POV da Victoria
Eu poderia estar entrando em um palácio, mas era só a mansão da família do Connor. A forma como ele dirigia era incrível de se observar, como se fosse algo tão natural quanto respirar. Eu odiava dirigir, sempre me acomodava no banco do carona, longe da adrenalina de estar atrás do volante, sempre que tentei até uma tartaruga poderia me ultrapassar. Tinha um muro rodeando a propriedade, tão extenso que cheguei a achar que estávamos passando por um condomínio, já que eu não conhecia aquele bairro da cidade, mas os portões de ferro se abrem e entramos. Ele dirige por um extenso gramado com vista para jardins até entrar na garagem, a mansão era de mármore branco, grande o suficiente para abrigar todos que estavam no evento da Mercedes. Quem é que tem um elevador em casa? Aquilo era insano. E injusto. Quantas pessoas não tinham nem uma casa e ele com uma mansão, não deveria nem acessar todos os cômodos daquele imóvel. Ao atravessarmos o longo corredor, meus passos são abafados pelo carpete e não entendo porque sua mentira de nunca ter levado ninguém ali antes. Aquele lugar não me dizia absolutamente nada sobre ele, até o consultório de dentistas dos meus pais era mais aconchegante e menos branco. O quarto em que entramos tinha as paredes com um tom de azul claro, assim como o jogo de cama, mas tudo muito neutro e impessoal. Quando ele me deixa sozinha, eu finalmente respiro fundo e relaxo. Era como se eu estivesse amarrada perto dele, a verdade é que eu era quem realmente estava ficando cada vez mais nervosa, mas esperava que ele não tivesse percebido. "Qual vestido eu escolho? Todos são tão lindos que parecem ter saído de filmes das princesas." Falo para mim mesma, passando de vestido para vestido no armário. Acabo por escolher um cor de rosa púrpura com o tecido cheio de brilho, ele tinha uma pequena cauda e eu agradeci por estar de salto alto, tinham diamantes incrustados na costura do decote em coração e uma fenda na perna esquerda. Já que a vida tinha me colocado naquela situação cheia de limões, que eu fizesse uma limonada e como meu irmão que já estava tomando caipirinha na área VIP disse, agora sim eu poderia até mesmo me passar por uma Jones. Se aquela casa já era daquela forma, me perguntava como seria a dos Jones mencionados por Chris. Olhando meu reflexo em um espelho que ia do chão ao teto na parede, viro uma contorcionista tentando juntar o zíper do vestido com uma mão e puxá-lo para fechar com a outra. Eu tento prender a respiração, como se fosse mudar alguma coisa e quando percebo que a guerra está perdida, procuro rapidamente entre os outros vestidos e todos eles tem fechos mirabolantes que uma dama não consegue fechar sozinha. "Agora ferrou de vez. Deveria ter ficado no carro." Murmuro. Minhas opções eram colocar o vestido azul manchado, o que não faria sentido pois eu já havia ido até ali só para trocar de roupa. Ou... Eu não acreditava que iria fazer isso, mas me vi sem escolha. Antes que eu pudesse parar para pensar e me arrepender, saio correndo enquanto seguro o vestido para não cair até chegar no quarto que deveria ser o do Connor, percebo que ao contrário do que eu esperava, o vestido não era pesado. Não penso em nada e apenas abro a porta, o que me arrependo na mesma hora. Aonde estavam os meus modos? Eu deveria mesmo ter batido antes. Paraliso com uma mão na maçaneta enquanto seguro o vestido com a outra, sem saber o que fazer. "Eu... Desculpe." É tudo o que consigo falar. Sinto o calor subindo por meu colo, meu pescoço e meu rosto ruborizando. O desgraçado era gostoso. Muito gostoso. Ele estava sem camisa e pela expressão surpresa em seu rosto, eu realmente havia o pegado desprevenido e agora estava parecendo uma pervertida. Não que eu não estivesse sendo, sem conseguir desviar os olhos dos seus braços enormes, do seu peitoral musculoso e seu abdômen definido. Meu instinto me implora para tocar cada milímetro da sua pele, por isso me controlo para não fazer nenhum movimento brusco e perder a cabeça. "Entra aí, Evans. Precisa de ajuda com o vestido?" A expressão de Connor passa de surpresa para divertimento em um piscar de olhos. O sorriso travesso de lado revelando uma covinha e as sobrancelhas arqueadas comprovam que ele estava adorando a situação. "Preciso. Só fecha atrás para mim, por gentileza." Assinto e entro no quarto, fechando a porta. Aquele era o único lugar que não parecia feito para acomodar hóspedes e dava para notar que morava alguém. Ele tinha adesivos e pôsteres de filmes de super herói em uma das paredes, bandas de rock e uma guitarra no canto do quarto. "Não imaginei que você fosse um nerd do rock." Provoco ao me virar de costas para ele, sem ver ele ficaria mais fácil de me controlar. "Vem cá, loirinha." Eu conseguia ouvir o sorriso em sua voz quando ele segura em minha cintura por dentro do vestido e me puxa para mais perto dele. O toque de suas mãos me faz estremecer e querer urgentemente por mais. "O que você imaginou? Me conta." Ele coloca meus cabelos delicadamente para frente, fazendo minha nuca arrepiar com seu toque. Tento controlar o ritmo de minha respiração enquanto ele desliza os dedos por minhas costas antes de fechar o zíper que ia da base de minha coluna até a metade da escápula. Ele estava fazendo de propósito e eu precisava lembrar que o detestava, porque naquele momento seria muito fácil esquecer. "Que seria um riquinho mimado que só gosta de jogar golf nos finais de semana. Quem sabe acompanhar um campeonato de tênis." Eu dou de ombros. "Ser um nerd do rock combina bem mais comigo." Ele ri, parecia estar genuinamente achando graça, como se eu houvesse contado algum tipo de piada. "Ei..." Ele me vira para ele, me analisando de cima a baixo, me devorando com os olhos, observando os mínimos detalhes daquele vestido em meu corpo, até parar em meus lábios. "Você está deslumbrante, Evans." Ele sussurra, próximo demais. "Pode não me detestar por apenas sessenta segundos?" Ele pergunta olhando intensamente em meus olhos, os seus verdes refletiam o mais puro desejo e luxúria quando segura em meu rosto, acariciando minhas bochechas com os polegares. "Sessenta segundos?" Pergunto, franzindo as sobrancelhas. "É tudo que eu preciso. Por favor." Ele implora. Seu perfume amadeirado e intenso, com um toque de frescor de limão que deveria ser do shampoo era envolvente, seu olhar suplicante e seus lábios fartos entreabertos eram demais para mim. Sessenta segundos. É tempo suficiente para mudar tudo. Para mudar o rumo que meu coração seguiria e minha vida tomaria. "Sessenta segundos." Sussurro e assinto, concordando no mesmo momento que ele desliza uma mão para minha cintura e a outra se enrosca em minha nuca, fazendo meu corpo se acender enquanto nossos lábios se unem com urgência.POV do ConnorUm minuto. Não era nem perto do que eu queria passar com ela, mas como não sabia quando e como a veria novamente, era tudo o que eu precisava. Teria que bastar. Victoria pressiona seus seios contra meu peito nu enquanto a puxo para mais perto ainda pela cintura, pressionando sua nuca para aprofundar o beijo, nossas línguas se entrelaçavam sensualmente, seus lábios doces se movimentavam junto aos meus em sincronia, como uma melodia harmônica. Ela suspira em meio ao beijo quando mordo lentamente seu lábio inferior, suas mãos deslizam por meu corpo, mostrando que ela estava se deliciando tanto quanto eu, apertando minha pele para encurtar a distância mínima que havia entre nós.Afasto nossos lábios para fazer o que poderia nunca mais ter a oportunidade, ela resmunga em reclamação pela separação e eu dou uma risada baixa e rouca, cada mínimo som, suas bochechas coradas e os lábios entre abertos esperando por mais beijos, cada movimento dela era uma tentação sem fim. Aquel
POV da VictoriaO que uma garota faz pelo seu irmão um governo não faz pelo seu país. Mais interesse em marketing que eu tenho só o interesse de um recém nascido em economia. Exato, nenhum, além de eles não entenderem nada sobre, igual eu com publicidade.Mas aqui estou eu, bem longe da minha zona de conforto em Florence, no Oregon, no meu antigo quarto na casa da minha família em Las Vegas, me arrumando para um evento nada mais nada menos do que da Mercedes. Meu irmão mais velho, Christian, está cursando publicidade na universidade, o evento em si aconteceria ali em Vegas e o querido tinha a possibilidade de levar um acompanhante, então ele resolveu me arrastar.A vontade que eu tinha de estar no meio de um monte de riquinho metido e mimado com o nariz empinado debaixo da saia da mamãe e do papai empresário que tinham como lema que o dinheiro para ser limpo precisa ser lavado, era nula. Mas a vontade que eu tinha de demonstrar apoio e amor ao meu irmão era infinita, então eu iria. Ir
POV da VictoriaUma Semana AntesVivendo minha melhor vida. É como eu me sinto enquanto observo o verde infinito do meu quintal, se estendendo em toda a vizinhança. Eu amava morar em um lugar tão cercado pela natureza, mesmo que o que para mim era sinônimo de paz e felicidade fosse visto como isolado e melancólico pela maioria das outras pessoas.Na realidade, eu preferia desta maneira. Assim, a cidade grande ficava para gente de cidade grande, barulhentos, agitados e em um infinito mau humor. Eu estava muito mais feliz sentada em meu sofá enquanto apreciava o cenário refletindo sobre qual a próxima história que eu iria contar.Como escritora, era meu dever contar histórias que prendessem a atenção dos leitores, despertasse interesse e os fizesse sentir uma montanha russa de emoções em cada capítulo com os confrontos dos personagens e carinhos trocados pelos meus casais. Não é como se eu não fosse determinada e dedicada. Eu me dediquei tanto que eu conseguia sobreviver somente com os
POV do ConnorUm dia antesOs Jones são donos não só do país, minha família possui filiais espalhadas pelo mundo todo. Meus pais são donos de oficinas e lojas de peças para carros de luxo e garagens para a venda dos próprios carros espalhadas pelas maiores capitais, o que me garantiu uma vida confortável financeiramente e insuportável emocionalmente. Mas aprendi a lidar com isso muito bem.Aos vinte e um anos, eu já havia desistido de receber qualquer tipo de afeto vindo de minha família ou interesse em conhecer quem era seu filho de verdade. E se nem minha família se importava com a minha personalidade, sonhos e paixões, apenas com minha capacidade ou falta dela de fazer mais dinheiro, as outras pessoas muito menos.Amigos? Relacionamentos? Por puro interesse. Mesmo que eu me envolvesse e cercasse de pessoas com muito dinheiro, tudo que importava para elas era isso: O dinheiro. E de qualquer maneira, nenhuma delas tinha tanto quanto os Jones.No mundo dos ricos, era normal que todos
POV do ConnorHOJEAquele evento estava um espetáculo, não posso negar que minha família só tem o que tem e somos quem somos porque fazemos nosso trabalho direito. Mas nada além do que já era costume, os mais ricos porque não faria sentido convidar quem não possuía poder aquisitivo para adquirir um dos carros e os mais desafortunados que vinham como estudantes e um acompanhante cada.Todos fingiam que os estudantes eram invisíveis. Os outros, por se acharem superiores por terem dinheiro. Eu, porque me acham superior por ter dinheiro. Se ricos menos ricos já tentavam usufruir do meu dinheiro, quem nem dinheiro tinha seria pior ainda.Como eu estava substituindo o modelo e era o herdeiro daquele império, tive que ficar a maior parte do evento perto dos carros novos, demonstrando suas tecnologias e potência, clicando em botões do painel de controle e acelerando o carro parado para ouvirem o ronco do motor, que era a única coisa que estava me tranquilizando naquele momento, sentado no ban
POV da VictoriaEu preferia ir embora ou ficar o restante do evento no Volvo esperando por Chris do que aceitar qualquer favorzinho daquele riquinho intrometido. Mas não poderia ser egoísta com Chris, ele estava ali, como eu mesma disse ao riquinho, em uma oportunidade ótima que não poderia ser desperdiçada porque a irmã está com o vestido manchado de rosa e fedendo álcool.Então quando Chris aceitou a proposta, eu soube que mesmo querendo sair correndo me trancar no Volvo e desejar que ele aproveitasse o evento sem mim, eu não poderia fazer isso, estava ali para apoiá-lo e era isso o que iria fazer. Já que os ricos tem maior poder e influência, que servissem para ajudar meu irmão, mesmo que eu preferisse não precisar de nada vindo deles.Reviro os olhos quando o cara rico sorri com os dentes brancos demais, exibindo uma covinha na bochecha esquerda e dá uma piscadinha, ele era muito convencido mesmo. Engancho meu braço no de Chris e seguimos o homem desconhecido pelo salão em silênci
POV do Connor.O som do motor do carro era reconfortante, preenchia o silêncio que pairava entre nós. Eu estava dirigindo, a mão direita no volante, a esquerda repousando em minha perna resistindo ao impulso de esticar para tocá-la, enquanto ela olhava pela janela, os cabelos dourados se balançando suavemente com o vento. As luzes da cidade refletiam em sua pele, criando sombras que davam um toque quase cinematográfico a ela. Ela continuava com aquele biquinho e as sobrancelhas franzidas, não abandonava a pose de mulher brava, o que me encantava ainda mais. A Victoria Evans, dona dos livros que eu lia escondido de todos, no meu banco do carona, a vida é mesmo muito engraçada. Uma coincidência que eu nunca imaginei ser possível de acontecer. Melhor ainda, com a loira me detestando após eu ter a feito derramar sua bebida em nossas roupas, mesmo ajudando seu irmão e ela, ela continuava na defensiva. Que mulher difícil, qualquer outra já estaria se derretendo aos meus pés."Para onde est