Yulia Ao sair da aula, meu celular toca pela centésima vez com o nome de Renzo no visor.— Eu estou bem — digo enquanto alguns estudantes passam ao meu redor, conversando entre si, prestes a desligar ouço a sua voz.— Tem certeza? — Paro por um instante de andar, tentando evitar que a minha mente associe sua voz rouca com o modo como me olhou no carro.— Se eu não estivesse, não atenderia o celular, não é? — digo antes de desligar, com a certeza que precisava manter o minímo de diálogo possível.Ando na direção de Gina que digitava algo rapidamente no celular, enquanto sorria.— Por que o sorriso? — Ela ergue o olhar, guardando o celular.— Vai ter uma festa de fraternidade — Reviro os olhos, voltando a andar, agora com ela ao meu lado.— Não deveria estar pensando em estudar para as provas finais?Gina ergue as sobrancelhas, inclinando a cabeça para o lado.— Quem é você e o que fez com a minha amiga? A garota mais festeira que eu conheço? Solto o ar bruscamente dos pulmões.— N
Renzo Minha mão sobe e desce por cima da calça, enquanto minha mente contava os minutos para ligar novamente para Yulia. Apesar de ser errado, não havia ninguém olhando e precisava desesperadamente me aliviar, caso contrário, gozaria em apenas ouvir a voz dela.Poderia encontrar facilmente uma mulher que me aliviaria em segundos, desde meu divórcio, era tecnicamente o que fazia: uma trepada bem feita uma vez na semana. Mas duvidaria que meu corpo iria querer outra mulher, queria Yulia.Pego meu celular, pronto para fazer a última ligação da noite, hesitando por um momento quando a minha mente a imagina da pior forma que poderia imaginar naquele momento: quase nua.Engulo em seco quando o celular começa a chamar, esperando ansiosamente que ela atenda. No entanto, a frustração toma conta quando a chamada vai para a caixa postal. Por um momento, esqueço de toda a tensão acumulada em meu corpo e franzo o cenho, refletindo a preocupação que surge diante da falta de contato.Insisto mais
Yulia A música alta impedia que ouvisse meus próprios pensamentos, enquanto suas batidas vibravam pelo meu corpo. Nunca fui de me embebedar facilmente, mas a primeira bebida que tomei praticamente tirou meu controle completamente sobre meu corpo.Apesar de querer ir para o dormitório, simplesmente não conseguia. A atmosfera envolvente da festa e o efeito da bebida tornavam cada passo mais pesado, enquanto me via mergulhando cada vez mais na euforia do momento. O desejo inicial de escapar dissipava-se, substituído pela sensação de estar à mercê da festa, como uma folha à deriva na correnteza.— Gina? — Procuro ela entre as as pessoas ao meu redor, enxergando apenas vultos, não conseguia focar em um só rosto, muito menos encontrar Gina — Gina! — Meus passos são oscilantes, esbarro em algumas pessoas e até mesmo movéis a medida que ando sem uma direção certa.Mas apesar de todo meu esforço, não estava encontrando Gina. Ela poderia estar em um dos quartos no andar de cima, se pegando com
RenzoNão foi difícil encontrar uma festa no campus; o verdadeiro desafio seria localizar Yulia em meio a mais de cem estudantes. O som alto, as luzes pulsantes e a agitação da multidão tornavam a tarefa de encontrá-la um verdadeiro labirinto.As pessoas que não estavam bêbadas ou até mesmo drogadas além do limite, me olhavam com a surpresa estampada em seus rostos, enquanto olhava cada canto do cômodo que deveria ser a sala de estar. Uma parte de mim implorava para não encontrar Yulia como alguns casais, praticamente quase nus, prestes a transarem na frente de todos.Não sabia se meu coração aguentaria.Paro abruptamente quando Leonard Miller aparece de repente na minha frente, seus olhos parcialmente arregalados e a expressão assustada.— É a Yulia, não sei o que ela tem — diz rapidamente e antes mesmo que processasse suas palavras, o sigo escada acima correndo, ignorando algumas cenas no caminho. Paro bruscamente na frente de uma porta, observando ele se jogar em cima da cama que
Yulia Viro de lado na cama, imaginando que ainda teria alguns minutos de sono antes do alarme tocar. O pensamento persistiu por alguns segundos, até que ainda com os olhos fechados, começo a prestar atenção nos barulhos ao meu redor e invés de ouvir os roncos de Gina, escuto pessoas conversando, barulhos de aparelhos e até mesmo uma voz quase robótica chamando por alguém.Onde diabos eu estava?! Abro meus olhos com o cenho franzido, dando de cara com uma parede branca e um frequencímetro.— Bom dia, Bela Adormecida — Viro meu corpo na direção da voz de Renzo, o encontrando sentado em uma poltrona em frente da cama — Ou deveria ser Cinderela? — Ele inclina a cabeça para o lado com a expressão séria. Meus olhos vagam pelo cômodo, concluído que de fato estava em um hospital.— Por que estou em um hospital? — pergunto em meio a confusão dos meus pensamentos e ruídos externos. Ele dá de ombros, começando a se tornar irritante o modo como me olhava.— Eu que deveria perguntar i
Renzo Percebo dois homens passando por mim, indo na direção do quarto de Yulia, com um deles segurando um buquê de rosas. Imediatamente, minha atenção é capturada pela cena, e um instinto protetor se acende. Decido segui-los discretamente, mantendo uma distância segura enquanto observo seus movimentos em direção ao quarto de Yulia.A poucos metros do quarto de Yulia, o buquê é jogado no chão, e uma arma com silenciador fica em evidência, enquanto o segundo homem tira uma arma da cintura. Meus instintos falam mais alto quando um deles está prestes a abrir a porta do quarto. Atiro, atraindo assim a atenção do outro homem, que responde atirando na minha direção.Gritos ecoam no corredor enquanto trocamos tiros, a tensão aumentando a cada disparo.Tenho a impressão de que meu coração para por um momento quando atiram contra a porta diversas vezes, fazendo-me lembrar apenas de Yulia deitada na cama. Continuo atirando, conseguindo atingir um dos homens; o outro, se vendo encurralado, foge,
Yulia Me mantive em silêncio durante o trajeto para casa, encolhida no banco do carona.Percebia o olhar de Renzo na minha direção de vez em quando, como se quisesse ter certeza de que eu estava bem e não surtando pelo fato de quase ter sido morta. Nunca fiquei tão feliz por querer tomar um café, pois no final das contas, foi o que salvou a minha vida.Não esperei Renzo terminar de estacionar o carro. Desci do veículo e me dirigi à porta, diminuindo meus passos ao encontrá-la entreaberta. Meus olhos vagaram pela sala de estar revirada, com objetos quebrados e outros largados pelo cômodo. A visão da desordem dentro de minha casa despertou uma mistura de frustração e preocupação, e eu me apressei a entrar, tentando entender o que havia acontecido na minha ausência.— Kate — Chamo, imaginando que ela deveria estar prestes a redecorar o lugar ou algo do tipo — Kate? — insisto.Olho para Renzo parado na porta, esperando que por alguma razão ele soubesse o que tivesse acontecido ali.— Fiq
Renzo — Não vou dormir nesta espelunca — Yulia reclama, parada na porta do quarto do motel.Aquele quarto de motel não era diferente de alguns que havia frequentado nos últimos meses. Os lençóis eram questionáveis, assim como o carpete gasto e o banheiro com luz amarela. Não duvidava que fosse algo assustador para Yulia, já que não deveria frequentar ambientes como aquele.— Você nunca... — Hesito, sem saber como abordar a questão que havia surgido em minha mente e que temia ouvir a resposta. Não tinha mais vinte anos e, poderia infartar com mais facilidade — esteve em um quarto de motel? Ela me olha incrédula, abrindo e fechando a boca sem conseguir formular uma frase.— Por acaso tenho cara do quê? Prostituta?! — Respiro aliviado — Não sou como a Kim, com certeza ela já esteve em lugares piores que este.— E quem é essa Kim? — Não que me importasse, mas queria puxar conversa e a fazer entrar naquele quarto. E quem sabe até tomar um banho e... ficar só de calcinha e sutiã.Sacud