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Desafios e Confrontos: A Estranha Novata

No dia seguinte, acordei antes do alarme e fui para o trabalho. Chegando lá, algumas pessoas me cumprimentaram e fui direto para minha sala esperar a reunião. Enquanto repassava tudo o que havia analisado ontem, ouvi batidas na porta.

"Desculpe incomodá-la, sou Verônica Rodrigues. Estava muito curiosa sobre você", ela me analisou dos pés à cabeça.

"Muito prazer, sou Sammya Maciel", eu estendi a mão e apertei a dela.

"Você é como se fosse o bichinho novo", ela disse. Ultimamente, sinto que tenho sido muito ofendida.

"Sério? Não sabia que estávamos em uma clínica veterinária", eu respondi.

"Você é muito engraçadinha. Espero que se dê muito bem aqui conosco", ela disse. O meio advocatício é repleto de falsidade.

"Muito obrigada", eu disse enquanto ela sorria antes de se retirar. Vou precisar ter muito cuidado com essa tal de Amanda. Continuei trabalhando até que Alice me chamou para a reunião. Ela me mostrou o caminho, e segui suas orientações até chegar lá.

Haviam dois homens bem vestidos conversando. Eles nem notaram minha presença, o que foi excelente para mim. Estava mexendo no meu celular quando um deles começou a falar um pouco mais alto.

"Estou muito curioso para conhecer a nova advogada, pois há uma divergência de opiniões a respeito dela. Alguns dizem que ela é linda, outros dizem que ela é estranha. Estou curioso para tirar minhas próprias conclusões", ele disse.

Por que sou estranha? Não entendi.

"Para de ser fofoqueiro, Wesley. Essa mulher deve ser no mínimo uma nerd esquisitona cheia de gatos", disse eu. "Nossa! Por que em toda empresa que eu trabalho as pessoas sempre me rotulam sem sequer me conhecerem?"

As portas da sala de reuniões se abriram e eu me sentei em silêncio. 

"Bom dia a todos. Como vocês sabem, passei a presidência para meu filho, Saulo", disse ele fazendo um pequeno gesto, reconhecendo-o como um dos caras que estavam falando sobre mim lá fora. "Este ano, tenho o prazer de apresentar a vocês Sammya Maciel, nossa mais nova contratada". Todos olharam para mim e o senhor Rogério pediu que eu dissesse algumas palavras.

"Bom dia a todos. Muito prazer em conhecê-los, sou Sammya Maciel. Me considero um pouco estranha, sou muito estudiosa porque gosto de entregar um trabalho perfeito. Sou mãe de pets, tenho dois gatos. Espero que possamos trabalhar de maneira respeitosa", disse eu. Alice e o senhor Rogério aplaudiram e todos se juntaram a eles.

"Muito bem, Sammya. Vim avisá-los sobre minha saída e a contratação da nossa nova advogada", disse ele, falando mais algumas palavras antes de se retirar.

Com a reunião encerrada, levantei-me e fui para minha sala. No meio do caminho, alguns colegas de trabalho me cumprimentaram, enquanto outros passaram sorrindo. Cheguei à minha sala e revisei o processo novamente, pois descobri que após o almoço, todos os envolvidos no processo no qual fui designada se reuniram. Levantei-me para pegar um pouco de água quando meu celular tocou, e nem precisei olhar para a tela para saber que era minha irmã.

"Oi, Vero, me diga", atendi sem vontade.

"Isso é jeito de falar com sua irmã, dona Sammy? Senti que você não estava bem, por isso eu te liguei. O que houve? Brigou com o Pedro?" Minha irmã e eu temos uma relação materna e filial.

"Não tem nada a ver com ele, nem vi o Pedro. Estou um pouco cansada, só isso. Mas é em relação ao trabalho. Ser a novata em um lugar é muito chato."

"Não tem nada a ver com ele, nem vi o Pedro. Estou um pouco cansada, só isso. Mas é em relação ao trabalho. Esse negócio de ser a novata em um lugar é muito chato", disse eu.

"Você já passou por isso outras vezes e em todas as vezes passou com louvor, então não se importe com isso. Levanta a cabeça, estufa o peito e vai, maninha. Te liguei também para avisar que te espero no jantar de hoje. Seus sobrinhos sentem falta da tia louca e eu também", respondeu minha irmã.

"Mulher, que saudade é essa? Nos vimos semana passada", ri, e ela fez um barulho estridente.

"Nem vou discutir com você. Bom trabalho, maninha. Arrasa como sempre", nos despedimos e eu me levantei para ir ao banheiro.

Estava dentro de uma das cabines quando ouvi duas mulheres falando de mim. Elas estavam imitando o meu jeito de falar e percebi como as mulheres podem ser cruéis umas com as outras. Saí da cabine, lavei as mãos e as duas me olharam surpresas. Percebi que uma delas era Verônica, nem conheço a mulher e ela tem raiva de mim. Para piorar, ela tem o mesmo nome da minha mãe. Não me mostrei abalada, simplesmente sorri para elas, fiz o que tinha que fazer e retornei para minha sala.

Quando chegou a hora do almoço, almocei com meus colegas de ontem e ficamos conversando sobre a vida.

"Fiquei sabendo que você vai fazer parte da equipe do Saulo. Você vai se dar bem, mas tome cuidado porque a mulher dele é louca. Se ela te vir como ameaça, vai infernizar você", disse Alice contente, e eu olhei para ela sem acreditar.

"E por que a mulher faz isso? Saulo já deu algum motivo para isso?", perguntei curiosa.

"Pior que não. Pelo menos aqui, ele sempre respeita todas as funcionárias e nunca vi passar disso, mesmo que algumas delas se joguem em cima dele", respondeu Alice.

"Então, por que esse ciúme?", perguntei confusa.

"Não estou te dizendo, a mulher é louca, pirada. Esse é um dos motivos pelos quais eu não me relaciono. O recesso que ele tirou foi porque a esposa tentou algo", ela olhou para mim sugestivamente e eu entendi na hora.

"Ela tentou se matar?", perguntei chocada, e ela confirmou.

Estava chocada com todas as revelações. Luis chamou nossa atenção e disse que não deveríamos ficar falando certas coisas, pois alguém poderia ouvir e não seria algo bom. Samuel disse a mesma coisa e rapidamente nos calamos, voltando para a nossa refeição.

"O que vocês acham de sairmos no sábado?", perguntaram Samuel e Alice, mas eu neguei.

"Bem que gostaria, mas vou a uma luta. Adoro o esporte e até gostaria de praticar mais. Sou muito sedentária para isso", respondi.

"Com esse corpão todo? Está de sacanagem comigo?", disse Luis, e Alice deu um tapa nele. "Para de cantar a menina."

"Só estou elogiando ela, não posso?", defendeu-se Luis.

"Pessoal, a conversa está ótima, mas preciso ir", interrompi, levantando-me e encerrando a conversa antes que ela se desviasse para outro assunto.

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