Sorri, ainda meio abobado por tudo o que ela havia me dito. Porque era o que eu merecia ouvir. Era o que eu queria que ela me dissesse, ao invés de ser tão branda comigo.
— Por favor, posso te abraçar? — ri pelo nariz e ela franziu a testa, confusa. — Só diga se sim ou se não, por favor, Lizza — ela balançou a cabeça enquanto eu me levantava. Então a apertei tão forte contra meu peito que tive medo de ter quebrado aquele corpo pequeno no qual ela perambulava por aí, dizendo essas coisas magníficas para as pessoas. Lizza manteve seus braços ao lado do corpo, mas eu não esperava que ela me abraçasse de volta, de qualquer forma. — Vou ser sincero com você, Lizza — falei entre seus cabelos ao mesmo tempo que seu corpo balançava em resposta ao meu aperto excessivo. &
Minha mente voava de modo livre. Não conseguia pensar com clareza. Mas eu sabia que Lizza estava comigo e que eu precisava me controlar mais do que nunca. Drenei todo o ódio e raiva de seu passado, ou de qualquer coisa que pudesse me atingir, e me concentrei no amor que sentia por ela.As coisas estavam escuras; pensar cansava demais. Porém, eu não saberia o que fazer se tivesse de sair de sua vida. Então coloquei meu sentimento por ela no centro de meus pensamentos, e deixei tudo em mim girar em torno daquele amor.— Por que diz isso? — sua voz tremeu. Lizza percebera que eu já não estava sóbrio.— Porque ele vai sair, procurar e procurar. E quando se der conta — acariciei sua bochecha e pude enxergar um deslize de Lizza, quando sem que
Minha cabeça doía, e minha vontade era de perguntar à todos no meu serviço por que estavam gritando tanto. Suspirei, satisfeito pela primeira ressaca que havia valido a pena.Ou pensei ter valido, já que não me lembrava exatamente de tudo o que aconteceu naquele dia.De novo.A memória turva me assombrava. E a ânsia de encontrar Lizza para questionar meu comportamento me dava câimbras por todo o corpo.Ela não estava sentada em frente sua casa na hora do meu almoço. E quando cheguei, às 5, Regina me esperava com um tom severo que me amedrontou. Não precisou me chamar para com que eu soubesse que queria conversar comigo.— Olá
Lizza abriu os olhos, e engoli a seco. Queria encosta-la gentilmente na parede e explorar sua boca durante o resto da noite.Mas apenas beijei sua testa, apertando os olhos, reprimindo meu desejo ardente de ter seus lábios nos meus.— Por favor — sorri, puxando uma cadeira para ela se sentar.— Prefiro ver você cozinhar — parecia divertida com a ideia.E tinha razão em estar.— Como quiser — um beijo em sua bochecha, e segui para a geladeira. Lizza se debruçou no balcão, o que fez com muita dificuldade, pois sua estatura era muito pequena, e isso me fez rir levemente. — Algo me diz que você não confia em meus dotes culinários, Lizz
Ela me estudou. Eu sabia que não me responderia de imediato, sem antes meditar em cada palavra que escorregaria de seus lábios.— Você é diferente, Augusto. Já te disse uma vez — Lizza sorriu; enquanto eu enxugava as mãos e dava a volta para ficar ao seu lado, ela me acompanhou com os olhos. — Eu gosto de como conversa.Coloquei mais uma vez uma de minhas mãos em seu rosto, e o segurei.— Ah, é, Lizza?A vontade de beija-la ficava cada vez mais forte e envolvente. Estávamos tão próximos ao ponto de eu não saber dizer qual respiração era de Lizza e qual era minha. Seus olhos prenderam-se aos meus.Talvez ten
A brisa leve jogou o perfume fresco-adocicado de Lizza em minhas narinas. Não era enjoativo; passava a impressão de que ela havia acabado de sair de um banho. Embora estivesse consideravelmente calor, o vento era de uma temperatura baixa.Deixava-a caminhar na frente para que eu pudesse olhar como ela se portava; era graciosa demais, e Lizza era um espetáculo que eu não perderia nunca. Gostava de assisti-la, porque era interessante em demasia.— Sabia que você é linda?Ela gargalhou, jogando a cabeça para trás, e aquele som se encaixou tão bem quanto o canto dos pássaros no ambiente.— Sou, é? — Lizza parou de andar e se virou para mim. Parei o carro em frente minha casa, e me certifiquei de que ela não esqueceria o caderno dessa vez. Peguei sua mão e a levei até seu portão, calmamente, tentando prolongar meu tempo ao seu lado. Mesmo que já fossem quase sete da noite, e eu estivesse com ela desde a uma da tarde.— Depois de hoje passei a acreditar que nada é impossível para você — falei, acariciando sua bochecha quando paramos em frente sua casa.— Depois de hoje? — ela riu, curiosa.— Sim. Achei que fosse impossível você ficar mais linda do que você já é — ela olhou para o lado, escondendo um sorriso, enrubescida. — E hoje com esse vestido você me encheu os olhos.&mdaCapítulo 20
Seus olhos, de sólidos, entraram em uma fusão intensa e se desfizeram em líquido, drenando tudo o que havia de ruim dentro dela. Uma dravita, que derreteu e virou café. Uma xícara convidativa, aquecida e envolvente. Não aquela bebida escura, opaca. O castanho que você enxerga quase como se os grãos refletissem na luz. Quando ela me olhou daquela maneira, tive a impressão de que estava me convidando. 'Aceita essa xícara de café?'. Como recusar? Eu adorava café.— Eu nem sei o que seria de mim hoje se não fosse você... — ela sorriu, tristonha.— Lizza, você precisa me ligar quando coisas assim acontecem — acariciei sua bochecha por cima da mesa pequena.— Não queria incomodar &mdas
— Por que está dizendo isso? — ela piscou com pressa, mas não demonstrou nenhuma expressão perceptível ao olho humano.— Eu era como um refugiado que você resgatou. Você me mostrou tudo que eu precisava ver, Lizza. Sua doçura me envolveu, e me fez enxergar como amar. Você me ensinou a sentir; lecionou de um modo tão gentil que não quero que pare nunca. Me deixou ao seus pés, e eu faria tudo o que me pedisse sem pestanejar. Você me faz mudar de ideia em um estalar de dedos — ri pelo nariz, atordoado. — Lizza, eu não sei o que você tem, mas tem um poder sobre mim que nem mesmo eu entendo. Você tem um feitiço do qual não posso mais escapar. Sou todo seu, Lizza, de corpo, alma e coração.— É voc&ec