Acordo com o som do galo. Eu e Antonieta dormimos no mesmo quarto. Eu sou dois anos mais velha que ela, com vinte aninhos. Eu e Tônia, crescemos juntas, nossas mães viveram juntas até onde me lembro. Tia Di Meranca é irmã da minha falecida mãe, que perdeu a vida devido a uma enfermidade. Eu tinha 7 anos na época. Do meu pai, pouco sei, apenas de que perdeu a vida dois anos após meu nascimento. Em termos práticos, sou órfã de pais. Por outro lado, minha tia foi abandonada pela pessoa que engravidou logo que o mesmo teve conhecimento da gravidez. Do que eu sei, é que o mesmo já tinha três esposas, minha tia seria a quarta, não sei o que aconteceu, apenas que o mesmo desistiu da minha tia e nunca mais veio a ver.
A história da minha família é triste, acho que é azar no amor, só que, em contrapartida, somos mulheres fortes e independentes.
-- Coloque tudo na carroça, hoje irei connosco para o vilarejo, tenho muitas entregasTia Dimirança, é uma mulher de estatura média, gordinha, de cabelos castanhos curtos.
-- EBA. --- Tonia saltita feliz, diferente de mim que fecho a cara.
--- Acho que eu devia ficar cuidando da casa. -- tento argumentar—um urso pode invadir a casa.
--- Você mais do que ninguém sabe que não tem ursos na floresta. – Tia Dimirança.
-- E se fosse invadida, e melhor tu não estares em casa. Podes ser devorada. -- Tonia.
--- Sei me defender—minha tia apenas me ignora enquanto eu continuo discutindo com Tônia.
Tonia pode até gostar de ir ao vilarejo, ela sonha um dia se cruzar com um príncipe ou talvez algum nobre que a peça em casamento. E talvez até tenha sorte nisso. Apesar de não possuir roupas caras, nem dispomos dos melhores tecidos. Tonya está sempre bem apresentada, como se a qualquer momento o príncipe da sua vida fosse aparecer. Eu e ela temos 1,70 de altura, diferente de mim, que sou ruiva e de olhos azuis, ela tem cabelos castanhos como a área do campo, lisos e olhos da mesma cor. Somos um total oposto, meus cabelos são cacheados, acredito até que tenha pássaros vivendo dentro dos cachos. Eu e ela temos o mesmo tom pardo de pelo, eu tenho sardas no rosto, enquanto ela tem no peito. Meus peitos são menores em relação aos seus, termos o busto cheio, herança materna.
Quando o sol começou a picar, chegámos ao vilarejo. Eu não gosto de vir para cá, porque não me sinto bem. As pessoas olham para gente com nojo. Comigo eu até entendo, eu não tento parecer apresentável. Não consigo o ser. Não tente escovar meus cabelos, ou usar maquiagem. Não estou precisando de ninguém para se casar comigo. Quero viver, livre e selvagem.
Antes do pôr do sol, estávamos voltando para casa. Já havíamos preparado o jantar antes de ir para o vilarejo. Por isso, apenas fizemos banho, jantamos e depois fomos nos deitar.
(...)
Acordo com o som da bendita porta sendo esmurrada. Apenas cocei meu traseiro e virei para outro lado, devo estar alucinando é impossivel que alguem esteja batendo na nossa porta. Só pode ser um urso. Ignoro os meus pensamentos e viro para outro lado, recebo um chute nas costelas por parte de Tônia. Essa rapariga dorme muito mal. Novamente o som da porta sendo esmurrado.
Ah. Droga.
Me levanto da cama feita de palha seca, de cara amarrada, se for um urso eu vou matar juro, detesto que me acordem. Nosso quarto não tem porta, apenas um lençol para servir de barreira. A distância daqui até a porta é de cinco metros, nem preciso me aproximar para ver com quem ela está falando. Pouco dava para ouvir, apenas ruídos. Esfrego os olhos para melhorar minha visão. A pessoa com quem minha tia está falando, veste roupas elegante, e tem o brazao real. O que uma pessoa da realeza está fazendo aqui?
-- o que está fazendo aí, Amanda?—Tonia resmunga sonolenta.
--- Quieta.---ralho--- assim mal dá para ouvir.
--- escutar a conversa dos outros é feio, Amanda.
--- Ainda bem que sabe. O que ainda está fazendo aqui?--- perguntei irônica. -- Sai daqui para que eu possa ouvir melhor.
--- Rude. -- me xinga e eu reviro os olhos.
--- A sua sobrinha Amanda está sendo solicitada para comparecer ao palácio do imperador amanhã.--diz o mensageiro.
--- posso saber por qual motivo?
--- Ela está concorrendo a vaga para se tornar esposa do príncipe. – minha tia fica sem falar por alguns instantes. Eu também estou do mesmo jeito, como assim, concorrendo a vaga para me tornar a esposa do PRÍNCIPE?UM CARA QUE EU NUNCA VI, E QUE NEM LIGA PARA SEU PRÓPRIO POVO?
- Desculpe, acho que não entendi muito bem. –minha tia diz coçando a garganta, branca como um fantasma. Tão incrédula como qualquer um em sua situação. Todo o mundo sabe que as esposas da realeza são escolhidas entre nobres ou entre nações, isto de modo a melhorar as relações entre nações. O QUE ELE QUER COM UMA CAMPONESA COMO EU?
- Aqui está a carta real em caso de dúvidas. Amanhã antes do galo cantar estaremos à porta.
Ele não fez questão de explicar mais nada, apenas deu as costas a minha tia e entrou no seu carro. Minha tia continuou parada olhando para o nada sem acreditar no que tinha acontecido.
-- ISSO. FINALMENTE DEUS ESTÁ OLHANDO PARA NÓS.—Tônia grita eufórica.
-- NÃO. ESTÁ LOUCA? EU NÃO QUERO ISSO PARA MIM, NÃO QUERO ME CASAR. NÃO QUERO IR PARA O PALÁCIO DO IMPERADOR. TIAAA.—gritei com raiva me consumindo, minha tia se virou e ficou algum tempo me encarando sem dizer nada. E essa reação dela, está me dando vontade de chorar. Ela volta a si e sacode a carta com o símbolo do imperador. Nenhum de nós sabe ler, então ninguém vai se dar ao tempo de abrir a carta e ler. -- Eu não quero. -- sussurro.
-- Não é sobre querer ou não querer, é uma ordem do príncipe. E nós apenas seguimos ordens. -- disse estranhamente calma, como se já tivesse se conformado.
-- Quem dera fosse eu.--- Tonia
-- Sério fecha boca Antonieta. Estou com raiva. Eu não quero isso para mim. Não quero ter que lidar com gente esnobe. ELES SEQUER LIGAM PARA A GENTE. OLHA ONDE A GENTE MORRA. NO RAIO QUE PARIU
--- OLHA BOCA AMANDA
--- MAS É VERDADE TIA. A senhora sabe que tenho razão. LA SEREI HUMILHADA.--- digo já chorando de medo de ter de lidar com gente que mal conheço, mas rica, mais limpa, mais educada e bela. - Tia sabe que eu não aguento ser humilhada. Vou enlouquecer. Isso só pode ser um engano. - Comecei a soluçar e Tônia me abraça.
--- Não fica assim. Mãe, diz alguma coisa.
Ficamos em silêncio por algum tempo.
--- Vamos tomar café, depois procuramos boas roupas para você pelo menos estar bem apresentável quando vierem te levar. Tonia vai te fazer maquiagem e você estará linda. -- Disse ignorando tudo que eu disse. Cai de joelhos chorando compulsivamente, sou muito intuitiva e algo dentro de mim grita para eu fugir. Sinto calafrios como se fosse mau presságio. E é isso que me faz chorar, mais e mais.--- Amada, nós cumprimos ordens. Ele é realeza, e nos seus peões.
Tomamos café, depois fomos fazer nossas tarefas. Minha tia tirou o dia de folga para ficar conosco. Ela está pensativa. Quase como se estivesse divagando entre o passado e o presente. Eu não fiquei para escolher roupas para ir à prisão, peguei em Cry e corri para a floresta, voltei para amaciar.Sinto saudades, saudades de uma pessoa que mal lembro. Saudades da minha mãe, aposto que ela não me deixaria ir de mão beijada, ela era uma guerreira. Ia fazer de tudo para me ver feliz.Encarei meu reflexo no riacho. Meus cabelos volumosos cheios de no, minha sobrancelha ruiva, e meu rosto vermelho depois de chorar. Bati minha mão contra o reflexo fazendo a água se agitar.--- Ao mundo inteiro, sobrevivi.—a melodia sai num tom arranhando.--- Nesta batalha, não irei ceder.--- Aos poucos a imagem do meu rosto no riacho voltou a se formar --- Choquei perfeito, sem exitar, se me derrotam, poderei tentar... porque eu sou... eu sou...--- parei de respirar por um instante. Acho que já sei o que faz
Desperto me sentindo levemente enjoada, e antes mesmo de abrir as pálpebras, me recordo de tudo que aconteceu. Sinto como se estivesse dormindo em nuvens, por isso me levantei abruptamente, não reconhecendo o cômodo, no qual me encontro. Uma cama limpa e confortável, um armário, uma janela média, uma porta, e mais ao fundo, vejo o banheiro, por detrás de sinuosas cortinas.Droga. Onde eu estou?Olho para o meu colo e vejo que continuo com as mesmas roupas de antes. Mas não vejo sandálias. Ignoro esse pormenor e me levanto.Eu tenho de sair daqui.Me direciono a porta, segurou na maçaneta, e felizmente a mesma não está trancada. Abro e não vejo ninguém pelos corredores. Olho ao redor e vejo vários compartimentos espalhados na linha horizontal, e vertical, como se fosse um labirinto de residências.Com certeza esse é o palácio do imperador.Deve ser meio dia porque o sol está no pico. Sigo minha intuição e entro num dos corredores. Nunca estive aqui, mas com certeza, posso me orgulhar
(...)Minha pele ficou um pouco vermelha, por causa de todos os procedimentos, com os quais elas me fizeram passar. Depois disso me vestiram um lindo vestido, cor de vinho, colocaram brincos de pedras de jaspe, e um colar de ouro branco.-- Ouro branco, senhora?—questionou uma das serviçais.--Sim. -- disse Ruth com um estranho brilho nos olhos. -- Simboliza pureza.Quando me levaram, até a sala de jantar, que por acaso fica de portas abertas, para a lagoa, que está cercada, pelos pilares do palaniços, com lanternas amarelas iluminando o lago.O sol já havia se escondido, dando abertura para lua minguante. Apesar do olhar emocionado da imperatriz, o príncipe não deixou de passar seu olhar de reprovação por terem chegado atrasadas. A família real está no centro da sala, enquanto que os servos, devidamente organizados, servem. As serviçais entram comigo até o centro da sala, elas fizeram uma curva e se retiraram. Me deixando à própria sorte. Olhei em volta , e o único rosto que eu recon
Eu levei horas, para chegar à fronteira, mas com o cavalo real, foram apenas alguns instantes para voltarmos ao palácio, dessa vez ele me conduziu aos meus aposentos. Ele ficou me vigiando, enquanto os servos, colocavam grades, nas janelas e tranquetas nas portas. Como punição por tentar fugir, ele disse que ficaria sem jantar, e ficaria o dia todo trancada no quarto.Eu prometi me casar, com aquele príncipe desprezível. Isso nem sequer faz sentido, não me recordo de alguma vez ter visto. Ele me humilhou. Nunca. Nunca. Nunca. Vou amar um homem assim. Eu o odeio. Odeio. Odeio. Odeio.-- A Partir de hoje, terá aulas de etiqueta, e retórica. Daqui a três luas cheia, será o dia da competição, e a imperatriz a quer pronta para qualquer desafio. -- Ruth informou.-- Porque a imperatriz, está tão interessada, que eu aprenda tudo isso?—Ruth sorriu.-- Não sei ao certo, meu chute é que você conquistou o favor da imperatriz.-- Mas. Eu mal a conheço. Quero dizer, não conheço ninguém.Depois de
Daqui a algumas noites será a terceira lua cheia, por um lado as aulas teóricas abrandaram, por outro, as aulas de música se intensificaram, mas pelo menos agora eles me deixam com algum tempo livre. Acho que ganhei o favor do príncipe, para que ele me de alguma liberdade.Se ele confia em mim, então ele é louco, assim que eu encontrar uma brecha vou dar o fora, mas por outro lado, se eu for fugir, viro fugitiva, e o príncipe Christopher vai colocar minha cabeça a prêmio. Ao mesmo tempo que não quero me tornar sua esposa, quer dizer, já sou sua concubina, mas diferente da Senhora Larissa eu ainda não estou cumprindo meus deveres conjugais. Para nobreza se o príncipe não te visita, te despreza, ou seja, se ele ainda não veio consumar o acto, provavelmente não virá, que ele me despreza ele mesmo o disse.Como hoje tenho o dia de folga decidi sair para conhecer melhor o palácio, como andei muito ocupada andando de um ponto fixo para o outro que mal tive tempo de conhecer o palácio.-- A
A passos de fantasma entrou no escritório do príncipe. Que possui várias estantes de livros, uma secretaria, com documentos por cima, um pequeno sofá de descanso do lado esquerdo. Tem duas cadeiras para visitas, e uma pequena carinha, que contém uma bandeja com o almoço do príncipe.Leio e vasculho tudo quanto é lado, e nao encontro nada relevante aqui, a maior parte dos documentos se não todos tem haver com a administração do reino, nas aulas de ciência política aprendi, que a administração do nosso reino, é centralizada no imperador, o seja a última palavra será sempre do imperador. Por outro lado, o imperador pode delegar funções, investindo certos nobres, de poder administrativos, jurisdicionais e legislativos, a última parte é mais complexa, sendo que todas as leis criadas, devem estar em consonância com a vontade do imperador. O imperador da mesma forma que lhes investe de poder pode destituí-los a qualquer altura.Um tiro no escuro.Hoje está no poder, amanhã não está.Quanto
LARISSA.A chegada daquela mulher estragou todos os meus planos, me deixou possessa de raiva, estava tudo tão certo. Mesmo Christopher sendo frio, ele gostava um pouco de mim, me via mais vezes em relação a outras mulheres, me deu o título de concubina e me deu a função de gerir as escravas que vem para o palácio. Mas um pouco e ele seria meu.Não, ele é meu, eu sou a única que merece ser sua esposa. fomos feitos um para o outro, o conheço mais que qualquer pessoa. Maldito imperador e sua maldita lei. Se não ele, eu e Christopher já estávamos casados. Seríamos os imperadores, mas não, ele tinha de trazer aquela mulher para aqui.Minhas servas me contaram, que ela tentou fugir, duas vezes aqui no palácio, e soube por um dos oficiais, que mesmo quando era para vir ao palácio ela tentou fugir. Eu não entendo porque fazem tanta questão de a ter aqui.Mandei alguém procurar saber mais sobre ela, e as informações me fizeram rir, aquela mulher não tem nenhum título, não tem nada, é pobre, cr
AMANDAA cada chicotada que recebo,sinto minha pele rasgar. Não importa, quanto eu implorei para ela parar, ela continua batendo em mim. As lágrimas se misturam com sangue. Se tudo aquilo que li naquele diário é verdade, é merecido, a natureza é cruel. Nos tratam como lixo.Isso dói tanto, mamãe.O que eu fiz para merecer estar aqui? Porque essa mulher me odeia tanto?Nunca na minha vida senti tanta dor, merecer tal punição. Meu corpo todo arder, sinto que vou entrar em colapso. É como se estivessem arrancando a minha pele.Socorro. Peço aos céus que escutem a minha oração. Se eu não posso existir entre os homens, por favor tirem a minha vida.Um grito estrangulado sai da minha garganta.-- Trinta.—ela joga o chicote no chão, sou jogada no chão e caiu de joelhos. Não consigo parar de chorar. O sorriso nos lábios e o olhar dela me enlouquecem.Eu vou embora daqui, por mais que a punição seja a morte.Ela e suas criadas estão me dando as costas e se afastando. Começo a sentir algo dentr