Johnny fechou os olhos e ficou alguns segundos parado; Wanda, que já o conhecia há bastante tempo, sabia que aquele era um mau sinal.
- Desculpa Wanda, acho que eu me distraí... achei que tinha escutado você falar algo, mas entendi errado... você pode repetir?
- Não Johnny, você não entendeu errado. A Alice estava na casa do Allan quando caiu... ou levou um tiro, não sei... Olha, eu sei que tudo isso é confuso e horrível, mas é tudo que eu sei. Ela estava na casa dele, algo aconteceu e ele chegou aqui no hospital com ela. Pelo menos essa é a versão que ele contou para mim e para os policiais.
Wanda esperou Johnny responder raivosamente, mas ele não soltou uma sílaba. Em vez disso, ele olhou em direção ao detetive Allan, que ainda conversava com os policiais e com os caras de terno. No segundo que Wanda se deu conta do que iria acontecer, j&a
- Por que você só pode contar pra ele? – Perguntou Helena.O médico olhou a menininha de bochechas rosadas e tranças e em pensamento se perguntou da onde ela havia surgido.- Quem é você? – Perguntou o médico.- Desculpe os modos da menina, doutor. Ela é irmã da paciente. – Respondeu Sezão.Sezão chegou junto com as crianças no exato momento em que o médico conversava com Wanda e Ed. Ernesto, Gabriel, Helena, Betinho e Willy começaram a falar com o médico, todos ao mesmo tempo.- Desculpa trazer todos esses pirralhos pra cá Wanda, mas depois que os pais da Alice chegaram em casa contando que tinham estado aqui e como a Alice estava, eles ficaram doidinhos, parecia que iam botar fogo na casa. Achei melhor deixar os pais dela
Embora estivesse visualmente abatida, Alice acordou com disposição para conversar, como se tivesse passado todo aquele tempo tirando uma boa soneca.- Doutor, tem certeza que todos os exames já foram feitos? Exame de sangue, tomografia... vocês repassaram tudo? – Perguntou Johnny ao médico, pela quinta vez.- Eu estou bem, amor. – Interrompeu Alice. – Eu te juro que estou me sentindo bem.Johnny olhou com amor para a esposa, mas sem perder a expressão facial de preocupação.- Nós já conferimos tudo Johnny, antes dela acordar, e refizemos tudo após ela acordar. Alice está bem. É claro que ela ainda pode sentir um pouco de dor de cabeça, porque o ferimento está cicatrizando, mas não há nada com o que se preocupar, neurologicamente falando. Vamos monitorá-la mais um tempo, mas se as coisas continuarem es
Johnny, Sezão e Ed decidiram voltar para casa no mesmo carro, assim poderiam conversar um pouco. Wanda ficou encarregada de levar as crianças embora, para desespero delas.- Cara, que alívio a Alice estar bem. – Disse Sezão. – É muito ruim a sensação do “ela pode acordar, mas não sabemos quando”. É um sentimento horrível de... como se diz... não consigo lembrar a palavra...- Impotência! – Completou Ed.- Isso! Um sentimento horrível de não poder fazer nada!Enquanto isso Johnny permanecia em silêncio, com um olhar perdido que atravessava a janela do carro e seguia sem rumo. Percebendo isso, Sezão e Ed se entreolharam.- Tudo bem, Johnnão? – perguntou Sezão.Jhonny imediatamente mudou o olhar em direção ao amigo.- Sim...
Já eram oito horas da noite e Valentina continuava empolgada digitando o relatório; aquele estudo renderia umsavingconsiderável para a empresa e ela seria, com certeza, muito bem recompensada.Seu celular tocou e ela o olhou de relance, sem a intenção de atendê-lo. "Maria" piscava na tela, enquanto o aparelho vibrava."Que droga, esqueci o jantar!", pensou, e em seguida atendeu a ligação.- Oi amor, tudo bem? Sim, sim, eu aindatôna empresa, mas logo saio. Não, é claro que não esqueci nosso jantar de aniversário. Me dá uma meia hora e te pego aí. Beijos. Também te amo.Embora tivesse pedido meia hora de espera, levou mais uma hora para terminar o documento. Conhecia sua namorada; o atraso lhe custaria, no máximo, uns dez minutos escutando uma lição de moral e tudo estaria resolvido.
Ao chegar em casa, Alice tomou um banho e logo esparramou-se no sofá. O dia de trabalho havia sido intenso e ela estava satisfeita por ele ter acabado. Se serviu da comida que sua mãe havia preparado para o jantar e após comer juntou-se à ela e seu pai na sala, para assistir a novela.Alice sabia que príncipes encantados não existiam, mas não podia negar que seu relacionamento com Johnny era digno de um belo filme de romance. Além de amá-lo demais, sentia que era imensamente correspondida. Johnny demonstrava no dia-a-dia seu sentimento por ela, preocupando-se com sua saúde, bem estar e todo tipo de realização pessoal e profissional. Parecia que eles se conheciam desde sempre, desde outra vida.Entretanto, algumas coisa precisavam ser melhoradas; Johnny visitava frequentemente a família de Alice, mas não podia-se dizer o mesmo dela. Apesar dos pais de Johnny sempre a tratar
Haviam cerca de trinta pessoas no estacionamento da Dollar S.I., aglomeradas em volta do elevador. Metade eram policiais fardados; alguns sem farda, mesmo assim podia-se reconhecer que eram investigadores, pois olhavam tudo minuciosamente, tiravam fotos e faziam anotações. Os que sobravam eram funcionários da empresa.Ver aquela cena fez o coração de Johnny acelerar.- Céus Wanda! Olha quanta gente! Que desgraça aconteceu agora?- Calma Johnny, calma, já vamos descobrir os detalhes.Ao ultrapassar a fita zebrada que isolava o local, Johnny foi abordado.- Ei senhor, não pode entrar aqui. É a cena de um crime.- Eu sou o dono da empresa, John Dollar.- Tem algum documento de identificação?Johnny perdeu a paciência. Tirou a carteira do bolso e colocou na mão do policial.- Tá aqui ó, pega minha carteira. Todos os
O dia havia sido péssimo, e Johnny estava exausto.Tudo que desejava era tomar um banho e assistir algum filme na TV; gostaria de dormir, mas sabia que depois de tudo que presenciara, não ia ser tão fácil.Entrou em seu quarto e jogou a blusa na cama. Ia entrar no banheiro, mas percebeu que não estava sozinho: duas pessoas estavam lá, esperando por ele.- Garotos, vocês aqui? O que estão fazendo no meu quarto? E... por que estavam no escuro?Betinho e Willy continuaram com as expressões sérias.- Não queríamos te assustar. – respondeu Willy, e Johnny balançou a cabeça, tentando expressar que aquilo não fazia o menor sentido.- É o seguinte Johnnão - Betinho levantou da cadeira – você sabe que a gente gosta muito de você e da tia Alice né?- Sei sim. Nós também gostamos muito
Ao chegar no hospital, Johnny encontrou Wanda conversando com um médico. Enquanto ela estava tensa, ele aparentava estar extremamente calmo. "Médicos estão mais acostumados com isso", pensou. Imediatamente se integrou a conversa.- Boa noite doutor...?- Marcelo. Marcelo Casevalli. E você é?- John Dollar. A Valentina trabalho comigo.- Ah sim, sim. Já ouvi falar.- E então doutor, como ela está?- Bem, como eu estava explicando para a Wanda, ela ainda requer muitos cuidados, mas está reagindo muito bem.- Ela está consciente?- Sim. Fica um pouco confusa ao falar de algumas coisas, mas é compreensível.- Compreensível até demais, se pensarmos na violência do caso. – O comentário partiu de uma quarta pessoa que, apesar de ter aparecido de surpresa, logo foi reconhecido por Johnny: era Allan, o chefe dos inv