AnushkaMinha mãe me encarou brevemente um tanto assustada por me ver ali parada depois de um tempo e depois olhou pro Kabir pra logo depois olhar pra mão do Kabir e minha que estavam dadas processando em sua cabeça o fato, ela soltou um som inaudível e se ajoelhou claramente a contragosto para saudar o seu patrão que era o Kabir ali."Namastê, bem vindo de volta pra casa." Ela balbuciou sem ter mais nada o que dizer."Arebaguandi, mãe." Kabir segurou a mulher pequena e magra pelos ombros com gentileza a fazendo se levantar do chão. "Não precisa disso, sabe se alguém está em casa?" Ele entrou despreocupado."A essa hora do dia poucas pessoas estão em casa, senhor." Ela conta. "O senhor Garjan e o senhor Shankar estão na loja no Centro, a senhora Bhadrasri está no mercado junto com a sua filha que voltou pra casa, vai haver um jantar especial hoje a noite, então meio que estão todos ocupados.""Um jantar especial? Pelos vistos voltamos numa boa hora, amor!" Kabir falou animado e voltou
AnushkaEstou pensando na recepção decepcionante que tive quando voltei pra casa dos Suryavant. Eu estava esperando mesmo uma revolta grande dos Suryavant ao meu casamento com Kabir; estava esperando que eles brigassem, negassem nossa união aos berros, que gritassem com Kabir o chamando de nomes, estava até esperando que eles o expulsassem de casa por ele ter se casado com uma Dalit. Eu já tinha até me preparado pra um cenário como aquele, já sabia até as falas que diria para eles e estava até preparada para consolar Kabir caso ele ficasse emocionalmente abalado com o que a família dele faria com ele, mas o que aconteceu foi bem ao contrário e muito diferente do que estava esperando. Não que os Suryavant tivessem decidido mudar e se tornado uma família mais tolerante, eles não tinham mudado os seus preceitos e dava pra ver isso nitidamente da maneira que eu pegava eles me encarando com nojo de vez enquando, mas eles decidiram o pior, decidiram simplesmente ignorar minha situação. Dec
"Eu até acho positivo, amor." Kabir está falando enquanto brinca comigo na cama quando era hora de dormir, está espalhando beijos pelo meu corpo desnudo enquanto eu reclamo todas minhas frustrações nele. "É bom que eles nos ignorem, pelo menos assim a gente evita contenda.""Are, marido. Você está se contentando com pouco, não faz isso. Eles precisam enfrentar a gente de uma vez do que jogar toda sujeira debaixo do tapete." O repreendo. Sério que ele acha bom a falta de atenção que está recebendo da sua família? Ele dá de ombros."Ue, mas se evita problemas eu acho melhor assim. Você vai ver só, depois de um tempo, todos eles vão se acostumar com a ideia de ter você como minha mulher e todos nós ficaremos bem como uma grande e feliz família." Ele fala fazendo graça e começa a brincar com os meus seios com animação que claramente queria dizer que ele queria sexo, mas o que ele está falando não me está agradando."Shiva, deixa de dizer besteiras!" Me esquivo dos braços dele saindo da ca
DevaNa minha cidade sempre que a pessoa se sentia injustiçada por algo, ela podia ir até o chefe da aldeia submeter uma queixa e ser julgado de acordo para resolver o problema. Muitas brigas maritais e familiares se resolviam lá mesmo, o chefe tinha o poder de concentrar todo mundo em um só lugar, ouvir suas queixas e resolver os problemas destas pessoas. Hoje ele está resolvendo o meu problema, o tanto que Dinesh pediu para que eu recorresse à justiça local para recuperar minha casa, que é como se eu não tivesse escolha a não ser fazer o que ele disse.Naquela noite em que Abhiprithi não nos deixou entrar na mansão Bewa de qualquer jeito, Dinesh chamou um táxi e me levou até um motel na cidade onde eu pude tomar um banho, comer um lanche rápido e dormir na companhia dele, o vaso de cerâmica onde os restos mortais do meu pai descansava em cima da cômoda do quarto. Então pude dormir aquela noite mas, não que eu tivesse desistido de conseguir a minha casa que tinha sido tomada à força
Deva"Não!" Grito estupefata com esta condenação. "Por que está sendo tão radical comigo?" Ser retirada minha própria casa e ainda por cima estar proibida de morar naquela cidade onde nasci e cresci? Ele acha que tem esse direito..?"Aceite o seu destino, pecadora. Agradeça antes pelo bebê que está em seu ventre pois senão eu mandaria que lhe apedrejassem até a morte, quem sabe assim você pagava pela morte do Achalesvara." O chefe diz me fazendo enrugar os lábios numa expressão de ódio extremo, as pessoas ali presentes começaram a vaiar insatisfeitas pelo veredito do julgamento, só que ao invés de estarem a pedir para que Gyaneshwar diminuísse aquela sentença sendo justo comigo, as pessoas estão vaiando gritando pela minha morte, as pessoas querem que eu morra, elas querem me matar com as suas próprias mãos."Matem ela! Matem ela! Matem!" Eles gritavam furiosos, sinto uma dor aguda na testa e vejo um pé de bota caindo do outro lado no chão, alguém da população tinha jogado um sapato e
Quando chegamos em Varanasi, Dinesh quis alugar um quarto numa pousada nas margens do rio Ganges para que a gente pudesse pernoitar ali e logo mais no dia seguinte descer pro rio e ir deitar as cinzas do meu pai naquelas águas sagradas. So que a tarefa foi demasiado difícil de concretizar, pois estamos na época do Puja para Ganesh, uma festividade que acontece todo ano onde muitos devotos costumam ir até Varanasi para se mergulhar nas águas sagradas do rio afim de buscar uma santificação espiritual. Por isso, nesses dias é normal ver aquela cidade totalmente congestionada pelos devotos peregrinos vindos de todos os cantos do país e até vindo de fora do país."Eu acho melhor a gente ir embora e voltar daqui há algum tempo." Dinesh fala enquanto estamos olhando a movimentação das pessoas na rua lá embaixo do quarto do motel onde finalmente ele tinha conseguido achar um quarto que não tivesse sido reservado pelos visitantes da cidade. "Está muito cheio." Suspiro com aquela sugestão dele.
DevaEstamos de volta no trem agora definitivamente a caminho de Surat que não fica muito longe, em duas horas nós já estaríamos lá, então aproveitamos a viagem pra dormir um pouco no trem em movimento. Assim que chegamos em Surat eu fiquei guiando Dinesh por lá já que ele nunca tinha estado ali."Eu sempre quis vir pra cá quando você estava casada e morando aqui." Ele conta pra mim descontraído."Então por que não veio? Seria bom ter sua visita por aqui." Falo em termos de brincadeira, mas com uma grande verdade nas minhas palavras. Os dias que passei na casa dos Suryavant foram tão deprimentes que avistar um rosto conhecido e amistoso faria alguma diferença, ainda mais se fosse Dinesh vindo me ver, assim eu evitaria me meter em encrencas. A verdade é que eu estava me sentindo abandonada na casa dos Suryavant, embora as pessoas me tratassem vagamente bem, eu me sentia presa e assustada por dentro, se Dinesh estivesse ali comigo eu sentiria aconchego e apoio vindo dele, não me sentiri
Anushka"Descer logo... Ela acha mesmo que eu sou uma selvagem..." Por que tem que me dizer quando eu devo ou não descer? Será que ela acha que eu não sei me comportar como uma dama? Talvez por dentro de toda aquela bondade e meiguice que Nayana mostrava, talvez lá no fundo ela me desprezava por eu ser uma dalit, é impossível não detectar este depesprezo até nas coisas inconscientes que elas fazem, nas suas falas tem algo que me inferioriza, a forma como me olham e como tocam em mim, estão sempre me inferiorizando. Eu notava isso até em meu próprio marido às vezes mesmo quando não era diretamente comigo, o preconceito que eles tinham por pessoas da minha casta é tanto e está tão impregnado neles que vai além da consciência deles, só que eu estou disposta a lutar pelos meus direitos, estou disposta a tomar o meu lugar de direito no mundo e não importa o quanto isso vai cobrar de mim.Atrasei de propósito, deixei as duas finezas esperando por mim lá embaixo. Posso até imaginar Bhadrasr