-Seremos uma grande família. Sempre....Já fazia dias que eu não saía de casa. Meu pai parecia entender meu lado, e me deixou a sós com os meus pesadelos e medos. Depois da nossa briga, James não me procurou mais. Benjamin foi o único a ter contato com ele, e pelo que disse, James não tocou no meu nome, nem no ocorrido.Decidi que a janela não era mais meu ponto favorito, passei a olhar para o telefone na minha mão e o pedaço de papel na mesa. Nada nesse mundo me deixava tão apavorada. Um simples telefonema. Juntei forças e disquei número por número, meus dedos tremiam, errei e disquei outra vez. O telefone tocou, três chamadas.-Alo!? Alo? Esta me ouvindo?-Eu...si...sim. Rita como vai?- Marjorie?- Eu mesma, meu pai....- Quanto tempo depois que liguei? Pensei que não quisesse mais saber do seu filho.-Tive alguns problemas, por isso não liguei. E não Rita, não tenho pretensão de esquecer meu filho.-Oito anos. Eu pensei que viria atrás dele.-Fui. Mas você mudou, ou fugiu, e não t
Ainda bem que o carro dele era potente, e infelizmente era caro. Depois de servir como alvo para atiradores profissionais, tive que seguir queimando pneu até entrar na estrada de barro. A chuva começava a cair lá fora, somada ao vento forte, era uma loucura. Mesmo com a tração nas rodas traseiras o carro deslizava, e mesmo assim segui adiante. -Para. O carro. -James se mexeu no banco de trás. -Daqui, vamos a pé. Ou você vai. -Não senhor. Onde eu for você vai. -Virei para encará-lo meio fora do ar. -Se eu não conseguir chegar até lá, vai ter que me deixar... - James apertava a barriga. -E o quê? Não vou ter propósito para continuar se deixar você. Prefiro ficar e morrer junto. -M*****a teimosa. - Ele reprimiu um grito. - Então vamos descer, mas tire o sapato. Tirei o sapato e desci no barro, meus pés afundaram tanto que caí, me levantei e corri até ele. James se jogou para fora, e foi aí que eu vi, quatro tiros. Um no ombro, outros dois de raspão no braço e na perna, o mais feio f
Oito anos atrás...Meu pai acabou aceitando a proposta da Rita, ele concordou que não sabia cuidar de uma gestante, ainda mais sendo menor de idade. Davi quis morar na casa da piscina, segundo ele a gente precisava se conhecer melhor.Com pouco mais de cinco meses descobri duas coisas. A primeira, minha criança era um menino, e a segunda, Davi tinha outra namorada. Ele não dormia mais em casa, não falava mais comigo, e quando o fazia, era sobre a criança. Minha vida foi pro buraco em oito meses.- Posso entrar? - Rita bateu na porta.-Com certeza. - Me ajeitei na cama.A gente acabou se tornando amigas, uma fazendo companhia para a outra, ela por várias vezes foi meu ombro quando eu ficava desesperada.- Como esta se sentindo? As dores voltaram? -Ela tocou na minha barriga.-Só hoje, mas posso viver com elas. Você me disse que seria normal nas últimas semanas.-Certo. Quero que tenha repouso absoluto. Sei que meu filho está levando isso na brincadeira, e que já não chega em casa no h
Dias atuais.....Achei um celular no bolso da calça detonada dele, lutei para tirar de lá e não me arrependi. Tinha sinal, fraco mas tinha, e o mais legal era saber que eu poderia ligar. Meu celular descarregou por completo e o único número que eu sabia além do meu, era o do Benjamin.Deixei ele de lado enquanto trocava as ataduras do renascido James que mais parecia um vampiro, pálido e quase sem respiração.O bom de ser renegada por muitos é que você acaba de adequando a tudo, como exemplo passar dias confinada em uma cabana se alimentando de comida enlatada que eu encontrei no armário e frutas. Também achei roupas, um pouco maior que o meu tamanho, e ousadas também. No banheiro era um tipo de cano que jogava pouca água, acho que vinda de alguma mina de perto. Olhei pela janela, a chuva estava castigando lá fora, só era realmente bom por causa das buscas, eles não atravessaram o rio, então meu tempo de vida tinha se alargado um pouco mais.Olhei para o James deitado na cama de f
Tá legal. Acho que já tive a minha cota de sustos por hoje. James me veio com um plano arriscado, não tanto, mas para mim sim. Depois disso peguei numa aranha dentro da gaveta de suprimentos, ele nem se mexeu enquanto eu me debatia e gritava, a coisa passou por debaixo da porta e sumiu. Peguei no sono chorando baixinho, mas acabo de despertar com o trovão balançando a cabana. Morro de medo desde pequena, mas era outra época, eu podia dormir com meu pai. Agora porém virei e Encarei James dormindo e tentei não tremer com o frio vindo da porta.Lembrei de uma música bem legal que meu pai cantava, me abracei e comecei a cantar ela num sussurro. -Marjorie? - James esticou a mão. -Esta tudo bem?-Sim. Quero dizer. Só estou com um pouco de medo dos trovões mas estou bem. - Continuei de costas para ele.James se mexeu um pouco, pensei que ia virar para outro lado, já ia fechar os olhos quando senti ele se aproximar, não sei como não gritei ou comecei a rir como uma louca. Ele passou o braço
Acordei assim que o sol nasceu. Foi difícil me soltar do Abraço quente do James, quando consegui me vesti, morrendo de medo olhando milimetricamente cada peça de roupa e corri para fora a fim de trazer mais das frutas e folhas para o chá e banho dele, logo depois do meu. James me pediu para considerar a proposta, seria mais um acordo, assim que tudo passasse eu seria livre, sem investigações ou deportações, voltaria para meu país e buscaria meu filho.Enquanto eu colhia reparei duas coisas, a primeira era que a cada passo que eu dava estava me sentindo vigiada, a segunda e a melhor, o rio abaixou tanto que se resumiu a uma veia de água, logo estaríamos longe daqui. Limpei as mãos na calça jeans que encontrei no guarda roupas e corri até a cabana.- Gente, o que acontece com esse homem? - Parei à uns metros da cabana.James arrumou um disco antigo de Jazz francês, tirou de algum lugar um aparelho preto e todo empoeirado e colocou o disco lá dentro. Acho que era uma espécie de vitrol
Não tinha plano, o negócio era correr no meio do mato feito fuzileiros navais, entrar na propriedade da irmã dele e resgatar a donzela, ir até o meu pai se possível levar ele embora e pronto, estaríamos embarcando, se até lá a gente não fosse pego primeiro, o que era bem provável.Saímos em disparada antes das dez da manhã, andamos o dia todo só parando em casos extremos, e quando os primeiros grilos começaram a cantar chegamos até o lugar. Desabei no chão e só levantei quando James quase me chutou nas costas, ele tanto quando eu e o Ben estávamos cansados e doloridos da viagem a pé.Ben era atacado por insetos. Só ele. Eu tentava não rir porque até isso era cansativo. Já James ria na cara dura.A casa não era pequena como pensei, ficava no centro, toda rodeada de plantas e árvores frutíferas, estilo casa da fazenda, pintada de branco com janelas de madeira azul. Se eu tivesse uma câmera, ou meu celular estivesse ligado eu tiraria uma foto. Não vi pontos negativos até adentrar mais, a
A coisa mais chata foi ter que tomar banho de porta aberta para o caso de uma possível invasão, e depois ter que me trocar na frente da Helen. Ela por sua vez não perdia o sorriso forçado do rosto. Quando soltei o cabelo para escovar ele apontou para a cadeira na frente de um espelho, pegou a escova e começou o trabalho com meu cabelo.- Eu gostava quando minha avó fazia isso em mim. - Ela me olhava pelo espelho.- Quando ela morreu fiquei sem saber o que fazer com uma escova e meu pobre cabelo.-Sinto muito. - Sentia mesmo, ela era do tipo durona, mas não passava de uma mulher sofrida.- Queria te pedir desculpa por ter feito aquilo com você, é que meu irmão é tão cabeça oca, ele era do tipo inocente, as mulheres faziam o que queriam com ele sabe. A última então, nem me lembro o nome dela, fez ele sofrer muito, a ponto de ficar trancado da cabana por meses a fio. - Ela tinha o olhar dele, firme. - Ele não me disse nada, mas tirei minhas conclusões. - Peguei um grampo para ela. - E