POV do Connor
HOJE
Aquele evento estava um espetáculo, não posso negar que minha família só tem o que tem e somos quem somos porque fazemos nosso trabalho direito. Mas nada além do que já era costume, os mais ricos porque não faria sentido convidar quem não possuía poder aquisitivo para adquirir um dos carros e os mais desafortunados que vinham como estudantes e um acompanhante cada.
Todos fingiam que os estudantes eram invisíveis. Os outros, por se acharem superiores por terem dinheiro. Eu, porque me acham superior por ter dinheiro. Se ricos menos ricos já tentavam usufruir do meu dinheiro, quem nem dinheiro tinha seria pior ainda.
Como eu estava substituindo o modelo e era o herdeiro daquele império, tive que ficar a maior parte do evento perto dos carros novos, demonstrando suas tecnologias e potência, clicando em botões do painel de controle e acelerando o carro parado para ouvirem o ronco do motor, que era a única coisa que estava me tranquilizando naquele momento, sentado no banco do piloto.
Quanto mais alto o motor roncava, mais eu lembrava que era a última vez que participava daquele showzinho antes de me mandar. O motor rugia, ameaçador, uma fera esperando ansiosa para ser solta e correr livremente pelos asfaltos. Eu me sentia da mesma forma.
"E aí, gato? É Conrad, né?" Uma garota ruiva pergunta entrando no carro e batendo a porta forte demais.
"Fingir não saber meu nome não te faz parecer diferente, te faz parecer patética e desesperada." Respondo secamente.
Como eu não a conhecia nem de vista, era uma das estudantes ou acompanhantes do evento. Esse truque de "não sei quem você é" é velho e nunca funciona porque é bem nítido quando a pessoa realmente não sabe para quando só está usando uma estratégia para me convencer de que é especial. Não é.
"Eu só sei seu sobrenome, Jones. Admiro seu trabalho e pensei que talvez..." Ela continua tentando.
"Se não está interessada na Mercedes Benz, em sua potência e tecnologia, não deveria estar aqui." A corto.
"Estou interessada em poder conversar com você."
"Não gosto de interesseiras."
Saio do carro sem olhar para ela, indo em direção ao bar e quebrando o protocolo. Você fecha o carro ou pede um substituto, não deixa ninguém sozinho dentro do automóvel, ainda mais uma vadia pobre. Que se ferre, preciso de uma bebida.
Depois daquele acidente infernal eu nunca mais havia dirigido após beber, mas que se ferre tudo. Naquele momento, eu não tinha mais nada a perder, já tinha perdido tudo o que tinha por ter errado uma curva. Minha única esperança era encontrar alguma ponta de paz em...
"Evento de cidade grande antes de voltar para Florence." Uma voz masculina fala, se dirigindo a uma garota, ambos estavam de costas para mim.
Era esse o sinal que eu precisava, quando estava chegando no bar. O sinal para não encher a cara e sair a mil por hora daquele evento e de que o inferno iria acabar. Paro atrás da garota e pergunto, sem pensar:
"Florence? Você é de Florence?"
Ao mesmo tempo em que o garoto e a garota se viram para a minha direção, a garota se assusta e derrama sua bebida cor de rosa em seu vestido e em minha camisa. Com nosso choque, ela dá um passo para trás e derruba a taça. Ela abre e fecha a boca, respirando aceleradamente, o que fazia seu peito se mover para cima e para baixo, destacando os seios fartos no decote profundo do vestido azul claro longo, agora manchado.
"Me desculpe, não quis te assustar." Falo, a analisando.
"Imagina se quisesse!" A loira dispara, com os olhos acinzentados soltando faíscas.
Essa garota, realmente, não fazia ideia de quem eu era. Eu não sabia de sua existência há um minuto atrás, mas naquele momento, decidi que seria minha. Ela estava brava comigo e eu nunca havia presenciado nenhuma mulher ter essa reação antes. Eu estava fascinado. Ela franze os lábios carnudos e empina o nariz fino, me encarando em um desafio silencioso.
"Por favor, se limpe." Tiro um pano branco do bolso e lhe estendo. Ela nem faz a menção de aceitar.
"Você acha que só por ter dinheiro pode fazer o que bem entende, certo? Para você, é só mais um evento, seu maior problema na vida é precisar mandar comprar outra camisa, mas para as pessoas do mundo real, para o meu irmão, é uma oportunidade incrível de aprender e criar contatos. Você acha que eu estar com a roupa assim ajuda a passar uma boa impressão?" Ela coloca uma mão na cintura e franze as sobrancelhas, com a cabeça inclinada para o lado e um bico que fazia seus lábios ficarem ainda mais convidativos.
"Vic, cala a boca!" O irmão dela pede. Ele, sim, me reconheceu e eu balanço a cabeça em negação para ele, pedindo silenciosamente para não revelar minha identidade.
"Posso garantir que seu irmão tenha a melhor experiência do evento e conseguir um novo vestido para você o acompanhar no restante da noite. Permita que eu me redima." Balanço o lenço em sua frente.
A garota me olha com mais raiva ainda, se é que era possível. Balança a perna, destacando a fenda do vestido que me permitia ter uma visão de sua coxa esbelta. Aquela loirinha não passaria despercebida nem se não fosse a única garota no planeta que não me conhecia e estava me detestando.
"Ela aceita. Nós aceitamos." Seu irmão responde por ela. Eu sorrio e pisco para ele enquanto ela lhe lança um olhar mortal.
"Me sigam." Mando, me dirigindo para a escadaria de mármore. Eu já estava quebrando as regras mesmo, que valesse a pena. Iria colocar os dois no segundo andar do evento, a área vip dos milionários em que os estudantes não subiam nem o primeiro degrau. Não até aquela noite.
POV da VictoriaEu preferia ir embora ou ficar o restante do evento no Volvo esperando por Chris do que aceitar qualquer favorzinho daquele riquinho intrometido. Mas não poderia ser egoísta com Chris, ele estava ali, como eu mesma disse ao riquinho, em uma oportunidade ótima que não poderia ser desperdiçada porque a irmã está com o vestido manchado de rosa e fedendo álcool.Então quando Chris aceitou a proposta, eu soube que mesmo querendo sair correndo me trancar no Volvo e desejar que ele aproveitasse o evento sem mim, eu não poderia fazer isso, estava ali para apoiá-lo e era isso o que iria fazer. Já que os ricos tem maior poder e influência, que servissem para ajudar meu irmão, mesmo que eu preferisse não precisar de nada vindo deles.Reviro os olhos quando o cara rico sorri com os dentes brancos demais, exibindo uma covinha na bochecha esquerda e dá uma piscadinha, ele era muito convencido mesmo. Engancho meu braço no de Chris e seguimos o homem desconhecido pelo salão em silênci
POV do Connor.O som do motor do carro era reconfortante, preenchia o silêncio que pairava entre nós. Eu estava dirigindo, a mão direita no volante, a esquerda repousando em minha perna resistindo ao impulso de esticar para tocá-la, enquanto ela olhava pela janela, os cabelos dourados se balançando suavemente com o vento. As luzes da cidade refletiam em sua pele, criando sombras que davam um toque quase cinematográfico a ela. Ela continuava com aquele biquinho e as sobrancelhas franzidas, não abandonava a pose de mulher brava, o que me encantava ainda mais. A Victoria Evans, dona dos livros que eu lia escondido de todos, no meu banco do carona, a vida é mesmo muito engraçada. Uma coincidência que eu nunca imaginei ser possível de acontecer. Melhor ainda, com a loira me detestando após eu ter a feito derramar sua bebida em nossas roupas, mesmo ajudando seu irmão e ela, ela continuava na defensiva. Que mulher difícil, qualquer outra já estaria se derretendo aos meus pés."Para onde est
POV da VictoriaEu poderia estar entrando em um palácio, mas era só a mansão da família do Connor. A forma como ele dirigia era incrível de se observar, como se fosse algo tão natural quanto respirar. Eu odiava dirigir, sempre me acomodava no banco do carona, longe da adrenalina de estar atrás do volante, sempre que tentei até uma tartaruga poderia me ultrapassar. Tinha um muro rodeando a propriedade, tão extenso que cheguei a achar que estávamos passando por um condomínio, já que eu não conhecia aquele bairro da cidade, mas os portões de ferro se abrem e entramos. Ele dirige por um extenso gramado com vista para jardins até entrar na garagem, a mansão era de mármore branco, grande o suficiente para abrigar todos que estavam no evento da Mercedes.Quem é que tem um elevador em casa? Aquilo era insano. E injusto. Quantas pessoas não tinham nem uma casa e ele com uma mansão, não deveria nem acessar todos os cômodos daquele imóvel. Ao atravessarmos o longo corredor, meus passos são abaf
POV do ConnorUm minuto. Não era nem perto do que eu queria passar com ela, mas como não sabia quando e como a veria novamente, era tudo o que eu precisava. Teria que bastar. Victoria pressiona seus seios contra meu peito nu enquanto a puxo para mais perto ainda pela cintura, pressionando sua nuca para aprofundar o beijo, nossas línguas se entrelaçavam sensualmente, seus lábios doces se movimentavam junto aos meus em sincronia, como uma melodia harmônica. Ela suspira em meio ao beijo quando mordo lentamente seu lábio inferior, suas mãos deslizam por meu corpo, mostrando que ela estava se deliciando tanto quanto eu, apertando minha pele para encurtar a distância mínima que havia entre nós.Afasto nossos lábios para fazer o que poderia nunca mais ter a oportunidade, ela resmunga em reclamação pela separação e eu dou uma risada baixa e rouca, cada mínimo som, suas bochechas coradas e os lábios entre abertos esperando por mais beijos, cada movimento dela era uma tentação sem fim. Aquel
POV da VictoriaO que uma garota faz pelo seu irmão um governo não faz pelo seu país. Mais interesse em marketing que eu tenho só o interesse de um recém nascido em economia. Exato, nenhum, além de eles não entenderem nada sobre, igual eu com publicidade.Mas aqui estou eu, bem longe da minha zona de conforto em Florence, no Oregon, no meu antigo quarto na casa da minha família em Las Vegas, me arrumando para um evento nada mais nada menos do que da Mercedes. Meu irmão mais velho, Christian, está cursando publicidade na universidade, o evento em si aconteceria ali em Vegas e o querido tinha a possibilidade de levar um acompanhante, então ele resolveu me arrastar.A vontade que eu tinha de estar no meio de um monte de riquinho metido e mimado com o nariz empinado debaixo da saia da mamãe e do papai empresário que tinham como lema que o dinheiro para ser limpo precisa ser lavado, era nula. Mas a vontade que eu tinha de demonstrar apoio e amor ao meu irmão era infinita, então eu iria. Ir
POV da VictoriaUma Semana AntesVivendo minha melhor vida. É como eu me sinto enquanto observo o verde infinito do meu quintal, se estendendo em toda a vizinhança. Eu amava morar em um lugar tão cercado pela natureza, mesmo que o que para mim era sinônimo de paz e felicidade fosse visto como isolado e melancólico pela maioria das outras pessoas.Na realidade, eu preferia desta maneira. Assim, a cidade grande ficava para gente de cidade grande, barulhentos, agitados e em um infinito mau humor. Eu estava muito mais feliz sentada em meu sofá enquanto apreciava o cenário refletindo sobre qual a próxima história que eu iria contar.Como escritora, era meu dever contar histórias que prendessem a atenção dos leitores, despertasse interesse e os fizesse sentir uma montanha russa de emoções em cada capítulo com os confrontos dos personagens e carinhos trocados pelos meus casais. Não é como se eu não fosse determinada e dedicada. Eu me dediquei tanto que eu conseguia sobreviver somente com os
POV do ConnorUm dia antesOs Jones são donos não só do país, minha família possui filiais espalhadas pelo mundo todo. Meus pais são donos de oficinas e lojas de peças para carros de luxo e garagens para a venda dos próprios carros espalhadas pelas maiores capitais, o que me garantiu uma vida confortável financeiramente e insuportável emocionalmente. Mas aprendi a lidar com isso muito bem.Aos vinte e um anos, eu já havia desistido de receber qualquer tipo de afeto vindo de minha família ou interesse em conhecer quem era seu filho de verdade. E se nem minha família se importava com a minha personalidade, sonhos e paixões, apenas com minha capacidade ou falta dela de fazer mais dinheiro, as outras pessoas muito menos.Amigos? Relacionamentos? Por puro interesse. Mesmo que eu me envolvesse e cercasse de pessoas com muito dinheiro, tudo que importava para elas era isso: O dinheiro. E de qualquer maneira, nenhuma delas tinha tanto quanto os Jones.No mundo dos ricos, era normal que todos