Não tinha plano, o negócio era correr no meio do mato feito fuzileiros navais, entrar na propriedade da irmã dele e resgatar a donzela, ir até o meu pai se possível levar ele embora e pronto, estaríamos embarcando, se até lá a gente não fosse pego primeiro, o que era bem provável.Saímos em disparada antes das dez da manhã, andamos o dia todo só parando em casos extremos, e quando os primeiros grilos começaram a cantar chegamos até o lugar. Desabei no chão e só levantei quando James quase me chutou nas costas, ele tanto quando eu e o Ben estávamos cansados e doloridos da viagem a pé.Ben era atacado por insetos. Só ele. Eu tentava não rir porque até isso era cansativo. Já James ria na cara dura.A casa não era pequena como pensei, ficava no centro, toda rodeada de plantas e árvores frutíferas, estilo casa da fazenda, pintada de branco com janelas de madeira azul. Se eu tivesse uma câmera, ou meu celular estivesse ligado eu tiraria uma foto. Não vi pontos negativos até adentrar mais, a
A coisa mais chata foi ter que tomar banho de porta aberta para o caso de uma possível invasão, e depois ter que me trocar na frente da Helen. Ela por sua vez não perdia o sorriso forçado do rosto. Quando soltei o cabelo para escovar ele apontou para a cadeira na frente de um espelho, pegou a escova e começou o trabalho com meu cabelo.- Eu gostava quando minha avó fazia isso em mim. - Ela me olhava pelo espelho.- Quando ela morreu fiquei sem saber o que fazer com uma escova e meu pobre cabelo.-Sinto muito. - Sentia mesmo, ela era do tipo durona, mas não passava de uma mulher sofrida.- Queria te pedir desculpa por ter feito aquilo com você, é que meu irmão é tão cabeça oca, ele era do tipo inocente, as mulheres faziam o que queriam com ele sabe. A última então, nem me lembro o nome dela, fez ele sofrer muito, a ponto de ficar trancado da cabana por meses a fio. - Ela tinha o olhar dele, firme. - Ele não me disse nada, mas tirei minhas conclusões. - Peguei um grampo para ela. - E
- Pensa, pensa, pensa pensa. - Helen batia com uma mão na cabeça, era impossível não tremer de medo.Os carros estavam quase emparelhado com a gente, dava pra ver o brilho da arma que iria matar um por um quando Helen perdesse a cabeça de vez. Ouvi um estalo dentro do carro, aliás todos ouviram, cada um procurou na mão do outro, até encontrar meu pai, ele tinha destravado uma arma preta e estava abrindo o vidro da janela em que estava.-Pai, não faz isso, se abrirmos fogo contra eles, vamos morrer. - Segurei no braço dele debilmente. - Não faz isso. - Não temos escolha menina, se eu não fizer isso não vamos conseguir chegar a tempo e sair do país. Você tem que confiar em mim. - Ele tentava tirar a minha mão. -Não! Você vai morrer. - Comecei a chorar abertamente.James tomou a arma da mão dele gentilmente e abriu a janela também, e para o espanto de todos saiu até a cintura e deu o primeiro tiro. Cobri as orelhas e abaixei no banco sentindo cada nervo do meu corpo fincando rígido. N
Passei quase toda a viagem de olhos fechados, só quando meu pai precisou sair e outra pessoa sentou no lugar dele abri um olho e depois fechei de novo.- Não precisa fingir comigo pequena, sei muito bem que está acordada. - Benjamin deu um tapa na minha perna.- Ben, não precisava ser tão chato. - Censurei ele.- Só queria dizer que senti muito medo de te perder Marjorie, dei um tempo pra você, eu estava em choque.- Benjamin apertava o banco. - Queria ter ido, mas sou tão fraco...-Não Ben, você não é fraco. Eu teria morrido se você fosse e eles tivessem atirado em você. - Agora eu tive toda a tenção dele. - Só temos um ao outro, eu não suportaria ficar só.- Pequena. - Benjamin me olhava com aqueles olhos grandes e verdes.- Onde está o James, não agradeci, se eu tivesse...-Achei que gostaria de saber que ele está na cabine desde quando saímos de lá. - Benjamin chegou mais perto. Ia fazer fofoca. - Helen me disse que eles estão saindo.-Oi? - Tentei disfarçar. - À quanto tempo? - S
Enquanto esperava pelo jantar tive tempo de estudar minha situação com Benjamin. Eu era a testemunha ocular, também fui vítima. Segundo as leis eu tinha o direito de permanecer em segurança, dada às provas os culpados seriam presos. Isso porque eu tenho a lista com todos os nomes e endereços, bem como contas e outras coisas.-Sim, mas para tudo isso você precisa de uma testemunha, e nada melhor do que o James. Se não quiser falar com ele....-Não quero! -Respondi.-Que seja. Eu posso falar, pelo menos com a Helen. -De novo aquele nome. -O quanto antes, melhor.Meu pai chegou acompanhado da mulher, o que me deu um misto de raiva com ciúmes, ela não era feia, mas também não tinha nada de especial. Era morena e gordinha, não muito alta, mas era simpática até de mais. Meu pai sentou e ela sentou ao lado dele.-Crianças a Helena vai sentar e jantar conosco essa noite. -Ele sorriu para ela. Quase tive um ataque de nojo.-Espero que estejam se sentindo bem aqui. Sei que não é um dos melhores
-Como estou? - Dei uma volta para o meu pai.-Já disse Marjorie, você está bem. Agora para de tremer e toca a campainha.Toquei a compainha e um pouco depois ouvi passos apressados em direção à porta. A mulher que abriu não era nada parecida com a Rita de antigamente. Tinha os mesmos olhos bondosos, o rosto comprido e fino, mas era mais magra e triste, carregava um fardo, e bem pesado.-Marjorie?- Ela me encarou.- Rita! - Me joguei nos braços dela. Mesmo chateada.- Ei pequena, você está uma mulher linda. - Me afastei para ela me olhar. -Venham, entrem.Quando parti para Londres ela morava em uma casa grande e luxuosa, agora porém eu me encontrei dentro de um apartamento pequeno com vista para a rua abarrotada de gente no centro do Rio. Rita adotou a simplicidade, belo e necessário. Não que o apartamento fosse feio, dava para ver que duas pessoas se viravam facilmente ali.- Ele ficou muito chateado sabe. Meu filho não veio, ficou preso no hospital, e você querida, que pena. - Rita n
O sol já estava se pondo quando um táxi parou na frente do parque, e por ele desceu meu melhor amigo. Benjamin parecia um pouco irritado, veio na minha direção e parou para observar o pequeno Nicolas que empinava um pipa sozinho.- Não tinha lugar mais longe não? -Benjamin sentou na grama comigo.-Não é tão longe Ben, o parque fica a meia hora do hotel.- Segurei uma risada. -Acho o serviço de táxi daqui um tanto quanto estranho. Eu tive que mostrar o endereço para o homem, mas não podia falar nada que ele ria. -Benjamin estava pensativo. -Deixa pra lá. - Me fala como foi a sua noite com a Helen.- Olhei para ele.- Marjorie. Me desculpa, eu... É, não sei como.... - Tá tudo bem Benjamin, eu fico feliz por vocês. Gosto dela. - Pequena, eu não sei como agir com ela. Pra ser sincero eu não sei como me sinto. Eu sei que gosto de você, só não sei como definir esse sentimento. Quero te proteger quando estamos junto, mas me sinto bem com ela, não tenho tanto medo que alguma coisa aconteça.
Os três me observavam com curiosidade. Abaixei a cabeça e esperei o momento de vergonha passar. A verdade? Não sabia o quê fazer. Tinha raiva, muita, e deixar ele me amedrontar seria a minha ruína. Esperei até pouco a pouco cada um voltar em si.-Vai lá. E acaba com ele. -Helen era a única que pensava em vingança? -Não! Se ele quiser, ele que venha. Não vai confiar nele Marjorie. Lembra o que ele fez quando te viu arrumando as coisas? Claro. Eu apanhei feito gente grande, e me arrastei até o carro, quando meu pai me viu queria entrar, mas Rita correu até nós e disse que aquela seria a hora de partir e voltar estruturada.-Eu vou sim até lá, e saber o quanto ele lembra de mim. - Arrumei minha roupa e levantei.Sob os olhares cautelosos dos meus amigos caminhei lentamente até Davi. Ergui o rosto e sorri desafiadoramente. Quando estava à uns bons passos encostei o dedo médio no balcão e fui arrastando até ele. Era divertido ver a cara do Davi, ele mudou um pouco. Bem como a barba ral