Me Tornei a Esposa do Tirano- Príncipe do Vento
Me Tornei a Esposa do Tirano- Príncipe do Vento
Por: Nicolle
Capítulo 01.

-- Amanda, para onde é que pensas que vais?- Viro-me lentamente para me dar de cara com a minha prima e fico de costas para a porta. Olha, tu vais só arranjar problemas com a mãe. Ela não gosta que saias para a floresta.—a encaro entediada, afinal, ela sempre diz isso quando quero sair—Amanda, sério. Tu, não devias fazer isso. Não é de bom tom que uma dama fique abanando um arco e flecha de um lado para  outro.

Revirei os olhos.

-- Você usa esse vestido feio que rasteja no chão mas nem por isso, e fico reclamando. Ah. Mesmo quando fica inventando avarias para ir a cidade grande, eu não me meto nas suas escolhas. Então eu imploro encarecidamente que faça o mesmo comigo.

Ela ficou chocada com a boca aberta, se movimentando como se fosse falar algo, mas apenas saiu um guincho agudo. Ela apontou-me o dedo e eu arquei as sobrancelhas desafiando a iniciar essa discussão. Ela recolheu o dedo e fechou a boca, emburrada, dei um sorriso convencido e dei meia volta.

Mesmo quando sai de casa, ainda voltei a olhar para trás para ver se ela se atreveu a me seguir. Mas, a única coisa que vejo quando olho para trás é a nossa velha casa rústica, com apenas dois quartos, uma pequena sala, uma porta velha amadeirada e cheia de buracos. Do lado esquerdo está a capoeira, com três galinhas, dois patos e dois cavalos, um de raça e outro normal. Não somos ricos. Para ter um celeiro cheio de compartimentos, por isso que todos os animais ficam no mesmo sítio. No início é uma luta, mas depois eles se dão muito bem. Entro na capoeira para pegar o meu cavalo, meu porque fui eu que o achei, a cinco anos atrás e sou a única que consegue domar.

--Cry, como está garoto.—digo passando minha mão sobre a sua longa crina castanha. Ele recebe o meu toque ao mesmo tempo, que cheira meu pescoço, e puxa meus fios cacheados ruivos. -- Também senti saudades. Aposto que está com fome, não é garoto.—os guinchos dele soam mais alto, ri satisfeita. – bora, arranjar algo para você petiscar.

O tiro da capoeira, logo de seguida o manto. Nossa casa está no meio da floresta, porque, bom porque nós somos neutras. Não temos poderes, e geralmente as cidades grandes e as aldeias estão preenchidas por pessoas que ao menos tenham um poder. Em norma. Numa família, tem de ter ao menos uma pessoa  com poder. O que não acontece na minha família, somos três mulheres desprovidas de poder. Querer viver na cidade é o mesmo que colocar um alvo nas nossas costas. Não somos bem vindos, nem bem vistos. Somos uma espécie de cólera. Então é mais seguro se esconder dentro da floresta. É só sair para fora quando necessário. Para comprar roupas, comida, produtos domésticos, ou quando saímos para ajudar minha tia nas vendas. Ou seja, não temos permissão para sair daqui, e temos pouco contacto com o mundo exterior.

A floresta não é assim tão assustadora como as pessoas da cidade do vilarejo pensam. Ela está cheia de maravilhosas ervas, algumas medicinais, outras comestíveis e outras venenosas. Sentei-me debaixo de uma gigante macieira, soltei Cry para que pudesse se alimentar, e beber água do lago. Deitei-me sobre o gramado olhando para as folhas verdes e amarelas. Alguns raios solares queimam o meu corpo, mas nada que me faça sair daqui. Fico encarando as folhas quando me canso, viro de lado e adormeço.

Minha tia não gosta que eu venha para cá por causa dos animais selvagens, isto é, algumas cobras, porco espinho, doninhas, coelhos e insectos. Não estamos falando de uma floresta rica em animais selvagens. Conheço este lugar, com a palma da minha mão, e nunca vi um leão, que pelo que eu sei são comuns no país do fogo, lobo já nem digo, pais da terra, jares, país da água. Ou seja, minha tia não se preocupa por nada.

Eu só venho para aqui, porque eu gosto, eu me sinto conectada com a natureza, eu amo a floresta, e também..., na minha infância brinquei muito aqui, conheci alguém incrível, que mal me recordo. É irônico né, eu tenho um carinho enorme por alguém que talvez já nem se recorde de mim. Eu por exemplo, não me recordo do rosto do mesmo, isso foi há tanto tempo. Tenho algumas recordações dos momentos que passamos juntos, queria ter mais, queria poder encontrar, queria poder saber como ele está. Talvez até já tenha constituído família, enquanto eu continuo presa a lembranças.

Me levanto num pulo e vejo que já está anoitecendo, pego meu arco e flecha, assobio para chamar Cry, que não leva um minuto para aparecer.

-- Bora, caçar, alguns coelhos garoto.—monto nele, para adentrar mais na floresta. -- AAAAAAHHHHHHHH. LA. LA. LA. LA. LA LA. LE. LE. LE. LE. –  dou risada, com minha própria maluquice, que funciona, porque os animais desta floresta odeiam barulho. Quando há barulho ficam muito assustados e correm por todos os lados. Tomo um susto quando uma cobra voa em minha direção, me curvo e ela cai no chão. Ela começa a serpentear em torno do Cry, que diferente de outros cavalos, não se assusta, apenas fica fora do alcance da cobra, vejo alguns coelhos saltitando, sem me demorar, tiro meu arco, procurando acertar pelo menos dois.

  Algum tempo depois, sai da floresta tendo cruzado com a minha tia, logo na saída da floresta.

--Presente. -- mostro dois coelhos grandes antes que ela comece a ralhar.

- Eu é que não digo nada. Você já é maior, sabe o que faz. – Ela pega os coelhos da minha mão e sai falando pelos cotovelos – duvido que ache alguém para se casar com esse comportamento, mas tudo bem. Quem se importa. Você nem quer casar mesmo.

-- Pensei que não diria nada. -- murmuro.

-- Antonieta. Traga água fervida. Amanda vá buscar os temperos. – ordena sem parar de falar.

Entro na casa pego os tempo e saí às encontrando depenando o coelho. Deixou o tempero de lado e começou a ajudar. Minha tia nos conta sobre como foram as vendas hoje e menciona que está rolando um aviso de que o príncipe vai se casar. Minha tia deve saber quem ele é mas, eu e Antonieta, nunca o vimos pessoalmente, nem a ele nem a família real. Mas enfim, o que isso importa. Somos três pobres mulheres, excluídas da sociedade.

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