Dias atuais...James pousou a lata bem devagar no balcão, cada movimento dele era calculado, percebi algo à mais nos olhos dele, mas não quis arriscar. Me servi de um copo de água enquanto a tensão aumentava, ele se mexeu na cadeira, era hora de falar. Me sentei de frente para ele e guardei todas as idiotices que fiz.— Pode começar me falando porquê tive que guardar com tanto sigilo as provas?— Primeiro, você esqueceu tudo em cima da sua mesa, tive que fazer um teatro bem ensaiado. Segundo, são muitas coisas a serem ditas, por hora só posso dizer que o chefe da facção era desconhecido, ninguém tinha idéia de como ele era, mas os papéis que você nem se deu ao trabalho de ler constam o nome dele, não só isso como também o paradeiro deles.O ar mudou, ou não queria entrar no meus pulmões. Agora tudo fazia sentido.— Sei exatamente quem é, só não sei em quem confiar.— Onde eu entro nisso tudo. – Me dobrei em cima da mesa.— Você foi, vamos dizer vigiada todo esse tempo, certamente pen
Benjamin teve que sair em viagem no outro dia, e só depois de uma semana consegui retomar a minha rotina de todos os dias. Ou quase isso, se ele não tivesse ligado para o meu pai ficar comigo na sua ausência.Benjamin foi visitar um clientes antigos da empresa, segundo ele o casal queria fazer o inventário de tudo o que possuíam, passando para o neto mais velho. Só que isso teria que durar três dias, e se não fosse a chuva ele já estaria em casa.Acabei não fazendo caminhada com o James, aliás eu nem o vi mais. O cara parecia ter tomado chá de sumiço.Quanto ao meu pai, a gente nem se via direito, não quer dizer que fiquei todo dia sem alguém. James fez questão de garantir minha segurança, me deixando com um homem a minha disposição.- Então tá. - Olhei para a tela do computador. - Vamos nessa.Abri os arquivos que ela deixou gravado em um pen drive. Uma pasta continha os nomes de clientes poderosos, tanto para drogas como para garotas. Na outra tinha dezena de vídeos. Fiz a pior best
Não sabia ao certo como não chorar na frente dele. James amassou o papel enquanto vazia ligações, era uma coisa louca. Ele se afastava as vezes, mas ficava de lá olhando para mim. Desejei tanto que o Benjamin estivesse comigo que meu celular tocou. Eu sabia que era ele, porque coloquei nossa música pra tocar toda vez que ele ligasse.- Marjorie. Ainda bem. Não consegui falar com você mais cedo.-Desculpa, eu realmente não sei o quê aconteceu.-Estou voltando para casa. Amanhã cedo chego aí, será que pode me buscar?-Com o maior prazer.-Tenho que desligar. Até mais, pequena.Se meu pai tivesse aqui, ele diria que eu estava bancando à safada, enquanto um homem sai o outro me ligando e marcando meio que um encontro. Claro que eu não pensaria no juiz como algo mais íntimo.James guardou o celular no bolso e veio caminhando na minha direção, ele manteve as mãos dentro do casaco preto, e deu um meio sorriso. Alguém do outro lado do lago soltou fogos, a luz colorida atingiu a gente. O so
-Não! Eu não vou fazer parte dessa loucura. E se.... E se ele estiver te usando? Já pensou nisso? O cara chega na sua vida e te pede pra entrar em uma que você nem sabe o quão profundo é, você aceita e sem saber de mais nada entra nessa loucura.-Benjamim, eu não posso mais voltar atrás. Ele é meu padrinho, acredite que doeu, mas eu não tive alternativa. Já pensou quando investigarem ele? Vão saber da nossa relação e eu vou ser presa por um crime que não cometi.- O quê te faz pensar que eu vou fazer parte desse plano suicida? - Benjamin tinha parado de andar e estava me encarando.-Porque só Deus sabe quanto tempo passei procurando uma pequena pessoa, e agora tenho a chance de estar com ele. Se eu der pra trás, ou se algo acontecer eu não vou saber lidar com isso. - Ignorei o nó crescendo na minha garganta e continuei, - É a minha chance de mostrar para as pessoas que eu não sou uma fracassada.-Você não é fracassada, nunca vai ser o que os outros querem que seja. E eu sei que que
-Seremos uma grande família. Sempre....Já fazia dias que eu não saía de casa. Meu pai parecia entender meu lado, e me deixou a sós com os meus pesadelos e medos. Depois da nossa briga, James não me procurou mais. Benjamin foi o único a ter contato com ele, e pelo que disse, James não tocou no meu nome, nem no ocorrido.Decidi que a janela não era mais meu ponto favorito, passei a olhar para o telefone na minha mão e o pedaço de papel na mesa. Nada nesse mundo me deixava tão apavorada. Um simples telefonema. Juntei forças e disquei número por número, meus dedos tremiam, errei e disquei outra vez. O telefone tocou, três chamadas.-Alo!? Alo? Esta me ouvindo?-Eu...si...sim. Rita como vai?- Marjorie?- Eu mesma, meu pai....- Quanto tempo depois que liguei? Pensei que não quisesse mais saber do seu filho.-Tive alguns problemas, por isso não liguei. E não Rita, não tenho pretensão de esquecer meu filho.-Oito anos. Eu pensei que viria atrás dele.-Fui. Mas você mudou, ou fugiu, e não t
Ainda bem que o carro dele era potente, e infelizmente era caro. Depois de servir como alvo para atiradores profissionais, tive que seguir queimando pneu até entrar na estrada de barro. A chuva começava a cair lá fora, somada ao vento forte, era uma loucura. Mesmo com a tração nas rodas traseiras o carro deslizava, e mesmo assim segui adiante. -Para. O carro. -James se mexeu no banco de trás. -Daqui, vamos a pé. Ou você vai. -Não senhor. Onde eu for você vai. -Virei para encará-lo meio fora do ar. -Se eu não conseguir chegar até lá, vai ter que me deixar... - James apertava a barriga. -E o quê? Não vou ter propósito para continuar se deixar você. Prefiro ficar e morrer junto. -M*****a teimosa. - Ele reprimiu um grito. - Então vamos descer, mas tire o sapato. Tirei o sapato e desci no barro, meus pés afundaram tanto que caí, me levantei e corri até ele. James se jogou para fora, e foi aí que eu vi, quatro tiros. Um no ombro, outros dois de raspão no braço e na perna, o mais feio f
Oito anos atrás...Meu pai acabou aceitando a proposta da Rita, ele concordou que não sabia cuidar de uma gestante, ainda mais sendo menor de idade. Davi quis morar na casa da piscina, segundo ele a gente precisava se conhecer melhor.Com pouco mais de cinco meses descobri duas coisas. A primeira, minha criança era um menino, e a segunda, Davi tinha outra namorada. Ele não dormia mais em casa, não falava mais comigo, e quando o fazia, era sobre a criança. Minha vida foi pro buraco em oito meses.- Posso entrar? - Rita bateu na porta.-Com certeza. - Me ajeitei na cama.A gente acabou se tornando amigas, uma fazendo companhia para a outra, ela por várias vezes foi meu ombro quando eu ficava desesperada.- Como esta se sentindo? As dores voltaram? -Ela tocou na minha barriga.-Só hoje, mas posso viver com elas. Você me disse que seria normal nas últimas semanas.-Certo. Quero que tenha repouso absoluto. Sei que meu filho está levando isso na brincadeira, e que já não chega em casa no h
Dias atuais.....Achei um celular no bolso da calça detonada dele, lutei para tirar de lá e não me arrependi. Tinha sinal, fraco mas tinha, e o mais legal era saber que eu poderia ligar. Meu celular descarregou por completo e o único número que eu sabia além do meu, era o do Benjamin.Deixei ele de lado enquanto trocava as ataduras do renascido James que mais parecia um vampiro, pálido e quase sem respiração.O bom de ser renegada por muitos é que você acaba de adequando a tudo, como exemplo passar dias confinada em uma cabana se alimentando de comida enlatada que eu encontrei no armário e frutas. Também achei roupas, um pouco maior que o meu tamanho, e ousadas também. No banheiro era um tipo de cano que jogava pouca água, acho que vinda de alguma mina de perto. Olhei pela janela, a chuva estava castigando lá fora, só era realmente bom por causa das buscas, eles não atravessaram o rio, então meu tempo de vida tinha se alargado um pouco mais.Olhei para o James deitado na cama de f