*Diana Rodrigues*
Eu estava encostada na parede e minhas lágrimas caíam no meu rosto de raiva. E agora eu devo a minha vida inteira a ele, e como vou fazer para pagar? Trabalhar de graça por tanto tempo? Como vou fazer para sustentar a minha família? E ainda mais com o desmiolado do meu irmão, que só pensa em festas e comprar coisas para a moto dele, esquecendo das necessidades básicas, e minha mãe, que é uma mulher boa, mas gosta muito de ter luxos exagerados que não condizem com a nossa situação financeira. Uma mão está em meu ombro e me assusto.
— O que está acontecendo? Por que está chorando? - o sotaque do homem era igual ao do meu chefe, deveria ser um dos empregados dele - Posso te ajudar?
— Não é nada, só aconteceram umas coisas comigo. Sempre acontecem.
— Eu posso ajudar você?
— Não, infelizmente não pode - respirei fundo - Obrigada.
— Vou ficar na cidade até o fim da semana, fique com meu cartão, me contate por mensagem se precisar, diga que é a moça chorosa do hotel que eu vou saber quem é.
— Obrigada, o mundo precisa de pessoas como você, que se importam com as outras e não de pessoas más que só sabem humilhar as outras.
— Eu preciso ir, tenho uma reunião, não hesite em me ligar.
E assim, o rapaz bonito sumiu pelo corredor, e eu também precisava sumir dali, ou estaria mais encrencada do que já estou. Desci pelo elevador dos funcionários, pois tinha muito trabalho para fazer. Fui até a minha escala e vi que, além da suíte presidencial, eu também teria que limpar alguns quartos. Peguei o meu carrinho de limpeza e corri para limpar os que faltavam. Mas a minha gerente apareceu.
— Você não veio até minha sala por quê? - ela cruzou os braços.
— Eu tinha mais quartos para limpar - não disse nada sobre o que aconteceu.
— E se eu a despedisse, você não precisaria limpar nada, era só ir embora.
— Eu não posso ser despedida, e você não poderá fazer isso por muito tempo.
— Do que você está falando? - ela estava indignada.
— Que eu queimei um terno - não disse nada sobre o relógio - E agora eu vou morrer trabalhando aqui para poder pagar. Não posso ser despedida por você.
— Quem lhe falou isso? - ela estava indignada.
— O dono do hotel disse que eu devo trabalhar para pagar o terno. Pediu que eu falasse com o financeiro.
— Eu vou averiguar isso. Não posso ficar aturando você aqui por tanto tempo.
Ela saiu batendo os saltos pelo chão do corredor do hotel e provavelmente iria verificar se minha história era verdadeira ou se eu estava falando alguma mentira para que ela não pudesse me despedir. Ela era temida por todos nós, mulheres da limpeza, e podia despedir ou contratar quem ela quisesse. Era tia do gerente geral. Segui com meu trabalho, pois antes mesmo do almoço, eu já devia um carro importado para o dono do hotel. Nunca fiz essa proeza antes. Eu tentava fazer tudo certo, mas não sabia o que as pessoas tinham contra mim, pessoas como a Sirlene, que saiu do quarto e nem mesmo me avisou. Se ela tivesse feito isso, eu teria saído na hora certa, e nada disso teria acontecido comigo. Poxa, eu limpei tudo enquanto ela tirava fotos para postar em suas redes sociais, e nem assim ela me ajudou. Existem pessoas que gostam de prejudicar os outros. São pessoas que se beneficiam da bondade alheia. Tenho certeza de que não será a última vez que alguém mau virá se beneficiar de minha bondade.
Finalmente, chegou a hora do almoço, que era a única hora boa do meu dia. Eu e José almoçamos juntos, e meu amigo sempre me fazia rir. Ele também tinha uma vida difícil como eu e sempre dizia que devíamos rir, pois nossa vida já era uma tragédia. Sabíamos o quanto cada gota de suor que derramávamos era essencial para nosso sustento.
— Aí, José, tenho tanta coisa pra te contar - coloco a comida que trouxe de casa no microondas.
— Menina, senta - ele coloca a mão no peito, como se fosse ter um ataque cardíaco - Eu vi o chefe dos chefes, o todo poderoso, e ele falou comigo.
— Eu também vi e falei com ele, da forma mais desastrosa.
— Como assim? Você já o viu? Ele entrou no hotel de manhã e - ele colocou a mão na boca - O que você fez, amiga?
— Estava limpando a suíte presidencial com a Sirlene - ele faz uma careta - Enquanto eu limpava tudo, ela tirou fotos e fotos. Entrei no closet para limpar, e quando saí, dei de cara com o homem, e a Sirlene havia desaparecido.
— Não acredito que você deu de cara com o homem - ele coloca a mão na boca.
— Sim, e ainda quebrei o relógio dele, que pelo jeito vale mais que minha casa.
— Meu Deus, e o que você vai fazer?
— Espere, tem mais. Ele me pediu para passar os ternos - ele faz cara de pena - E eu fui passar os ternos. O primeiro e o segundo eu passei sem problema algum, mas quando minha gerente apareceu e começou a brigar comigo, queimei o casaco de um deles.
— Ah meu Deus.
— Sirlene riu e me disse que não via a hora de me ver sendo despedida - contei o restante da história. - E ele ficou muito bravo por eu estar ouvindo a conversa dele.
— Oh meu Deus. Como você vai fazer para pagar tudo?
— Amigo, eu vou trabalhar aqui a vida toda e não vou conseguir pagar o que devo. Sabe o valor do meu salário? Já fiz e refiz as contas e estou encrencada.
— Ah Diana, e se você vendesse um rim?
— Eu teria que vender o corpo todo e ainda assim não iria conseguir a grana.
O celular tocou. O alarme mostrava que nosso horário de almoço estava no fim e que deveríamos voltar para o nosso trabalho. Me despedi do meu amigo e fui buscar o meu carrinho para limpar mais uma das suítes que estavam na minha escala do dia. Um dos rapazes da recepção me disse para ir até o setor financeiro do hotel, e eu já sabia que teria que pagar centavo por centavo de dólar daquele terno. Então segui para lá. Uma moça muito bonita, com um lenço cobrindo os cabelos, estava me esperando.
— Eu sou Aisha, e trouxe uns papéis para você assinar. O Senhor Murabak pediu para descontar o valor do terno e do relógio do seu salário. Sinto muito.
— Eu errei. A culpa foi minha por ter deixado outras pessoas tirarem minha atenção e por ter quebrado o relógio.
— Eu tentei conversar com ele… - fomos interrompidas pelo meu chefe.
— Aisha, sem conversa com os funcionários. Ela errou e deve ser punida por isso. Ande logo com isso, preciso de você para resolver outros assuntos. - Ele mesmo pegou a caneta que estava na mão dela e me entregou. - Assine e preste mais atenção no que está fazendo.
— Sim, senhor. - Sem nem mesmo ler, eu assinei aqueles papéis. Os olhos dele estavam cravados em mim. - Com licença. - Então fui em direção à porta. Precisava sair dali e chorar.
— Diana - ouço a voz dele me chamar e olho em sua direção. - Espere.
Diana Rodrigues "Eu quero falar com você", o dono do hotel me fala, mas Sônia me grita."Diana! Você já está causando problemas com o chefe de novo?" - já vem a gerente vaca - "Me desculpe senhor, eu vou levar essa incompetente daqui antes que cause mais confusão.""Olha Sônia, não estou causando confusão nenhuma", ele me observa sendo levada por ela."Não faça mais besteiras", foi somente o que ele disse, então segui caminho com a minha gerente."Já que sua dívida com o hotel é muito grande, você está escalada para fazer horas extras. Quando eu chamar, você deve estar pronta.""Tá bom Sônia, eu faço as horas extras", concordo."E hoje, além das suítes, você irá limpar o banheiro dos funcionários depois do seu expediente.""Mas vai ser no horário de entrada e saída do pessoal, vai estar cheio de pessoas, será serviço jogado fora, eu posso terminar de limpar.""Diana, faça o que eu mandei, querida."Limpar o banheiro na entrada e saída dos funcionários era um castigo quando uma de nós
Diana Rodrigues"Mãe, eu tô no meu trabalho ainda, estou fazendo hora extra.""Aí, minha filha, você não sabe o que seu irmão fez?" - ela estava chorando."O que esse irresponsável fez?""Não fala assim do seu irmão, minha filha, sabe que ele tem pouco juízo, mas é responsável.""De onde que o Alex é responsável, mãe? Ele é um louco que só faz merda e só pensa nele.""Filha, seu irmão está no hospital. E o nosso vizinho vai nos levar.""Hospital?" - ela chora e responde."Sim, no hospital. Eu tô indo para lá, me ligaram agora. Ele sofreu um acidente e eu não sei de mais nada, só me falaram que ele tava no hospital e eu tô tão nervosa, filha.""Que hospital ele está, mãe?""Ele tá no São Vicente, parece que foi lá perto.""Mãe, o São Vicente é particular, por que levaram ele pra lá? Misericórdia de Deus, como a gente vai pagar?""Eu também não sei. Filha, pensa na saúde do seu irmão agora.""Tá bem, mamãe. Vou pedir dispensa do trabalho e ir o mais rápido.""Eu já tô indo, filha, te es
Diana Rodrigues "Diana, do que você está falando?" perguntou Juninho Bad Boy."Juninho." Ele beijou minha mão.Juninho, que sempre foi tão pobre quanto nós, de repente começou a ter uma vida luxuosa. Ele costumava ser um garoto franzino, com cabelos loiros e olhos de uma cor indecifrável, talvez verde ou talvez azul. Mas agora, ele se tornou um garoto forte e musculoso, e as mulheres o adoram. Recentemente, ele apareceu com um carro caríssimo, embora eu não saiba como ele conseguiu o dinheiro. Meu irmão e ele se tornaram amigos próximos, apesar de eu ter avisado Alex para ter cuidado.As pessoas no bairro diziam que Juninho estava lidando com drogas, mas eu nunca soube ao certo de onde vem o dinheiro dele. Espero que ele esteja aqui no hospital para visitar meu irmão e que essa história de pagamento seja apenas uma brincadeira."Olá, Juninho", eu o cumprimentei."Você se casou?" Ele apontou para Zyan."Ele trabalha no mesmo hotel que eu e, quando soube do acidente do meu irmão, veio
"Zyan, você deve estar cansado. Se quiser ir, pode ir", disse após encontrá-lo pelos corredores."Eu não estou cansado. E você, não está cansada?", perguntou."Estou exausta. Acho que vou para casa. Meu irmão não corre mais risco de vida e eu preciso tomar um banho, tirar essa roupa suja e dormir. Hoje foi um dia bem cansativo para mim", respondi."Meu motorista está nos aguardando lá fora. Eu levo você para casa", ofereceu."Imagina, não precisa. Eu pego um táxi depois", agradeci."Deixe de bobagem. Eu levo você para casa. Já está tarde e ficarei mais tranquilo em saber que está segura", insistiu."Zyan, vou aceitar a sua carona, pois estou muito cansada. Provavelmente minha mãe não vai embora e ficará com meu irmão. Depois de um dia em que tudo deu errado, eu mereço pelo menos dormir um pouco", concordei.Quando entrei no quarto do hospital, encontrei minha mãe vendo o filho dormir. Abri a porta bem devagar e observei a cena de como uma mãe pode amar tanto um filho. Naquele momento,
Aslan Murabak Lemi simplesmente desapareceu, ele estava comigo e com Aisha, visitando as instalações do hotel e simplesmente sumiu, Lemi Zyan Murabak, o príncipe de Kudsi. Se tratando do meu irmão pode se dizer que é algo normal. Papai já quis deserdá-lo pelas loucuras que já fez. Ele é o advogado da família e Aisha a que cuida da contabilidade."Aisha, você sabe onde seu irmão está?""Não, ele estava aqui e sumiu como poeira no vento.""Como sempre fugindo."Meu irmão pelo jeito já tinha desaparecido e não voltaria, se bem o conheço, então continuei a visita ao hotel e a primeira coisa que eu iria mudar, seria a gerência. Odeio pessoas que ficam puxando saco. Não gostei do homem e nem faço questão de lembrar o nome dele, pois ele será demitido, nós ficaremos aqui no Brasil poucos dias e tenho que deixar tudo organizado para quando eu for embora. Olhei todos os cantos do hotel e realmente está em bom estado, mas precisa de algumas reformas e modernizar equipamentos. Meu telefone toc
Diana RodriguesEssa é minha única opção, repito a mim mesma. Depois que Zyan me trouxe em casa, fiquei sentada no sofá, esperando uma ideia surgir em minha mente, mas nada veio. Então, peguei meu celular e fiz a ligação.Conheci Renata quando comecei a trabalhar como camareira no hotel. Nossos horários muitas vezes coincidiam, e trabalhávamos juntas, tentando terminar tudo rapidamente para que ela pudesse sair mais cedo. Em uma dessas ocasiões, Renata me contou que trabalhava em um clube, não um clube qualquer, mas um clube de stripper.Renata é uma garota bonita que não teve a oportunidade de terminar seus estudos porque engravidou muito cedo e agora cuida de seu filho sozinha. Ela aceitou o trabalho no clube de strip porque o trabalho no hotel não lhe rendia dinheiro suficiente. Trabalhando no clube, ela ganharia três vezes mais e ainda poderia ficar o dia todo com seu filhinho. Segundo ela, o começo foi difícil, mas depois se acostumou e era como um trabalho normal. Renata é jovem,
Diana Rodrigues"Você não olha por onde anda?" A voz do homem parecia familiar, mesmo antes de eu olhar para ver seu rosto, o segurança se aproximou de mim e me retirou de lá."Desculpe, senhor. Não vai acontecer de novo."O segurança segurou meu braço e me arrastou para o local onde ele me disse para ir, enquanto o homem misterioso que saiu do carro foi para a entrada principal do clube. Eu tentei olhar e ver o rosto dele, mas ele estava de costas e a escuridão do local não me deixava vê-lo. Chegamos a uma porta grande e preta, ele a abriu e me disse para entrar, a expressão do segurança era de poucos amigos. Assim que entrei, Renata me esperava no grande corredor."Diana, o que aconteceu?" Ela perguntou assim que eu tirei o capuz da blusa."Quando eu passei entre dois carros que estavam no estacionamento, a porta se abriu e um homem alto desceu, e acabamos trombando um no outro, e ele não gostou muito. Mas o segurança me tirou de lá. O engraçado é que a voz dele, acho que já ouvi em
Aslan Murabak Estou a muito tempo sem sexo e isso está fazendo minha cabeça criar imaginações. Lemi bate na porta mais uma vez, tiro minha roupa rapidamente e coloco um roupão, ganhando tempo para que meu membro se acalme e eu possa abrir a porta e não atender meu irmão duro como uma pedra."Que demora para abrir."- ele reclama."Eu estava indo para o banho, tive duas reuniões online. E você? Onde esteve?" Minto para ele."Eu estava com a mulher da minha vida.""Mulher da sua vida? Como assim?""Eu encontrei a minha futura esposa, ela é linda, gentil e gostosa." - ele senta na poltrona."É brasileira? Sabe o que nossos pais acham das mulheres estrangeiras, não sabe?" - mais uma loucura do meu irmão."Eu não sou o Sheik, quem tem que se casar com uma mulher do nosso país é você, pois não pode ralear o sangue." - ele ri e debocha de mim, falando como nossos pais falam - "Eu sou o segundo na linha de sucessão e não almejo chegar nela, nunca.""E se eu renunciar? Você será um novo Sheik