Capítulo 6

POV do Connor.

O som do motor do carro era reconfortante, preenchia o silêncio que pairava entre nós. Eu estava dirigindo, a mão direita no volante, a esquerda repousando em minha perna resistindo ao impulso de esticar para tocá-la, enquanto ela olhava pela janela, os cabelos dourados se balançando suavemente com o vento. As luzes da cidade refletiam em sua pele, criando sombras que davam um toque quase cinematográfico a ela.

Ela continuava com aquele biquinho e as sobrancelhas franzidas, não abandonava a pose de mulher brava, o que me encantava ainda mais. A Victoria Evans, dona dos livros que eu lia escondido de todos, no meu banco do carona, a vida é mesmo muito engraçada. Uma coincidência que eu nunca imaginei ser possível de acontecer. Melhor ainda, com a loira me detestando após eu ter a feito derramar sua bebida em nossas roupas, mesmo ajudando seu irmão e ela, ela continuava na defensiva. Que mulher difícil, qualquer outra já estaria se derretendo aos meus pés.

"Para onde estamos indo?" Victoria pergunta sem olhar para mim enquanto eu piso no acelerador e a sinto estremecer junto com o motor. Por mais que eu quisesse prolongar meu tempo à sós com ela, precisávamos voltar para o evento.

"Summerlin." Respondo. "Você é a primeira garota que eu levo para a minha casa." Confesso, o que era verdade.

Minha ex namorada conheceu minha família em eventos públicos e saíamos para encontros, era mais um passatempo fixo do que um relacionamento de verdade.

"Você acha mesmo que mentir vai me deixar impressionada?" Victoria bufa um riso, balançando a cabeça. "Deveria me sentir honrada?" Ela revira os olhos.

"Você acha mesmo que eu preciso mentir para conseguir te impressionar?" Arqueio uma sobrancelha.

Finalmente paro de a analisar pelo retrovisor quando ela olha diretamente para mim com os olhos cinzentos brilhantes. A senhorita dona das respostas na ponta da língua.

"Nada que faça ou fale vai me impressionar." Ela retruca.

"Aceito o desafio." Dou um sorriso de lado ao virar para a entrada da mansão, que tinha reconhecimento facial e seguranças. Passamos pelo gramado, pelo jardim e finalmente estaciono na garagem.

Desço e abro a porta para Victoria, que mesmo se esforçando para não demonstrar, estava nervosa. A velocidade com que seu peito subia e descia a denunciava, o que fazia eu ter que me esforçar para não desviar o olhar para seus seios fartos naquele maldito decote. Lhe ofereço ajuda para descer, mas a garota mais teimosa do universo recusa.

"Está nervoso por trazer uma garota na sua casa pela primeira vez?" Ela provoca, o tom de voz deixando claro que ela continuava não acreditando.

Fecho a porta do carro atrás dela e apoio uma mão ao lado de seu rosto, observando seus longos cílios piscando e a boca abrindo em surpresa. Ela poderia não falar, mas ela perdendo o ar a cada aproximação nossa não negava que o desejo era mútuo e a tensão entre nossos corpos só aumentava.

"Você quer me deixar nervoso, Evans?" Pergunto aproximando nossos rostos, me inclinando para ficar na sua altura. Seus olhos se perdem, desviando de meus olhos para meus lábios enquanto morde os seus.

"Parece que você que quer me deixar nervosa, Connor." Ela sussurra. Tão próxima que eu posso sentir seu hálito, eu poderia facilmente beijá-la ali. "Sai de perto de mim." Ela continua sussurrando, seu corpo traindo sua mente quando repouso a outra mão em sua cintura e ela estremece.

"Você não me quer longe, loirinha." Dou um sorriso de lado.

"Como você sabe?" Ela franze as sobrancelhas.

"Porque não me afastou." Arqueio as sobrancelhas e ela arregala os olhos.

"Claro que quero que se afaste, Connor! Vamos logo com isso." Ela me dá um empurrão no peito e fica emburrada novamente, cruzando os braços, dando ainda mais volume aos seios. Aquela mulher era uma tentação.

"Me siga." Peço.

Andamos lado a lado, eu abro a porta da casa com minha digital e facial, pegamos o elevador para o terceiro andar da mansão e a levo para o quarto de hóspedes no final do corredor, era uma suíte menor do que os quartos da família, mas ainda era bem... Confortável. Victoria não para de morder os lábios, com aquele brilho nos olhos indecifrável. Abro uma das portas do guarda roupas para ela.

"Estamos preparados para receber convidados, por conta de meus pais." Explico, sem querer dar muitos detalhes porque estava gostando muito de ser tratado como apenas Connor, não como um Jones, o herdeiro da maior fortuna, como se eu não fosse um ser humano, só um projeto.

"Todas essas roupas são novas?" Ela pergunta, o tom de julgamento quase imperceptível, mas estava ali.

"Sim. Você pode escolher qualquer uma, aqui estão os vestidos, ao seu gosto e tamanho, certamente um deles lhe servirá e será adequado ao seu estilo e ao evento. Vou te deixar sozinha, vou estar no meu quarto." Aviso já me retirando.

"Aonde é o seu quarto?" Victoria pergunta.

"Fim do corredor à direita." Digo fechando a porta para lhe dar privacidade.

O problema é que a loirinha era muito perspicaz, eu estava, sim, nervoso perto dela. A garota era escritora, claro que não poderia ser diferente, ela era muito observadora, mesmo eu sendo treinado a vida toda para esconder meus pensamentos e emoções, meu coração estava inexplicavelmente acelerado e meu estômago embrulhava. Ela não me conhecia e muito além de não se importar com o meu dinheiro, parecia que ela não gostava que eu o tivesse. Isso era extraordinário e nunca havia acontecido, provavelmente nunca mais iria acontecer.

Entro na minha suíte com as mãos tremendo pela adrenalina nunca antes experimentada, nunca mulher alguma me chamou atenção daquela forma, eram apenas interesseiras que eu usava, assim como elas me usavam. Tiro a camisa molhada e a jogo na cama, indo direto para o computador abrir o livro digital para confirmar o que eu já tinha certeza.

"Um inverno apaixonante" de Victoria Evans, escritora sem foto de perfil. Busco por mais informações da escritora para ver se batiam e encontro o que queria. "Evans tem uma família amável em Las Vegas, Nevada, mas reside aonde seu coração encontrou inspiração para escrever suas histórias, em uma casa cercada pela natureza em Florence, Oregon. Aos dezenove anos, Vic sonha em conquistar o mundo com seus romances, mesmo que não pretenda viver um na vida real."

A garota não acreditava no amor. Não acreditava no dinheiro. Em que essa mulher acreditava? O que a impressionava? Como alguém que não acredita no amor conseguia escrever de forma tão apaixonante? Capaz de fazer até o homem mais solitário acreditar que ele exista? Mesmo que não para mim, pois o fardo do dinheiro me amaldiçoava.

Não queria pensar nela se despindo e trocando de vestido no fim do corredor, mas minha imaginação me trai e penso no tecido suave deslizando por sua pele macia e sinto meu sangue ferver na mesma hora. Desligo o computador e me levanto na mesma hora que a loira entra no quarto sem nem ao menos bater na porta. Ela paralisa, segurando na maçaneta com uma mão e o vestido com a outra. Seu rosto e colo ruborizam no mesmo momento, colorindo de vermelho sua pele clara.

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