Renzo
— Releve — diz Katherine, madrasta de Yulia — Ela não está em um de seus melhores dias. O pai dela acabou de morrer e antes disso...
— A mãe se suicidou — digo em tom calmo. Katherine assenti, olhando para o chão — Por causa da depressão.
Ela sustenta meu olhar.
— Então entende que ela tem motivos suficientes para agir desta forma — Fico em silêncio, já que não sei basicamente o que dizer. Nunca passei por uma situação parecida, mesmo tendo crescido longe da minha mãe, mesmo assim não se comparava com uma perda literalmente — Então... faça seu trabalho e garanta que ninguém irá machucar ela — Mantenho meu olhar fixo em um ponto invisível, enquanto Katherine se retira do cômodo.
Instantes depois, giro meu tronco e sigo na direção em que Yulia foi, minutos antes havia sido conduzido por toda a casa, como um tuor e graças a minha memória fotográfica, sabia onde cada cômodo ficava, inclusive o quarto de Yulia.
Me coloco ao lado da porta, encarando a parede em frente, percebendo que apenas uma parede me separava dela. A mulher que todos os homens da boate, inclusive eu, queria saber pelo menos, agora estava bem ali, ao meu alcance e se chamava Yulia.
Yulia — Repito em minha mente — Minha pequena e atrevida Yulia.
Um leve sorriso ergue um dos cantos da minha boca, enquanto tento manter minha mente livre das imagens que estava montando por si própria, isto incluía parar de prestar atenção nos pequenos detalhes que a compunha, como por exemplo: a boca pequena e carnuda, que facilmente conseguia imaginar me chupando, enquanto mantinha seus olhos redondos fixos em mim.
Porra, Renzo, se concentra!
Sacudo minha cabeça, limpando minha mente.
Yulia sai do quarto horas depois, no jantar, ignorando completamente a minha presença, ao manter uma distância que talvez considerasse segura entre nós, a medida em que andava em direção da sala de jantar, aonde Katherine terminava de colocar a mesa.
— Ele vai ficar me seguindo para toda parte? — Katherine olha para mim e novamente para a enteada.
— Esta é a função dele aqui, Yulia.
— Não era mais fácil ter colocado um rastreador em mim?
— Yulia, isto é sério — diz Katherine sem paciência — Pode estar neste exato momento correndo risco de vida e tudo por causa do seu pai. — Yulia mantém a cabeça baixa, o cabelo em frente ao rosto, impedindo que deduzisse o que poderia estar passando em sua mente naquele momento — Então, por favor, deixa o Renzo fazer o trabalho dele, está bem? — Yulia vira o rosto na minha direção, a expressão séria, me olhando de cima a baixo, antes de voltar sua atenção para a madrasta.
— Se você quer assim, que seja.
Katherine se aproxima dela afagando seu rosto, antes de olhar para mim.
— Pode ir, Renzo.
Hesito por um momento, antes de sair do cômodo e invés de ir jantar, prefiro checar todo o perímetro, mesmo acreditando que os dois policiais a paisana na rua, já tenham feito isto do lado de fora, mas não do lado de dentro.
Enquanto checo meticulosamente todo o perímetro, certifico-me de que nada tenha passado despercebido. Cada canto é examinado, cada sombra é investigada, numa busca incessante pela segurança e tranquilidade necessárias. No entanto, mesmo mergulhado nas tarefas práticas de proteção, a mente não pode se desviar da compreensão mais profunda da situação.
A percepção da solidão que envolve Yulia e sua madrasta torna-se evidente. Essa compreensão lança luz sobre muitos aspectos, especialmente a preocupação palpável de Katherine com a enteada.
Após verificar minuciosamente todo o perímetro, algo chama minha atenção. Uma figura na janela do quarto de Yulia atrai meu olhar, e percebo que ela me observava.
No entanto, assim que ela percebe que a notei, se afasta rapidamente da janela, como se tentasse se esconder da minha visão.
Após mais uma olhada ao redor, decido adentrar a casa novamente, determinado a realizar uma verificação minuciosa em cada cômodo. O silêncio que paira na residência parece intensificar minha atenção, e cada passo é calculado para garantir que nenhum detalhe escape à minha vigilância.
Cada cômodo é examinado com cuidado, uma busca por qualquer sinal de anormalidade. As sombras dançam nas paredes conforme percorro os corredores, um testemunho silencioso da responsabilidade que assumi para garantir a segurança de Yulia e sua madrasta.
Ao chegar ao quarto de Yulia, uma pausa momentânea se estabelece, antes que eu bata na porta, esperando uma resposta do outro lado.
A porta abre de repente, Yulia ergue as sobrancelhas ao sustentar meu olhar.
— O que você quer?
— Preciso olhar o seu quarto.
— Por quê?
— Apenas para garantir que não ninguém está se escondendo aqui.
— Não acha que se estivesse alguém aqui, já não estaria morta?
Adentro o quarto com a mesma atenção detalhada, examinando cada canto, ignorando seu questionamento que para mim foi retórico.
Yulia Cruzo os braços sob o peito, observando meu mais novo segurança vasculhar todo meu quarto, inclusive em baixo da cama, como se alguém ainda se escondesse em baixo de uma cama. Quando ele abre as portas do meu armário, reviro os olhos impaciente.— Quer olhar também minha gaveta de calcinhas? — Ele para diante da janela, no mesmo lugar que estava minutos atrás, os olhos vagando pelo jardim.— Lá cabe uma pessoa? — Ele pergunta, me olhando por cima do ombro.Abro minha boca, a fechando no mesmo instante.— Acho que já pode sair do meu quarto — Os olhos dele vagam mais uma vez pelo quarto, antes de finalmente atender meu “pedido”.Ele para no corredor, se virando para mim.— Irei estar aqui no corredor, caso... — Bato a porta antes que ele terminasse de falar.O dia parecia interminável, mesmo que já fosse a hora de dormir. Eu havia concluído todo o meu ritual de cuidados com a pele, desfrutado de um banho quente e começado a po
RenzoEstabeleço mentalmente o plano de retornar ao perímetro em algumas horas. Naquele horário, provavelmente Yulia já estava dormindo, imaginava ela dormindo com seu pijama que não combinava com a garota que conheci na boate, que com certeza usaria algo oposto, mais... sexy. A imagem criada em minha mente, fez com que soltasse o ar bruscamente dos pulmões e massageasse minhas pálpebras, tentando manter algum controle sob meu corpo, já que não tinha controle algum em minha mente.Meus olhos se fixam novamente no tablet em minhas mãos, me dando finalmente uma trégua dos meus pensamentos, enquanto analisava cada imagem. Minha mandíbula trava ao ver pela câmera de segurança Yulia do lado de fora da casa, acompanhada por mais duas pessoas.Com passadas rápidas e largas, saio da casa e me dirijo rapidamente em direção a Yulia e aos dois visitantes noturnos.A adrenalina toma conta enquanto minha mente age antes mesmo de eu ter a chance de pensar em como abordar a situação. Em um instante
YuliaKate solta o ar dos pulmões, ao fechar a porta, colocando o cabelo atrás da orelha ao se aproximar de mim sentada no sofá.— Os policiais não podem continuar vigiando a casa. Não acham que estamos correndo algum perigo — Apesar de ouvir isto deles, era notável de que não estava convencida. Kate sempre foi super protetora, mas com a morte do meu pai, tinha a impressão que este instinto havia duplicado.— Então se não tem nenhum perigo, posso voltar para a universidade — digo colocando um breve sorriso no rosto.Ela me olha incrédula.— É óbvio que não!— Por quê?! — Elevo a voz, sem acreditar que ela queria me fazer de prisioneira dentro daquela casa — Acabou de dizer que não tem nenhum perigo.— Os policiais disseram isto! Não eu! — Ela rebate — Ainda tenho certeza que corre perigo — Reviro os olhos, cruzando os braços sob o peito.Em poucos meses, eu me formaria na universidade em Gastronomia, e a ideia de que todo o meu esforço, todos os meus planos, estavam prestes a ser arru
Renzo Foi necessário um esforço tremendo de autocontrole para conter o impulso de agarrar Yulia e beijá-la ali mesmo, dentro do carro.Tocá-la, sentir a maciez da sua pele, desencadeou uma resposta imediata do meu corpo. Era evidente que ela também reagira, pois suas bochechas coraram instantaneamente. No entanto, percebi que esse movimento tinha sido mal calculado e arriscado. Meu pau estava prestes a estourar a calça, quando ela saiu abruptamente do carro e seu olhar se cruzou com o meu a medida que se afasta rapidamente. Um lado meu se sentiu aliviado pela sua saída, já que se ela ficasse mais alguns segundos dentro daquele carro, não responderia por mim e isto poderia acabar comigo sendo demitido. Com o estado do meu corpo normalizado, me concentrei no trabalho. Nas primeiras horas da manhã, cumpro o combinado e ligo a cada hora, recebendo sempre um sussurrado "estou bem" do outro lado da linha. Apesar de ter achado arriscado ela ir para um lugar como uma universidade, onde es
Yulia Ao sair da aula, meu celular toca pela centésima vez com o nome de Renzo no visor.— Eu estou bem — digo enquanto alguns estudantes passam ao meu redor, conversando entre si, prestes a desligar ouço a sua voz.— Tem certeza? — Paro por um instante de andar, tentando evitar que a minha mente associe sua voz rouca com o modo como me olhou no carro.— Se eu não estivesse, não atenderia o celular, não é? — digo antes de desligar, com a certeza que precisava manter o minímo de diálogo possível.Ando na direção de Gina que digitava algo rapidamente no celular, enquanto sorria.— Por que o sorriso? — Ela ergue o olhar, guardando o celular.— Vai ter uma festa de fraternidade — Reviro os olhos, voltando a andar, agora com ela ao meu lado.— Não deveria estar pensando em estudar para as provas finais?Gina ergue as sobrancelhas, inclinando a cabeça para o lado.— Quem é você e o que fez com a minha amiga? A garota mais festeira que eu conheço? Solto o ar bruscamente dos pulmões.— N
Renzo Minha mão sobe e desce por cima da calça, enquanto minha mente contava os minutos para ligar novamente para Yulia. Apesar de ser errado, não havia ninguém olhando e precisava desesperadamente me aliviar, caso contrário, gozaria em apenas ouvir a voz dela.Poderia encontrar facilmente uma mulher que me aliviaria em segundos, desde meu divórcio, era tecnicamente o que fazia: uma trepada bem feita uma vez na semana. Mas duvidaria que meu corpo iria querer outra mulher, queria Yulia.Pego meu celular, pronto para fazer a última ligação da noite, hesitando por um momento quando a minha mente a imagina da pior forma que poderia imaginar naquele momento: quase nua.Engulo em seco quando o celular começa a chamar, esperando ansiosamente que ela atenda. No entanto, a frustração toma conta quando a chamada vai para a caixa postal. Por um momento, esqueço de toda a tensão acumulada em meu corpo e franzo o cenho, refletindo a preocupação que surge diante da falta de contato.Insisto mais
Yulia A música alta impedia que ouvisse meus próprios pensamentos, enquanto suas batidas vibravam pelo meu corpo. Nunca fui de me embebedar facilmente, mas a primeira bebida que tomei praticamente tirou meu controle completamente sobre meu corpo.Apesar de querer ir para o dormitório, simplesmente não conseguia. A atmosfera envolvente da festa e o efeito da bebida tornavam cada passo mais pesado, enquanto me via mergulhando cada vez mais na euforia do momento. O desejo inicial de escapar dissipava-se, substituído pela sensação de estar à mercê da festa, como uma folha à deriva na correnteza.— Gina? — Procuro ela entre as as pessoas ao meu redor, enxergando apenas vultos, não conseguia focar em um só rosto, muito menos encontrar Gina — Gina! — Meus passos são oscilantes, esbarro em algumas pessoas e até mesmo movéis a medida que ando sem uma direção certa.Mas apesar de todo meu esforço, não estava encontrando Gina. Ela poderia estar em um dos quartos no andar de cima, se pegando com
RenzoNão foi difícil encontrar uma festa no campus; o verdadeiro desafio seria localizar Yulia em meio a mais de cem estudantes. O som alto, as luzes pulsantes e a agitação da multidão tornavam a tarefa de encontrá-la um verdadeiro labirinto.As pessoas que não estavam bêbadas ou até mesmo drogadas além do limite, me olhavam com a surpresa estampada em seus rostos, enquanto olhava cada canto do cômodo que deveria ser a sala de estar. Uma parte de mim implorava para não encontrar Yulia como alguns casais, praticamente quase nus, prestes a transarem na frente de todos.Não sabia se meu coração aguentaria.Paro abruptamente quando Leonard Miller aparece de repente na minha frente, seus olhos parcialmente arregalados e a expressão assustada.— É a Yulia, não sei o que ela tem — diz rapidamente e antes mesmo que processasse suas palavras, o sigo escada acima correndo, ignorando algumas cenas no caminho. Paro bruscamente na frente de uma porta, observando ele se jogar em cima da cama que