Passei a noite inteira trancado no escritório. A cabeça fervilhava, os pensamentos iam e vinham sem parar. Eu até tentei descansar, mas cada vez que fechava os olhos, a imagem da profecia voltava à minha mente. O destino de Zoe, o filho que deveríamos ter… tudo misturado com a revelação sobre a mãe dela ser a parceira de Lord. Estava tudo conectado de um jeito que eu ainda não conseguia entender completamente. E isso me deixava inquieto.Foi Zoe quem veio me tirar de lá. Entrou devagar, com aquela expressão cansada e preocupada, e mesmo sem dizer muito, apenas estendeu a mão. Bastou isso para que eu cedesse. Me deixei levar por ela até o quarto. Me deitei ao seu lado, enroscado no seu corpo como se aquilo fosse me salvar do caos na minha cabeça. O cheiro dela me acalmou. Aquilo, sim, era meu refúgio.No dia seguinte, o caos tomou conta antes mesmo do café da manhã.Lord tinha simplesmente sumido com a minha sogra. Isso mesmo. Sumido. E não deixou nem um bilhete, nem uma maldita mensag
Um século atrás, estive em uma aldeia vizinha — uma que hoje não passa de cinzas no chão. Naquela época, era um lugar procurado por muitos. Conhecida por seus rituais, videntes e por abrigar alguns dos anciões mais poderosos que já caminharam entre nós. A fama foi sua glória, mas também sua ruína.Fui até lá buscando respostas. Não para mim, mas pelo meu povo. Eu queria garantir o futuro da nossa alcateia. Sabia que precisava me preparar para os desafios que viriam, e ninguém melhor do que os anciões para isso. Eles tinham conhecimento antigo, profundo… assustador, às vezes.Lembro como se fosse ontem: a fumaça constante no ar, o cheiro de ervas queimadas, os olhos cansados de quem sabia demais. Eles me receberam como se já soubessem da minha chegada. E talvez soubessem mesmo. Nada ali acontecia por acaso.Na última noite, antes de eu partir, eles me chamaram em particular. Disseram que havia algo que eu precisava saber. Algo que mudaria o rumo da minha história.— Você terá uma parce
As mãos de Zoe abrem minha calça, puxando com pressa o tecido que ainda separava meu pau do toque dela. Meus olhos seguem cada movimento com fome. Minha parceira, minha lobinha, se torna selvagem diante de mim — e isso acende meu instinto na mesma intensidade. Meus dedos agarram seus cabelos escuros com firmeza, formando um rabo de cavalo alto, forte, dominando seus movimentos com naturalidade.— Minha lobinha tá com fome? — pergunto com um sorriso torto nos lábios, a voz mais rouca do que o normal.— Sim. Gosto de leite no café da manhã — responde, mordendo o lábio inferior antes de me encarar com aqueles olhos brilhantes que me desmontam.Porra.Solto uma risada curta, jogando a cabeça para trás, enquanto Zoe simplesmente decide colocar minha cabeça inteira na boca, me engolindo como se tivesse todo o tempo do mundo — e como se quisesse acabar comigo antes mesmo do dia começar. Atrevida demais. Dona de si. E minha.Ela começa devagar, lenta, como se quisesse me torturar com o calor
— Finalmente — é a primeira coisa que digo assim que Lord entra pela porta da minha casa. — Resolveu voltar pra civilização?Ele bufa, mas não responde. Sua expressão está mais calma do que imaginei que estaria depois de tanto tempo fora, mas ainda assim, ele evita meus olhos por um segundo. O que me chama a atenção de verdade, no entanto, é a presença atrás dele.Minha sogra.Ela está ali, escondida parcialmente pelo corpo dele, com as bochechas ruborizadas, como se ainda estivesse tentando se adaptar à ideia de estar aqui de novo, entre pessoas. Entre nós.— Precisávamos de um tempo a sós — ele responde, a voz mais rouca do que o habitual. Engole seco logo depois.— Entendo — murmuro, mais sério agora. — Espero que tudo tenha ocorrido bem.— Ocorreu — ele responde, curto, e percebo que há um peso diferente em seu olhar. Como se uma parte dele tivesse voltado diferente.Faço um sinal com a cabeça para um dos guardas na entrada. — Chamem Zoe. Está na hora dessa bendita conversa aconte
Entro em contato com a bruxa mais travessa — e mais talentosa — que conheço: Gabriele. A sorte é que ela também é a melhor no que faz, ou pelo menos é o que todas as outras bruxas gostam de dizer… mesmo rangendo os dentes.Atendo o cristal de comunicação com um toque.— Gabriele, consegue vir até minha alcateia até amanhã?A imagem dela aparece flutuando diante de mim, os cabelos ruivos soltos em ondas rebeldes e os olhos castanhos brilhando de curiosidade.— Olá, alfa. Do que exatamente precisa? — ela pergunta com aquele ar de quem já adivinhou que tem algo grande vindo por aí.— Quero que rastreie uma adaga pra mim. A mãe da minha parceira a encontrou. Achamos que pode ter alguma ligação com a deusa.Gabriele arregala levemente os olhos, inclinando o rosto como quem cheira magia antiga no ar.— Isso é realmente interessante. Muito. Pode ter sido um presente divino… ou um alerta. Posso chegar aí pela manhã.— Combinado. Manda um abraço pro Léo por mim.Léo. O alfa mais ranzinza que c
— Tem certeza que não vai me quebrar no meio?Cruzo os braços, tentando parecer confiante, mesmo sabendo que estou prestes a levar a maior surra da minha vida. De um lado, tenho Alex ,o meu alfa, parceiro e a coisa mais linda que já pisou na Terra ,e do outro lado, Lord, o brutamontes mais debochado que já conheci. E parceiro da minha mãe.— A menos que você seja feita de vidro, não — responde Lord, com aquele sorrisinho irritante que ele adora usar quando sabe que vai se divertir às minhas custas.— Eu tenho certeza que ela é feita de aço — Alex comenta, sorrindo de canto, os olhos brilhando de orgulho. — Mas vamos com calma hoje. Primeiro, noção de espaço. Depois, golpes básicos.— E se eu chutar vocês onde não devo? — pergunto, fingindo inocência. — Tipo… bem ali.Aponto discretamente para a parte estratégica do corpo de um lobo.Lord solta uma gargalhada tão alta que até os pássaros das árvores próximas levantam voo.— Eu vou amar ver isso acontecer.Alex apenas me lança um olhar
Minha mãe para ao lado de Alex, ainda um pouco hesitante. Está usando uma roupa leve, de treino, como a minha. Fico feliz em vê-la assim… não como a figura que sempre cuidou de mim, mas como alguém disposta a lutar. A se fortalecer ao meu lado. Sinto muito orgulho dela.— Está pronta? — pergunto, sorrindo com um pouco de nervosismo.Ela me encara, o mesmo sorriso tímido que eu conheço desde sempre surgindo em seus lábios.— Acho que estou… ou quase — ela confessa, ajeitando a blusa como se isso fosse resolver algo. — Faz tempo que não corro, Zoe.— Não vamos começar correndo — Lord responde, com a voz firme, mas o olhar atencioso. — Hoje é apenas o começo. Respiração, movimentação, postura.— Parece coisa demais — ela comenta, e eu noto a forma como ele a observa. Com cuidado. Com… reverência. É discreto, mas está ali, no modo como ele inclina levemente o corpo em direção a ela, como se o instinto estivesse o guiando. Quase como Alex comigo.— A gente começa devagar, mãe — digo, tenta
O cheiro de bolo recém-saído do forno preencheu o ar assim que voltamos do treinamento. A cozinha da casa estava aquecida, com as janelas levemente embaçadas pelo vapor que subia da chaleira e da rosca amanteigada ainda soltando fumaça no prato. Minha lobinha entrou primeiro, os cabelos ainda bagunçados do treino, as bochechas coradas e o sorriso iluminando o rosto. Segurei a porta para sua mãe passar, e logo atrás veio Lord, que insistiu em carregar o jarro de suco como se aquilo fosse uma missão de honra.— Ok, aviso logo — Zoe anunciou, já se jogando na cadeira da ponta da mesa. — Eu treinei, suei e apanhei. Quero duas fatias de bolo e rosca dobrada.— Duas fatias? — ri, puxando a cadeira ao seu lado e depositando um beijo na lateral do seu rosto. — Depois dizem que os Alfas têm apetite exagerado.— Eu sou uma loba em evolução, Alex. Preciso de energia. Crescimento. Desenvolvimento.— Isso aí — a mãe dela apoiou, sorrindo enquanto distribuía os pratos. — Crescimento exige alimentaç