*Diana Rodrigues*
Ao olhar para o homem alto de pernas grossas à minha frente, soltei o comentário mais idiota que poderia ter dito ao dono do hotel onde trabalho.
" Lindas", falei.
"Do que está falando? Acha bonito ter quebrado meu relógio de coleção?", ele brigou comigo.
"Desculpe-me, senhor. Peço que não me demita. Preciso do emprego."
"Não costumo dar segundas chances a funcionários como você."
"Por favor, reconsidere. Minha família depende de mim e eu preciso do emprego. Se for preciso, peço desculpas e me ajoelho à sua frente." Ele bufou e disse:
"Leve alguns dos meus ternos para passar, pois estão amassados, e depois os traga de volta. Tenho alguns compromissos e estou atrasado. Enquanto isso, vou pensar no que fazer com você." Ele saiu de perto de mim, pegou três ternos e me entregou.
"Sim, senhor." Peguei os ternos, a vassoura e o pano. "Obrigada, senhor."
O pano caiu no chão. Tinha que ser assim. Não seria eu se não deixasse nada cair. Me abaixei, mas não da forma correta e sim constrangedora. Acabei ficando virada para o dono do hotel onde trabalho. Dessa vez, ele me demitiria. Eu só faço coisas erradas. Nem olhei para trás. Saí da suíte e corri para o elevador de serviço.
Eu nunca tive muita sorte na vida; isso é um fato. Quando era pequena e ganhava um presente bonito, vinha uma criança e quebrava-o. Minhas amigas sempre atraíam a atenção do rapaz mais bonito, conseguiam o melhor emprego - e não é inveja, pois eu torcia por elas. É somente uma questão de falta de sorte minha. Acho que minha aparência não agradava, com meus óculos, roupas simples e meu corpo não ajudando muito. Sempre fui a feia da turma. Hoje estou aqui, não consegui realizar meu sonho de fazer faculdade, tive que trabalhar para ajudar em casa, enquanto meu irmão fazia faculdade, comprava sua moto e ia para as baladas. Mas, pela minha mãe, eu faria tudo de novo. Eu sentia pena daquela pobre mulher que trabalhava dia após dia para nos sustentar sozinha e dar uma vida digna, mas mamãe, além de fazer tudo o que meu irmão queria, ela também gostava de gastar o que não tinha, e eu era sempre a que pagava o que os dois gastavam. Não sobrava muito para mim.
Eu desci pelo elevador de serviço e corri para a lavanderia. Lá, eu iria pedir a alguém que passasse os ternos do meu chefe, o dono do hotel. Todas as garotas estavam ocupadas, e lembram da minha sorte? Ninguém quis passar os ternos para mim. Mas eu já havia feito isso antes; passar roupas era moleza, então lá fui eu passar o terno dele. Eu passei o primeiro e o segundo terno, e quando estava finalizando o terceiro, minha gerente me chamou.
"Diana, o que está fazendo aqui na lavanderia? Você sabe que deveria estar limpando as suítes lá da cobertura, não é mesmo? Como pode ser tão incompetente?", ela colocou as mãos na cintura.
"Eu já terminei o meu trabalho", Sirlene saiu não sei de onde, aquela vaca, "enquanto Diana fica brincando e não faz o trabalho dela", ela deu um sorrisinho, pois sabia que a gerente brigaria comigo.
"Estou passando o terno de um hóspede, ele me pediu…"
"Você sabe que isso não é sua função", ela aponta o dedo para mim, "sua função aqui é limpar e não passar roupas. Hoje mesmo vou deixar isso claro para você."
"Ele é o…", tento dizer.
"Não quero saber quem ele é, você leve os ternos para o cliente e vá até minha sala", e saiu reclamando.
"Acho que alguém vai ser demitida hoje", Sirlene me provoca, "e eu vou rir muito de você. Não vejo a hora de poder dizer adeus e nunca mais ver essa sua cara de boba."
"Olha aqui, sua…" - mas quando eu vou xingar aquela vaca, o cheiro de queimado chega até meu nariz.
"Diana, está vendo como você só faz bobagem? Quero ver você ficar aqui depois de queimar o terno do dono do hotel. Ele vai acabar com você. Talvez eu esteja com pena de você. Será a próxima desempregada da cidade", ela saiu rindo, me deixando lá com aquele problema.
Eu sabia que aqueles ternos custavam muito dinheiro, assim como o relógio. E o terno estava queimado. A marca do ferro estava estampada nas costas do casaco, e se ele não tinha me despedido até agora, com toda certeza ele me mandaria embora, e o dinheiro que eu tenho para receber do meu acerto do tempo de serviço não vai dar para pagar esse terno, muito menos o relógio. O que vou fazer? Primeiro vou subir lá e encarar a fera, depois eu vou tentar fazer um acordo com ele.
Com o terno queimado nas mãos, subi até lá. Peguei o elevador de serviço e fui para o último andar. Minha cabeça pensava em mil formas de como eu iria falar com ele. Uma coisa era certa: a rua seria o meu futuro, meu destino e minha ruína. Eu precisava tanto daquele trabalho, mas não podia simplesmente deixar o terno lá. Iria ser demitida do mesmo jeito. Saí do elevador e fui rumo à porta da suíte dele. Bati e logo ela foi aberta.
"Entre e coloque em cima da cama", ele estava no telefone. "E pode sair", ele não ia me demitir. Quase gritei de felicidade, mas eu tinha que falar do terno. Eu sempre estava em apuros. "Eu não quero me casar", a pessoa do outro lado da linha deve ter falado mais coisas e ele respondeu: "Eu não vou me casar, não vou me render às vontades de meu pai. Não sou um garotinho que ele manda e desmanda."
A conversa dele durou um bom tempo e eu fiquei ali ouvindo. Pelo que entendi, ele já deveria ter se casado há alguns anos. Parece que o pai dele estava fazendo de tudo para que ele se casasse ou seria punido. Ouvi que lá é por hierarquia, um clã que passa do pai para o filho mais velho. E ouvindo tudo ali como uma estátua com os ouvidos funcionando bem, ele estava bravo, pois ao que parece ele que levantou a fortuna da família que o pai não soube administrar e perdeu tudo em negócios sucedidos.
"O que você está fazendo aqui?" - ele estava furioso. "Estava ouvindo minha conversa?"
" Preciso falar com o senhor."
"Irmão, tem uma funcionária insistente aqui e escutando minha conversa. Vou desligar o telefone e demiti-la." Ele disse algumas palavras em outro idioma. "O que você quer? Não tenho tempo para ficar prestando atenção à conversa dos funcionários. Já não basta o que fez com meu relógio?"
"Eu", respirei fundo, fechei os olhos e disse: "Aconteceu um acidente com o seu terno."
"O que você fez?" - ele me olhou rapidamente.
"Queimou com o ferro, mas…"
"Queimou meu terno? Você não faz nada certo? Eu quero você longe de mim", eu tinha que concordar com ele, precisava ficar longe desse homem. Tenho medo do que eu possa fazer. "Vou descontar o valor do seu salário e enquanto não pagar tudo, você fica presa a este emprego."
"E quanto custa esse terno?" - perguntei com medo da resposta.
"Não sei, vinte ou trinta mil, depende da marca, não sei ao certo. Agora saia da minha frente, tenho outras coisas para fazer e problemas para resolver."
"Só mais uma pergunta. Vinte ou trinta mil reais?"
"Dólares. Não compro roupa no Brasil."
"Meu Deus", sento no sofá e começo a chorar. "Eu estou perdida."
"Você é uma garota que não presta atenção em nada." - ele se aproxima de mim e me observa, os olhos correm entre meu rosto e corpo.
"Não foi culpa minha, foi minha gerente que tirou minha atenção brigando comigo."
"Isso é um sinal de que você não é uma boa funcionária. Agora, saía. Tenho outras coisas para fazer. Vou pedir que descontem do seu salário o valor das avarias que você causou hoje. Qual é o seu nome?"
" Diana" - eu estava chorando de raiva - "Diana Rodrigues. Peça para descontar do meu salário, por favor. Com licença." - Ele já estava sentado à mesa olhando para o computador e, pelo visto, nem estava mais prestando atenção no que eu estava falando.
E assim saí da suíte e fechei a porta. Eu não podia acreditar que ficaria presa aqui por anos, pagando tudo isso e ainda tendo que aguentar a vaca da minha gerente que só me maltrata. Meus olhos estavam cheios de lágrimas e eu não sabia o que fazer. Mas então, senti uma mão em meu ombro.
*Aslan Murabak*A viagem para o Brasil foi algo que me deixou irritado. Meu pai me fez visitar todos os hotéis que eu comprei, e isso não estava nos meus planos. Eu queria ir para Nova York; esse era meu plano. Sou árabe e não sigo todas as "regras". Desde jovem, tive que aprender a lidar com nossos negócios, já que meu pai não é um bom administrador. Dizem que somos um povo que sabe negociar, mas meu pai é terrível com negócios. Na verdade, ele perdeu todo o nosso dinheiro quando eu tinha apenas quinze anos, e nosso país estava passando por uma crise. E eu tive que ajudar, senão perderíamos tudo.Fui para a faculdade e deixei meu país. Precisava voar e expandir meus negócios, importar meus produtos e muitas oportunidades surgiram, como a rede de hotéis do meu tio que estava tendo problemas financeiros depois que seu filho começou a assumir tudo, e eu comprei. Vim ao Brasil para ver como as coisas estão indo aqui, e meu pai me forçou a ver todos os hotéis da rede, e para evitar confli
*Diana Rodrigues*Eu estava encostada na parede e minhas lágrimas caíam no meu rosto de raiva. E agora eu devo a minha vida inteira a ele, e como vou fazer para pagar? Trabalhar de graça por tanto tempo? Como vou fazer para sustentar a minha família? E ainda mais com o desmiolado do meu irmão, que só pensa em festas e comprar coisas para a moto dele, esquecendo das necessidades básicas, e minha mãe, que é uma mulher boa, mas gosta muito de ter luxos exagerados que não condizem com a nossa situação financeira. Uma mão está em meu ombro e me assusto.— O que está acontecendo? Por que está chorando? - o sotaque do homem era igual ao do meu chefe, deveria ser um dos empregados dele - Posso te ajudar?— Não é nada, só aconteceram umas coisas comigo. Sempre acontecem.— Eu posso ajudar você?— Não, infelizmente não pode - respirei fundo - Obrigada.— Vou ficar na cidade até o fim da semana, fique com meu cartão, me contate por mensagem se precisar, diga que é a moça chorosa do hotel que eu
Diana Rodrigues "Eu quero falar com você", o dono do hotel me fala, mas Sônia me grita."Diana! Você já está causando problemas com o chefe de novo?" - já vem a gerente vaca - "Me desculpe senhor, eu vou levar essa incompetente daqui antes que cause mais confusão.""Olha Sônia, não estou causando confusão nenhuma", ele me observa sendo levada por ela."Não faça mais besteiras", foi somente o que ele disse, então segui caminho com a minha gerente."Já que sua dívida com o hotel é muito grande, você está escalada para fazer horas extras. Quando eu chamar, você deve estar pronta.""Tá bom Sônia, eu faço as horas extras", concordo."E hoje, além das suítes, você irá limpar o banheiro dos funcionários depois do seu expediente.""Mas vai ser no horário de entrada e saída do pessoal, vai estar cheio de pessoas, será serviço jogado fora, eu posso terminar de limpar.""Diana, faça o que eu mandei, querida."Limpar o banheiro na entrada e saída dos funcionários era um castigo quando uma de nós
Diana Rodrigues"Mãe, eu tô no meu trabalho ainda, estou fazendo hora extra.""Aí, minha filha, você não sabe o que seu irmão fez?" - ela estava chorando."O que esse irresponsável fez?""Não fala assim do seu irmão, minha filha, sabe que ele tem pouco juízo, mas é responsável.""De onde que o Alex é responsável, mãe? Ele é um louco que só faz merda e só pensa nele.""Filha, seu irmão está no hospital. E o nosso vizinho vai nos levar.""Hospital?" - ela chora e responde."Sim, no hospital. Eu tô indo para lá, me ligaram agora. Ele sofreu um acidente e eu não sei de mais nada, só me falaram que ele tava no hospital e eu tô tão nervosa, filha.""Que hospital ele está, mãe?""Ele tá no São Vicente, parece que foi lá perto.""Mãe, o São Vicente é particular, por que levaram ele pra lá? Misericórdia de Deus, como a gente vai pagar?""Eu também não sei. Filha, pensa na saúde do seu irmão agora.""Tá bem, mamãe. Vou pedir dispensa do trabalho e ir o mais rápido.""Eu já tô indo, filha, te es
Diana Rodrigues "Diana, do que você está falando?" perguntou Juninho Bad Boy."Juninho." Ele beijou minha mão.Juninho, que sempre foi tão pobre quanto nós, de repente começou a ter uma vida luxuosa. Ele costumava ser um garoto franzino, com cabelos loiros e olhos de uma cor indecifrável, talvez verde ou talvez azul. Mas agora, ele se tornou um garoto forte e musculoso, e as mulheres o adoram. Recentemente, ele apareceu com um carro caríssimo, embora eu não saiba como ele conseguiu o dinheiro. Meu irmão e ele se tornaram amigos próximos, apesar de eu ter avisado Alex para ter cuidado.As pessoas no bairro diziam que Juninho estava lidando com drogas, mas eu nunca soube ao certo de onde vem o dinheiro dele. Espero que ele esteja aqui no hospital para visitar meu irmão e que essa história de pagamento seja apenas uma brincadeira."Olá, Juninho", eu o cumprimentei."Você se casou?" Ele apontou para Zyan."Ele trabalha no mesmo hotel que eu e, quando soube do acidente do meu irmão, veio
"Zyan, você deve estar cansado. Se quiser ir, pode ir", disse após encontrá-lo pelos corredores."Eu não estou cansado. E você, não está cansada?", perguntou."Estou exausta. Acho que vou para casa. Meu irmão não corre mais risco de vida e eu preciso tomar um banho, tirar essa roupa suja e dormir. Hoje foi um dia bem cansativo para mim", respondi."Meu motorista está nos aguardando lá fora. Eu levo você para casa", ofereceu."Imagina, não precisa. Eu pego um táxi depois", agradeci."Deixe de bobagem. Eu levo você para casa. Já está tarde e ficarei mais tranquilo em saber que está segura", insistiu."Zyan, vou aceitar a sua carona, pois estou muito cansada. Provavelmente minha mãe não vai embora e ficará com meu irmão. Depois de um dia em que tudo deu errado, eu mereço pelo menos dormir um pouco", concordei.Quando entrei no quarto do hospital, encontrei minha mãe vendo o filho dormir. Abri a porta bem devagar e observei a cena de como uma mãe pode amar tanto um filho. Naquele momento,
Aslan Murabak Lemi simplesmente desapareceu, ele estava comigo e com Aisha, visitando as instalações do hotel e simplesmente sumiu, Lemi Zyan Murabak, o príncipe de Kudsi. Se tratando do meu irmão pode se dizer que é algo normal. Papai já quis deserdá-lo pelas loucuras que já fez. Ele é o advogado da família e Aisha a que cuida da contabilidade."Aisha, você sabe onde seu irmão está?""Não, ele estava aqui e sumiu como poeira no vento.""Como sempre fugindo."Meu irmão pelo jeito já tinha desaparecido e não voltaria, se bem o conheço, então continuei a visita ao hotel e a primeira coisa que eu iria mudar, seria a gerência. Odeio pessoas que ficam puxando saco. Não gostei do homem e nem faço questão de lembrar o nome dele, pois ele será demitido, nós ficaremos aqui no Brasil poucos dias e tenho que deixar tudo organizado para quando eu for embora. Olhei todos os cantos do hotel e realmente está em bom estado, mas precisa de algumas reformas e modernizar equipamentos. Meu telefone toc
Diana RodriguesEssa é minha única opção, repito a mim mesma. Depois que Zyan me trouxe em casa, fiquei sentada no sofá, esperando uma ideia surgir em minha mente, mas nada veio. Então, peguei meu celular e fiz a ligação.Conheci Renata quando comecei a trabalhar como camareira no hotel. Nossos horários muitas vezes coincidiam, e trabalhávamos juntas, tentando terminar tudo rapidamente para que ela pudesse sair mais cedo. Em uma dessas ocasiões, Renata me contou que trabalhava em um clube, não um clube qualquer, mas um clube de stripper.Renata é uma garota bonita que não teve a oportunidade de terminar seus estudos porque engravidou muito cedo e agora cuida de seu filho sozinha. Ela aceitou o trabalho no clube de strip porque o trabalho no hotel não lhe rendia dinheiro suficiente. Trabalhando no clube, ela ganharia três vezes mais e ainda poderia ficar o dia todo com seu filhinho. Segundo ela, o começo foi difícil, mas depois se acostumou e era como um trabalho normal. Renata é jovem,