NayanaNão acredito no que está acontecendo comigo. Hoje de manhã quando entrei nesse apartamento estava tão cheia de mim, tão convicta do que realmente queria. Estava tão determinada a não deixar que ninguém me apagasse e me ordenasse a fazer o que eu não queria e agora estou aqui arrumando minha bolsa vestindo minhas vestimentas antigas, estou fazendo cada gesto, cada ação roboticamente sem ânimo pra tal e sem vida. Eu não posso estar fazendo mesmo isso, as coisas não podem seguir esse curso dessa maneira, era pra eu ter ido me encontrar com Radesh e agora nem isso eu posso mais fazer. Era sério que eu vou mesmo embora sem pelo menos falar com ele? Sem pelo menos explicar a ele o motivo pelo qual estou indo embora? Tudo o que eu quero é ir até ele agora, estar nos braços dele, ficar com ele pra sempre, mas infelizmente não posso me dar a esse luxo enquanto que Shankar está na minha cola igual um urubu fica na cola de um cadáver. Ele não vai me deixar ir ver Radesh então nem adianta
"Oh, amiga. Eu sinto tanto..." Hari que acompanhou a minha vida toda de perto mesmo estando a morar em outros lugares longe de mim como ela morou por muito tempo, ela nunca realmente esteve longe, ela sempre foi uma pessoa presente e amiga em minha vida. Enquanto ela estava criando suas coisas, sua estabilidade e um lugar seu, um nome seu no mundo, ela esteve acompanhando todos meus dramas domésticos, ela sabe o quanto essas últimas semanas foram praticamente um sonho pra mim. "E Radesh? Deus do céu! Aquele garoto vai estar destroçado quando ficar sabendo que você foi embora." Choro mais um pouco quando ela fala o nome dele, há um peso em meu coração sempre que me lembro dele, até essa manhã eu era tão feliz ao lado dele e agora estou indo embora desse jeito."Eu preciso vê-lo, preciso ao menos me despedir dele, Hari. Mas tenho certeza que o bruto do Shankar não irá deixar." Como eu poderei ir embora sem antes me despedir dele? Sem antes poder explicar o motivo do porquê estou indo? E
NayanaShankar teve que pagar o taxista por ter o feito esperar por muito tempo lá embaixo e também pelo constrangimento da gente ter desistido de usar o táxi do homem para ir até o aeroporto internacional de Singapura. Depois disso, Hari nos levou até a sua viatura cara e ostentadora de cor verde néon, posso ouvir Shankar dando aquela risada debochada ao vir o caro da minha amiga, como se ele fosse superior e quisesse opinar pela escolha da viatura dela. Esse homem nunca muda."Muito bem, crianças. Subam no cavalo da mamãe que eu vou deixar vocês com segurança." Então eu me sentei no banco de frente ao lado da Hari que conduzia e Shankar teve que sentar lá no banco de trás depois de ter ido colocar minha mala na bagageira do carro. "Não se esqueçam de pôr o cinto de segurança pois a viagem pode ser um tento conturbada." Ela fala animada, conhecendo o jeito que Hari dirigi, me adianto logo em botar o cinto de segurança em mim."Você é tão infantil, Hari. É por isso que nunca irá se ca
Nayana"Mas que porra você está fazendo, sua louca?" Shankar está gritando horrorizado achando que Hari perdeu as estribeiras e agora quer sair pisando em todo mundo. Hari não lhe dá tempo de assimilar nada, ela destranca minha porta e o meu cinto de segurança rapidamente enquanto o tumulto rola solto do lado de fora."Vai!" Ela grita pra mim me indicando que eu devo sair do carro imediatamente, estou com coração a mil, aquela é a chance que ela prometeu que me daria, é chance que eu tenho de ir atrás do Radesh. Então não hesito e boto os meus pés do lado de fora do carro e corro imediatamente de lá, consigo ouvir os gritos do Shankar enquanto me chama desesperado, mas ele não consegue sair do veículo a tempo pois o cinto de segurança que Hari o obrigou a pôr mais cedo o está prendendo rigidamente na cadeira. O carro da Hari tem um mecanismo que só ela que controla os botões consegue prender e desprender os cintos dos outros bancos, mas é claro que Shankar não estaria preso ali pra se
NayanaPenso naquelas palavras. Nas palavras que ele e eu trocamos no calor do momento, lembro de tudo como se tivesse acontecido há segundos atrás, mas na verdade já tinha se passado um dia desde aquele incidente. Shankar e eu estamos em Mumbai, ele comprou passagens de avião de Singapura até aquele ponto do país, mas não me disse o real motivo do porquê não fomos direto pra Surat. Ele me deixou dormindo no quarto assim que chegamos num hotel na noite anterior depois do vôo e agora pela manhã estou tomando um banho para colocar roupas limpas. Shankar no outro cómodo do quarto, tinha pedido comida e está falando pelo celular, depois de me vestir vou até ele roboticamente, me sento na mesa de dois lugares e começo a comer a comida, tinha se pasado mais de um dia que eu não comia direito então ao ver a comida percebo que estou faminta, Shankar está me acompanhando enquanto come em silêncio.Aprecio esse gesto, pois assim eu não seria obrigada a responder as conversações dele já que ele
Nayana"Só... Vamos ver Indira, por favor." pedi a ele, estou com tanta saudade da minha filha, bem que podíamos aproveitar o fato que já estamos aqui para passar do campus dela pra ver como ela está. Ele não consegue perceber isso?"Eu já disse que não, você não vai encostar minha filha estando tão impura do jeito que está." Determina com veemência como se ele tivesse esse direito de dizer o que eu tenho que fazer ou deixar de fazer, ainda mais quando se trata da minha filha. Ele não pode simplesmente me impedir de ver ela."Você apenas quer me humilhar não é!? Baguan Keliê." Ele aproveita cada momento para me rebaixar, para se sobressair por cima de mim e mostrar quem manda. Ele quer sempre ter a razão de tudo, estar sempre certo de tudo não importando se está ou não certo na verdade."Como adivinhou?" Está rindo de deboche, me levanto da mesa, até perdi a fome por causa desse homem. Espero realmente que ele engasgue com a própria saliva.******Horas depois estamos na estação de tr
NayanaShankar está me oferecendo uma garrafa de água, eu já tinha me acalmado e já estávamos dentro de um trem que está se dirigindo até Varanasi. Fico encarando a garrafa de água pensando em como eu tinha surtado a momentos atrás, agora que estou mais calma consigo raciocinar conscientemente separando o que é irreal do real. Será mesmo que aquele homem que vi no trem era mesmo Radesh? O que ele estaria fazendo em Mumbai numa estação de trem? Aquilo não fazia muito sentido pensando bem, provavelmente eu teria me confundido mesmo e era só por isso, suspiro pesadamente e encostei a minha cabeça na cadeira. Será que agora eu passaria a vida inteira confundindo as pessoas com Radesh na rua e surtaria daquele jeito? Será que eu já estava enlouquecendo? Não me admira nada que Shiva queira me castigar por todo mal que fiz ao Radesh. Afinal eu agora estou na mesma margem que Shankar sempre esteve, somos ambos traiçoeiros e impiedosos, ambos só queremos satisfazer as nossas vontades promíscu
NayanaÉ difícil acreditar que Shankar já se apaixonou mesmo de verdade alguma vez em sua vida, é mais fácil acreditar que talvez tudo aquilo fosse fruto da imaginação dele, uma maneira desesperada de querer me fazer largar esse amor que sinto por Radesh e escolher ele em meu coração. Shankar não é uma pessoa que se rende a alguém e nem ao menos faz as pessoas se apaixonarem por ele, não sei o que essa mulher teria visto nele para começo de conversa. Percebo que eu já não me importo nem um pouco mais com ele quando vejo que não me sinto incomodada com aquela confissão dele, que ele tenha se envolvido com outra mulher ainda nos primeiros anos de vida da Indira, eu já não me importo mais, nem ao menos dói mais, é como se estivéssemos falando sobre o clima, nada mais banal que isso, não o fato dele estar abrindo o seu coração e confessando aquilo sem nenhum pingo de vergonha na cara. Pois ele nunca se atreveria a contar uma coisa dessas pra aquela Nayana de antes que ainda acreditava na