O caminho da volta foi longo e demorado. Optamos por fazer todo o trajeto em nossa forma humana por causa da mãe de Zoe. A caminhada foi tranquila, mas cheia de pensamentos. Enquanto andávamos, minha parceira comentou brevemente sobre sua mãe — contou que, apesar de ter as marcas, ela nunca encontrou seu Alfa.Uma coisa rara. Extremamente rara.Em todos os meus anos de vida, nunca ouvi uma história parecida. Sempre soube que, se a marca aparece, o Alfa existe. Mas nesse caso, algo não se encaixa.Fiz uma anotação mental. Preciso conversar com meu pai sobre isso assim que puder. Talvez ele tenha um ponto de vista diferente do meu, uma explicação ancestral que me ajude a entender melhor esse mistério. No fundo, uma parte de mim teme que tudo isso tenha alguma ligação com a profecia. Aquela que envolve Zoe.Assim que chegamos em casa, fui tomado por uma sensação estranha, como se algo importante estivesse para acontecer. Ainda assim, segui com o plano.Antes de sairmos, eu tinha pedido a
Alex está me segurando com força, como se quisesse impedir que meus pensamentos me levassem para muito longe. Sua presença me ancora, mas minha mente ainda está distante. Demora para acreditar no que estou vendo. No que está realmente acontecendo diante dos meus olhos.É uma bagunça. Um turbilhão.Minha mãe… minha mãe achou seu parceiro. Depois de tantos anos. Depois de uma vida inteira sem saber o que era se sentir completa, marcada, conectada a alguém. Ela encontrou.E foi aqui. Agora.Lord.Mas, mesmo com a felicidade crescendo no peito, com a emoção aquecendo meus olhos, não consigo ignorar a chuva de perguntas que invade a minha mente, como flechas rápidas e certeiras. Perguntas que gritam por respostas.Por que ele não veio quando ela completou a idade?Por que demorou tanto tempo?Isso tem alguma relação comigo?Com meu nascimento?Com a marca que carrego no corpo?O que a deusa espera de nós?Por que tudo ao meu redor parece estar conectado por fios invisíveis que ninguém cons
Passei a noite inteira trancado no escritório. A cabeça fervilhava, os pensamentos iam e vinham sem parar. Eu até tentei descansar, mas cada vez que fechava os olhos, a imagem da profecia voltava à minha mente. O destino de Zoe, o filho que deveríamos ter… tudo misturado com a revelação sobre a mãe dela ser a parceira de Lord. Estava tudo conectado de um jeito que eu ainda não conseguia entender completamente. E isso me deixava inquieto.Foi Zoe quem veio me tirar de lá. Entrou devagar, com aquela expressão cansada e preocupada, e mesmo sem dizer muito, apenas estendeu a mão. Bastou isso para que eu cedesse. Me deixei levar por ela até o quarto. Me deitei ao seu lado, enroscado no seu corpo como se aquilo fosse me salvar do caos na minha cabeça. O cheiro dela me acalmou. Aquilo, sim, era meu refúgio.No dia seguinte, o caos tomou conta antes mesmo do café da manhã.Lord tinha simplesmente sumido com a minha sogra. Isso mesmo. Sumido. E não deixou nem um bilhete, nem uma maldita mensag
Um século atrás, estive em uma aldeia vizinha — uma que hoje não passa de cinzas no chão. Naquela época, era um lugar procurado por muitos. Conhecida por seus rituais, videntes e por abrigar alguns dos anciões mais poderosos que já caminharam entre nós. A fama foi sua glória, mas também sua ruína.Fui até lá buscando respostas. Não para mim, mas pelo meu povo. Eu queria garantir o futuro da nossa alcateia. Sabia que precisava me preparar para os desafios que viriam, e ninguém melhor do que os anciões para isso. Eles tinham conhecimento antigo, profundo… assustador, às vezes.Lembro como se fosse ontem: a fumaça constante no ar, o cheiro de ervas queimadas, os olhos cansados de quem sabia demais. Eles me receberam como se já soubessem da minha chegada. E talvez soubessem mesmo. Nada ali acontecia por acaso.Na última noite, antes de eu partir, eles me chamaram em particular. Disseram que havia algo que eu precisava saber. Algo que mudaria o rumo da minha história.— Você terá uma parce
As mãos de Zoe abrem minha calça, puxando com pressa o tecido que ainda separava meu pau do toque dela. Meus olhos seguem cada movimento com fome. Minha parceira, minha lobinha, se torna selvagem diante de mim — e isso acende meu instinto na mesma intensidade. Meus dedos agarram seus cabelos escuros com firmeza, formando um rabo de cavalo alto, forte, dominando seus movimentos com naturalidade.— Minha lobinha tá com fome? — pergunto com um sorriso torto nos lábios, a voz mais rouca do que o normal.— Sim. Gosto de leite no café da manhã — responde, mordendo o lábio inferior antes de me encarar com aqueles olhos brilhantes que me desmontam.Porra.Solto uma risada curta, jogando a cabeça para trás, enquanto Zoe simplesmente decide colocar minha cabeça inteira na boca, me engolindo como se tivesse todo o tempo do mundo — e como se quisesse acabar comigo antes mesmo do dia começar. Atrevida demais. Dona de si. E minha.Ela começa devagar, lenta, como se quisesse me torturar com o calor
— Finalmente — é a primeira coisa que digo assim que Lord entra pela porta da minha casa. — Resolveu voltar pra civilização?Ele bufa, mas não responde. Sua expressão está mais calma do que imaginei que estaria depois de tanto tempo fora, mas ainda assim, ele evita meus olhos por um segundo. O que me chama a atenção de verdade, no entanto, é a presença atrás dele.Minha sogra.Ela está ali, escondida parcialmente pelo corpo dele, com as bochechas ruborizadas, como se ainda estivesse tentando se adaptar à ideia de estar aqui de novo, entre pessoas. Entre nós.— Precisávamos de um tempo a sós — ele responde, a voz mais rouca do que o habitual. Engole seco logo depois.— Entendo — murmuro, mais sério agora. — Espero que tudo tenha ocorrido bem.— Ocorreu — ele responde, curto, e percebo que há um peso diferente em seu olhar. Como se uma parte dele tivesse voltado diferente.Faço um sinal com a cabeça para um dos guardas na entrada. — Chamem Zoe. Está na hora dessa bendita conversa aconte
Entro em contato com a bruxa mais travessa — e mais talentosa — que conheço: Gabriele. A sorte é que ela também é a melhor no que faz, ou pelo menos é o que todas as outras bruxas gostam de dizer… mesmo rangendo os dentes.Atendo o cristal de comunicação com um toque.— Gabriele, consegue vir até minha alcateia até amanhã?A imagem dela aparece flutuando diante de mim, os cabelos ruivos soltos em ondas rebeldes e os olhos castanhos brilhando de curiosidade.— Olá, alfa. Do que exatamente precisa? — ela pergunta com aquele ar de quem já adivinhou que tem algo grande vindo por aí.— Quero que rastreie uma adaga pra mim. A mãe da minha parceira a encontrou. Achamos que pode ter alguma ligação com a deusa.Gabriele arregala levemente os olhos, inclinando o rosto como quem cheira magia antiga no ar.— Isso é realmente interessante. Muito. Pode ter sido um presente divino… ou um alerta. Posso chegar aí pela manhã.— Combinado. Manda um abraço pro Léo por mim.Léo. O alfa mais ranzinza que c
— Tem certeza que não vai me quebrar no meio?Cruzo os braços, tentando parecer confiante, mesmo sabendo que estou prestes a levar a maior surra da minha vida. De um lado, tenho Alex ,o meu alfa, parceiro e a coisa mais linda que já pisou na Terra ,e do outro lado, Lord, o brutamontes mais debochado que já conheci. E parceiro da minha mãe.— A menos que você seja feita de vidro, não — responde Lord, com aquele sorrisinho irritante que ele adora usar quando sabe que vai se divertir às minhas custas.— Eu tenho certeza que ela é feita de aço — Alex comenta, sorrindo de canto, os olhos brilhando de orgulho. — Mas vamos com calma hoje. Primeiro, noção de espaço. Depois, golpes básicos.— E se eu chutar vocês onde não devo? — pergunto, fingindo inocência. — Tipo… bem ali.Aponto discretamente para a parte estratégica do corpo de um lobo.Lord solta uma gargalhada tão alta que até os pássaros das árvores próximas levantam voo.— Eu vou amar ver isso acontecer.Alex apenas me lança um olhar