinha vá pra labuta, então só existe uma coisa que pode me tirar de todo esse aperto.- Patrícia, estou indo para o escritório... Vou ficar por lá até mais tarde hoje pra tentar adiantar alguns trabalhos.- Ronaldo, o meu marido, adentrou pelo nosso escritório me avisando.Imediatamente me virei em sua direção e logo me levantei indo até ele... Eu pedi que ele fizesse algo por mim e preciso saber se isso foi feito!- Querido, você preparou aquil
Felipe Parado ao lado daquela maca, observo aquela garotinha dormir profundamente e checo os seus sinais vitais... A última noite por aqui foi longa e totalmente cansativa, nós quase perdemos uma paciente e demos o nosso sangue e raça para salva-la, mas no fim, tudo deu certo e aqui ela está... Ela está viva e estável no momento e se depender de mim, assim ela continuará.- Doutor Ávila, pode ir descansar... Eu fico aqui com a menina e prometo cuidar muito bem dela, como se ela fosse a minha filha.- Gisele, minha enfermeira auxiliar disse ao se aproximar de mim.Não sei exatamente o porque, mas não queria sair de perto daquela menina... Ela estava sozinha alí, sem a mãe, pai ou outra companhia qualquer e isso me deixava tão pensativo... Uma garotinha tão pequena, ingênua e indefesa sozinha dentro de um hospital... Olhar pra ela me faz ter reflexos da minha infância, me faz lembrar de todos os momentos que eu estava machucado e ninguém estava alí por mim.- Não se preocupem, vou ficar
Helena Hoje é uma rotineira noite tranquila de quinta feira e nesse exato momento já são mais de nove da noite, então o restaurante já está praticamente vazio e um silêncio absurdo tomou conta desse lugar... De trás do balcão, eu observo tudo com atenção me sentindo totalmente entediada.Eu já fiz absolutamente tudo que tinha pra fazer por aqui... Já limpei as mesas, lavei os banheiros, lavei todas as louças sujas que haviam na cozinha e ainda assim faltam mais de uma hora para eu ir embora... Já não sei mais o que fazer pra que o tempo passe logo.Dei uma olhada no relógio da parede e percebi que era nove e quinze da noite naquele momento... Estranho!Eu não estou reclamando e nem nada, muito pelo contrário, estou até aliviada! Mas fazem mais de uma semana que o Felipe não vem aqui... Até alguns dias atrás ele vinha religiosamente ao restaurante, as nove em ponto ele passava por aquela porta e só ia embora quando o restaurante fechasse, mas de alguns dias pra cá ele não veio mais...
Helena A minha cabeça se encontra repleta de confusões e eu ainda não consigo assimilar tudo que aconteceu nas últimas horas... Em um momento eu estava lá no restaurante fazendo o meu trabalho e no outro estava no hospital que o Felipe trabalha fazendo saturas na ferida da minha mão... Como isso tudo foi acontecer tão rápido? Eu não entendo e ainda me sinto zonza com tudo isso.Bom, pelo menos o fim de toda essa confusão deu certo e eu estou sã, salva e com o meu ferimento cuidado... Eu ainda não consigo acreditar que o Felipe cuidou de mim em meio a tudo isso e em como ele foi paciente comigo... Até algumas horas atrás eu tinha uma visão muito diferente dele, mas talvez ele não seja tão carrasco como eu pensava... TALVEZ!- Você está se sentindo melhor?- A voz do Felipe soou afastando meus pensamentos.Nesse exato momento o meu ferimento já foi tratado, está tudo bem com minha mão e o Felipe já está me levando pra casa, como ele havia prometido.- Sim! Está tudo bem! Eu só fiquei n