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Capítulo 3 Uma Camareira

*Aslan Murabak*

A viagem para o Brasil foi algo que me deixou irritado. Meu pai me fez visitar todos os hotéis que eu comprei, e isso não estava nos meus planos. Eu queria ir para Nova York; esse era meu plano. Sou árabe e não sigo todas as "regras". Desde jovem, tive que aprender a lidar com nossos negócios, já que meu pai não é um bom administrador. Dizem que somos um povo que sabe negociar, mas meu pai é terrível com negócios. Na verdade, ele perdeu todo o nosso dinheiro quando eu tinha apenas quinze anos, e nosso país estava passando por uma crise. E eu tive que ajudar, senão perderíamos tudo.

Fui para a faculdade e deixei meu país. Precisava voar e expandir meus negócios, importar meus produtos e muitas oportunidades surgiram, como a rede de hotéis do meu tio que estava tendo problemas financeiros depois que seu filho começou a assumir tudo, e eu comprei. Vim ao Brasil para ver como as coisas estão indo aqui, e meu pai me forçou a ver todos os hotéis da rede, e para evitar conflitos entre nós, estou visitando as unidades. E, como eu pensava, parece ser mal administrado, com problemas financeiros, o dinheiro que entra mal cobre as despesas. Pensei em demitir todos e encontrar novas pessoas em quem possa confiar; estou estudando o caso. Suspeito que o gerente esteja fazendo algum desvio em sua conta pessoal.

Meu irmão é meu advogado e minha irmã, que é uma contadora sem igual, infelizmente está sujeita à pressão para se casar. Sei que estou adiando meu próprio casamento por causa dela, e sinto muito pela minha irmã e a pressão que ela enfrenta como mulher para se casar. Nosso pai arranjou vários pretendentes para ela, mas eu sempre encontro alguma falha para que ela não se case. Queria que ela pudesse escolher alguém para passar o resto da vida com, mas nosso clã é muito tradicional, e infelizmente ela terá que se casar e com alguém que nosso pai escolha e julgue ser um bom marido.

Também me casarei, mais cedo ou mais tarde, embora não seja meu desejo. Tenho trinta e dois anos e tenho que arranjar um casamento. Uma esposa, na verdade, uma mulher de nosso clã que conheça nossas regras. Nunca segui regras, e não será agora que as seguirei.

Minha entrada no hotel foi ridícula, o que me deixou muito nervoso e estressado. Parecia que uma celebridade ia ficar lá e não o dono do hotel com seus irmãos que queriam passar despercebidos, mas não foi isso que aconteceu.

"Irmão, o que é isso?"

"Diga-lhes que vamos para nossos quartos e que não participaremos disso", parecíamos uma atração de circo.

"Senhor, é um prazer recebê-lo aqui no hotel. Sou William, o gerente do hotel", ele estendeu a mão, e eu não a cumprimentei, apenas o olhei. 

 Quero ir para o meu quarto.

— Senhor, fizemos essa recepção para o senhor.

— Eu quero ir para meu quarto, sem recepção.

Segui até o balcão, onde um rapaz me esperava com um sorriso no rosto e me entregou a chave, desejando-me uma boa estadia. Um dos rapazes levou minha mala até o quarto. Minha irmã estava curiosa com tudo que estava vendo: várias pessoas e algumas tirando fotos. Tudo aquilo me deixou muito nervoso e estressado. Peguei o elevador e fui para o quarto. Subi até a suíte presidencial. Só queria tomar um banho. Essas viagens, ir para vários lugares, me deixam nervoso. Tirei o blazer e meu relógio de estimação, uma peça de colecionador e que é um dos mais caros do mundo. Fui até o frigobar para pegar uma garrafa d'água. Coloquei minhas mãos nos botões da camisa e fiquei incrédulo ao ver uma mulher no meu quarto. Como isso poderia acontecer em um hotel de luxo como este? Um hóspede chegar em sua suíte e ter uma das arrumadeiras ainda dentro do quarto? Fiquei furioso com este erro.

Ela parecia inerte a tudo que acontecia ao seu redor e caminhou até onde deixei o relógio. Já imaginei o que ela iria fazer. Ela pegou a peça na mão e a observou atentamente. Provavelmente iria colocar em seu bolso. Antes que fizesse algo, falei com ela. Ela se assustou comigo e deixou o meu precioso relógio cair no chão. Fiquei tão irritado e me aproximei dela. Tive vontade de chamar a polícia, mas quando olhei para o seu rosto e vi seus olhos brilhando como se estivesse preparando uma lágrima, senti uma beleza diferente daquelas que estou acostumado. Uma camareira que chamava a minha atenção, e isso me deixou ainda mais irritado. Uma mulher fora do meu nível social e eu analisando a sua beleza. Claro que eu não iria deixar transparecer. A melhor forma de me preservar é atacando e humilhando. E foi isso que fiz com ela. Deixei claro que iria pagar pelo estrago, mas eu sabia que uma mulher como ela poderia trabalhar para mim anos e anos e não iria conseguir nem sequer pagar a metade do que eu havia pago naquele relógio. Depois de deixar claro que ela era uma incompetente, pedi que ela saísse do meu quarto e deixei claro que iria pensar no que iria fazer com ela. Para que ela saísse mais rapidamente possível de perto de mim, antes que eu admirasse ainda mais o seu rosto e o seu corpo, pedi para levar os meus ternos para passar. Queria ela longe de mim.

Ela pegou suas coisas de limpeza e meus ternos, e deixou algo cair. Aquela mulher tinha o corpo perfeito e eu não queria que minha próxima conquista fosse uma arrumadeira. Eu não deveria estar pensando nisso nesse momento. Não deveria. A mulher sai da minha suíte e em alguns minutos meus irmãos entram no quarto.

— Papai ligou, disse que você não o atendeu e que está irritado com você - Aisha me diz sentando-se no sofá.

— Papai quer me casar com alguma mulher do nosso país, disse que eu já estou passado da idade de me casar.

— É irmão já está velho e precisa arrumar uma mulher e um casamento - Lemi zomba de mim.

— Fique quieto Lemi.

— Sabe que papai não vai te deixar em paz até que se case, é nossa cultura meu irmão - ele sorri.

— Vocês sabem que depois de mim vem vocês dois.

— Eu sou o segundo filho, não tenho obrigações, por Ala como eu agradeço por isso - ele ergue as mãos. 

— Eu não quero me casar, vivo muito bem sozinho.

— Arrume uma esposa de mentira, case e depois se divorcie - ele olha para a mesa e diz - O que houve com o seu relógio?

— Deixei cair e quebrou - lembro-me da mulher que o quebrou, Diana Rodrigues, esse era o nome dela, e uma ideia passa em mente - Não.

— Não? - ele me questiona com o olhar.

— Só pensei alto, Lemi. Só isso - uma esposa de mentira? Pode dar certo.

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