Aquilo parecia um labirinto. Cada vez que avançavam um pouco, chegavam numa rua sem saída e precisavam retornar. O clima de frustração do grupo era tão pesado que é quase como se pudesse ser sentido no ar.
Johnny chegou em casa e não queria conversar, mas achou injusto não deixar Alice a par dos últimos acontecimentos. O clima entre eles não estava dos melhores, e a última coisa que ele queria agora é se afastar da pessoa que ele mais amava.
Abriu um vinho, serviu uma taça para ela e outra para ele e, sentados no sofá da sala, conversaram sobre a morte de Eddie.
- Eu sinto muito, amor. Sei o quanto isso está abalando você, e sei também que parece um beco sem saída, mas esses bandidos não são perfeitos, em algum momento eles vão dar algum deslize. Só
Johnny chega na recepção do hospital, aflito. Após receber informações, corre pelos corredores até o hall de espera do Centro de Tratamento Intensivo.Lá ele vê dois grupos: um era formado por Wanda e Ed, sentados no sofá, lado a lado; o outro formado pelo detetive Allan, três policiais militares e dois homens de terno e gravata. Allan parecia agitado e falava muito, enquanto os demais falavam calmamente. Porém, quando notaram a presença de Johnny, todos se calaram.- Onde está a Alice? – Perguntou Johnny à Wanda, deixando transparecer na voz o sentimento de desespero. – Ela está bem?Wanda levantou-se para encontra-lo, e logo puxou-o pelo braço, lhe conduzindo até o sofá.- Está fazendo alguns exames. Vem cá Johnny, sente-se. Fique calmo que eu vou te explicar tudo.- Eu estou bem Wanda. A últ
Johnny fechou os olhos e ficou alguns segundos parado; Wanda, que já o conhecia há bastante tempo, sabia que aquele era um mau sinal.- Desculpa Wanda, acho que eu me distraí... achei que tinha escutado você falar algo, mas entendi errado... você pode repetir?- Não Johnny, você não entendeu errado. A Alice estava na casa do Allan quando caiu... ou levou um tiro, não sei... Olha, eu sei que tudo isso é confuso e horrível, mas é tudo que eu sei. Ela estava na casa dele, algo aconteceu e ele chegou aqui no hospital com ela. Pelo menos essa é a versão que ele contou para mim e para os policiais.Wanda esperou Johnny responder raivosamente, mas ele não soltou uma sílaba. Em vez disso, ele olhou em direção ao detetive Allan, que ainda conversava com os policiais e com os caras de terno. No segundo que Wanda se deu conta do que iria acontecer, j&a
- Por que você só pode contar pra ele? – Perguntou Helena.O médico olhou a menininha de bochechas rosadas e tranças e em pensamento se perguntou da onde ela havia surgido.- Quem é você? – Perguntou o médico.- Desculpe os modos da menina, doutor. Ela é irmã da paciente. – Respondeu Sezão.Sezão chegou junto com as crianças no exato momento em que o médico conversava com Wanda e Ed. Ernesto, Gabriel, Helena, Betinho e Willy começaram a falar com o médico, todos ao mesmo tempo.- Desculpa trazer todos esses pirralhos pra cá Wanda, mas depois que os pais da Alice chegaram em casa contando que tinham estado aqui e como a Alice estava, eles ficaram doidinhos, parecia que iam botar fogo na casa. Achei melhor deixar os pais dela
Embora estivesse visualmente abatida, Alice acordou com disposição para conversar, como se tivesse passado todo aquele tempo tirando uma boa soneca.- Doutor, tem certeza que todos os exames já foram feitos? Exame de sangue, tomografia... vocês repassaram tudo? – Perguntou Johnny ao médico, pela quinta vez.- Eu estou bem, amor. – Interrompeu Alice. – Eu te juro que estou me sentindo bem.Johnny olhou com amor para a esposa, mas sem perder a expressão facial de preocupação.- Nós já conferimos tudo Johnny, antes dela acordar, e refizemos tudo após ela acordar. Alice está bem. É claro que ela ainda pode sentir um pouco de dor de cabeça, porque o ferimento está cicatrizando, mas não há nada com o que se preocupar, neurologicamente falando. Vamos monitorá-la mais um tempo, mas se as coisas continuarem es
Johnny, Sezão e Ed decidiram voltar para casa no mesmo carro, assim poderiam conversar um pouco. Wanda ficou encarregada de levar as crianças embora, para desespero delas.- Cara, que alívio a Alice estar bem. – Disse Sezão. – É muito ruim a sensação do “ela pode acordar, mas não sabemos quando”. É um sentimento horrível de... como se diz... não consigo lembrar a palavra...- Impotência! – Completou Ed.- Isso! Um sentimento horrível de não poder fazer nada!Enquanto isso Johnny permanecia em silêncio, com um olhar perdido que atravessava a janela do carro e seguia sem rumo. Percebendo isso, Sezão e Ed se entreolharam.- Tudo bem, Johnnão? – perguntou Sezão.Jhonny imediatamente mudou o olhar em direção ao amigo.- Sim...
Já eram oito horas da noite e Valentina continuava empolgada digitando o relatório; aquele estudo renderia umsavingconsiderável para a empresa e ela seria, com certeza, muito bem recompensada.Seu celular tocou e ela o olhou de relance, sem a intenção de atendê-lo. "Maria" piscava na tela, enquanto o aparelho vibrava."Que droga, esqueci o jantar!", pensou, e em seguida atendeu a ligação.- Oi amor, tudo bem? Sim, sim, eu aindatôna empresa, mas logo saio. Não, é claro que não esqueci nosso jantar de aniversário. Me dá uma meia hora e te pego aí. Beijos. Também te amo.Embora tivesse pedido meia hora de espera, levou mais uma hora para terminar o documento. Conhecia sua namorada; o atraso lhe custaria, no máximo, uns dez minutos escutando uma lição de moral e tudo estaria resolvido.
Ao chegar em casa, Alice tomou um banho e logo esparramou-se no sofá. O dia de trabalho havia sido intenso e ela estava satisfeita por ele ter acabado. Se serviu da comida que sua mãe havia preparado para o jantar e após comer juntou-se à ela e seu pai na sala, para assistir a novela.Alice sabia que príncipes encantados não existiam, mas não podia negar que seu relacionamento com Johnny era digno de um belo filme de romance. Além de amá-lo demais, sentia que era imensamente correspondida. Johnny demonstrava no dia-a-dia seu sentimento por ela, preocupando-se com sua saúde, bem estar e todo tipo de realização pessoal e profissional. Parecia que eles se conheciam desde sempre, desde outra vida.Entretanto, algumas coisa precisavam ser melhoradas; Johnny visitava frequentemente a família de Alice, mas não podia-se dizer o mesmo dela. Apesar dos pais de Johnny sempre a tratar
Haviam cerca de trinta pessoas no estacionamento da Dollar S.I., aglomeradas em volta do elevador. Metade eram policiais fardados; alguns sem farda, mesmo assim podia-se reconhecer que eram investigadores, pois olhavam tudo minuciosamente, tiravam fotos e faziam anotações. Os que sobravam eram funcionários da empresa.Ver aquela cena fez o coração de Johnny acelerar.- Céus Wanda! Olha quanta gente! Que desgraça aconteceu agora?- Calma Johnny, calma, já vamos descobrir os detalhes.Ao ultrapassar a fita zebrada que isolava o local, Johnny foi abordado.- Ei senhor, não pode entrar aqui. É a cena de um crime.- Eu sou o dono da empresa, John Dollar.- Tem algum documento de identificação?Johnny perdeu a paciência. Tirou a carteira do bolso e colocou na mão do policial.- Tá aqui ó, pega minha carteira. Todos os