– Lady Dorset, minha família é, de fato, um exemplo de honra e respeito em toda Londres, jamais deixaríamos de cumprir a nossa parte do acordo, firmado a tanto tempo entre nossas casas. – disse a condessa de Cumberland, após tomar mais um gole do seu chá favorito. – acontece que, como todo acordo, este também possui duas partes e, se a que lhe cabe, não for cumprida como se deve, me verei livre de qualquer obrigação com a sua família.
– Oh, Lady Cumberland, eu estou imensamente envergonhada pela situação, mas, não vamos agir por impulso. Sim? Minha filha está muito arrependida, chorou a noite inteira de tanto arrependimento. Isso nunca mais irá se repetir, não é Ivy?
O último lugar onde Ivy Sackville gostaria de estar nesse momento, era justamente este. Na sala de chá da condessa de Cumberland, tendo que pedir perdão por seu mau comportamento na noite anterior e tentar agir como uma dama exemplar, digna da aliança entre as duas casas e principalmente, digna do filho pomposo daquela mulher.
– Estou extremamente infeliz, condessa, muito mais do que poderia expressar em palavras.– declarou a jovem dama, sem nenhum excesso de empolgação, enquanto enrolava um cacho dos seus longos cabelos negros, entre os dedos.
A condessa de Cumberland, ergueu uma das sobrancelhas de forma altiva, enquanto encarava Ivy profundamente.
– É impressão minha, senhorita Sackville, ou houve um toque de ironia nas suas palavras e nenhum arrependimento expressivo? – perguntou estreitando levemente os olhos.
– Veja bem, eu não posso responder pelas suas impressões, querida condessa, apenas respondo por aquilo que sinto. Confesso que estou sinceramente arrependida, porém, o lorde Jhonson também mereceu o mal que lhe fiz. A senhora não faz ideia do que ele ousou me falar!
A condessa de Dorset, apenas revirou os olhos, diante do mal comportamento da filha. Já não sabia o que fazer com ela. Lady Cumberland, por outro lado, pareceu realmente surpresa com o comportamento ousado e inapropriado da jovem dama.
– Nada que um lorde lhe dissesse, poderia justificar o fato de que a senhorita jogou um copo de bebida em seu rosto, no meio de um salão de baile, diante de toda sociedade, principalmente, durante o 'meu' baile!
– Ivy! Cale-se agora! – Ordenou a condessa de Dorset, antes que a filha voltasse a dar qualquer uma de suas respostas atrevidas – Oh, querida lady Cumberland, somos amigas de longa data, não considere o que a Ivy fala, ela está apenas nervosa, mas, eu prometo que vou tomar sérias providências quanto ao seu comportamento. Se esse noivado for desfeito, minha menina vai ficar com a reputação de rejeitada, até mesmo a sua honra poderia ser questionada!
– Acontece, querida Lady Dorset, que nós também estamos falando do meu filho! O futuro conde de Cumberland. Casar com a sua "menina", pode não ser tão bom para a reputação dele. Uma futura condessa não pode se comportar da forma como a senhorita Ivy tem se comportado.
– O internato! É isso, eu vou m****r a Ivy para o internato, até o início do ano, quando o seu filho estará de volta na Inglaterra. Tenho certeza de que dessa vez ela vai aprender direitinho como se comportar, as regras são bem rígidas no Wycombe Abbey.
– O quê? Mamãe! – protestou Ivy, diante do que ela julgou ser um lapso de insanidade da mãe.
– Confesso que não estou inclinada a continuar com esse acordo, mas, independente disso, no seu lugar, eu também faria algo mais sério a respeito do comportamento desadequado desta jovem. Conversarei com o conde ainda hoje, e enviarei uma resposta.
– Claro, Lady Cumberland, obrigada por nos receber mais uma vez, creio que já falamos tudo o que tínhamos que falar e não há nada mais que eu possa fazer, então, aguardarei sua resposta e partiremos agora mesmo.
Observando o olhar turvo de raiva da sua mãe e o desdém estampado na cara da condessa de Cumberland, Ivy reconheceu que talvez tivesse ido um pouco longe demais, porém, ao mesmo tempo lhe parecia tão errado ter que ouvir desaforos e sorrir, apenas pelo fato de que uma dama jamais se exalta em público. Era extremamente difícil para ela, conviver com o fato de que uma dama não deveria aprender a ler, dirigir a própria vida, atirar, ou qualquer outra coisa que os homens considerassem inadequadas para elas.
Enquanto a carruagem se afastava da mansão dos Cumberland, Ivy pensava em alguma forma de se desculpar com a condessa de Dorset. Casar realmente não estava em sua lista de sonhos, mas, também não estava em seus planos destruir um acordo tão antigo, com o qual já estava até acostumada. Pelo menos, naquele caso, sabia que o futuro marido era jovem e até já o tinha visto algumas vezes quando eram crianças. Se arruinasse esse acordo, ainda teria que casar, mas, dessa vez poderia ser com qualquer um, como sua pobre amiga Louise, que casou com um lorde com idade para ser seu avô.
– Mamãe, me perdoe. A condessa sempre me tira o controle com aquele olhar de superioridade! Eu não queria ser rude, mas o senhor Jhonson, de fato...
– Já chega, Ivy! Não acha que já causou o bastante por hoje? O que acha que a sociedade vai falar quando souber que foi descartada por um futuro conde? Vão especular sobre o motivo, vão questionar a sua honra, pode ser que nunca mais consiga outro casamento como esse!
– Acha que ela vai mesmo desistir? Mas o papai também é um conde, não sei porque ela se julga tão superior.
– Acontece, que você não é a herdeira do seu pai, é o seu irmão quem vai levar o título adiante, você é apenas a filha do conde. Para ser uma condessa, você precisa desse casamento e ela sabe muito bem disso. Mas, não importa qual seja a decisão final da Lady Cumberland, a minha já está tomada. Ainda essa semana você partirá para o internato de moças em Buckinghamshire.
Pelos céus! Sua mãe não poderia estar falando sério. Um internato como aquele, significava uma prisão, onde não poderia controlar nenhum dos seus próprios passos.
– Mamãe, eu imploro que reconsidere, por favor, eu prometo que vou agir de forma recatada e elegante...
– Assunto encerrado, ivy. Agora se cale de uma vez, até mesmo a sua voz está me irritando hoje. Organize as suas coisas e prepare-se para partir ainda essa semana.
Nos dias que se seguiram, Ivy tentou de todas as formas tirar essa terrível ideia da cabeça de sua mãe, mas, até mesmo o conde estava apoiando a esposa dessa vez. E, se tinha alguma esperança de que os dois voltassem atrás, está se esvaiu por completo, quando uma missiva com o selo dos Cumberland chegou, cancelando o acordo de casamento que fora firmado a anos entre os condes.
– Eu não posso sucumbir a isto Lunna, seria como ver a minha vida se esvair aos poucos, é como se eu estivesse indo ao meu próprio enterro! – disse, à sua dama de companhia, enquanto caminhava desesperadamente de um lado para o outro, em seu quarto.
– Milady, não fale assim. Eu sinto muito que tudo isso esteja acontecendo, mas, o senhor Jhonson é um lorde respeitado, foi humilhante sair daquele baile completamente molhado de refresco de framboesa.
– Ele me desrespeitou! Me convidou para ir com ele ao jardim para provar nos meus lábios o sabor da framboesa e ainda ousou dizer que eu parecia muito mais doce do que o refresco do baile! Eu sou filha de um conde, Lunna, ele não poderia me tratar dessa maneira. Se ele queria provar framboesas, então lhe dei logo um banho com elas, foi bem merecido.
Lunna respirou fundo, realmente triste pela sua lady. Ela sempre fora forte e independente, teria a sua vida tomada por um internato e um casamento forçado.
– Infelizmente, milady, não é assim que as coisas funcionam. A senhorita é mais alegre e espontânea do que a maioria das moças, alguns homens tolos confundem as coisas e acham que já podem tomar certas liberdades. Não pode perder a cabeça todas as vezes.
– Não desejo ouvir sermões, já basta os da minha mãe. Na verdade, eu preciso muito um favor que somente você pode fazer por mim.
Lunna notou os olhos de Ivy recuperarem o brilho e temeu pelo que viria a seguir.
– Milady, está com cara de quem vai aprontar...
– Eu não posso passar os próximos seis meses em um internato e correr o risco de casar com o avô viúvo de alguma amiga quando voltar, Lunna. Sabe o vestido verde de veludo? Será seu. Não me trouxe sorte no baile dos Cumberland, mas, precisa me ajudar, por favor.
– Eu nem teria onde usar um vestido como esse, minha lady, no entanto, vou ajudá-la, porque também sou sua amiga, e principalmente porque também acho o lorde Jhonson odioso, ele realmente teve o que mereceu– disse com um sorriso cúmplice nos lábios, nunca conseguia dar um sermão de verdade em Ivy, não apenas por ela ser sua lady, mas, pelo fato de que ela sempre parecia ter razão. Era difícil ser uma mulher em um mundo tão favorável aos homens.
Naquele mesmo dia, no final da tarde, a jovem serva adentrava as vielas de East End, onde uma dama respeitável jamais ousaria ir sozinha, mas, ela era apenas mais uma serva andando pelo lugar. Passou praticamente despercebida pelas ruas aglomeradas. A carruagem alugada parou de frente ao endereço que fora indicado, a jovem ruiva desceu, trajada em seu pior vestido, para evitar chamar mais atenção.
O prédio diante dela, era uma espécie de teatro, um tanto decadente. A pintura era velha e descascava em algumas partes, haviam cartazes sem vida, colados pelas paredes, anunciando os próximos espetáculos.
– Aguarde aqui, voltarei logo.– disse ao motorista da carruagem, antes de entrar no local.
O ambiente interior era pouco iluminado e tinha uma espécie de balcão, mas, não havia ninguém para atender. Algumas vozes podiam ser ouvidas, vindas de um largo corredor, foi exatamente por ali que ela seguiu. Conforme ia se aproximando, as vozes ficaram mais altas e dramáticas. No final daquele corredor escuro, Lunna se deparou com um palco pequeno, onde os artistas ensaiavam alguma peça. Todas as cadeiras estavam vazias e pelo que pôde observar do ambiente, aquele não era o tipo de teatro que lotaria para o espetáculo durante a noite. Quando sua presença foi finalmente notada, o homem que comandava o ensaio se aproximou.
– Não estamos recebendo mais ninguém, infelizmente.– falou com voz de desdém, a olhando dos pés a cabeça.
– Eu não vim procurar um emprego, senhor. Estou procurando uma pessoa, a senhorita Vivienne Hamlets.
– E o que deseja com a senhorita Hamlets?
– Este é um assunto particular, senhor. Só peço que diga a senhorita Hamlets que a estou aguardando, por gentileza.
– Hum, está bem. – resmungou o homem, que não parecia exatamente feliz com a sua presença.– Venha comigo, senhorita...
– Gail, Alana Gail.– mentiu Lunna.
– Prazer, senhorita Gail, sou Adan Fing, o dono deste teatro e diretor principal também. – disse orgulhoso.
"Está explicado." Pensou Lunna, enquanto caminhavam.
Os dois se dirigiram a um pequeno escritório que ficava por trás do palco e em poucos instantes uma linda mulher acompanhou o senhor Fing até lá. Nada nela combinava com aquele lugar, seu aspecto foi, na verdade, a primeira coisa que surpreendeu Lunna positivamente, desde que saiu da mansão dos Dorset. Seus cabelos escuros, contrastavam com a sua pele clara, assim como com os seus olhos muito azuis.
– Obrigada por vir, senhorita Hamlets. Eu sou Alana Gail– Lunna não pretendia mentir para vivienne, mas o dono do teatro ainda não havia se afastado.
– Imagina, não é todo dia que eu recebo visitas aqui. É um prazer conhecê-la. Posso perguntar a que devo a honra?
– Podemos nos falar em particular?
– Com licença, eu vou voltar para o ensaio.– disse o senhor Fing, com cara de poucos amigos, parecendo finalmente perceber que estava sendo inconveniente ali. – Se precisar de alguma coisa, me chame senhorita Hamlets.
– Agora mate minha curiosidade, senhorita Gail. O que deseja?– Perguntou a jovem, assim que antipático diretor se afastou.
– Eu tenho, na verdade, uma proposta para senhorita. É da senhorita Sackville.
– Ivy? Ora, que surpresa! E o que ela precisa de mim?
Para Ivy, ir para o internato passar os próximos seis meses de sua vida, estava fora de cogitação. Para sua sorte, sua dama de companhia era, assim como ela, uma jovem ousada, audaciosa e muito corajosa, que nunca dispensava uma boa aventura. A essa hora, ela já deveria estar de volta, o coração de Ivy pulava em seu peito de tanta ansiedade. O plano era muito arriscado, mas, se desse certo, os próximos seis meses seriam muito diferentes do que a sua mãe planejou.– Ivy, querida, já está pronta? A carruagem está nos aguardando.– disse a condessa, entrando no quarto da filha.– Eu estou, mamãe, mas a Lunna foi se despedir de alguns parentes e eu prometi que daria uma carona para sua prima também, até a cidade de Luton. Já que eu vou ficar trancada como uma prisioneira, minha dama de companhia pode ter uma folga para visitar a família com sua prima.– Querida, eu disse que a acompanharia pessoalmente, e realmente gostaria muito de pode
– Olá, a senhora deve ser a acompanhante da senhorita Sackville, senhora Jhonson, não é? Eu sou Vivienne, assistente da diretora.– disse a senhorita Hamlets, enquanto sorria para a governanta da família Sackville. – A partir de agora, ela estará segura aqui conosco, será uma honra instruí-la de alguma forma pelos próximos meses. Estamos muito agradecidos pela preferência da família.– Levarei seus agradecimentos à condessa de Dorset, obrigada senhorita.– Aqui está a carta assinada pela diretora, desejamos uma boa viagem de volta. A senhorita Sackville já foi encaminhada aos aposentos dela e em seguida irá conhecer as dependências do lugar. A partir de agora, ela já não terá nenhum contato com alguém de fora.– Obrigada mais uma vez, partiremos então.– Disse surpresa e ao mesmo tempo satisfeita com a rigidez daquele lugar. Era tudo o que a senhorita Sackville precisava.De posse da carta assinada pela direto
O clima estava maravilhoso na primeira manhã a bordo do Savannah, o moderno navio a vapor onde viajavam. Para Ivy, este era um presságio de que tudo correria bem.Infelizmente, as duas amigas não puderam explorar o navio como gostariam. O acesso da terceira classe era limitado apenas aquele piso, e como distração, além de olhar o mar, tinham apenas um salão de jogos e um salão comum, onde as pessoas se reuniam falando alto, cantando e contando piadas.O refeitório também era separado apenas para aquela classe. Possuía longos bancos de madeira, onde vários passageiros ocupavam a mesma mesa. Segundo ouvira falar, isso era considerado um luxo para a classe econômica, que as companhias de viagens passaram a adotar, pois, em outros tempos a terceira classe tinha que levar os próprios alimentos.Na cabine, além das camas e um pequeno armário para guardar os pertences, havia uma pia, onde poderiam se lavar, mas, a casa de
O navio demorou muito mais do que o previsto na Espanha, só seguiram viagemà noite, daquele mesmo dia. Deveriam chegar à Itália em três dias, se tudo corresse bem e as paradas não fossem tão longas.Os dois dias que se seguiram foram tranquilos e as noites, como sempre, bem animadas, na área coletiva da terceira classe. Ivy realmente se divertia e se sentia livre naquele ambiente, festejando com aquelas pessoas e conhecendo um lado diferente da vida. Seria hipócrita se dissesse que não sentia falta de todos os luxos que tinha e de todos os privilégios que a sua posição social proporcionava, no entanto, a liberdade de agir e se comportar alí, era algo que desejava provar a muito tempo.Era a sua última noite a bordo do Savannah, no dia seguinte desembarcariam na Itália e aproveitariam ao máximo a estadia por lá. Tudo exatamente como sonhou durante os últimos anos.Estava dançando com um rapazote italia
Aquela foi uma noite bem longa para Ivy, ela não saberia explicar o motivo, mas, sempre que fechava os olhos a imagem daquele olhar de fogo a devorando, vinha em sua mente perturbá-la, e também podia ouvir as vozes da sua cabeça que sussurravam perguntas que ela jamais poderia responder."E se tivesse ficado?""E se não tivesse corrido como uma criança com medo?"Não era do seu feitio correr ou fugir de qualquer desafio, pelo contrário, sempre fora julgada por sua ousadia e atitudes, consideradas indevidas para uma dama. No entanto, naquela noite, de forma nada planejada, estava agindo com medo e até timidez. "Ele também estava olhando pra mim."Era essa a frase que permanecia na cabeça de Ivy, enquanto ela se afastava, no balanço das águas. Por mais que ela estivesse em uma cidade tão encantadora, cercada por todo luxo e liberdade que só seria possível para um cavalheiro, o único pensamento que vinha lhe roubando os sentidos era exatamente esse.Após o episódio no barco, pelo restante do caminho e durante o resto daquela noite em que mal pregou os olhos, não havia outra coisa na qual conseguisse se concentrar. Os olhos de gelo, de um azul tão profundo, o cabelo escuro que realçava ainda mais o seu olhar, o tamanho e a personalidade imponentes. Tudo naquele homem a atraía, de uma forma que jamais imaginou ser possível.Sempre havia idealizado a sua vida livre e independente. Sabia que chegaria o momento em que teria que se casar com alguém, os seus pais, com certeza, se certificariam disso. No entanto, nunca se imaginou feliz07
– Milady, a senhorita perdeu o juízo de vez! – disse Lunna, assim que Ivy retornou ao quarto luxuoso que as duas dividiam e lhe contou o que havia acontecido e o que haviam combinado para o dia seguinte.– Meu coração já ficou tão aflito hoje, ao vê-la partir com ele, sozinha, e agora me diz que pretende fazer o mesmo amanhã?– Calma, Lunna. Eu não pretendo ir sozinha, você irá comigo dessa vez. Eu não quero passar impressões erradas nesse primeiro encontro oficial. Amiga, eu sei que isso tudo parece loucura, mas, é algo que não dá pra explicar, eu só sinto que preciso viver isso antes de voltar para o faz de conta da minha mãe. É a minha única chance real de fazer o que eu realmente quero.Ivy caminhou até a cama e se jogou nela, imaginando como tudo seria no dia seguinte.– Você está apaixonada por ele? – perguntou Lunna, afinal, nunca tinha visto a sua lady se comportar daquela maneira com um cavalheiro.–
Quando desceu do seu quarto para encontrar-se com Andrew, Ivy sentiu aquele familiar frio na barriga, que antecedia todos os encontros entre os dois. Sempre achou que a esta altura já estaria longe de Veneza, que toda aquela empolgação já teria ido embora, que um homem experiente e viajado, como Andrew aparentava ser, não deveria dedicar tanto tempo assim a uma simples serva, que sequer saía a sós com ele. No entanto, pelo decorrer dos acontecimentos, estava completamente enganada.Nos últimos dias, mal se separavam e ela já se via ansiosa pelo próximo encontro. Ele, por sua vez, sempre estava lá na tarde seguinte, elegante e gentil, com os olhos de gelo que sempre faiscavam quando a viam chegar e a derretiam por dentro, um pouco de cada vez.– Milady, está especialmente encantadora esta tarde– falou ele, assim que a viu chegar. – E a senhorita Evans?– Lisonjeiro como sempre, milorde. Infelizmente a senhorita Evans se s