Felipe
Finalmente é sexta feira e eu não poderia estar mais feliz por isso... Eu gosto muito do meu trabalho aqui na faculdade e também lá no hospital, mas eu preciso de um tempo de descanso... Um tempo pra mim relaxar e colocar a cabeça no lugar.
Essa semana me deixou exausta e ela demorou tanto pra passar que eu cheguei a pensar que estava preso em um looping infinito... Eu mal podia esperar para que o dia de hoje chegasse logo.
- Hey! Você está animado para o fim de semana?- Uma voz familiar soou próximo a mim e ao olhar para o lado, pude ver que se tratava da Lívia.
Lá vem!
Eu aposto tudo que eu tenho que essa mulher vai tentar se incluir de alguma forma no meu fim de semana, mas ela não vai conseguir... Eu tenho planos melhores pra mim, bem melhores que aguenta-la falando sem parar na minha cabeça.
Eu apenas acenei com a cabeça como resposta tentando não dar muita atenção para ela e fazer com que ela se tocasse e saísse logo daqui, mas parece que o meu plano não deu certo... A Lívia se sentou ao meu lado e me encarou com um sorriso largo em seus lábios.
- Eu também estou muito animada! Vou aproveitar para descansar e quem sabe sair um pouco... Eu fiquei sabendo que abriu um novo restaurante italiano no centro da cidade, quero conhece-lo.- Ela falou cheia de segundas intenções.
Ahh, se a intenção dela é que eu a chame para sair, ela está perdendo o tempo dela.
- Ótimo! O Fernando já comentou comigo uma vez que ele gosta de comida italiana, por que você não o chama pra ir com você? É uma boa ideia. - Falei sendo o mais direto possível.
Pude ver o seu sorriso animado ir se desfazendo aos poucos e Lívia apenas acenou com a cabeça totalmente sem graça como resposta.
- É, quem sabe...- Foi tudo que ela disse.
- Bom, eu já terminei por aqui... Já vou indo! Te vejo na segunda.- Eu disse já me levantando e saí dali o mais rápido que eu pude.
Eu não quero ficar jogando confusa fora com a Lívia e muito menos me manter por perto dela... Não quero fazer nada que leve ela a pensar que existe uma chance de algo acontecer entre nós, porque sem dúvidas não há.
Eu não tenho a mínima intenção de me envolver romanticamente com alguém, isso já está decidido e não há ninguém nesse mundo que me faça mudar de ideia... Eu nasci só e morrerei só.
Caminhei até o estacionamento rapidamente e quando já estava quase entrando em meu carro, pude ouvir uma voz chamar por mim... Mas quem é agora?
- Professor, eu posso falar com o senhor?- Alguém chamou por mim e ao seguir o som daquela voz, me deparei com aquela garota parada alí.
Ahhhh, era só isso que faltava para completar o meu dia, essa garota vir me encher o saco... Essa tal de Helena tem o poder natural de acabar com toda a minha paciência e eu não estou com nenhum saco pra isso hoje.
- Eu não estou com tempo, Helena! Seja qual for a sua dúvida, eu só irei tira-la na segunda e em horário de aula.- A respondi rapidamente já entrando no carro.
Eu fui muito claro e objetivo, mas aquela garota parece não ter entendido, porque no segundo seguinte ela se aproximou de mim e parou em frente a porta do meu carro.
- Eu não vou tomar muito do seu tempo, professor... Eu só vim devolver o dinheiro do senhor, pela conta que o senhor pagou lá no restaurante no outro dia. Eu consegui um adiantamento com o meu chefe e vim te devolver o dinheiro. Obrigada por ter pago a conta aquele dia, muito obrigada.- Helena disse e eu não acreditei naquilo.
Eu não quero que ela me pague absolutamente nada... Eu paguei a conta porque quis, em momento algum solicitei que ela me devolvesse o dinheiro.
- Eu não quero dinheiro nenhum, Helena. Guarde pra você, não vai me fazer falta, já pra você, tenho certeza que irá fazer.- Falei sendo totalmente franco.
A Helena é bolsista e é mudou visível que ela não vive uma vida luxuosa, então não vou cobrar esse dinheiro dela, sei que pode fazer falta pra ela futuramente.
- Mas professor, é seu...- Ela insistiu.
Será que ela ainda nao entendeu que eu NÃO quero esse dinheiro... Eu não quero!
- Helena, eu já disse que você pode ficar com o dinheiro... Agora será dá pra você me deixa em paz? Eu tenho mais o que fazer e não posso ficar aqui perdendo meu tempo com você.- A respondi já impaciente.
Aquela garota insolente parece não ter entendido nada do que eu acabei de falar, porque ela simplesmente pegou o dinheiro e colocou sobre o banco do carro.
- Esse dinheiro é seu, professor... Fique com ele! Não é justo que eu fique com algo que não me pertence... Agora eu vou te deixar em paz, até segunda, professor.- Ela disse calmamente e em seguida me deu as costas saindo dali.
Eu não acredito que ela está fazendo isso!
Eu já disse que não quero que ela me dê esse dinheiro... Eu já disse que não quero!
- Helena, pegue esse dinheiro... Pegue já esse dinheiro!- Falei de forma firme, mas ela ao menos se deu ao trabalho de olhar para trás.
- Bom fim de semana, professor.- Foi tudo que ela disse.
Essa garota é mesmo uma insolente... Como ela ousa fingir que não está me ouvindo?
Como ela ousa me desafiar assim?
Eu até pensei em ir até ela e devolver aquele dinheiro a ela, mas eu não vou fazer isso aqui no meio da faculdade, mas uma hora ou outra eu irei devolver esse dinheiro a ela... Ahh, mas eu vou!
Fechei finalmente a porta do meu carro e saí dali dirigindo até meu apartamento... Eu terei o resto do dia de folga hoje, então vou aproveitar para descansar um pouquinho e quem sabe até me divertir um pouco... Não seria uma má ideia trazer alguma garota pra cá para um pouco de diversão.
Faz um tempo que eu não contrato nenhuma garota para me entreter um pouco e eu preciso muito me aliviar.
- Felipe, com licença! O Marcelo está aguardando no hall de entrada do prédio. Eu posso deixa-lo subir?- Marta, a minha governanta surgiu bem de repente em meu closet me questionando.
O que o Marcelo está fazendo aqui? Pelo que eu me lembre, ele estava em Brasília e ele não me avisou que havia voltado para São Paulo e muito menos que viria para a minha casa.
- Diga que eu não estou!- Fui rápido em minha resposta.
O Marcelo é um grande amigo, amigo de infância e nós dois praticamente crescemos juntos, mas eu não estou nenhum pouco afim de ver ninguém nesse momento.
- Credo, Felipe! O menino cresceu com você, é como um irmão... Deixa o coitado subir, ele parece estar tão animado pra te vê... Você só fica sozinho enfurnado nessa casa! Não tem uma namorada, um amigo. Ninguém pode viver assim!- Marta, como sempre, se meteu onde não devia.
A intrometida da Marta trabalha para minha família há anos, foi ela quem cuidou de mim desde quando eu era um bebê, na minha infância e adolescência e quando eu vim morar só, quis traze-la comigo para cuidar da minha casa e das minhas coisas. Ela é de fato uma intrometida, mas cuida de mim e de tudo que é meu como ninguém faz.
- Eu não me lembro de ter pedido a sua opinião, Marta! Guarde-a para si e faça o que estou mandando.- Ordenei.
Aquela velha me fitou com um olhar mortal, ela acenou com a cabeça e em seguida me deu as costas saindo do meu closet... Que ótimo que ela finalmente me entendeu, achei que estava muito difícil.
Terminei rapidamente de me trocar, caminhei até a sala e ao entrar alí tive uma grande surpresa ao ver o Marcelo sentado em meu sofá... Eu vou matar essa velha! Eu vou mata-la!
- Felipe! Quanto tempo, meu irmão!- Marcelo disse animado ao me ver e se levantou vindo até mim me abraçando.
- Eu vou te matar!- Sussurrei bem baixinho para Marta enquanto abraçava o Marcelo.
Aquela velha intrometida ainda teve a audácia de sorrir... Ela definitivamente não tem respeito por mim, acho que ela não se lembra mais que sou EU quem paga o seu salário.
- Poisé! Quanto tempo! Eu não sabia que você havia voltado de Brasília, quando foi que você chegou?- O questionei ao sair do abraço.
- Cheguei hoje de manhã, só deixei as minhas coisas no meu apartamento e vim pra cá... Passei tempo demais em Brasília, então quero relembrar os velhos tempos logo.- Marcelo disse animado.
O que ele quer dizer com "relembrar os velhos tempos"? Se ele está se referindo a época que a gente vivia em baladas ou em clubes dessa cidade, ela não precisa nem contar comigo... Já estou velha demais pra isso! Curto outro tipo de diversão hoje em dia.
- Aí, que bom que você voltou, Marcelo! Fico tão feliz! O Felipe precisava mesmo de uma companhia e de um amigo animado como você... Ele só vive do hospital para a faculdade e da faculdade pra casa, nem sai pra se divertir mais.- Marta deu todos os detalhes da minha vida para ele.
A encarei com um sorriso totalmente forçado em meu rosto e acho que naquele instante ela entendeu bem o que eu queria dizer.
- Bom, eu vou pra cozinha preparar algo bem gostoso pra vocês comerem... Daqui a pouco eu volto. Com licença.- Ela disse já se retirando.
Graças a Deus! Essa mulher fala mais que a boca.
- Então, quais são os seus planos pra hoje a noite?- Marcelo logo me questionou.
- Eu não quero fazer nada, cara! Quero apenas ficar em casa e relaxar um pouco.- Fui totalmente sincero com ele.
- Ahh, cara! Hoje é sexta feira... Você não vai ficar em casa fazendo nada! Olha, pelo que eu soube abriu um clube bem bacana no centro, por que a gente não vai la da uma conferida? Se for caído, a gente volta.- Marcelo propôs me fazendo rir.
O Marcelo acha que eu tenho quantos anos? Eu já não tenho mais idade e nem ânimo para essas coisas... Eu tenho os meus modos de se dividir e ouvir música alta rodeado de jovens não faz parte do que eu chamo de diversão.
- Cara, eu acho que a gente já está velho demais pra isso... Nós não temos mais vinte anos de idade.- Fui franco com ele.
- Cara, deixa esse papo de lado! Não tem essa de idade, a gente vai aonde a gente se sente bem...- O Marcelo desandou a falar e naquele momento eu vi que ele não iria calar a boca.
- Tá bom, cara! Eu vou, mas não garanto que irei ficar por muito tempo.- Eu me dei por vencido.
Conhecendo o Marcelo como eu conhece, tenho certeza que ele não iria calar a boca enquanto não ouvisse um "sim" de mim e eu não estou nenhum pouco afim de ficar escutando falatório na minha cabeça.
- É assim que eu gosto! Então eu vou pra casa descansar um pouco e eu passo aqui pra te pegar as nove, pode ser?- Marcelo me questionou.
- Eu te encontro la as nove, Marcelo... Me manda o endereço que eu te encontro lá.- Fui direto.
Conhecendo o Marcelo como eu conheço, posso afirmar que ele não irá sair dessa tal balada enquanto ela estiver rolando e eu não quero ficar a mercê dele... Na primeira oportunidade que eu tiver, vou voltar para minha casa e me divertir do meu jeito.
- Tá certo! Eu te mando o endereço.- Ele prontamente me respondeu e em seguida se foi.
Eu aproveitei também para ir descansar um pouquinho... Já faz alguns dias que eu não descanso, então eu vou aproveitar esse tempo livre para fazer exatamente isso.
Passei o resto da tarde descansando e quando levantei, já fui direto me arrumar pra ir para essa tal balada que o Marcelo inventou de irmos... A real é que eu quero chegar lá o mais cedo possível, assim não terei que ficar lá por tanto tempo.
Eu já não tenho mais cabeça pra passar noites em claros em baladas ou boates, eu já estou velho demais pra isso e já tenho o meu próprio jeito de me dividir e aliviar a minha cabeça... Quando quero extravasar, eu contrato uma boa garota de programa e descarrego nela todo o meu estresse, é uma forma fácil e ágil de diversão.
Eu não tenho mais vinte anos e também não tenho mas meu pique de jovem, então é exatamente dessa forma que eu divirto e me alívio quando preciso e isso nunca irá mudar.
- Olha só como você está bonito! É bom mesmo que o senhor saia, sabe? Você já trabalha tanto, também tem que se divertir um pouquinho, ver os amigos, namorar...- Marta comentou enquanto eu me olhava no espelho.
No fim, a culpa disso tudo é dessa intrometida da Marta... Se ela não tivesse permitido a entrada do Marcelo aqui sem a minha permissão, eu não teria que sair dos meus planos e estaria curtindo minha sexta da maneira que EU gosto.
- Marta, fique quieta! Você já fez demais por hoje... Eu deveria te colocar no olho da rua por ter permitido que o Marcelo subisse sem a minha permissão.- Fui franco com ela.
- Credo, Felipe... Eu só fiz aquilo para seu bem. Você não teria coragem de me colocar na rua depois de tantos anos que trabalho pra você, né?- Ela me questionou fazendo com que eu gargalhasse de nervoso.
- Faça algo assim novamente e você descobrirá... Agora pode se retirar e não me espere acordada.- Falei passando por ela.
- Sim senhor! Bom divertimento.- Pude ouvi-la dizer antes de fechar a porta.
A sorte da intrometida Marta é que eu tenho um certo apego por ela, afinal foi ela quem cuidou de mim a vida toda, se não fosse por isso, ela já estaria na rua há um bom tempo.
Desci direto para a garagem ao sair do apartamento, dirigi até a tal boate e ao chegar alí me arrependi drasticamente de ter ouvido o Marcelo... Esse lugar parece mais uma matinê, cheio de moleques e de garotas... Esse lugar definitivamente não é pra mim!
Quer saber? Eu vou dar meia volta e ir embora daqui imediatamente e depois eu dou uma desculpa para o Marcelo, ele vai entender!
- Irmão, fazia um tempinho que estava atrás de você... Te achei! Vamos entrar? Já tem uma galera lá dentro.- Marcelo disse animado, como sempre.
Não é possível que ele esta tão animado assim com essa balada bem caída e cheia de gente que mal saiu das fraudas... Nem na nossa juventude a gente vinha em lugares assim.
- Eu não sei não, Marcelo...- Disse enquanto analisava todo aquele local.
- Vem logo, mano! A gente entra e vê, se você não gostar a gente vai embora.- Ele disse e eu acabei concordando com aquilo.
Eu vou entrar, porque sei que é mais que impossível que eu goste desse lugar e então teremos que ir embora... Graças a Deus!
Marcelo e eu adentramos por aquela balada e só de ouvir o som da música alta, me arrependi drasticamente de ter saído de casa... Já vejo que não ficarei aqui nem por dez segundos.
A boate era grande, havia um bar bem espaçoso no canto, uma pista de dança no centro e um lugarzinho mais reservado nos cantinhos... O ambiente é até agradável, mas a musica alta e a quantidade de gente deixa tudo insuportável.
Quer saber? Eu não vou fingir... Eu não vou aguentar ficar nesse lugar e é melhor que eu deixei isso claro para o Marcelo.
- Marcelo, eu acho melhor eu ir em...- Eu comecei a falar, mas no segundo seguinte pude sentir algo bater com força contra mim e em seguida senti algo molhar toda a minha camisa.
Merda!
Isso definitivamente não está acontecendo!
- Me desculpa...- Eu ouvi uma voz mais que familiar próximo a mim, e ao olhar para o lado, vi que quem se tratava.
Ahhh, não! Isso definitivamente não é possível... Isso não é possível!
- Professor? Meu Deus!- Aquela garota insolente disse com um olhar visivelmente desesperado em seu rosto.
Helena Hoje é sexta, são nove horas da noite e eu estou parada na porta de uma balada... Eu não sei como, mas de alguma forma a Ruth me convenceu de vir pra uma boate.Eu geralmente não gosto desse tipo de ambiente, aliás, eu nunca venho pra esse tipo de lugar, mas a Ruth insistiu tanto que eu acabei vindo com ela, mas eu tenho uma ideia... Eu vim, mas vou ficar apenas um pouquinho e depois vou voltar para casa.A minha tia também não gosta nenhum pouco que eu saia a noite e muito menos que eu venha a baladas, então não quero dar motivos pra ela falar.- Helena, você vai amar esse lugar! Vem muita gente bonita pra cá e eu soube que é open bar, então a gente vai poder beber a vontade.- Ruth disse totalmente animada.Eu bem que queria estar animada igual a ela, mas eu judô que não consigo... Eu gosto de lugares mais calmos e tranquilos, e ver tanta gente a minha volta me deixa meio tonta.- Eu não bebo, Ruth... Só bebo água e suco, no máximo um refrigerante.- Brinquei.- Você não bebe?
Helena Um silêncio absurdo pairava sob aquele carro, o o professor Felipe não falava nada, eu menos ainda e aquela situação estava totalmente constrangedora, então eu não conseguia nem olhar para o lado, apenas mantia o meu olhar preso na avenida.Eu realmente ainda não sei o porque do professor Felipe ter me oferecido a carona e também não sei como eu aceitei, mas aqui estamos nesse momento e eu só consigo sentir um frio absurdo em minha espinha e o meu estômago embrulhar cada vez mais.Por um segundo, eu desviei o meu olhar daquela estrada e o encarei rapidamente, mas para a má sorte, ele também estava me olhando.- Você quer me dizer alguma coisa?- O professor me questionou enquanto voltava a encarar a pista.Parei de encara-lo imediatamente, eu balancei a cabeça e dei um sorriso sem graça... Eu não sabia o que dizer, muito menos como agir e me sentia nervosa feito uma adolescente.- Não, eu só queria agradecer o senhor por tudo mais uma vez...- Falei a primeira coisa que me veio
Felipe O meu corpo se encontra totalmente cansado nesse momento, eu passei as últimas doze horas de pé correndo de um lado para o outro, sem tomar um banho, dormir ou me alimentar, mas ao menos nesse plantão nós não tivemos nenhuma perda, então todo o cansaço valeu a pena, porque pra mim realmente não há nada pior do que ver um bebê ou uma criança partir.Fazem mais de cinco anos que eu atuo como cirurgião pediatra e eu me adaptei bem a essa área... Me lembro bem que na época da faculdade eu tinha dúvidas sobre qual área iria seguir, mas no meu primeiro dia de residência de pediatria cirúrgica, eu soube que era aquela área que iria seguir.Eu nunca fui fã de crianças, nunca tive sonho de ser pai e nem nada do tipo, mas eu me lembro bem que no meu primeiro dia de residência eu presenciei uma garota de três anos chorar copiosamente de dor devido a um câncer no pâncreas e eu me lembro bem que fiz uma promessa pra mim mesmo naquele momento, eu prometi que faria o possível e o impossível
Helena Parada em frente a mesinha de estudos do meu quarto, eu encaro o porta retratos com uma foto minha e do meu paizinho quando eu ainda era um bebê e sinto as lágrimas descerem por meu rosto... Eu sinto tanto a falta disso, de ter o meu paizinho aqui por perto e de ter o seu colinho, a única coisa que me conforta é saber que eu estou aqui, a caminho de realizar o grande sonho da sua vida, ter uma filha médica... Ou como ele mesmo dizia, "doutora".Sorri em meio as lágrimas ao me lembrar dos momentos felizes que vivi por anos ao lado do meu, naquele momento uma certa tranquilidade tomou conta de mim e algo me disse que mesmo ele não estando mais aqui, o meu pai ainda toma conta de mim e lá no fundo, eu sei o quanto isso é real.- Eu te amo, paizinho e eu nunca vou me esquecer de você.- Disse sorrindo enquanto as lágrimas desciam e deixei um beijo em nossa foto.Eu ainda olhava aquela foto, quando de repente a porta do meu quarto foi aberta e a minha única reação foi secar as minha
Felipe Nesse exato momento eu me encontro dentro do maldito restaurante que a Helena trabalha... Hoje é sábado, são mais de nove horas da noite e o local está completamente vazio... O que eu estou fazendo aqui? Eu simplesmente não faço ideia!Desde que descobri que Helena trabalha nesse lugar, algo me move e me trás pra cá todo santo dia... Eu não sei porque e nem como, mas eu já não consigo passar um dia sem vir pra cá e ver essa garota... Talvez eu esteja enlouquecendo, acho que essa é a única explicação plausível.Eu vejo essa garota insuportável de segunda a sexta feira, devo estar fora de mim pra ter a bebida ideia de vir pra cá aos fins de semana também... Só pode ser isso!- O senhor deseja mais alguma coisa? A cozinha vai fechar daqui a dez minutos.- Helena se aproximou de me questionando com uma cara de poucos amigos.É visível o quanto essa garota está incomodada e infeliz com a minha presença por aqui, mas quanto a isso, não há absolutamente nada que eu posso fazer.- Huuu
Helena Eu realmente não sei o que deu em mim nos últimos segundos... Em um momento eu estava praticamente brigando com o idiota do professor Felipe e no outro eu estava em seus braços, como? Eu simplesmente não faço ideia! Mas nesse exato momento eu estou totalmente entregue a ele.Os meus braços estão envoltos em seu pescoço, sinto as suas mãos firmes aqui em minha cintura e os seus lábios estão juntos aos meus... Eu sei que isso é errado e que eu não deveria estar fazendo isso de maneira alguma, mas cá estou, em seus braços e sem a minina força para sair daqui.O professor Felipe separou os seus lábios dos meus de repente, ele me encarou com uma certa escuridão em seus olhos, pude ver o quanto a sua respiração estava forte e ofegante e o seu rosto vermelho.- Então, vamos?- Ele falou desarmando o alarme do carro.Vamos? Mas pra onde!- Pra onde?- O questionei confusa.Felipe me encarou por alguns segundos, soltou uma gargalhada rápida e balançou a cabeça.- Ué, pra minha casa.- Ele
#Bônus PatríciaSentada em meu escritório encaro toda aquela papelada sem saber ao menos o que fazer... Ultimamente as coisas não tem sido fáceis aqui em casa e está bem complicado pagar todas as contas da casa, manter os funcionários e ainda bancar a faculdade da minha filha, então estamos tendo que nos virar em mil... O meu marido é advogado e ele tem um escritório no centro da cidade, mas o movimento por lá anda fraco demais e isso tem feito as coisas apertarem muito por aqui... Eu nunca fui muito de trabalhar e também não quero que minha filhinha vá pra labuta, então só existe uma coisa que pode me tirar de todo esse aperto.- Patrícia, estou indo para o escritório... Vou ficar por lá até mais tarde hoje pra tentar adiantar alguns trabalhos.- Ronaldo, o meu marido, adentrou pelo nosso escritório me avisando.Imediatamente me virei em sua direção e logo me levantei indo até ele... Eu pedi que ele fizesse algo por mim e preciso saber se isso foi feito!- Querido, você preparou aquil
Felipe Parado ao lado daquela maca, observo aquela garotinha dormir profundamente e checo os seus sinais vitais... A última noite por aqui foi longa e totalmente cansativa, nós quase perdemos uma paciente e demos o nosso sangue e raça para salva-la, mas no fim, tudo deu certo e aqui ela está... Ela está viva e estável no momento e se depender de mim, assim ela continuará.- Doutor Ávila, pode ir descansar... Eu fico aqui com a menina e prometo cuidar muito bem dela, como se ela fosse a minha filha.- Gisele, minha enfermeira auxiliar disse ao se aproximar de mim.Não sei exatamente o porque, mas não queria sair de perto daquela menina... Ela estava sozinha alí, sem a mãe, pai ou outra companhia qualquer e isso me deixava tão pensativo... Uma garotinha tão pequena, ingênua e indefesa sozinha dentro de um hospital... Olhar pra ela me faz ter reflexos da minha infância, me faz lembrar de todos os momentos que eu estava machucado e ninguém estava alí por mim.- Não se preocupem, vou ficar