Capítulo 4

POV do Connor

HOJE

Aquele evento estava um espetáculo, não posso negar que minha família só tem o que tem e somos quem somos porque fazemos nosso trabalho direito. Mas nada além do que já era costume, os mais ricos porque não faria sentido convidar quem não possuía poder aquisitivo para adquirir um dos carros e os mais desafortunados que vinham como estudantes e um acompanhante cada.

Todos fingiam que os estudantes eram invisíveis. Os outros, por se acharem superiores por terem dinheiro. Eu, porque me acham superior por ter dinheiro. Se ricos menos ricos já tentavam usufruir do meu dinheiro, quem nem dinheiro tinha seria pior ainda.

Como eu estava substituindo o modelo e era o herdeiro daquele império, tive que ficar a maior parte do evento perto dos carros novos, demonstrando suas tecnologias e potência, clicando em botões do painel de controle e acelerando o carro parado para ouvirem o ronco do motor, que era a única coisa que estava me tranquilizando naquele momento, sentado no banco do piloto.

Quanto mais alto o motor roncava, mais eu lembrava que era a última vez que participava daquele showzinho antes de me mandar. O motor rugia, ameaçador, uma fera esperando ansiosa para ser solta e correr livremente pelos asfaltos. Eu me sentia da mesma forma.

"E aí, gato? É Conrad, né?" Uma garota ruiva pergunta entrando no carro e batendo a porta forte demais.

"Fingir não saber meu nome não te faz parecer diferente, te faz parecer patética e desesperada." Respondo secamente.

Como eu não a conhecia nem de vista, era uma das estudantes ou acompanhantes do evento. Esse truque de "não sei quem você é" é velho e nunca funciona porque é bem nítido quando a pessoa realmente não sabe para quando só está usando uma estratégia para me convencer de que é especial. Não é.

"Eu só sei seu sobrenome, Jones. Admiro seu trabalho e pensei que talvez..." Ela continua tentando.

"Se não está interessada na Mercedes Benz, em sua potência e tecnologia, não deveria estar aqui." A corto.

"Estou interessada em poder conversar com você."

"Não gosto de interesseiras."

Saio do carro sem olhar para ela, indo em direção ao bar e quebrando o protocolo. Você fecha o carro ou pede um substituto, não deixa ninguém sozinho dentro do automóvel, ainda mais uma vadia pobre. Que se ferre, preciso de uma bebida.

Depois daquele acidente infernal eu nunca mais havia dirigido após beber, mas que se ferre tudo. Naquele momento, eu não tinha mais nada a perder, já tinha perdido tudo o que tinha por ter errado uma curva. Minha única esperança era encontrar alguma ponta de paz em...

"Evento de cidade grande antes de voltar para Florence." Uma voz masculina fala, se dirigindo a uma garota, ambos estavam de costas para mim.

Era esse o sinal que eu precisava, quando estava chegando no bar. O sinal para não encher a cara e sair a mil por hora daquele evento e de que o inferno iria acabar. Paro atrás da garota e pergunto, sem pensar:

"Florence? Você é de Florence?"

Ao mesmo tempo em que o garoto e a garota se viram para a minha direção, a garota se assusta e derrama sua bebida cor de rosa em seu vestido e em minha camisa. Com nosso choque, ela dá um passo para trás e derruba a taça. Ela abre e fecha a boca, respirando aceleradamente, o que fazia seu peito se mover para cima e para baixo, destacando os seios fartos no decote profundo do vestido azul claro longo, agora manchado.

"Me desculpe, não quis te assustar." Falo, a analisando.

"Imagina se quisesse!" A loira dispara, com os olhos acinzentados soltando faíscas.

Essa garota, realmente, não fazia ideia de quem eu era. Eu não sabia de sua existência há um minuto atrás, mas naquele momento, decidi que seria minha. Ela estava brava comigo e eu nunca havia presenciado nenhuma mulher ter essa reação antes. Eu estava fascinado. Ela franze os lábios carnudos e empina o nariz fino, me encarando em um desafio silencioso.

"Por favor, se limpe." Tiro um pano branco do bolso e lhe estendo. Ela nem faz a menção de aceitar.

"Você acha que só por ter dinheiro pode fazer o que bem entende, certo? Para você, é só mais um evento, seu maior problema na vida é precisar mandar comprar outra camisa, mas para as pessoas do mundo real, para o meu irmão, é uma oportunidade incrível de aprender e criar contatos. Você acha que eu estar com a roupa assim ajuda a passar uma boa impressão?" Ela coloca uma mão na cintura e franze as sobrancelhas, com a cabeça inclinada para o lado e um bico que fazia seus lábios ficarem ainda mais convidativos.

"Vic, cala a boca!" O irmão dela pede. Ele, sim, me reconheceu e eu balanço a cabeça em negação para ele, pedindo silenciosamente para não revelar minha identidade.

"Posso garantir que seu irmão tenha a melhor experiência do evento e conseguir um novo vestido para você o acompanhar no restante da noite. Permita que eu me redima." Balanço o lenço em sua frente.

A garota me olha com mais raiva ainda, se é que era possível. Balança a perna, destacando a fenda do vestido que me permitia ter uma visão de sua coxa esbelta. Aquela loirinha não passaria despercebida nem se não fosse a única garota no planeta que não me conhecia e estava me detestando.

"Ela aceita. Nós aceitamos." Seu irmão responde por ela. Eu sorrio e pisco para ele enquanto ela lhe lança um olhar mortal.

"Me sigam." Mando, me dirigindo para a escadaria de mármore. Eu já estava quebrando as regras mesmo, que valesse a pena. Iria colocar os dois no segundo andar do evento, a área vip dos milionários em que os estudantes não subiam nem o primeiro degrau. Não até aquela noite.

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