Tomamos café, depois fomos fazer nossas tarefas. Minha tia tirou o dia de folga para ficar conosco. Ela está pensativa. Quase como se estivesse divagando entre o passado e o presente. Eu não fiquei para escolher roupas para ir à prisão, peguei em Cry e corri para a floresta, voltei para amaciar.
Sinto saudades, saudades de uma pessoa que mal lembro. Saudades da minha mãe, aposto que ela não me deixaria ir de mão beijada, ela era uma guerreira. Ia fazer de tudo para me ver feliz.
Encarei meu reflexo no riacho. Meus cabelos volumosos cheios de no, minha sobrancelha ruiva, e meu rosto vermelho depois de chorar. Bati minha mão contra o reflexo fazendo a água se agitar.
--- Ao mundo inteiro, sobrevivi.—a melodia sai num tom arranhando.--- Nesta batalha, não irei ceder.--- Aos poucos a imagem do meu rosto no riacho voltou a se formar --- Choquei perfeito, sem exitar, se me derrotam, poderei tentar... porque eu sou... eu sou...--- parei de respirar por um instante. Acho que já sei o que fazer, eu só preciso não estar aqui amanhã, quando eles voltarem, quando Tônia e minha tia foram se deitar, eu irei me arriscar e sair da aldeia. Eu posso ir para onde eu quiser, tenho Cry comigo. Eles nunca irão me achar. Esbocei um sorriso vitorioso, saltando para o riacho e molhando o meu vestido até a altura dos joelhos. – EU SOU A FILHA SELVAGEM DA MINHA MÃE—cantei com mais vivacidade --- NÃO ME CURVO DIANTE DE REIS, VOCÊS IRÃO OUVIR A MINHA VOZ QUANDO EU GRITAR AAAAAAAHHHHHH...--- sorri ao ver os pássaros saírem de seus ninhos e se amontoaram ao meu redor --- AAAAAHHHH....--- gargalhei. Movi meus pés, espalhando a água por todo o meu corpo. Um vento gostoso passou sobre mim, me senti quase levitando. Como se o vento estivesse me abraçando.
Me joguei de costas sobre água, totalmente eufórica com os meus próprios planos. De frente para o céu, me sentindo um pouco mais leve, um rouxinol saiu voando numa velocidade surpreendente. Amanhã será um dia longo.
Isso me lembra quando consegui Cry. Ele havia ido embora sem me dizer nada. Várias luas se passaram e ele nunca mais voltou. Foi quando eu percebi que ele não voltaria. A macieira é o nosso ponto de encontro. Ou melhor, era o meu ponto seguro. Eu mostrei isso a ele. Podia até ser criança, mas eu sei que ele era importante para mim. Chorei como nunca quando percebi que havia perdido o único amigo que não fosse Tônia, um garoto que não sei bem de onde era, mas sim. Ele era meu amigo. Ouvi o reco chiar de um cavalo. Cry estava preso entre arbustos e por ser menor não conseguia desenvelharce. Fui lá ajudar -lhe, e de lá até cá nunca mais nos separamos. Dei-lhe o nome de Cry, porque quando o conheci eu estava chorando. Meio triste eu sei, mas, para mim é uma fonte de energia, sempre que eu chamo Cry. Eu sei. Eu irei chorar, mas não será para sempre.
Assim que a noite chegou fiquei ansiosa para que minha tia e minha prima irem se deitar, mas estranhamente, exatamente hoje elas estão muito energéticas. Jantamos e depois disso foram escolher as roupas que eu usaria amanhã. Tonia inventou de querer alisar os meus cabelos. As dei as costas e fui ficar no quarto, esperando que elas fossem dormir. Só que acabou que eu adormeci, sou fraca no sono. Fraca no sono, mas com um sentido de determinação infalível. Acordei muito antes do sol nascer, a lua se fazia a oeste e minha família dormia com tudo. Troquei as roupas que estava vestido, por um vestido vermelho mais quente. Peguei duas maçãs uma para mim e outra para Cry.
Sai a passos silenciosos de casa, fui para capoeira, desarmar Cry. Mas, antes de sairmos, dei lhe de comer, a maçã. Ele esguichou contente.
-- Silêncio garoto. -- ele puxou os meus cabelos me fazendo sorrir.—Estamos numa operação de fuga, não me deixe na mão. -- baguncei sua crina. E como se me entendesse, parou de fazer barulho. O tirei da capoeira e montei nele, cavalgando silenciosamente até me ver longe de casa para aumentar a velocidade.
Esqueci meu arco, mas tudo bem, Não é como se eu tivesse tempo para recolher todas as minhas trouxas.
Não sei para onde estou indo mas, qualquer sítio serve se for longe do príncipe. Mal tive tempo de conscientizar meus pensamentos, quando comecei a sentir algo estranho. Olhei para os lados e nada. Olhei para cima e apenas a lua me acompanhava, mesmo assim, um arrepio inevitável passou por mim. Cry, também sentiu porque começou a ficar inquieto e recuou.
--Calma, garoto. -- massageie meu rosto, mesmo eu não estando, sentindo essa calma. -- vamos devagar, está bem.
Algo se moveu entre os arbustos me fazendo ficar em alerta, mas, apenas um rouxinol, saiu das árvores. Coloquei uma mão massageando meu peito e outra segurando com força a sela.
Deusa da lua, me proteja.
Dei um pequeno chute na barriga de Cry, avisando para ele ser mais rápido. Seja o que for que está me observando, eu não irei ficar aqui para descobrir. Cavalguei, com determinação para sair da floresta, e medo de algum mal me acontecer. Mas, em alguns instantes fui sacudida por um vento tão forte que me fez recuar.
-- Senhorita, por favor não se mova. Temos ordens para a levar ao palácio, mesmo que seja a força. -- ouço a voz de um homem. Nem me dou o luxo de responder, engato as rédeas, o vento sopra, Cry se sacode de frente para trás inquieto.
-- O que estão fazendo com o meu cavalo. – tentou segurar mas, Cry fica mais nervoso.
-- Desça do cavalo, senhorita, e nos acompanhe por bem.
-- NUNCA.—Tentei controlar Cry, mas a única coisa que recebi foi uma sacudida tão forte que me fez voar para fora do cavalo. Eu girei no ar, e quando estava prestes a cair, eu apenas desmaiei. Por causa do enjoo.
Desperto me sentindo levemente enjoada, e antes mesmo de abrir as pálpebras, me recordo de tudo que aconteceu. Sinto como se estivesse dormindo em nuvens, por isso me levantei abruptamente, não reconhecendo o cômodo, no qual me encontro. Uma cama limpa e confortável, um armário, uma janela média, uma porta, e mais ao fundo, vejo o banheiro, por detrás de sinuosas cortinas.Droga. Onde eu estou?Olho para o meu colo e vejo que continuo com as mesmas roupas de antes. Mas não vejo sandálias. Ignoro esse pormenor e me levanto.Eu tenho de sair daqui.Me direciono a porta, segurou na maçaneta, e felizmente a mesma não está trancada. Abro e não vejo ninguém pelos corredores. Olho ao redor e vejo vários compartimentos espalhados na linha horizontal, e vertical, como se fosse um labirinto de residências.Com certeza esse é o palácio do imperador.Deve ser meio dia porque o sol está no pico. Sigo minha intuição e entro num dos corredores. Nunca estive aqui, mas com certeza, posso me orgulhar
(...)Minha pele ficou um pouco vermelha, por causa de todos os procedimentos, com os quais elas me fizeram passar. Depois disso me vestiram um lindo vestido, cor de vinho, colocaram brincos de pedras de jaspe, e um colar de ouro branco.-- Ouro branco, senhora?—questionou uma das serviçais.--Sim. -- disse Ruth com um estranho brilho nos olhos. -- Simboliza pureza.Quando me levaram, até a sala de jantar, que por acaso fica de portas abertas, para a lagoa, que está cercada, pelos pilares do palaniços, com lanternas amarelas iluminando o lago.O sol já havia se escondido, dando abertura para lua minguante. Apesar do olhar emocionado da imperatriz, o príncipe não deixou de passar seu olhar de reprovação por terem chegado atrasadas. A família real está no centro da sala, enquanto que os servos, devidamente organizados, servem. As serviçais entram comigo até o centro da sala, elas fizeram uma curva e se retiraram. Me deixando à própria sorte. Olhei em volta , e o único rosto que eu recon
Eu levei horas, para chegar à fronteira, mas com o cavalo real, foram apenas alguns instantes para voltarmos ao palácio, dessa vez ele me conduziu aos meus aposentos. Ele ficou me vigiando, enquanto os servos, colocavam grades, nas janelas e tranquetas nas portas. Como punição por tentar fugir, ele disse que ficaria sem jantar, e ficaria o dia todo trancada no quarto.Eu prometi me casar, com aquele príncipe desprezível. Isso nem sequer faz sentido, não me recordo de alguma vez ter visto. Ele me humilhou. Nunca. Nunca. Nunca. Vou amar um homem assim. Eu o odeio. Odeio. Odeio. Odeio.-- A Partir de hoje, terá aulas de etiqueta, e retórica. Daqui a três luas cheia, será o dia da competição, e a imperatriz a quer pronta para qualquer desafio. -- Ruth informou.-- Porque a imperatriz, está tão interessada, que eu aprenda tudo isso?—Ruth sorriu.-- Não sei ao certo, meu chute é que você conquistou o favor da imperatriz.-- Mas. Eu mal a conheço. Quero dizer, não conheço ninguém.Depois de
Daqui a algumas noites será a terceira lua cheia, por um lado as aulas teóricas abrandaram, por outro, as aulas de música se intensificaram, mas pelo menos agora eles me deixam com algum tempo livre. Acho que ganhei o favor do príncipe, para que ele me de alguma liberdade.Se ele confia em mim, então ele é louco, assim que eu encontrar uma brecha vou dar o fora, mas por outro lado, se eu for fugir, viro fugitiva, e o príncipe Christopher vai colocar minha cabeça a prêmio. Ao mesmo tempo que não quero me tornar sua esposa, quer dizer, já sou sua concubina, mas diferente da Senhora Larissa eu ainda não estou cumprindo meus deveres conjugais. Para nobreza se o príncipe não te visita, te despreza, ou seja, se ele ainda não veio consumar o acto, provavelmente não virá, que ele me despreza ele mesmo o disse.Como hoje tenho o dia de folga decidi sair para conhecer melhor o palácio, como andei muito ocupada andando de um ponto fixo para o outro que mal tive tempo de conhecer o palácio.-- A
A passos de fantasma entrou no escritório do príncipe. Que possui várias estantes de livros, uma secretaria, com documentos por cima, um pequeno sofá de descanso do lado esquerdo. Tem duas cadeiras para visitas, e uma pequena carinha, que contém uma bandeja com o almoço do príncipe.Leio e vasculho tudo quanto é lado, e nao encontro nada relevante aqui, a maior parte dos documentos se não todos tem haver com a administração do reino, nas aulas de ciência política aprendi, que a administração do nosso reino, é centralizada no imperador, o seja a última palavra será sempre do imperador. Por outro lado, o imperador pode delegar funções, investindo certos nobres, de poder administrativos, jurisdicionais e legislativos, a última parte é mais complexa, sendo que todas as leis criadas, devem estar em consonância com a vontade do imperador. O imperador da mesma forma que lhes investe de poder pode destituí-los a qualquer altura.Um tiro no escuro.Hoje está no poder, amanhã não está.Quanto
LARISSA.A chegada daquela mulher estragou todos os meus planos, me deixou possessa de raiva, estava tudo tão certo. Mesmo Christopher sendo frio, ele gostava um pouco de mim, me via mais vezes em relação a outras mulheres, me deu o título de concubina e me deu a função de gerir as escravas que vem para o palácio. Mas um pouco e ele seria meu.Não, ele é meu, eu sou a única que merece ser sua esposa. fomos feitos um para o outro, o conheço mais que qualquer pessoa. Maldito imperador e sua maldita lei. Se não ele, eu e Christopher já estávamos casados. Seríamos os imperadores, mas não, ele tinha de trazer aquela mulher para aqui.Minhas servas me contaram, que ela tentou fugir, duas vezes aqui no palácio, e soube por um dos oficiais, que mesmo quando era para vir ao palácio ela tentou fugir. Eu não entendo porque fazem tanta questão de a ter aqui.Mandei alguém procurar saber mais sobre ela, e as informações me fizeram rir, aquela mulher não tem nenhum título, não tem nada, é pobre, cr
AMANDAA cada chicotada que recebo,sinto minha pele rasgar. Não importa, quanto eu implorei para ela parar, ela continua batendo em mim. As lágrimas se misturam com sangue. Se tudo aquilo que li naquele diário é verdade, é merecido, a natureza é cruel. Nos tratam como lixo.Isso dói tanto, mamãe.O que eu fiz para merecer estar aqui? Porque essa mulher me odeia tanto?Nunca na minha vida senti tanta dor, merecer tal punição. Meu corpo todo arder, sinto que vou entrar em colapso. É como se estivessem arrancando a minha pele.Socorro. Peço aos céus que escutem a minha oração. Se eu não posso existir entre os homens, por favor tirem a minha vida.Um grito estrangulado sai da minha garganta.-- Trinta.—ela joga o chicote no chão, sou jogada no chão e caiu de joelhos. Não consigo parar de chorar. O sorriso nos lábios e o olhar dela me enlouquecem.Eu vou embora daqui, por mais que a punição seja a morte.Ela e suas criadas estão me dando as costas e se afastando. Começo a sentir algo dentr
PRÍNCIPE HERDEIRO.Eu estava numa reunião com um mensageiro do país do fogo, o mesmo traz um convite por parte do rei do país do fogo, para uma festa que acontecerá dentro de algumas noites. A reunião mal terminou e o meu rouxinol apareceu me informando de que a Amanda para além de entrar no meu escritório e ficar fuçando os meus livros, foi pega pela Larissa que está a punido com chicotes.Merece, ela merece por mexer nas minhas coisas. Mas confortavel, a Larissa estar batendo nela eu não estou, é como se ela estivesse tentando danificar algo que eu tenho o direito de fazer.-- O que está acontecendo?—Derek meu secretário, conhece o rouxinol, há anos que trabalham juntos. Quando criei o espírito do rouxinol, Derek estava presente.-- Voltemos para os meus aposentos, parece que está rolando alguma confusão. –mal saí da sala de reuniões percebi que o tempo ficou estranho.A pouco estava um dia de sol, agora a relâmpagos e ventania, algo está acontecendo. Consigo ver os rastros de energ