Capítulo 3

                             Renzo

—  Releve — diz Katherine, madrasta de Yulia — Ela não está em um de seus melhores dias. O pai dela acabou de morrer e antes disso...

— A mãe se suicidou — digo em tom calmo. Katherine assenti, olhando para o chão — Por causa da depressão.

Ela sustenta meu olhar.

— Então entende que ela tem motivos suficientes para agir desta forma — Fico em silêncio, já que não sei basicamente o que dizer. Nunca passei por uma situação parecida, mesmo tendo crescido longe da minha mãe, mesmo assim não se comparava com uma perda literalmente — Então... faça seu trabalho e garanta que ninguém irá machucar ela — Mantenho meu olhar fixo em um ponto invisível, enquanto Katherine se retira do cômodo.

        Instantes depois, giro meu tronco e sigo na direção em que Yulia foi, minutos antes havia sido conduzido por toda a casa, como um tuor e graças a minha memória fotográfica, sabia onde cada cômodo ficava, inclusive o quarto de Yulia.

Me coloco ao lado da porta, encarando a parede em frente, percebendo que apenas uma parede me separava dela. A mulher que todos os homens da boate, inclusive eu, queria saber pelo menos, agora estava bem ali, ao meu alcance e se chamava Yulia.

         Yulia — Repito em minha mente — Minha pequena e atrevida Yulia.

Um leve sorriso ergue um dos cantos da minha boca, enquanto tento manter minha mente livre das imagens que estava montando por si própria, isto incluía parar de prestar atenção nos pequenos detalhes que a compunha, como por exemplo: a boca pequena e carnuda, que facilmente conseguia imaginar me chupando, enquanto mantinha seus olhos redondos fixos em mim.

Porra, Renzo, se concentra!

         Sacudo minha cabeça, limpando minha mente.

Yulia sai do quarto horas depois, no jantar, ignorando completamente a minha presença, ao manter uma distância que talvez considerasse segura entre nós, a medida em que andava em direção da sala de jantar, aonde Katherine terminava de colocar a mesa.

— Ele vai ficar me seguindo para toda parte? — Katherine olha para mim e novamente para a enteada.

— Esta é a função dele aqui, Yulia.

— Não era mais fácil ter colocado um rastreador em mim?

— Yulia, isto é sério — diz Katherine sem paciência — Pode estar neste exato momento correndo risco de vida e tudo por causa do seu pai. — Yulia mantém a cabeça baixa, o cabelo em frente ao rosto, impedindo que deduzisse o que poderia estar passando em sua mente naquele momento — Então, por favor, deixa o Renzo fazer o trabalho dele, está bem? — Yulia vira o rosto na minha direção, a expressão séria, me olhando de cima a baixo, antes de voltar sua atenção para a madrasta.

— Se você quer assim, que seja.

         Katherine se aproxima dela afagando seu rosto, antes de olhar para mim.

— Pode ir, Renzo.

        Hesito por um momento, antes de sair do cômodo e invés de ir jantar, prefiro checar todo o perímetro, mesmo acreditando que os dois policiais a paisana na rua, já tenham feito isto do lado de fora, mas não do lado de dentro.   

         Enquanto checo meticulosamente todo o perímetro, certifico-me de que nada tenha passado despercebido. Cada canto é examinado, cada sombra é investigada, numa busca incessante pela segurança e tranquilidade necessárias. No entanto, mesmo mergulhado nas tarefas práticas de proteção, a mente não pode se desviar da compreensão mais profunda da situação.

A percepção da solidão que envolve Yulia e sua madrasta torna-se evidente. Essa compreensão lança luz sobre muitos aspectos, especialmente a preocupação palpável de Katherine com a enteada.

 Após verificar minuciosamente todo o perímetro, algo chama minha atenção. Uma figura na janela do quarto de Yulia atrai meu olhar, e percebo que ela me observava.

No entanto, assim que ela percebe que a notei, se afasta rapidamente da janela, como se tentasse se esconder da minha visão.

Após mais uma olhada ao redor, decido adentrar a casa novamente, determinado a realizar uma verificação minuciosa em cada cômodo. O silêncio que paira na residência parece intensificar minha atenção, e cada passo é calculado para garantir que nenhum detalhe escape à minha vigilância.

Cada cômodo é examinado com cuidado, uma busca por qualquer sinal de anormalidade. As sombras dançam nas paredes conforme percorro os corredores, um testemunho silencioso da responsabilidade que assumi para garantir a segurança de Yulia e sua madrasta.

Ao chegar ao quarto de Yulia, uma pausa momentânea se estabelece, antes que eu bata na porta, esperando uma resposta do outro lado.

A porta abre de repente, Yulia ergue as sobrancelhas ao sustentar meu olhar.

— O que você quer?

— Preciso olhar o seu quarto.

— Por quê?

— Apenas para garantir que não ninguém está se escondendo aqui.  

— Não acha que se estivesse alguém aqui, já não estaria morta?

Adentro o quarto com a mesma atenção detalhada, examinando cada canto, ignorando seu questionamento que para mim foi retórico.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo