*Diana Rodrigues*O ônibus lotado me faz lembrar todos os dias de como é difícil ser pobre - claro que estou sendo irônica. Hoje, por sorte, consegui um lugar para sentar, o que nem sempre acontece, especialmente em uma sexta-feira. Estou feliz e grata por isso, olhando a paisagem e rezando para que ninguém precise do meu assento, pois estou exausta. Trabalhei a semana inteira e minha folga só será na quarta-feira. Quando nascemos pobres, parece que moramos no trabalho e visitamos nossa casa.José costuma pegar o ônibus dois pontos depois do meu, e estou guardando um lugar para ele ao meu lado. Quem anda de ônibus sabe o quão difícil é segurar um lugar sem arrumar confusão. José, o meu melhor amigo e que eu amo muito, entra pela porta e já acena para mim, e eu solto um sorriso, mostrando que o lugar dele está guardado. Mas uma mulher, que aparenta ter uns trinta e cinco anos, entra primeiro que ele e observa atentamente o banco ao meu lado. Travamos uma batalha de olhares entre eu, a
*Diana Rodrigues*Ao olhar para o homem alto de pernas grossas à minha frente, soltei o comentário mais idiota que poderia ter dito ao dono do hotel onde trabalho." Lindas", falei."Do que está falando? Acha bonito ter quebrado meu relógio de coleção?", ele brigou comigo."Desculpe-me, senhor. Peço que não me demita. Preciso do emprego.""Não costumo dar segundas chances a funcionários como você.""Por favor, reconsidere. Minha família depende de mim e eu preciso do emprego. Se for preciso, peço desculpas e me ajoelho à sua frente." Ele bufou e disse:"Leve alguns dos meus ternos para passar, pois estão amassados, e depois os traga de volta. Tenho alguns compromissos e estou atrasado. Enquanto isso, vou pensar no que fazer com você." Ele saiu de perto de mim, pegou três ternos e me entregou."Sim, senhor." Peguei os ternos, a vassoura e o pano. "Obrigada, senhor."O pano caiu no chão. Tinha que ser assim. Não seria eu se não deixasse nada cair. Me abaixei, mas não da forma correta e
*Aslan Murabak*A viagem para o Brasil foi algo que me deixou irritado. Meu pai me fez visitar todos os hotéis que eu comprei, e isso não estava nos meus planos. Eu queria ir para Nova York; esse era meu plano. Sou árabe e não sigo todas as "regras". Desde jovem, tive que aprender a lidar com nossos negócios, já que meu pai não é um bom administrador. Dizem que somos um povo que sabe negociar, mas meu pai é terrível com negócios. Na verdade, ele perdeu todo o nosso dinheiro quando eu tinha apenas quinze anos, e nosso país estava passando por uma crise. E eu tive que ajudar, senão perderíamos tudo.Fui para a faculdade e deixei meu país. Precisava voar e expandir meus negócios, importar meus produtos e muitas oportunidades surgiram, como a rede de hotéis do meu tio que estava tendo problemas financeiros depois que seu filho começou a assumir tudo, e eu comprei. Vim ao Brasil para ver como as coisas estão indo aqui, e meu pai me forçou a ver todos os hotéis da rede, e para evitar confli
*Diana Rodrigues*Eu estava encostada na parede e minhas lágrimas caíam no meu rosto de raiva. E agora eu devo a minha vida inteira a ele, e como vou fazer para pagar? Trabalhar de graça por tanto tempo? Como vou fazer para sustentar a minha família? E ainda mais com o desmiolado do meu irmão, que só pensa em festas e comprar coisas para a moto dele, esquecendo das necessidades básicas, e minha mãe, que é uma mulher boa, mas gosta muito de ter luxos exagerados que não condizem com a nossa situação financeira. Uma mão está em meu ombro e me assusto.— O que está acontecendo? Por que está chorando? - o sotaque do homem era igual ao do meu chefe, deveria ser um dos empregados dele - Posso te ajudar?— Não é nada, só aconteceram umas coisas comigo. Sempre acontecem.— Eu posso ajudar você?— Não, infelizmente não pode - respirei fundo - Obrigada.— Vou ficar na cidade até o fim da semana, fique com meu cartão, me contate por mensagem se precisar, diga que é a moça chorosa do hotel que eu
Diana Rodrigues "Eu quero falar com você", o dono do hotel me fala, mas Sônia me grita."Diana! Você já está causando problemas com o chefe de novo?" - já vem a gerente vaca - "Me desculpe senhor, eu vou levar essa incompetente daqui antes que cause mais confusão.""Olha Sônia, não estou causando confusão nenhuma", ele me observa sendo levada por ela."Não faça mais besteiras", foi somente o que ele disse, então segui caminho com a minha gerente."Já que sua dívida com o hotel é muito grande, você está escalada para fazer horas extras. Quando eu chamar, você deve estar pronta.""Tá bom Sônia, eu faço as horas extras", concordo."E hoje, além das suítes, você irá limpar o banheiro dos funcionários depois do seu expediente.""Mas vai ser no horário de entrada e saída do pessoal, vai estar cheio de pessoas, será serviço jogado fora, eu posso terminar de limpar.""Diana, faça o que eu mandei, querida."Limpar o banheiro na entrada e saída dos funcionários era um castigo quando uma de nós
Diana Rodrigues"Mãe, eu tô no meu trabalho ainda, estou fazendo hora extra.""Aí, minha filha, você não sabe o que seu irmão fez?" - ela estava chorando."O que esse irresponsável fez?""Não fala assim do seu irmão, minha filha, sabe que ele tem pouco juízo, mas é responsável.""De onde que o Alex é responsável, mãe? Ele é um louco que só faz merda e só pensa nele.""Filha, seu irmão está no hospital. E o nosso vizinho vai nos levar.""Hospital?" - ela chora e responde."Sim, no hospital. Eu tô indo para lá, me ligaram agora. Ele sofreu um acidente e eu não sei de mais nada, só me falaram que ele tava no hospital e eu tô tão nervosa, filha.""Que hospital ele está, mãe?""Ele tá no São Vicente, parece que foi lá perto.""Mãe, o São Vicente é particular, por que levaram ele pra lá? Misericórdia de Deus, como a gente vai pagar?""Eu também não sei. Filha, pensa na saúde do seu irmão agora.""Tá bem, mamãe. Vou pedir dispensa do trabalho e ir o mais rápido.""Eu já tô indo, filha, te es
Diana Rodrigues "Diana, do que você está falando?" perguntou Juninho Bad Boy."Juninho." Ele beijou minha mão.Juninho, que sempre foi tão pobre quanto nós, de repente começou a ter uma vida luxuosa. Ele costumava ser um garoto franzino, com cabelos loiros e olhos de uma cor indecifrável, talvez verde ou talvez azul. Mas agora, ele se tornou um garoto forte e musculoso, e as mulheres o adoram. Recentemente, ele apareceu com um carro caríssimo, embora eu não saiba como ele conseguiu o dinheiro. Meu irmão e ele se tornaram amigos próximos, apesar de eu ter avisado Alex para ter cuidado.As pessoas no bairro diziam que Juninho estava lidando com drogas, mas eu nunca soube ao certo de onde vem o dinheiro dele. Espero que ele esteja aqui no hospital para visitar meu irmão e que essa história de pagamento seja apenas uma brincadeira."Olá, Juninho", eu o cumprimentei."Você se casou?" Ele apontou para Zyan."Ele trabalha no mesmo hotel que eu e, quando soube do acidente do meu irmão, veio
"Zyan, você deve estar cansado. Se quiser ir, pode ir", disse após encontrá-lo pelos corredores."Eu não estou cansado. E você, não está cansada?", perguntou."Estou exausta. Acho que vou para casa. Meu irmão não corre mais risco de vida e eu preciso tomar um banho, tirar essa roupa suja e dormir. Hoje foi um dia bem cansativo para mim", respondi."Meu motorista está nos aguardando lá fora. Eu levo você para casa", ofereceu."Imagina, não precisa. Eu pego um táxi depois", agradeci."Deixe de bobagem. Eu levo você para casa. Já está tarde e ficarei mais tranquilo em saber que está segura", insistiu."Zyan, vou aceitar a sua carona, pois estou muito cansada. Provavelmente minha mãe não vai embora e ficará com meu irmão. Depois de um dia em que tudo deu errado, eu mereço pelo menos dormir um pouco", concordei.Quando entrei no quarto do hospital, encontrei minha mãe vendo o filho dormir. Abri a porta bem devagar e observei a cena de como uma mãe pode amar tanto um filho. Naquele momento,