POV do Connor.
O som do motor do carro era reconfortante, preenchia o silêncio que pairava entre nós. Eu estava dirigindo, a mão direita no volante, a esquerda repousando em minha perna resistindo ao impulso de esticar para tocá-la, enquanto ela olhava pela janela, os cabelos dourados se balançando suavemente com o vento. As luzes da cidade refletiam em sua pele, criando sombras que davam um toque quase cinematográfico a ela. Ela continuava com aquele biquinho e as sobrancelhas franzidas, não abandonava a pose de mulher brava, o que me encantava ainda mais. A Victoria Evans, dona dos livros que eu lia escondido de todos, no meu banco do carona, a vida é mesmo muito engraçada. Uma coincidência que eu nunca imaginei ser possível de acontecer. Melhor ainda, com a loira me detestando após eu ter a feito derramar sua bebida em nossas roupas, mesmo ajudando seu irmão e ela, ela continuava na defensiva. Que mulher difícil, qualquer outra já estaria se derretendo aos meus pés. "Para onde estamos indo?" Victoria pergunta sem olhar para mim enquanto eu piso no acelerador e a sinto estremecer junto com o motor. Por mais que eu quisesse prolongar meu tempo à sós com ela, precisávamos voltar para o evento. "Summerlin." Respondo. "Você é a primeira garota que eu levo para a minha casa." Confesso, o que era verdade. Minha ex namorada conheceu minha família em eventos públicos e saíamos para encontros, era mais um passatempo fixo do que um relacionamento de verdade. "Você acha mesmo que mentir vai me deixar impressionada?" Victoria bufa um riso, balançando a cabeça. "Deveria me sentir honrada?" Ela revira os olhos. "Você acha mesmo que eu preciso mentir para conseguir te impressionar?" Arqueio uma sobrancelha. Finalmente paro de a analisar pelo retrovisor quando ela olha diretamente para mim com os olhos cinzentos brilhantes. A senhorita dona das respostas na ponta da língua. "Nada que faça ou fale vai me impressionar." Ela retruca. "Aceito o desafio." Dou um sorriso de lado ao virar para a entrada da mansão, que tinha reconhecimento facial e seguranças. Passamos pelo gramado, pelo jardim e finalmente estaciono na garagem. Desço e abro a porta para Victoria, que mesmo se esforçando para não demonstrar, estava nervosa. A velocidade com que seu peito subia e descia a denunciava, o que fazia eu ter que me esforçar para não desviar o olhar para seus seios fartos naquele maldito decote. Lhe ofereço ajuda para descer, mas a garota mais teimosa do universo recusa. "Está nervoso por trazer uma garota na sua casa pela primeira vez?" Ela provoca, o tom de voz deixando claro que ela continuava não acreditando. Fecho a porta do carro atrás dela e apoio uma mão ao lado de seu rosto, observando seus longos cílios piscando e a boca abrindo em surpresa. Ela poderia não falar, mas ela perdendo o ar a cada aproximação nossa não negava que o desejo era mútuo e a tensão entre nossos corpos só aumentava. "Você quer me deixar nervoso, Evans?" Pergunto aproximando nossos rostos, me inclinando para ficar na sua altura. Seus olhos se perdem, desviando de meus olhos para meus lábios enquanto morde os seus. "Parece que você que quer me deixar nervosa, Connor." Ela sussurra. Tão próxima que eu posso sentir seu hálito, eu poderia facilmente beijá-la ali. "Sai de perto de mim." Ela continua sussurrando, seu corpo traindo sua mente quando repouso a outra mão em sua cintura e ela estremece. "Você não me quer longe, loirinha." Dou um sorriso de lado. "Como você sabe?" Ela franze as sobrancelhas. "Porque não me afastou." Arqueio as sobrancelhas e ela arregala os olhos. "Claro que quero que se afaste, Connor! Vamos logo com isso." Ela me dá um empurrão no peito e fica emburrada novamente, cruzando os braços, dando ainda mais volume aos seios. Aquela mulher era uma tentação. "Me siga." Peço. Andamos lado a lado, eu abro a porta da casa com minha digital e facial, pegamos o elevador para o terceiro andar da mansão e a levo para o quarto de hóspedes no final do corredor, era uma suíte menor do que os quartos da família, mas ainda era bem... Confortável. Victoria não para de morder os lábios, com aquele brilho nos olhos indecifrável. Abro uma das portas do guarda roupas para ela. "Estamos preparados para receber convidados, por conta de meus pais." Explico, sem querer dar muitos detalhes porque estava gostando muito de ser tratado como apenas Connor, não como um Jones, o herdeiro da maior fortuna, como se eu não fosse um ser humano, só um projeto. "Todas essas roupas são novas?" Ela pergunta, o tom de julgamento quase imperceptível, mas estava ali. "Sim. Você pode escolher qualquer uma, aqui estão os vestidos, ao seu gosto e tamanho, certamente um deles lhe servirá e será adequado ao seu estilo e ao evento. Vou te deixar sozinha, vou estar no meu quarto." Aviso já me retirando. "Aonde é o seu quarto?" Victoria pergunta. "Fim do corredor à direita." Digo fechando a porta para lhe dar privacidade. O problema é que a loirinha era muito perspicaz, eu estava, sim, nervoso perto dela. A garota era escritora, claro que não poderia ser diferente, ela era muito observadora, mesmo eu sendo treinado a vida toda para esconder meus pensamentos e emoções, meu coração estava inexplicavelmente acelerado e meu estômago embrulhava. Ela não me conhecia e muito além de não se importar com o meu dinheiro, parecia que ela não gostava que eu o tivesse. Isso era extraordinário e nunca havia acontecido, provavelmente nunca mais iria acontecer. Entro na minha suíte com as mãos tremendo pela adrenalina nunca antes experimentada, nunca mulher alguma me chamou atenção daquela forma, eram apenas interesseiras que eu usava, assim como elas me usavam. Tiro a camisa molhada e a jogo na cama, indo direto para o computador abrir o livro digital para confirmar o que eu já tinha certeza. "Um inverno apaixonante" de Victoria Evans, escritora sem foto de perfil. Busco por mais informações da escritora para ver se batiam e encontro o que queria. "Evans tem uma família amável em Las Vegas, Nevada, mas reside aonde seu coração encontrou inspiração para escrever suas histórias, em uma casa cercada pela natureza em Florence, Oregon. Aos dezenove anos, Vic sonha em conquistar o mundo com seus romances, mesmo que não pretenda viver um na vida real." A garota não acreditava no amor. Não acreditava no dinheiro. Em que essa mulher acreditava? O que a impressionava? Como alguém que não acredita no amor conseguia escrever de forma tão apaixonante? Capaz de fazer até o homem mais solitário acreditar que ele exista? Mesmo que não para mim, pois o fardo do dinheiro me amaldiçoava. Não queria pensar nela se despindo e trocando de vestido no fim do corredor, mas minha imaginação me trai e penso no tecido suave deslizando por sua pele macia e sinto meu sangue ferver na mesma hora. Desligo o computador e me levanto na mesma hora que a loira entra no quarto sem nem ao menos bater na porta. Ela paralisa, segurando na maçaneta com uma mão e o vestido com a outra. Seu rosto e colo ruborizam no mesmo momento, colorindo de vermelho sua pele clara.POV da VictoriaEu poderia estar entrando em um palácio, mas era só a mansão da família do Connor. A forma como ele dirigia era incrível de se observar, como se fosse algo tão natural quanto respirar. Eu odiava dirigir, sempre me acomodava no banco do carona, longe da adrenalina de estar atrás do volante, sempre que tentei até uma tartaruga poderia me ultrapassar. Tinha um muro rodeando a propriedade, tão extenso que cheguei a achar que estávamos passando por um condomínio, já que eu não conhecia aquele bairro da cidade, mas os portões de ferro se abrem e entramos. Ele dirige por um extenso gramado com vista para jardins até entrar na garagem, a mansão era de mármore branco, grande o suficiente para abrigar todos que estavam no evento da Mercedes.Quem é que tem um elevador em casa? Aquilo era insano. E injusto. Quantas pessoas não tinham nem uma casa e ele com uma mansão, não deveria nem acessar todos os cômodos daquele imóvel. Ao atravessarmos o longo corredor, meus passos são abaf
POV do ConnorUm minuto. Não era nem perto do que eu queria passar com ela, mas como não sabia quando e como a veria novamente, era tudo o que eu precisava. Teria que bastar. Victoria pressiona seus seios contra meu peito nu enquanto a puxo para mais perto ainda pela cintura, pressionando sua nuca para aprofundar o beijo, nossas línguas se entrelaçavam sensualmente, seus lábios doces se movimentavam junto aos meus em sincronia, como uma melodia harmônica. Ela suspira em meio ao beijo quando mordo lentamente seu lábio inferior, suas mãos deslizam por meu corpo, mostrando que ela estava se deliciando tanto quanto eu, apertando minha pele para encurtar a distância mínima que havia entre nós.Afasto nossos lábios para fazer o que poderia nunca mais ter a oportunidade, ela resmunga em reclamação pela separação e eu dou uma risada baixa e rouca, cada mínimo som, suas bochechas coradas e os lábios entre abertos esperando por mais beijos, cada movimento dela era uma tentação sem fim. Aquel
POV da VictoriaO que uma garota faz pelo seu irmão um governo não faz pelo seu país. Mais interesse em marketing que eu tenho só o interesse de um recém nascido em economia. Exato, nenhum, além de eles não entenderem nada sobre, igual eu com publicidade.Mas aqui estou eu, bem longe da minha zona de conforto em Florence, no Oregon, no meu antigo quarto na casa da minha família em Las Vegas, me arrumando para um evento nada mais nada menos do que da Mercedes. Meu irmão mais velho, Christian, está cursando publicidade na universidade, o evento em si aconteceria ali em Vegas e o querido tinha a possibilidade de levar um acompanhante, então ele resolveu me arrastar.A vontade que eu tinha de estar no meio de um monte de riquinho metido e mimado com o nariz empinado debaixo da saia da mamãe e do papai empresário que tinham como lema que o dinheiro para ser limpo precisa ser lavado, era nula. Mas a vontade que eu tinha de demonstrar apoio e amor ao meu irmão era infinita, então eu iria. Ir
POV da VictoriaUma Semana AntesVivendo minha melhor vida. É como eu me sinto enquanto observo o verde infinito do meu quintal, se estendendo em toda a vizinhança. Eu amava morar em um lugar tão cercado pela natureza, mesmo que o que para mim era sinônimo de paz e felicidade fosse visto como isolado e melancólico pela maioria das outras pessoas.Na realidade, eu preferia desta maneira. Assim, a cidade grande ficava para gente de cidade grande, barulhentos, agitados e em um infinito mau humor. Eu estava muito mais feliz sentada em meu sofá enquanto apreciava o cenário refletindo sobre qual a próxima história que eu iria contar.Como escritora, era meu dever contar histórias que prendessem a atenção dos leitores, despertasse interesse e os fizesse sentir uma montanha russa de emoções em cada capítulo com os confrontos dos personagens e carinhos trocados pelos meus casais. Não é como se eu não fosse determinada e dedicada. Eu me dediquei tanto que eu conseguia sobreviver somente com os
POV do ConnorUm dia antesOs Jones são donos não só do país, minha família possui filiais espalhadas pelo mundo todo. Meus pais são donos de oficinas e lojas de peças para carros de luxo e garagens para a venda dos próprios carros espalhadas pelas maiores capitais, o que me garantiu uma vida confortável financeiramente e insuportável emocionalmente. Mas aprendi a lidar com isso muito bem.Aos vinte e um anos, eu já havia desistido de receber qualquer tipo de afeto vindo de minha família ou interesse em conhecer quem era seu filho de verdade. E se nem minha família se importava com a minha personalidade, sonhos e paixões, apenas com minha capacidade ou falta dela de fazer mais dinheiro, as outras pessoas muito menos.Amigos? Relacionamentos? Por puro interesse. Mesmo que eu me envolvesse e cercasse de pessoas com muito dinheiro, tudo que importava para elas era isso: O dinheiro. E de qualquer maneira, nenhuma delas tinha tanto quanto os Jones.No mundo dos ricos, era normal que todos
POV do ConnorHOJEAquele evento estava um espetáculo, não posso negar que minha família só tem o que tem e somos quem somos porque fazemos nosso trabalho direito. Mas nada além do que já era costume, os mais ricos porque não faria sentido convidar quem não possuía poder aquisitivo para adquirir um dos carros e os mais desafortunados que vinham como estudantes e um acompanhante cada.Todos fingiam que os estudantes eram invisíveis. Os outros, por se acharem superiores por terem dinheiro. Eu, porque me acham superior por ter dinheiro. Se ricos menos ricos já tentavam usufruir do meu dinheiro, quem nem dinheiro tinha seria pior ainda.Como eu estava substituindo o modelo e era o herdeiro daquele império, tive que ficar a maior parte do evento perto dos carros novos, demonstrando suas tecnologias e potência, clicando em botões do painel de controle e acelerando o carro parado para ouvirem o ronco do motor, que era a única coisa que estava me tranquilizando naquele momento, sentado no ban
POV da VictoriaEu preferia ir embora ou ficar o restante do evento no Volvo esperando por Chris do que aceitar qualquer favorzinho daquele riquinho intrometido. Mas não poderia ser egoísta com Chris, ele estava ali, como eu mesma disse ao riquinho, em uma oportunidade ótima que não poderia ser desperdiçada porque a irmã está com o vestido manchado de rosa e fedendo álcool.Então quando Chris aceitou a proposta, eu soube que mesmo querendo sair correndo me trancar no Volvo e desejar que ele aproveitasse o evento sem mim, eu não poderia fazer isso, estava ali para apoiá-lo e era isso o que iria fazer. Já que os ricos tem maior poder e influência, que servissem para ajudar meu irmão, mesmo que eu preferisse não precisar de nada vindo deles.Reviro os olhos quando o cara rico sorri com os dentes brancos demais, exibindo uma covinha na bochecha esquerda e dá uma piscadinha, ele era muito convencido mesmo. Engancho meu braço no de Chris e seguimos o homem desconhecido pelo salão em silênci