Capítulo 06.

Eu levei horas, para chegar à fronteira, mas com o cavalo real, foram apenas alguns instantes para voltarmos ao palácio, dessa vez ele me conduziu aos meus aposentos. Ele ficou me vigiando, enquanto os servos, colocavam grades, nas janelas e tranquetas nas portas. Como punição por tentar fugir, ele disse que ficaria sem jantar, e ficaria o dia todo trancada no quarto.

Eu prometi me casar, com aquele príncipe desprezível. Isso nem sequer faz sentido, não me recordo de alguma vez ter visto. Ele me humilhou. Nunca. Nunca. Nunca. Vou amar um homem assim. Eu o odeio. Odeio. Odeio. Odeio.

-- A Partir de hoje, terá aulas de etiqueta, e retórica. Daqui a três luas cheia, será o dia da competição, e a imperatriz a quer pronta para qualquer desafio. -- Ruth informou.

-- Porque a imperatriz, está tão interessada, que eu aprenda tudo isso?—Ruth sorriu.

-- Não sei ao certo, meu chute é que você conquistou o favor da imperatriz.

-- Mas. Eu mal a conheço. Quero dizer, não conheço ninguém.

Depois de me servirem o café, elas me levaram para uma sala, onde irão decorrer todos os treinos. Apreender etiqueta é difícil, são muitas regras, só para comer. Várias talheres, com  que se importar, uma postura ereta a mesa, a desejar. Conhecer os pratos adequados para qualquer tipo de refeição. No primeiro dia não aprendi praticamente nada. Tive vários surtos de raiva e estresse. De tempos em tempos, via guardas, sondando a sala de etiqueta para provar se eu não fugi. No dia seguinte foi a mesma coisa. A porta do meu quarto só pode ser aberta por fora, por ordens do príncipe. Para onde quer que eu vá há sempre um guarda, ou uma serva, me vigiando. Em contrapartida tenho o rouxinol que me faz companhia todas as noites. Sinto como se o mesmo acompanhasse todos os meus pratos.

-- Postura ereta.—Ruth bateu minhas costas. -- Queixo erguido. Tire o medinho para doar e segure firmemente a xícara. Junte os pés. Você não é um homem para se sentar de pés abertos. Olhe sempre para quem está te acompanhando na refeição. Tem de ser multifuncional.

-- Não consigo. -- rogo.

-- Conseguiu escalar o muro do palácio, dominar a etiqueta, será como dar um pulo para fora da cratera.

Ruth, é a chefe das servas  de todo palácio, por ordem da imperatriz, ela agora está cuidando especificamente de mim. Com uma equipe devidamente escolhida. Tenho a noção que ela não cuidará de mim para sempre, assim que se passarem as doze luas, serão designadas, outras, pessoas para cuidar de mim.

-- A senhorita, não é um soldado. Ande de pernas fechadas, deslize como um cisne.-tropecei e caí com todos os livros que estavam em minha cabeça. -- levante se. Não pararemos até que consiga.

Não tenho visto o príncipe herdeiro, mas, a sua presença faz-se sentir por todo o palácio. Os soldados continuam de olho em mim. Não vejo Cry a luas. Minha vida tem se resumido a ir às aulas, voltar exausta e dormir. A não ser por Ruth e outras services, não mantenho contacto com mais ninguém.

- Agora que já tem o conhecimento intermédio de etiqueta, passará a ter aulas de retórica. Com retórica, inclui, canto, dança, harpa, hipismo. Como  são aulas complexas não se exige que domine tudo, apenas o básico para a competição. A competição é só um pontapé de saída para melhor ser conhecida pela classe nobre e tenha o favor do imperador. A senhorita Larissa também está se preparando, ela é excelente em retórica, e etiqueta.  Temos algum tempo, se quiser ganhar, tem de se esforçar mais.

Esse é o problema, eu nao quero vencer, eu detesto o principe, nao quero o favor de ninguém, ele arrancou a vida calma que eu tinha, ele me detesta, mais nao me deixa sair daqui. Não tenho nenhuma vontade de vencer, ao mesmo tempo não quero ser humilhada pela senhorita Larissa, não quero que as pessoas riem de mim. Eu não me importo em terminar sendo a concubina. Só não deixarei que ninguém me diga coisas feias.

-- Não suje as escadas, corredores, armários ou tapeçarias de urina ou outras imundícies. Não se alivie diante de senhoras, ou na frente de portas ou janelas de casas em becos. Não deslize para frente e para trás na cadeira como se estivesse tentando eliminar gases. Não toque em suas partes pudendas sob as roupas com as mãos nuas. -- Ruth, volta a repassar as regras. -- a  não comer o pão antes dos primeiros pratos,  não colocar comida nos dois lados da boca e a evitar falar enquanto mastiga.

Se eu já não gostava de etiqueta, é porque eu não imaginava o que retórica estava prestes a fazer comigo.

Tenho três professoras para retorica, e cada uma desempenha seu papel, e infelizmente ja nao tenho a senhora Ruth como professora, e eu gosto dela, ela me trata bem. Ela disse que voltaríamos a nos ver quando a tempo da competição.

-- A retórica é a arte de falar bem. Ela  é utilizada nos âmbitos políticos, jurídicos, religiosos e filosóficos. Essa arte consiste na técnica de utilizar o bom emprego das palavras e da linguagem para convencer o interlocutor. -- explica a senhora Isabel, que da retórica geral.-- Os sofistas, famosos na Grécia Antiga, utilizavam amplamente a retórica para vencer debates políticos. No entanto, para eles, o importante era o convencimento, mesmo que o fato não fosse verídico. Isso contrastava com a busca pela verdade e essência das coisas, preocupação de filósofos como Sócrates e Platão.

A encarou com cara de tédio, ainda não entendi qual é o benefício dessa disciplina na minha vida. A senhora Isabel para de falar e me encara com um sorriso sarcástico, a uma lua cheia eu teria me sentido mal com esse sorriso, inferiorizada. Mas depois de árduas aulas com a senhora Ruth, eu aprendi que nesse mundo não podemos demonstrar nossas emoções. Ela disse que sou muito explosiva, e apesar de ser uma qualidade, também é a minha fraqueza. E que os nobres se aproveitam de pessoas como eu para humilhar em público.

Devolvi um sorriso desdenhoso, com os braços cruzados abaixo dos seios.

- Qual é a utilidade da retórica na minha vida. Gramática, escrita? Enfim, posso aprender isso com a senhora Ruth, não preciso que fique me falando sobre sites que não conheço e provavelmente, não conhecerei, nunca.

- A retórica não é só gramática e escrita, como você pensa. Você mal, a conhece, e já a julga. Me escute depois, poderá tirar suas conclusões. -- Os  sofistas, famosos na Grécia Antiga, utilizavam amplamente a retórica para vencer debates políticos. No entanto, para eles, o importante era o convencimento, mesmo que o fato não fosse verídico. Isso contrastava com a busca pela verdade e essência das coisas, preocupação de filósofos como Sócrates e Platão. Aristóteles associou a retórica diretamente à lógica como arte de designação dos significados por meio da interlocução de ideias expressas por palavras.

A retórica só chega para as mulheres da classe nobre, pois, com ela, elas podem, na Esfera Eclesiástica: Abadessas: Algumas abadessas eram verdadeiras senhoras feudais, com poder igual ao de outros senhores. Elas administram vastos territórios, incluindo aldeias e paróquias. Algumas abadessas até usavam o báculo, símbolo de autoridade semelhante ao dos bispos. Fora das Abadias e Conventos: Atos Notariais: Em documentos notariais, é comum ver mulheres casadas agindo por si próprias. Elas podiam abrir lojas ou negócios sem necessidade de autorização do marido. Dependo do nível social entre ela e o marido. Pois, se o marido for dono de ter, um homem influente, a mulher torna-se totalmente submissa a ele.

Mas existem Profissões Diversas, tais como professoras, médicas, boticárias, educadoras, tintureiras, copistas e miniaturistas,

Para saber o que será, basta saber quanto é.

Eu na qualidade de plebeia nenhuma dessas opções se aplicam a mim.

Quem nasce sem nada, morre sem se tornar nada.

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