Meu Detestável Guarda-Costas
Meu Detestável Guarda-Costas
Por: J. C. Rodrigues Alves
Prólogo

         Não devia estar ali.

Mas estava e tudo por que achava que estava me apaixonando, o que literalmente, era péssimo.

         A batida pulsante da música na boate ecoava nos meus ouvidos, tornando-se quase ensurdecedora. O ambiente estava impregnado com uma energia vibrante, onde corpos se moviam em sintonia, quase espremidos uns contra os outros, sob a influência do álcool ou de alguma substância ilícita, dançando, perdidos em sua própria euforia, como se o mundo lá fora não existisse.

Apesar do caos ao meu redor, pouco me importava com o que acontecia na pista de dança. Minha atenção estava capturada pela mulher à minha frente. Seu olhar, cheio de mistério, contrastava com o frenesi colorido que preenchia o ambiente.

         Ela tinha idade para ser minha filha.

Porra, tinha! Mas meu pau naquele momento não queria saber disto, na verdade, desde que a descobri ali, ele não queria saber de outra coisa.

Seus movimentos no pole dance eram executados com uma maestria impressionante, como se aquela arte estivesse profundamente enraizada em sua essência. Cada giro, cada movimento era realizado de maneira envolvente e sedutora, deixando claro que ela estava familiarizada com a dança no poste. Observando-a atentamente, percebia a confiança que emanavam de seus gestos, como se aquela fosse sua zona de conforto.

Enquanto ela se contorcia e se movia com graça, notava os olhares fixos de outros homens ao redor, todos hipnotizados pelo show que se desenrolava bem diante de nossos olhos. No entanto, mesmo compartilhando o fascínio da plateia, meu olhar ia além.

Contudo, uma sombra de proteção pairava sobre mim quando percebia olhares indiscretos e mãos inquietas na plateia. Imaginava, com uma determinação silenciosa, quantas mãos teria que quebrar caso alguém ousasse tentar encostar em seu corpo. Uma mistura de raiva e posse se misturava enquanto continuava a admirar sua performance, consciente de que, não queria apenas continuar olhando. Queria saber quem era a mulher que, estava na maioria dos pensamentos dos homens que estavam ali.

No instante seguinte, ela foi interrompida quando uma garota se aproximou, segurando um celular. Ela para seus movimentos, seus olhos fixados no aparelho, o cenho franzido em uma expressão de surpresa e curiosidade.

Em um gesto inesperado, a dançarina desceu do poste com graciosidade e se misturou à pequena multidão, criando uma onda de murmúrios e especulações. E quando dou conta, meu corpo está me movendo atrás dela, como um cachorro farejando seu cheiro.

Por um momento a perco de vista, olho atentamente as pessoas em minha frente com o cenho franzido, até que vejo sua cabeleira loira saindo da boate para a lateral. Olho para trás, na expectativa de ver alguém a seguindo, mas não havia ninguém, além de mim.

 Saio bruscamente da boate, olhando atentamente a rua com pouca iluminação em busca de qualquer sinal dela.

— Está me seguindo?! — Viro o rosto para o lado, ao ouvir sua voz — Por que se estiver... tenho certeza que isto é crime — diz com os braços cruzados sob o peito, estreitando os olhos ao dar alguns passos na minha direção, seus olhos me analisando com atenção enquanto mantinha um leve sorriso nos lábios carnudos — Mas não acho que seja um stalker ou... — Ela se detém com um suspiro, descendo o olhar para abaixo do meu umbigo — Com a sua idade, não deve nem ter mais um pau — Os olhos dela desviam para a rua a frente, justamente no instante em que um carro para.

        Ela me olha mais uma vez, antes de andar em direção do veículo em passos largos, deixando para trás a certeza de que ainda seria minha esposa.

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