Alyssa
Os olhos de Ethan me examinam de cima a baixo como se ele estivesse tentando descobrir quanto poderia conseguir por mim no mercado negro. Eu reflexivamente cruzo os braços, a pele arrepiada, enquanto ele sorri, balançando o dinheiro. Eu não estou à venda. — Se você acha que vou dormir com você, desista. Isso nunca mais vai acontecer. — Ainda com esse belo nariz empinado, mas aqui está você implorando por minha ajuda. — Ele se inclina, cheirando a cigarro. — Vamos deixar uma coisa clara. Não estou interessado em você. Você não é boa suficiente para mim. Filho da puta. — Qual é o favor, então? — Só um pequeno trabalho. Apenas uma noite de entretenimento. — Meu queixo cai. — Prostituição? Vá se foder. Não acredito que uma vez transei com esse cara voluntariamente, mas de acordo com aquele teste que fiz na internet, tenho uma queda por idiotas com cabelo bonito. Sua sobrancelha se levanta e aquele sorriso arrogante puxa sua boca. — Vá com calma. Ainda não chegamos lá. Só preciso que você puxe conversa com um cara no bar de um hotel. É fácil. Meu pulso acelera com cautela. — E depois dessa ‘conversa’? O que é para fazer de verdade? — Beije ele, faça com que ele foque no beijo e peguei a chave do carro. Depois traga para mim. — explica Ethan com um sorriso malicioso. Respiro fundo, tentando pensar direito. Então ele não me quer como prostituta... ele quer que eu roube alguém? — Deixe-me ver se entendi: você quer que eu seduza um cara e roube as chaves dele, para que você possa roubar o carro dele? — pergunto lentamente, lutando com as palavras que saem da minha boca. — Você entende bem rápido. — Ele sorri, como se tivesse acabado de propor uma inofensiva partida de golfe. — Sabia que você era esperta. — Absolutamente não. Eu não vou fazer isso. Ele se mexe impacientemente. — Pensei que você queria ajudar sua pobre mãe. — Ele b**e o envelope no joelho descuidadamente, como se não fosse um grande maço de dinheiro que pudesse resolver todos os meus problemas. Benjamin Franklin está lá, piscando para mim. Eu preciso desse dinheiro. Caso contrário, estamos ferradas: mamãe será despejada sem cuidados, eu largarei o trabalho para cuidar dela, Mila abandonará a faculdade para ajudar. Sem renda, entraremos em redemoinho rapidamente. — Nós liquidaremos a sua dívida conosco se você fizer isso. Tudo será pago. Eu fico olhando para ele. — Se eu fizer isso, a dívida desaparecerá magicamente? Simples assim? — Isso mesmo, querida. Uma emoção passa por mim e eu perco o fôlego. Mas meu estômago dá um nó. Como minha vida se desfez assim? Quase prefiro dormir com esse homem desprezível. — Tem que haver outra maneira. — Esse é o único acordo. É pegar ou largar. Ele liga o motor, sinalizando que terminou. — Minhas garotas adorariam isso. O tempo está passando. Se decida. Ele é um monstro narcisista que aprendeu a me controlar. — Espere — eu sufoco. — Não tenho certeza se consigo fazer isso. Ethan me lança um olhar quase gentil. — Acredite em mim, o cara nem vai notar a falta de um carro em sua coleção. No mês passado, ele gastou um milhão em Las Vegas. No pior dos casos? Ele vai pensar que perdeu as chaves durante uma bebedeira. — Isso não significa que está tudo bem. Minha cabeça gira. Eu seria cúmplice de roubo de carro, e não estamos falando de uma perua surrada aqui. — Pare de estressar essa cabecinha — ele ronrona. — Alguns desses caras realmente nos pagam para roubar seus carros em troca do dinheiro do seguro. Eles ficam entediados com o modelo do ano passado e querem as novidades. Você está basicamente fazendo um favor para o cara. Deixei escapar uma risada estrangulada. — Sim, tenho certeza que ele ficará muito grato quando descobrir que sua carona desapareceu. Ethan ri. Pelo menos um de nós está se divertindo com esse pesadelo. Solto um gemido frustrado, caindo de volta na cadeira. Esse tipo de coisa só acontece em filmes, não na vida real. Num minuto estou tentando descobrir o que há para o jantar, no próximo sou escalada para o próximo Velozes e Furiosos. Olhando para o nosso apartamento, vejo Mila girando como se ela não se importasse com o mundo. — Meu chefe está de olho em Mila, você sabe. Acha que ela é bonita. Ele está interessado em sair com ela. A fúria brilha através de mim. — Diga a seu chefe que ele pode ir para o inferno. Nenhum de vocês vai chegar perto da minha irmã, entendeu? Num instante, o comportamento de Ethan muda. Ele agarra meu queixo, me puxando para mais perto. Tento me afastar, mas seu aperto é forte. — Não vamos esquecer: você ainda deve os juros — ele diz suavemente, com os dedos cravados. — Meus parceiros não perdoam tanto quanto eu. Não gostaríamos que nada de ruim acontecesse com sua irmã ou mãe, especialmente devido à saúde dela. Seus olhos se movem significativamente em direção ao meu apartamento. A ameaça velada me paralisa. — Vou tentar — sussurro através dos lábios dormentes. — Boa garota. — Ele se recosta, satisfeito por foder a minha vida. — Quando? — Eu rosno. — Essa noite. — Você está louco? Ele realmente tem coragem de rir. — Eu estava pensando na próxima semana, mas parece que você precisa de uma noite de diversão.— Seu olhar passa por mim. — Leve o seu tempo para se arrumar e vestir algo bom. Esses jeans rasgados podem ser um sucesso para mim, mas duvido que ele goste deles. Raiva e medo lutam dentro de mim. — Quem é o cara? — É melhor você não saber ainda. Você o conhecerá em breve. — Ele sorri, arrogante como sempre. — Relaxe. Ele balança o envelope na minha frente de brincadeira, apenas para estalar a língua e puxá-lo de volta, como o idiota que ele é. — Ah, e Alyssa? Eu cerro os dentes. — O que? — Tente não parecer que alguém atropelou seu cachorro. Ele deve querer te foder. Arrume-se para um encontro. E lembre-se de beijá-lo, não tão rápido, seja demorada. Agora vá, Cinderela. O relógio está correndo. Não posso deixar de rosnar enquanto abro a porta. — Acho que perdi a parte em que a Cinderela rouba o Mercedes do príncipe. Ethan ri como se de repente fôssemos melhores amigos. Mas antes que eu possa sair, sua mão prende meu pulso com força. Aquilo me causa arrepios, ele me causa arrepios. — Você deveria estar me agradecendo. — Ele pisca. — Sou basicamente seu cavaleiro de armadura brilhante aqui. Oh, foda-se. Ele é tudo, menos um cavalheiro. Mas não é como se eu tivesse muitas opções. Acho que é melhor eu me arrumar para o meu encontro quente hoje à noite. Que sorte minha que não haja nenhuma fada madrinha neste conto distorcido esperando para me mimar e preparar. Não, é tudo por minha conta, como sempre.AlyssaO ar neste bar de hotel sofisticado está tão cheio de dinheiro e ego que sinto o cheiro de perfume caro em todo lugar. É o cheiro do poder e das oportunidades. Oportunidades que eu nunca terei.Um mundo longe da minha realidade de contas não pagas, telhados com goteiras, um banheiro que transborda e vizinhos de cima que pensam que meu teto é um trampolim.Nem me lembro da última vez que estive num lugar como este só por diversão.São sempre bate-papos relacionados ao trabalho.Mas esta noite é diferente. Esta noite, tenho a grande honra de me sentir totalmente fora da minha realidade no meio da multidão de ricaços, ao mesmo tempo que me torno uma cúmplice involuntária do roubo de um carro.Eu mexo no meu canudo, buscando desesperadamente a coragem que não vem. Minhas pernas descruzam e recruzam enquanto eu examino o local. Nesse ritmo, o barman provavelmente está pensando que estou tendo uma convulsão.Meu olhar pousa em um cara com colete de veludo. Claramente em um encontro,
Alyssa Dou uma olhada pelo bar. Lá está Ethan, parecendo perspicaz e indiferente, como se fosse apenas um cara normal esperando por um encontro. Se ao menos a realidade não fosse tão dolorosamente ridícula.Lanço um olhar furioso para ele.Meu telefone acende: Pare de brincar. É ele.Uma risada maníaca e nervosa sai de mim, fazendo vovô pervertido deslizar para longe rapidamente.Muito bem, Ethan, você acabou de conquistar o título do Cara Mais Idiota da América.Eu me viro e lá está Ethan, andando arrogantemente pelo bar. Ele esbarra em um cara com força suficiente para quase fazê-lo voar, mas nem sequer para ou olha para trás. A reclamação do cara morre em seus lábios entreabertos no segundo que ele percebe quem bateu nele.Evans está indo direto para uma loira deslumbrante no outro extremo do bar. Todas as mulheres aqui estão focadas nele. Ele distribui sorrisos para as mais bonitas, os namorados delas que se danem.Ele passa um braço em volta da loira e se aproxima, dizendo algo
AlyssaPor um segundo, apenas nos olhamos no espelho, ele pairando sobre a pia, eu, como um animal recuado, mal conseguindo respirar.— Talvez seja melhor fechar essa boca antes que alguém apareça — ele resmunga. Meu coração dispara enquanto eu luto para pegar meu telefone quebrado, minhas mãos trêmulas. Quanto ele ouviu?— Desculpe por aquela pequena explosão — eu digo, tentando parecer casual enquanto vou até a pia ao lado dele. Abro a torneira apenas para ouvir o ruído de fundo. — Quanto você ouviu?Por favor, não diga nada disso. POR FAVOR NÃO DIGA NADA DISSO...— Eu não estava ouvindo o drama do seu namorado — ele murmura, todo rude e desdenhoso.Uau, ok, idiota. Mas graças a Deus.— Mesmo assim, desculpe se perturbei sua paz — murmuro.— Para uma boca tão pequena, você xinga como um marinheiro — ele repreende com uma carranca de desaprovação. Seus lábios se curvam em desgosto. — Pare com essas vulgaridades. Este é um estabelecimento elegante, não um maldito estaleiro.Eu me irri
Dylan— Que porra você pensa que está fazendo?— Pegando o que eu quero — ela respira, esmagando seus lábios macios nos meus mais uma vez.Por um momento, considero prender aquele lábio inferior carnudo entre os dentes.A diabinha de um metro e meio e boca suja com olhos hipnóticos está me escalando como se fosse seu próprio Everest, lutando para se agarrar. Tenho que dar um crédito a ela por ser ousada, apesar da nossa diferença de tamanho.Antes que eu registre isso completamente, minhas mãos estão tateando seu vestido frágil, o desejo se sobrepondo a todos os pensamentos coerentes. Ela poderia muito bem estar nua, e eu só preciso de uma boa foda para abafar a voz monótona do Dr. Rosso rangendo sem parar em meu crânio. Falando sem parar sobre seu chamado “prognóstico”.Esta noite, ela é exatamente o que eu preciso – sem amarras, pura e crua porra. Parece que todas as mulheres no meu bar estão circulando como um tubarão faminto, com os olhos fixos no prêmio: a proposta de casamento d
AlyssaMeu coração pula do meu peito com a adrenalina. Eu mal me reconheço. Sou fraude em saltos de grife falsos. Uma estranha na minha própria pele.É incrível como apenas algumas horas de loucura podem virar o seu mundo inteiro de cabeça para baixo.Esta manhã, se você tivesse me perguntado sobre meus grandes planos para a noite, eu teria dito com segurança que estava destinada a uma noite glamorosa esparramada no sofá, pronta para mais um dia monótono com minha irmã mais nova, Mila. Vestida com meus moletons mais tragicamente furados e minha pior roupa íntima.Estaríamos enfiando batatas fritas na boca, enquanto fingimos que temos uma vida incrível de milionárias.Mas em vez disso, aqui estou eu.Presa contra a parede do banheiro de um clube chique por um playboy milionário. Meu coração martelando enquanto eu atravesso a linha entre o pânico absoluto e a excitação distorcida.É o tipo de decisão questionável que você toma quando não está pensando direito.Seu antebraço musculoso pr
AlyssaÁgua escaldante bate em meu rosto até que o banheiro se enche de vapor. Preciso do calor para escaldar a culpa que me come viva depois do que fiz esta noite.— Por que você está monopolizando o banheiro? — A voz de Mila corta o vapor. — Eu preciso fazer cocô!— Espere aí — eu resmungo, fechando a torneira antes de me transformar em uma lagosta humana. Enrolo-me numa toalha, resistindo à vontade de derreter numa poça triste no chão e soluçar histericamente durante uma semana seguida. Eu me sinto estranhamente suja, como se tivesse tomado um banho de lama. Pelo lado positivo, tenho o dinheiro. Posso pagar a demônio da casa de repouso amanhã. Os cuidados da mãe seguirão. Por agora. E eu também não tenho mais uma dívida com aquele desgraçado do Ethan. Aquele homem é um demônio, que me fez virar uma criminosa.Eu desembaço o espelho e encontro meu próprio olhar. Tento respirar fundo, algo mais substancial do que os suspiros superficiais que tenho bufando o dia todo.Eu nem sei se m
DylanEu estava bêbado pra caralho, nem sei como conseguir chegar ao meu quarto de hotel no clube. Tive que beber um pouco mais depois de levar um chute na bunda de uma desconhecida.A pior parte de dormir em uma suíte é arrastar minha bunda para cima antes do amanhecer para fazer a caminhada da vergonha com as roupas amarrotadas da noite passada. Não admira que a equipe fofoque.Esse padrão está ficando velho. Trabalho muito, depois bebonaté ficar inconsciente, desmaio na minha suíte particular, às vezes depois de uma foda, e então acordonme sentindo exponencialmente pior do que antes. Me recupero e repito.Eu sei que estou arriscado, porque meu futuro posto requer que eu tenha um caráter impecável. Sem escândalos. Mas fazer isso na minha propriedade me dá a segurança que ninguém descobrirá as minhas aventuras.Eu também não iria beber um pouco mais, iria para cama mais cedo. Mas ser afastado no meio de uma transa na noite passada foi um novo ponto baixo. Isso nunca aconteceu antes e
DylanVou até a mesa da segurança, com a mandíbula cerrada, e encontro segurança com os pés para cima, rindo com a boca cheia de pizza, indiferente quando me aproximo. Idiota inútil. Não admira que alguém tenha saído valsando com meu Porsche.Bato as mãos na mesa. — Ei.Ele pula tão alto que seu copo gigante de refrigerante sai voando e encharca as calças. — S-sr. Evans! — ele gagueja, com a boca suja de pizza.. — Senhor, eu não vi você... — Claramente — eu o interrompo. — Talvez se você mantivesse os olhos nos monitoresem vez da TV, você teria visto quem saiu daqui com meu Porsche. Seu rosto perde a cor. — S-seu Porsche? — Ele verifica a câmera de segurança, e vê a minha vaga vazia. — Oh Deus. — Parece que ele está prestes a vomitar ou mijar. Talvez ambos.Eu me inclino para perto, minha voz baixa.— Você responderá por isso mais tarde.Ele tropeça, encharcado de refrigerante, e por uma fração de segundo parece que vai protestar. Mas então ele vê a expressão em meus olhos e pensa