Alyssa
O ar neste bar de hotel sofisticado está tão cheio de dinheiro e ego que sinto o cheiro de perfume caro em todo lugar. É o cheiro do poder e das oportunidades. Oportunidades que eu nunca terei. Um mundo longe da minha realidade de contas não pagas, telhados com goteiras, um banheiro que transborda e vizinhos de cima que pensam que meu teto é um trampolim. Nem me lembro da última vez que estive num lugar como este só por diversão. São sempre b**e-papos relacionados ao trabalho. Mas esta noite é diferente. Esta noite, tenho a grande honra de me sentir totalmente fora da minha realidade no meio da multidão de ricaços, ao mesmo tempo que me torno uma cúmplice involuntária do roubo de um carro. Eu mexo no meu canudo, buscando desesperadamente a coragem que não vem. Minhas pernas descruzam e recruzam enquanto eu examino o local. Nesse ritmo, o barman provavelmente está pensando que estou tendo uma convulsão. Meu olhar pousa em um cara com colete de veludo. Claramente em um encontro, mas ele tem a audácia de lançar uma piscadela para mim, o bastardo imundo. É ele? Oh Deus, eu não posso fazer isso. Estou aqui há meia hora, observando cada cara que entra. Ethan disse que vai mandar uma mensagem quando o “alvo” chegar, e que eu devo esperá-lo aqui às nove. Nunca temi tanto uma mensagem de texto. Estou quase tendo um colapso nervoso. Ajusto a alça fina em meu ombro, amaldiçoando o ar condicionado explodindo em meus lábios. Meu antigo vestido de cetim preto da Target grita barato contra esses modelos caros em volta. Eu amo me arurmar, mas Ethan só me deu trinta minutos para ficar pronta. Então aqui estou, minha única estratégia foi colocar um belo decote. Porque os homens são programados para admirar os seios de uma mulher e eu tenho um belo par. A empresa que trabalho explora essa fraqueza masculina constantemente - sempre usamos decote. Respiro fundo, me firmando. Desde que fui envolvida nesta loucura, respirar normalmente tem sido um luxo. Tenho um vislumbre de mim mesmo no espelho do bar. Um belo visual de mulher fatal: olhos esfumados, lábios vermelhos ousados, meu cabelo escuro solto e levemente cacheado, vestido tão justo quando minha dignidade. Mas é apenas uma ilusão que mascara a menina em pânico lá dentro. Não sou uma pessoa má, juro. Eu não minto, trapaceio ou roubo. Esta não sou eu. Estou tentando me convencer de que talvez o alvo seja um idiota completo. Isso vai facilitar, certo? Para qualquer um aqui, sou apenas mais uma garota tomando uma bebida sozinha, porque meu acompanhante não compareceu ou porque sou extremamente pontual. Mas eles não sabem do par de olhos que me segue do outro lado do local. Ethan, o aspirante a Don Corleone. Sinto seu olhar queimando a espinha, causando arrepios horríveis. Tique-taque. Não consigo ouvir o relógio incrustado de diamantes na parede, mas juro que ele está sincronizando com meus batimentos cardíacos acelerados. Quantas vezes virei a cabeça para verificar, depois a porta e depois voltei para a minha bebida? Um zilhão. Devo parecer perturbada. Aquele ponteiro dos minutos continua se movendo, implacavelmente. O relógio de Ethan está atrasado. Aparentemente, tenho sessenta minutos assim que ele aparecer. Ethan parece ter uma fé equivocada em meus poderes de sedução. Todo esse plano é ridículo. Eu me mexo desconfortavelmente no meu banquinho. O barman chama minha atenção, levantando uma sobrancelha. — Outra dose? — Estou bem, obrigada! — Eu gorjeio, tomando outro pequeno gole. Ele me olha um pouco demais, especialmente na região dos seios. — Apenas grite se você mudar de ideia. Ah, eu vou, logo depois de ganhar na loteria. Ou sair da prisão. Alguém mais aqui está sentindo esse peso esmagador? Estou rodeada de gente rica, toda chique e despreocupada, tilintando copos ao som de jazz. E aqui estou eu, me afogando em ansiedade, gritando como uma alma penada, mas não produzindo nenhum som. Tique-taque. O cara não apareceu. Obrigado por nada, relógio. Aquela alça incômoda escorrega do meu ombro e eu a conserto rapidamente. Mas não antes de algum velho safado me olhar com um sorriso desprezível. Deus, esse é o nosso cara? Ainda nenhuma mensagem de Ethan. Um defeito no guarda-roupa testemunhado pelo vovô pervertido é a última coisa de que preciso. Dou outra espiada, rezando para ter imaginado. Mas não, lá está ele ainda, me fodendo com força em seu pensamento. Uma relíquia chegando facilmente aos setenta. Sério? Os homens precisam parar de criar mentiras sobre melhorar com a idade. Com partes iguais de horror e fascínio depravado, sou incapaz de desviar o olhar enquanto ele trava os olhos e come uma azeitona na exibição mais vulgar que se possa imaginar. Bem, essa é uma imagem gravada em meu cérebro para sempre. Desvio o olhar, tentando me recompor. Não tenho certeza se quero que esse velho seja o cara. À minha direita, um casal está envolvido em um acalorado debate sobre comprar ou alugar uma casa de praia nos Hamptons. Deve ser bom ter esse tipo de problema. Reprimo um revirar de olhos e tomo um gole da minha bebida. Atrás de mim, uma garota meio sussurra, meio grita: — Oh meu Deus, adivinha quem acabou de aparecer? Eu sabia que ele viria. Meu coração dispara, mas não ouso me virar. Ainda nenhuma palavra de Ethan. — Você está falando sério? — sua amiga respira. — Ok, o plano é esse – vamos criar um encontro 'espontâneo' onde eu finjo uma queda e caio de cara em sua virilha para quebrar o gelo. As risadas se dissolvem atrás de mim enquanto eu casualmente examino o bar, meu radar em alerta total. Porra, é Dylan Evans do outro lado do bar. O ricaço filho do senador. Ele mesmo está envolvido em política e filiado ao partido. Eles são donos de empreendimentos que dominam metade do país. Droga, que homem. Estou temporariamente distraída do meu plano horrível. Aquele queixo, áspero com a quantidade certa de barba por fazer; maçãs do rosto perfeitas e olhos azuis penetrantes que poderiam fazer desmaiar até as mulheres mais duronas. Com certeza ele devora garotas como eu no café da manhã, depois limpa a boca e volta com um sorriso arrogante. Mas aparentemente ele tem uma noiva. A filha do governador do estado, que mais parece uma super modelo da Victoria’s Secrets. Ricos andam com ricos, essa é a regra. Ele ronda como se fosse o dono do lugar. O que ele faz de melhor. Vestindo jeans desbotados e uma camiseta justa que combina com seu físico musculoso, ele se destaca dos ternos sob medida. Acho que quando você é dono do lugar você pode quebrar as regras. Conheço o tipo dele – o tipo de tentação perigosa sobre a qual todas as mães alertam suas filhas, enquanto fantasiam secretamente. Exceto minha mãe, que provavelmente estaria agitando as mãos no ar e gritando “Ei, senhor! Venha aqui” até que ela chamasse a atenção dele como uma louca. Mas agora não é hora disso. Eu tenho uma missão a cumprir. — Olá, querida. Eu giro e recuo. Porra, é aquele velho decrépito sugador de azeitona de antes, agora pairando desconfortavelmente perto demais, olhos turvos fixos diretamente na altura do meu seio. — Posso ajudar? — pergunto friamente, afastando-me e tentando o exterminar ele com o olhar. _ Você parece familiar. A gente se conhece? — Sua mão pousa no meu braço. Eu recuo. — Você provavelmente conheceu minha tataravó antes de ela morrer. As pessoas dizem que éramos parecidas. Isso dá um soco sólido em seu ego. Mas ele segue implacável. — Uma mulher bonita como você não deveria estar sentada aqui sozinha. Que tal alguma companhia? Reuni toda a repulsa que posso em um olhar. É quase impressionante a confiança dele. Mas vamos lá, com ou sem dinheiro, a diferença de idade aqui não é apenas uma diferença, é uma cratera. — Obrigada, mas meu namorado está prestes a aparecer. Ele provavelmente está terminando de estrangular alguém em sua aula de luta livre. O vovô pervertido se senta de qualquer maneira, imperturbável. — Vamos tomar uma bebida enquanto você espera. Ele estala os dedos para o barman. — Outro coquetel para a senhora aqui. Eu cerro minha mandíbula. — Eu disse não, obrigado. Inacreditável. Ele não entende a dica, me olhando de cima a baixo, praticamente babando. — Então, o que uma coisinha bonita como você faz? Você é modelo? Atriz? Minhas mãos apertam minha bebida, imaginando derramá-la sobre sua cabeça. — Na verdade, eu dirijo noites de bingo. Você deveria passar por lá, é uma delícia no centro para idosos às terças-feiras. Esse é o chute que finalmente tira o olhar malicioso e presunçoso de seu rosto. — Sua pequena... — Ele começa, mas não estou ouvindo. Meus olhos se arregalam com a mensagem de Ethan: Ethan: Ele está aqui. Camisa branca. Jeans. Abaixo dela, uma foto de Dylan Evans. Quase engasguei. Isso deve ser uma brincadeira cruel. — Pare com isso — eu rosno para o vovô. Sinto-me doente. Eu: DYLAN EVANS?? Meus dedos gordos não conseguem digitar rápido o suficiente. Eu: ISTO É UMA PIADA?? De jeito nenhum isso é real. Prefiro assistir um filme de terror sanguento repetidamente - e isso diz muito, considerando que sempre recuso as ideias de Mila para filmes de terror. Por favor, não deixe isso acabar no estilo dos filmes de terror.Alyssa Dou uma olhada pelo bar. Lá está Ethan, parecendo perspicaz e indiferente, como se fosse apenas um cara normal esperando por um encontro. Se ao menos a realidade não fosse tão dolorosamente ridícula.Lanço um olhar furioso para ele.Meu telefone acende: Pare de brincar. É ele.Uma risada maníaca e nervosa sai de mim, fazendo vovô pervertido deslizar para longe rapidamente.Muito bem, Ethan, você acabou de conquistar o título do Cara Mais Idiota da América.Eu me viro e lá está Ethan, andando arrogantemente pelo bar. Ele esbarra em um cara com força suficiente para quase fazê-lo voar, mas nem sequer para ou olha para trás. A reclamação do cara morre em seus lábios entreabertos no segundo que ele percebe quem bateu nele.Evans está indo direto para uma loira deslumbrante no outro extremo do bar. Todas as mulheres aqui estão focadas nele. Ele distribui sorrisos para as mais bonitas, os namorados delas que se danem.Ele passa um braço em volta da loira e se aproxima, dizendo algo
AlyssaPor um segundo, apenas nos olhamos no espelho, ele pairando sobre a pia, eu, como um animal recuado, mal conseguindo respirar.— Talvez seja melhor fechar essa boca antes que alguém apareça — ele resmunga. Meu coração dispara enquanto eu luto para pegar meu telefone quebrado, minhas mãos trêmulas. Quanto ele ouviu?— Desculpe por aquela pequena explosão — eu digo, tentando parecer casual enquanto vou até a pia ao lado dele. Abro a torneira apenas para ouvir o ruído de fundo. — Quanto você ouviu?Por favor, não diga nada disso. POR FAVOR NÃO DIGA NADA DISSO...— Eu não estava ouvindo o drama do seu namorado — ele murmura, todo rude e desdenhoso.Uau, ok, idiota. Mas graças a Deus.— Mesmo assim, desculpe se perturbei sua paz — murmuro.— Para uma boca tão pequena, você xinga como um marinheiro — ele repreende com uma carranca de desaprovação. Seus lábios se curvam em desgosto. — Pare com essas vulgaridades. Este é um estabelecimento elegante, não um maldito estaleiro.Eu me irri
Dylan— Que porra você pensa que está fazendo?— Pegando o que eu quero — ela respira, esmagando seus lábios macios nos meus mais uma vez.Por um momento, considero prender aquele lábio inferior carnudo entre os dentes.A diabinha de um metro e meio e boca suja com olhos hipnóticos está me escalando como se fosse seu próprio Everest, lutando para se agarrar. Tenho que dar um crédito a ela por ser ousada, apesar da nossa diferença de tamanho.Antes que eu registre isso completamente, minhas mãos estão tateando seu vestido frágil, o desejo se sobrepondo a todos os pensamentos coerentes. Ela poderia muito bem estar nua, e eu só preciso de uma boa foda para abafar a voz monótona do Dr. Rosso rangendo sem parar em meu crânio. Falando sem parar sobre seu chamado “prognóstico”.Esta noite, ela é exatamente o que eu preciso – sem amarras, pura e crua porra. Parece que todas as mulheres no meu bar estão circulando como um tubarão faminto, com os olhos fixos no prêmio: a proposta de casamento d
AlyssaMeu coração pula do meu peito com a adrenalina. Eu mal me reconheço. Sou fraude em saltos de grife falsos. Uma estranha na minha própria pele.É incrível como apenas algumas horas de loucura podem virar o seu mundo inteiro de cabeça para baixo.Esta manhã, se você tivesse me perguntado sobre meus grandes planos para a noite, eu teria dito com segurança que estava destinada a uma noite glamorosa esparramada no sofá, pronta para mais um dia monótono com minha irmã mais nova, Mila. Vestida com meus moletons mais tragicamente furados e minha pior roupa íntima.Estaríamos enfiando batatas fritas na boca, enquanto fingimos que temos uma vida incrível de milionárias.Mas em vez disso, aqui estou eu.Presa contra a parede do banheiro de um clube chique por um playboy milionário. Meu coração martelando enquanto eu atravesso a linha entre o pânico absoluto e a excitação distorcida.É o tipo de decisão questionável que você toma quando não está pensando direito.Seu antebraço musculoso pr
AlyssaÁgua escaldante bate em meu rosto até que o banheiro se enche de vapor. Preciso do calor para escaldar a culpa que me come viva depois do que fiz esta noite.— Por que você está monopolizando o banheiro? — A voz de Mila corta o vapor. — Eu preciso fazer cocô!— Espere aí — eu resmungo, fechando a torneira antes de me transformar em uma lagosta humana. Enrolo-me numa toalha, resistindo à vontade de derreter numa poça triste no chão e soluçar histericamente durante uma semana seguida. Eu me sinto estranhamente suja, como se tivesse tomado um banho de lama. Pelo lado positivo, tenho o dinheiro. Posso pagar a demônio da casa de repouso amanhã. Os cuidados da mãe seguirão. Por agora. E eu também não tenho mais uma dívida com aquele desgraçado do Ethan. Aquele homem é um demônio, que me fez virar uma criminosa.Eu desembaço o espelho e encontro meu próprio olhar. Tento respirar fundo, algo mais substancial do que os suspiros superficiais que tenho bufando o dia todo.Eu nem sei se m
DylanEu estava bêbado pra caralho, nem sei como conseguir chegar ao meu quarto de hotel no clube. Tive que beber um pouco mais depois de levar um chute na bunda de uma desconhecida.A pior parte de dormir em uma suíte é arrastar minha bunda para cima antes do amanhecer para fazer a caminhada da vergonha com as roupas amarrotadas da noite passada. Não admira que a equipe fofoque.Esse padrão está ficando velho. Trabalho muito, depois bebonaté ficar inconsciente, desmaio na minha suíte particular, às vezes depois de uma foda, e então acordonme sentindo exponencialmente pior do que antes. Me recupero e repito.Eu sei que estou arriscado, porque meu futuro posto requer que eu tenha um caráter impecável. Sem escândalos. Mas fazer isso na minha propriedade me dá a segurança que ninguém descobrirá as minhas aventuras.Eu também não iria beber um pouco mais, iria para cama mais cedo. Mas ser afastado no meio de uma transa na noite passada foi um novo ponto baixo. Isso nunca aconteceu antes e
DylanVou até a mesa da segurança, com a mandíbula cerrada, e encontro segurança com os pés para cima, rindo com a boca cheia de pizza, indiferente quando me aproximo. Idiota inútil. Não admira que alguém tenha saído valsando com meu Porsche.Bato as mãos na mesa. — Ei.Ele pula tão alto que seu copo gigante de refrigerante sai voando e encharca as calças. — S-sr. Evans! — ele gagueja, com a boca suja de pizza.. — Senhor, eu não vi você... — Claramente — eu o interrompo. — Talvez se você mantivesse os olhos nos monitoresem vez da TV, você teria visto quem saiu daqui com meu Porsche. Seu rosto perde a cor. — S-seu Porsche? — Ele verifica a câmera de segurança, e vê a minha vaga vazia. — Oh Deus. — Parece que ele está prestes a vomitar ou mijar. Talvez ambos.Eu me inclino para perto, minha voz baixa.— Você responderá por isso mais tarde.Ele tropeça, encharcado de refrigerante, e por uma fração de segundo parece que vai protestar. Mas então ele vê a expressão em meus olhos e pensa
DylanAntigamente, os longos banhos eram minha escolha para lavar as merdas do dia. Mas isso foi antes de eu receber o tipo de notícia que faz você repensar tudo. Saúde é riqueza? Sim, aprendi isso recentemente e forma mais dolorosa. Aperto a mandíbula enquanto a água escaldante bate nas minhas costas, deixando minha pele com um tom de vermelho que grita por misericórdia. Eu aqueço mais.A música pulsa no som surround, o baixo pulsante vibrando os azulejos como uma batida de coração. As palavras daquele maldito médico continuam repetindo na minha cabeça, não importa o quão alto eu aumente o volume.— Cada caso é único — disse ele. — Não podemos prever como isso irá progredir. Tudo o que podemos fazer é tentar administrar.Geralmente sou excepcional em manter minhas emoções sob controle. Como quando uma cobra que trabalha conosco há anos me apunhala pelas costas – sim, fico chateado, mas depois sigo em frente. Não adianta ficar pensando nisso. O mesmo vale para a imprensa ruim – aceit