Chego ao escritório de advocacia e, assim que me identifico na recepção, sou encaminhada para a sala do senhor Rogério Lucatto. Dou leves batidas em sua porta e sou autorizada a entrar.

"Bom dia, senhor Rogério. Muito prazer, eu sou..."

"Bom dia, eu sei exatamente quem você é, Sammya Maciel. Eu acompanhei o excelente trabalho que você realizou em Uberlândia e tenho que admitir que me tornei seu fã. Precisava muito tê-la em minha equipe." Nesse momento, fico surpresa.

"Obrigada, senhor. Fico lisonjeada." Digo sucintamente.

"Espero que você possa desempenhar um excelente trabalho conosco." Ele sorri para mim e retribuo. "Meu filho, Saulo, é o novo presidente da equipe. Porém, ele está resolvendo umas questões pessoais e tirou uma licença. O vice-presidente está viajando a negócios, então, por enquanto, você se reportará a mim."

"Entendi." Ele pega o telefone e, logo em seguida, uma moça morena de estatura mediana entra na sala.

"Sammya, esta é Alice, a secretária presidencial. Ela irá lhe mostrar sua nova sala e apresentá-la à equipe." Me levantei e ele fez o mesmo. "Que venhamos a ter uma parceria de sucesso." Ele estende a mão e eu a aperto.

Alice me levou para minha nova sala e, após me instalar, fui apresentada aos outros advogados. Recebi alguns olhares estranhos por parte de algumas advogadas, mas preferi não criar suposições agora. Alguns advogados me olharam surpresos, outros apertaram minha mão de maneira provocativa.

"Não ligue para o Jean e o Carmelo. Os dois são casados e suas esposas são uns amores, mas não podem ver uma mulher bonita que já querem cair matando. Aqui você precisa ficar muito esperta para não cair na lábia desses idiotas." Pela forma como ela falou, parece que ela já foi "vítima" desses caras, mas não vou perguntar para não ofendê-la.

Fizemos um tour e logo em seguida retornamos para minha sala. Alice me entrega um relatório e diz que esse é o meu primeiro caso. Me sentei à mesa e comecei a ler atentamente, fazendo algumas considerações positivas e negativas sobre o caso. Estava concentrada em meu trabalho quando ouço batidas na porta e dou permissão para entrar.

"Olá, Sammya, não é?" O homem pergunta, e eu afirmo. "Muito prazer, eu sou Samuel Menezes da área civil. Qual é a sua área?"

"Muito prazer, Samuel. Sou das áreas penal e ambiental, mas também já atuei na área civil." Ele olha para mim surpreso.

"Uau! Você tem um currículo impressionante e me parece tão jovem para tantas conquistas." Estou em dúvida se isso é um elogio.

"Não sou tão jovem quanto pareço. Acabei de completar vinte e nove anos."

"Sim, você é jovem. Aliás, o motivo de ter vindo aqui também é para convidá-la para almoçar comigo e minha noiva, Alice, que tenho certeza de que você conheceu."

"Eu adoraria, se não for incômodo para vocês."

"Imagina, sei que os primeiros dias em uma nova empresa são pesados. Acredite, quando cheguei aqui há dois anos, passei por muitos desafios até ter meu valor reconhecido."

Agradeci a Samuel pela breve conversa e rapidamente ele se foi. Permaneci em minha sala e trabalhei com afinco até Alice aparecer e me chamar para o almoço. Ajeitei a papelada em minha mesa e fui com ela. Nos encontramos com Samuel e mais um homem que se apresentou como Luis Rodrigues. Fomos a um restaurante próximo à empresa, pedimos nossas refeições e ficamos conversando enquanto esperávamos.

"E então, Sammya, você está comprometida?" Luis me perguntou.

"Deixa a menina! Já está de olho na garota?" Alice olhou para ele enfurecida, e ele negou.

"Não é isso. Só estou curioso sobre a moça, porque você sabe como é difícil para Rogério Lucatto contratar alguém assim."

"Eu morava em Minas Gerais."

"Espera aí, você é Sammya Maciel? A mulher que conseguiu fazer aquela madeireira multimilionária pagar uma fortuna por desmatamento?" Ele estava surpreso.

"Sou eu mesma, mas não sabia que era tão famosa." Luis sorriu.

"Tá brincando! Você é uma lenda." Ele continuou falando e só se calou quando nossa refeição chegou. Pedi um suco de limão e o garçom se retirou para buscar. Após a refeição, fomos para o escritório. Perto do horário de saída, Alice entrou e me avisou que amanhã terei uma reunião logo cedo com os clientes. Decidi levar as pastas para casa e dar mais uma olhada no caso.

"E aí, linda? Como foi o seu primeiro dia?" Pedro perguntou, e sorri ao receber a mensagem do meu amigo.

"Foi maravilhoso! Conheci alguns colegas legais. E você, por onde anda? Não me diga que está com a Amanda?" Pergunto a ele, que me enviou vários emojis.

"Você sabe que eu só tenho olhos para você." Meu amigo é uma graça.

"Estou morrendo de rir. Agora me deixe trabalhar, porque já tenho muito a fazer." Vai lá, minha advogada preferida. Quando sair do bar, irei direto para a sua casa.

Pedro é barman nas horas vagas, algo que eu não entendo, já que ele ganha tão bem na empresa em que trabalha que nem precisaria disso. Mas cada um com seu cada um.

Abri os arquivos e comecei a trabalhar neles. Um tempo depois, fiz todas as anotações necessárias e, quando terminei, tirei as lentes de contato e resolvi assistir a algo para me distrair. Como não sei nem fritar um ovo, decido pedir comida japonesa. Minha irmã sempre tentou me ensinar a cozinhar, mas sou tão ruim que até queimo água. A campainha tocou e fui atender.

"Oi, gata, trouxe seu pedido." Felipe, amigo de Pedro, diz sorridente. "Onde está o cuzão do Pedro?"

"Ele está trabalhando no bar. Você sabe muito bem que ele trabalha como barman."

"É um idiota mesmo, deixar um mulherão como você sozinha."

"Pedro e eu somos apenas bons amigos. E outra coisa, nós não moramos juntos." Digo a ele.

"Se quiser um novo amigo, estou me candidatando." Fe dá uma piscadela e se vai.

Pego meu pedido e fecho a porta. As pessoas não entendem minha amizade colorida com Pedro. Dizem que deveríamos arrumar namorados, mas o que elas não entendem é que nós nos damos bem do nosso jeitinho.