4. Pegar ou largar

Alyssa

Os olhos de Ethan me examinam de cima a baixo como se ele estivesse tentando descobrir quanto poderia conseguir por mim no mercado negro.

Eu reflexivamente cruzo os braços, a pele arrepiada, enquanto ele sorri, balançando o dinheiro. Eu não estou à venda.

— Se você acha que vou dormir com você, desista. Isso nunca mais vai acontecer.

— Ainda com esse belo nariz empinado, mas aqui está você implorando por minha ajuda. — Ele se inclina, cheirando a cigarro. — Vamos deixar uma coisa clara. Não estou interessado em você. Você não é boa suficiente para mim.

Filho da puta.

— Qual é o favor, então?

— Só um pequeno trabalho. Apenas uma noite de entretenimento. — Meu queixo cai.

— Prostituição? Vá se foder.

Não acredito que uma vez transei com esse cara voluntariamente, mas de acordo com aquele teste que fiz na internet, tenho uma queda por idiotas com cabelo bonito.

Sua sobrancelha se levanta e aquele sorriso arrogante puxa sua boca.

— Vá com calma. Ainda não chegamos lá. Só preciso que você puxe conversa com um cara no bar de um hotel. É fácil.

Meu pulso acelera com cautela.

— E depois dessa ‘conversa’? O que é para fazer de verdade?

— Beije ele, faça com que ele foque no beijo e peguei a chave do carro. Depois traga para mim. — explica Ethan com um sorriso malicioso.

Respiro fundo, tentando pensar direito. Então ele não me quer como prostituta... ele quer que eu roube alguém?

— Deixe-me ver se entendi: você quer que eu seduza um cara e roube as chaves dele, para que você possa roubar o carro dele? — pergunto lentamente, lutando com as palavras que saem da minha boca.

— Você entende bem rápido. — Ele sorri, como se tivesse acabado de propor uma inofensiva partida de golfe. — Sabia que você era esperta.

— Absolutamente não. Eu não vou fazer isso.

Ele se mexe impacientemente.

— Pensei que você queria ajudar sua pobre mãe. — Ele b**e o envelope no joelho descuidadamente, como se não fosse um grande maço de dinheiro que pudesse resolver todos os meus problemas.

Benjamin Franklin está lá, piscando para mim. Eu preciso desse dinheiro. Caso contrário, estamos ferradas: mamãe será despejada sem cuidados, eu largarei o trabalho para cuidar dela, Mila abandonará a faculdade para ajudar. Sem renda, entraremos em redemoinho rapidamente.

— Nós liquidaremos a sua dívida conosco se você fizer isso. Tudo será pago.

Eu fico olhando para ele.

— Se eu fizer isso, a dívida desaparecerá magicamente? Simples assim?

— Isso mesmo, querida.

Uma emoção passa por mim e eu perco o fôlego. Mas meu estômago dá um nó. Como minha vida se desfez assim? Quase prefiro dormir com esse homem desprezível.

— Tem que haver outra maneira.

— Esse é o único acordo. É pegar ou largar. Ele liga o motor, sinalizando que terminou. — Minhas garotas adorariam isso. O tempo está passando. Se decida.

Ele é um monstro narcisista que aprendeu a me controlar.

— Espere — eu sufoco. — Não tenho certeza se consigo fazer isso.

Ethan me lança um olhar quase gentil.

— Acredite em mim, o cara nem vai notar a falta de um carro em sua coleção. No mês passado, ele gastou um milhão em Las Vegas. No pior dos casos? Ele vai pensar que perdeu as chaves durante uma bebedeira.

— Isso não significa que está tudo bem.

Minha cabeça gira. Eu seria cúmplice de roubo de carro, e não estamos falando de uma perua surrada aqui.

— Pare de estressar essa cabecinha — ele ronrona. — Alguns desses caras realmente nos pagam para roubar seus carros em troca do dinheiro do seguro. Eles ficam entediados com o modelo do ano passado e querem as novidades. Você está basicamente fazendo um favor para o cara.

Deixei escapar uma risada estrangulada.

— Sim, tenho certeza que ele ficará muito grato quando descobrir que sua carona desapareceu.

Ethan ri. Pelo menos um de nós está se divertindo com esse pesadelo.

Solto um gemido frustrado, caindo de volta na cadeira. Esse tipo de coisa só acontece em filmes, não na vida real. Num minuto estou tentando descobrir o que há para o jantar, no próximo sou escalada para o próximo Velozes e Furiosos.

Olhando para o nosso apartamento, vejo Mila girando como se ela não se importasse com o mundo.

— Meu chefe está de olho em Mila, você sabe. Acha que ela é bonita. Ele está interessado em sair com ela.

A fúria brilha através de mim.

— Diga a seu chefe que ele pode ir para o inferno. Nenhum de vocês vai chegar perto da minha irmã, entendeu?

Num instante, o comportamento de Ethan muda. Ele agarra meu queixo, me puxando para mais perto. Tento me afastar, mas seu aperto é forte.

— Não vamos esquecer: você ainda deve os juros — ele diz suavemente, com os dedos cravados. — Meus parceiros não perdoam tanto quanto eu. Não gostaríamos que nada de ruim acontecesse com sua irmã ou mãe, especialmente devido à saúde dela.

Seus olhos se movem significativamente em direção ao meu apartamento. A ameaça velada me paralisa.

— Vou tentar — sussurro através dos lábios dormentes.

— Boa garota. — Ele se recosta, satisfeito por foder a minha vida.

— Quando? — Eu rosno.

— Essa noite.

— Você está louco?

Ele realmente tem coragem de rir.

— Eu estava pensando na próxima semana, mas parece que você precisa de uma noite de diversão.— Seu olhar passa por mim. — Leve o seu tempo para se arrumar e vestir algo bom. Esses jeans rasgados podem ser um sucesso para mim, mas duvido que ele goste deles.

Raiva e medo lutam dentro de mim.

— Quem é o cara?

— É melhor você não saber ainda. Você o conhecerá em breve. — Ele sorri, arrogante como sempre. — Relaxe.

Ele balança o envelope na minha frente de brincadeira, apenas para estalar a língua e puxá-lo de volta, como o idiota que ele é.

— Ah, e Alyssa?

Eu cerro os dentes.

— O que?

— Tente não parecer que alguém atropelou seu cachorro. Ele deve querer te foder. Arrume-se para um encontro. E lembre-se de beijá-lo, não tão rápido, seja demorada. Agora vá, Cinderela. O relógio está correndo.

Não posso deixar de rosnar enquanto abro a porta.

— Acho que perdi a parte em que a Cinderela rouba o Mercedes do príncipe.

Ethan ri como se de repente fôssemos melhores amigos. Mas antes que eu possa sair, sua mão prende meu pulso com força. Aquilo me causa arrepios, ele me causa arrepios.

— Você deveria estar me agradecendo. — Ele pisca. — Sou basicamente seu cavaleiro de armadura brilhante aqui.

Oh, foda-se.

Ele é tudo, menos um cavalheiro. Mas não é como se eu tivesse muitas opções.

Acho que é melhor eu me arrumar para o meu encontro quente hoje à noite.

Que sorte minha que não haja nenhuma fada madrinha neste conto distorcido esperando para me mimar e preparar.

Não, é tudo por minha conta, como sempre.

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