Desperto me sentindo levemente enjoada, e antes mesmo de abrir as pálpebras, me recordo de tudo que aconteceu. Sinto como se estivesse dormindo em nuvens, por isso me levantei abruptamente, não reconhecendo o cômodo, no qual me encontro. Uma cama limpa e confortável, um armário, uma janela média, uma porta, e mais ao fundo, vejo o banheiro, por detrás de sinuosas cortinas.
Droga. Onde eu estou?
Olho para o meu colo e vejo que continuo com as mesmas roupas de antes. Mas não vejo sandálias. Ignoro esse pormenor e me levanto.
Eu tenho de sair daqui.
Me direciono a porta, segurou na maçaneta, e felizmente a mesma não está trancada. Abro e não vejo ninguém pelos corredores. Olho ao redor e vejo vários compartimentos espalhados na linha horizontal, e vertical, como se fosse um labirinto de residências.
Com certeza esse é o palácio do imperador.
Deve ser meio dia porque o sol está no pico. Sigo minha intuição e entro num dos corredores. Nunca estive aqui, mas com certeza, posso me orgulhar do meu senso de direção.
Aqui é tudo tão diferente da vida na floresta, o brilho é diferente, a atmosfera também. O jeito como ele anda e se vestem, a vida que eu nunca terei. Não muito distante do local onde eu estava, eu achei o estábulo.
-- E você quem é?—perguntou um dos homens que guarnece
-- Eu sou uma serviçal, me mandaram vir pegar o cavalo.
- Nunca vi você aqui.
Olho para o homem não tão forte à minha frente, e tento analisar as minhas hipóteses, de certa forma ele não me deixa passar facilmente. Tentar lutar será inútil, são dois contra um e eu não tenho hipóteses de ganhar. Sem falar que vai chamar atenção desnecessária para mim. Tenho de pensar.
Estalo a língua.
-- Aquele não o imperador?—aponto para uma direção qualquer. No instante que eles viram o rosto, entrou no estábulo, cheio de cavalos. Ouço gritarias dos guardas que me seguem. Entre tantos cavalos, avisto, Cry.
-- Ela está ali. Deve ser uma ladra, não a deixe sair daqui.
-- Garoto, vamos. –abro a cela e monto em Cry.
---DESÇA DAÍ, POR BEM.
-- Isso não vai acontecer. -- passo por eles lhes atropelando com Cry. Sem me importar em lhes ferir, antes eles do que eu.
- Chame reforços.
Eles emitem um som estranho ao mesmo tempo que sinto a temperatura mudar, e as portas do estábulo quase se fechando. Derrubo a porta, conseguindo escapar. Vou pela direita, mas antes mesmo que eu consiga cavalgar em direção a liberdade, me vejo flutuando. Cry se agita por estar longe do chão, eu mais ainda com medo de algo pior que estar longe do chão acontecer.
-- Para onde pensa que vai Amanda?—estou de costas e mal consigo ver quem fala comigo.
-- Meu, príncipe sinto muito, essa mulher nos enganou e tentou roubar um dos cavalos.
-- O CAVALO é MEU. – grito mesmo sem conseguir ver o que acontece atrás de mim.
Pouco a pouco me vejo voltando à terra. E um homem de vestes celestiais. De cabelos castanhos longos, olhos da cor ambar. Pele limpa e clara. O homem mais bonito que já vi em vida. Eu não saí muito da floresta, então é de se esperar que eu ache qualquer homem nobre lindo.
-- Desça do cavalo, Amanda. – sua voz é o oposto da sua aparência delicada. É firme e imponente.
-- Não. –as palavras saíram antes que eu pudesse pensar.
-- Enlouqueceu. -- diz um dos guardas. -- dizendo não ao futuro imperador.
-- Quer morrer mulher?—diz outro guarda.
Sou surpreendida por dois guardas, que me seguraram pelos braços para me tirar do cavalo.
-- Nao.—diz o príncipe. -- ela vai descer sozinha.—Os homens me soltaram imediatamente. Eu não movo nem um músculo. O encaro com raiva nos olhos. Quero que ele saiba que ele não manda em mim, eu não irei ceder. Ele tem de me deixar voltar para casa. -- Desça. -- Não me movo. Pouco a pouco algumas pessoas fazem a minha volta. Assistindo o espetáculo. Quando pensei que ele ia se repetir, ele elevou sua mão, fazendo um vento forte bater em Cry, que recheou para trás. Perdi o equilíbrio e caí de costas no chão duro. As vozes das pessoas comentando enchem minha cabeça, me deixando vermelha de vergonha.
Me coloco em pé de forma desajeitada. O Príncipe olha para mim com a sombra arqueada me desafiando a lhe desafiar novamente. Dou um passo para trás. E imediatamente, os guardas fecham meu caminho, olho para ele que vale por um exército e olho para as pessoas em volta de mim que fecham o meu caminho de fuga.
- Devolvam o cavalo para o estábulo. Levem ela para o seu quarto.—ele me encara de cima para baixo e torce o nariz, com desprezo.—limpem na, e a deixem apresentável. A quero antes do pôr do sol, na sala de jantar.
---Sim, vossa majestade. -- todos se curvam excepto por mim, que continuou o encarando, como se fosse o matar.
Os guardas me arrastaram de volta ao quarto, mesmo eu tendo resistido com todas as minhas forças. As serviçais me cercam.apontam suas tesouras. Tecidos. Saltos. E pós de maquiagem em minha direção.
-- Vocês não vão tocar em mim. -- ameaçou apontando a almofada.
-- Eu sou a Ruth, a chefe das empregadas, estou aqui por ordem, da imperatriz, para inspecionar, a sua...—ela me olha de baixo para cima. -- mudança , vamos assim dizer.
-- Vou arrancar seus olhos. Não se atreva a se aproximar de mim.—rosno.
Ela dá um riso nasal.
-- A imperatriz, me preparou para situações como esta. E eu, tenho permissão, para usar, meios coercivos, para te fazer, cooperar.—ela estala os dedos e dois guardas entram.—segurem-na. Cuidado para não machucar, não temos permissão para aferir.
O que veio a seguir foram gritos, e berros de injúrias contra essas mulheres, contra todo o império. Eles me prenderam no banheiro, os guardas saíram e as servas, me banharam. Com recurso a pedras, para tirar os calos dos meus pés. Violentaram minhas unhas, com suas agulhas infalíveis. Esfregaram meus cabelos, com tanto força que senti meu couro cabeludo, instalar. Dos meus cabelos, caíram, alguns insetos inofensivos, pedrinhas, uma e outra folha colada.
--ME SOLTEM. SUAS LOUCAS.
Gritem uma e outra vez, mas foi em vão. O banho durou cerca de duas horas, e quando dei por mim estava sentada vestindo apenas um sobretudo branco de banho de frente para o espelho.
- Temos que cortar seus cabelos, ao menos até ao ombro.—anunciou Ruth.
-- Se atreva e eu vou te matar.—Me coloquei de pé, chutando a cadeira, minhas mãos vasculharam a cabeceira, peguei na primeira coisa que achei, um pente. Vai ter que servir.—Nos meus cabelos, VOCÊ NÃO TOCA. EU NUNCA OS CORTEI QUANDO CRIANÇA, E NÃO SERÁ VOCÊ QUE ME FARÁ CORTÁ-LOS.—minha respiração saiu ofegante. Guardas abriram a porta preocupados.
Ruth apenas deu um meio sorriso, e mandou os guardas voltarem.
--Você deve aprender a se expressar sem gritar, querida. -- disse num tom ameno me deixando desconfiada, não confio em pessoas que parecem boazinhas.—podemos cuidar de seu cabelo, sem cortá-lo. É uma questão de escolha. Se prefere-os compridos, deixá-los cumpridos. É só saber conversar. -- lentamente baixei minha guarda e guardei o pente de volta na cabeceira. -- pode voltar a se sentar por favor.
--Agora você pede por favor. -- uma serviçal, coloca o banco de volta no lugar.
--Você não nos deu escolhas antes, tentou fugir.
-Não estou dando agora, na primeira oportunidade vou colocar os pés para fora desse lugar.
Ruth, apenas deu um pequeno sorriso e apontou o banquinho. Me sentei. Porque uma boa guerreira sabe, qual é o tempo de lutar, e qual é o tempo de recuar, para a próxima batalha.
(...)Minha pele ficou um pouco vermelha, por causa de todos os procedimentos, com os quais elas me fizeram passar. Depois disso me vestiram um lindo vestido, cor de vinho, colocaram brincos de pedras de jaspe, e um colar de ouro branco.-- Ouro branco, senhora?—questionou uma das serviçais.--Sim. -- disse Ruth com um estranho brilho nos olhos. -- Simboliza pureza.Quando me levaram, até a sala de jantar, que por acaso fica de portas abertas, para a lagoa, que está cercada, pelos pilares do palaniços, com lanternas amarelas iluminando o lago.O sol já havia se escondido, dando abertura para lua minguante. Apesar do olhar emocionado da imperatriz, o príncipe não deixou de passar seu olhar de reprovação por terem chegado atrasadas. A família real está no centro da sala, enquanto que os servos, devidamente organizados, servem. As serviçais entram comigo até o centro da sala, elas fizeram uma curva e se retiraram. Me deixando à própria sorte. Olhei em volta , e o único rosto que eu recon
Eu levei horas, para chegar à fronteira, mas com o cavalo real, foram apenas alguns instantes para voltarmos ao palácio, dessa vez ele me conduziu aos meus aposentos. Ele ficou me vigiando, enquanto os servos, colocavam grades, nas janelas e tranquetas nas portas. Como punição por tentar fugir, ele disse que ficaria sem jantar, e ficaria o dia todo trancada no quarto.Eu prometi me casar, com aquele príncipe desprezível. Isso nem sequer faz sentido, não me recordo de alguma vez ter visto. Ele me humilhou. Nunca. Nunca. Nunca. Vou amar um homem assim. Eu o odeio. Odeio. Odeio. Odeio.-- A Partir de hoje, terá aulas de etiqueta, e retórica. Daqui a três luas cheia, será o dia da competição, e a imperatriz a quer pronta para qualquer desafio. -- Ruth informou.-- Porque a imperatriz, está tão interessada, que eu aprenda tudo isso?—Ruth sorriu.-- Não sei ao certo, meu chute é que você conquistou o favor da imperatriz.-- Mas. Eu mal a conheço. Quero dizer, não conheço ninguém.Depois de
Daqui a algumas noites será a terceira lua cheia, por um lado as aulas teóricas abrandaram, por outro, as aulas de música se intensificaram, mas pelo menos agora eles me deixam com algum tempo livre. Acho que ganhei o favor do príncipe, para que ele me de alguma liberdade.Se ele confia em mim, então ele é louco, assim que eu encontrar uma brecha vou dar o fora, mas por outro lado, se eu for fugir, viro fugitiva, e o príncipe Christopher vai colocar minha cabeça a prêmio. Ao mesmo tempo que não quero me tornar sua esposa, quer dizer, já sou sua concubina, mas diferente da Senhora Larissa eu ainda não estou cumprindo meus deveres conjugais. Para nobreza se o príncipe não te visita, te despreza, ou seja, se ele ainda não veio consumar o acto, provavelmente não virá, que ele me despreza ele mesmo o disse.Como hoje tenho o dia de folga decidi sair para conhecer melhor o palácio, como andei muito ocupada andando de um ponto fixo para o outro que mal tive tempo de conhecer o palácio.-- A
A passos de fantasma entrou no escritório do príncipe. Que possui várias estantes de livros, uma secretaria, com documentos por cima, um pequeno sofá de descanso do lado esquerdo. Tem duas cadeiras para visitas, e uma pequena carinha, que contém uma bandeja com o almoço do príncipe.Leio e vasculho tudo quanto é lado, e nao encontro nada relevante aqui, a maior parte dos documentos se não todos tem haver com a administração do reino, nas aulas de ciência política aprendi, que a administração do nosso reino, é centralizada no imperador, o seja a última palavra será sempre do imperador. Por outro lado, o imperador pode delegar funções, investindo certos nobres, de poder administrativos, jurisdicionais e legislativos, a última parte é mais complexa, sendo que todas as leis criadas, devem estar em consonância com a vontade do imperador. O imperador da mesma forma que lhes investe de poder pode destituí-los a qualquer altura.Um tiro no escuro.Hoje está no poder, amanhã não está.Quanto
LARISSA.A chegada daquela mulher estragou todos os meus planos, me deixou possessa de raiva, estava tudo tão certo. Mesmo Christopher sendo frio, ele gostava um pouco de mim, me via mais vezes em relação a outras mulheres, me deu o título de concubina e me deu a função de gerir as escravas que vem para o palácio. Mas um pouco e ele seria meu.Não, ele é meu, eu sou a única que merece ser sua esposa. fomos feitos um para o outro, o conheço mais que qualquer pessoa. Maldito imperador e sua maldita lei. Se não ele, eu e Christopher já estávamos casados. Seríamos os imperadores, mas não, ele tinha de trazer aquela mulher para aqui.Minhas servas me contaram, que ela tentou fugir, duas vezes aqui no palácio, e soube por um dos oficiais, que mesmo quando era para vir ao palácio ela tentou fugir. Eu não entendo porque fazem tanta questão de a ter aqui.Mandei alguém procurar saber mais sobre ela, e as informações me fizeram rir, aquela mulher não tem nenhum título, não tem nada, é pobre, cr
AMANDAA cada chicotada que recebo,sinto minha pele rasgar. Não importa, quanto eu implorei para ela parar, ela continua batendo em mim. As lágrimas se misturam com sangue. Se tudo aquilo que li naquele diário é verdade, é merecido, a natureza é cruel. Nos tratam como lixo.Isso dói tanto, mamãe.O que eu fiz para merecer estar aqui? Porque essa mulher me odeia tanto?Nunca na minha vida senti tanta dor, merecer tal punição. Meu corpo todo arder, sinto que vou entrar em colapso. É como se estivessem arrancando a minha pele.Socorro. Peço aos céus que escutem a minha oração. Se eu não posso existir entre os homens, por favor tirem a minha vida.Um grito estrangulado sai da minha garganta.-- Trinta.—ela joga o chicote no chão, sou jogada no chão e caiu de joelhos. Não consigo parar de chorar. O sorriso nos lábios e o olhar dela me enlouquecem.Eu vou embora daqui, por mais que a punição seja a morte.Ela e suas criadas estão me dando as costas e se afastando. Começo a sentir algo dentr
PRÍNCIPE HERDEIRO.Eu estava numa reunião com um mensageiro do país do fogo, o mesmo traz um convite por parte do rei do país do fogo, para uma festa que acontecerá dentro de algumas noites. A reunião mal terminou e o meu rouxinol apareceu me informando de que a Amanda para além de entrar no meu escritório e ficar fuçando os meus livros, foi pega pela Larissa que está a punido com chicotes.Merece, ela merece por mexer nas minhas coisas. Mas confortavel, a Larissa estar batendo nela eu não estou, é como se ela estivesse tentando danificar algo que eu tenho o direito de fazer.-- O que está acontecendo?—Derek meu secretário, conhece o rouxinol, há anos que trabalham juntos. Quando criei o espírito do rouxinol, Derek estava presente.-- Voltemos para os meus aposentos, parece que está rolando alguma confusão. –mal saí da sala de reuniões percebi que o tempo ficou estranho.A pouco estava um dia de sol, agora a relâmpagos e ventania, algo está acontecendo. Consigo ver os rastros de energ
-- O que aconteceu aqui, não deve ser reportado a ninguém, se eu souber que a história vazou, alguém vai perder a cabeça. -- aviso a Derek antes de seguir para o meu quarto.—podem sair.—digo as servas que ficaram cuidando dela.Os braços e as costas cobertas pelo tecido fino da camisola de dormir, escondem os ferimentos dela.-- Até dormindo é linda. Tão serena que faz meu coração doer. Queria entender o que foi que eu vi em ti, quando te escolhi pra ser minha imperatriz.—Seguro delicadamente seu rosto avermelhado, como uma maçã.Treze anos atrás.---Tem certeza que é por aqui. -- pergunto a Derek que está olhando em seu mapa.---Absolutamente. Olha. Em frente. A entrada para a floresta. Eu nunca te perderia a vossa majestade. Eu consultei com os meus pais, e eles me ofereceram o mapa que nos leva a qualquer canto, do império. E outra, o guarda do meu pai já veio a floresta uma vez, e ele me assegurou que existe uma família morando no meio dela.Derek quando começa a falar, não para