Marcada pelo Lobo: Promessa Lupina
Marcada pelo Lobo: Promessa Lupina
Por: Arthur Souza
Capítulo 1

Capítulo 1

Helena corria desesperada pela floresta, tropeçando nas folhagens e nos galhos escondidos entre elas. Suas mãos e joelhos estavam esfolados e doloridos, pois os usava para se apoiar cada vez que caia. Apavorada, levantou apressada na expectativa de não ser alcançada. Ela podia escutar nitidamente as vozes masculinas que se aproximavam dela.

— Você não pode fugir para sempre, garota! — Um deles gritou, a voz rouca com crueldade transparecendo em seu tom de voz.

Helena não olhou para trás. Ela sabia que, se parasse, seria o fim. O medo a corroía por dentro, e o terreno traiçoeiro da floresta começava a cobrar seu preço. Seus pés descalços estavam feridos, os galhos rasgavam sua pele, mas ela não desistiria. Continuaria correndo.

— Apenas parem! Por que estão fazendo isso comigo? — Ela gritou, mais para o vazio do que para os homens que a perseguiam.

Nenhuma resposta veio além de risadas sinistras.

Mais uma vez, Helena tropeçou em uma raiz exposta, caindo de joelhos. Suas mãos buscaram apoio no chão lamacento, mas antes que pudesse se levantar, ouviu os passos se aproximando. Eles estavam perto demais.

Com um último impulso, Helena se ergueu e correu, mas o chão pareceu desaparecer sob seus pés. Ela tentou manter o equilíbrio, mas não havia terra para segurá-la. Um buraco se abriu sob seus pés e a engoliu, ela gritou enquanto caía, mas não havia onde se segurar.

O ar foi arrancado de seus pulmões, e tudo se tornou uma confusão de escuridão enquanto ela despencava. A queda parecia interminável, até que, de repente, seu corpo foi arremessado contra algo macio e úmido. Ela estava no chão, mas não na mesma floresta.

Helena abriu os olhos lentamente. O ar era diferente, pesado e carregado de um cheiro terroso. Árvores enormes se erguiam ao seu redor, muito maiores e mais antigas do que as da floresta de onde viera. A luz era mais fraca, como se o sol tivesse sido filtrado por um véu.

— Onde… Onde estou? — Ela murmurou, sua voz ecoando fracamente.

— Você caiu longe demais, mikró (pequena).

A voz profunda e rouca fez seu corpo gelar. Helena virou a cabeça lentamente, seus olhos encontrando os de um homem que a observava das sombras. Ele era alto e magro, mas sua presença era esmagadora. Seus olhos dourados brilhavam como os de um predador, e seu cabelo escuro caía desordenadamente sobre os ombros.

— Quem é você? — Ela perguntou, tentando se levantar, mas suas pernas não obedeciam.

O homem deu um passo à frente, saindo das sombras. A luz fraca revelou seu rosto anguloso e sua expressão severa. Ele parecia humano, mas algo nele era… Diferente. Selvagem.

— Isso não importa agora. O que importa é que você está em meu território. — Ele se aproximou lentamente, cercando-a como se fosse uma presa.

— Eu… Eu não queria estar aqui. Eu estava fugindo… — Helena tentou explicar, mas ele a interrompeu.

— E caiu direto em minhas mãos.

Antes que ela pudesse reagir, ele se ajoelhou diante dela, segurando seu queixo com força. O toque era quente, quase queimando. Helena tentou se afastar, mas ele era muito forte.

— O que você está fazendo? Me solte! — Ela exigiu, mas sua voz soou fraca.

— Você ainda não entendeu, não é?. — Seus olhos se estreitaram, e então ele inclinou a cabeça para o lado. — Não vou deixá-la escapar.

— O quê? Do que você está falando? — O pânico tomou conta de Helena.

— Você pertence a mim agora. — Ele sussurrou as palavras antes de inclinar a cabeça e morder seu pescoço.

A dor foi instantânea, um choque que a fez gritar. Ela tentou empurrá-lo, mas era como se seu corpo estivesse paralisado. Um calor estranho começou a se espalhar de onde os dentes dele haviam perfurado sua pele, uma sensação confusa de dor e… Algo mais.

Quando ele finalmente se afastou, seus olhos dourados estavam ainda mais brilhantes.

— O que você fez comigo? — Helena arfou, tocando o pescoço, onde agora havia uma marca em forma de meia-lua.

— Marquei você. Agora você é minha. — Ele se levantou, olhando para ela como se tivesse conquistado um prêmio.

Helena o encarou, o coração batendo descontroladamente.

— Eu não pertenço a ninguém! Você é louco! — Ela gritou, tentando se levantar novamente.

Ele riu, um som baixo e rouco que fez seus pelos se arrepiarem.

— Aqui, tudo tem um dono. Este mundo não é como o seu. Aqui, as regras são diferentes. 

— Que lugar é este? — Ela perguntou, finalmente conseguindo ficar de pé, embora suas pernas tremessem.

— Eryndor. Um mundo esquecido, amaldiçoado. — Ele deu um passo atrás, os olhos nunca deixando os dela. — E agora, você faz parte dele.

— Eu quero voltar para casa! — Ela gritou, mas ele apenas balançou a cabeça.

— Não há como voltar.

Helena sentiu o desespero crescer em seu peito.

— Por que você fez isso comigo? Eu não pedi para estar aqui!

Ele a observou por um momento, o olhar intenso e insondável.

— Porque você caiu no meu território. E porque você é diferente. Eu senti isso no momento em que você apareceu.

— Diferente? Como assim?

Ele não respondeu. Em vez disso, virou-se, começando a se afastar.

— Espere! — Helena correu atrás dele, agarrando seu braço. — Você não pode simplesmente me marcar e ir embora!

Ele parou, olhando para a mão dela em seu braço.

— Você é corajosa. Isso é bom. Mas cuidado, Helena. Este mundo não perdoa fraquezas.

Ela piscou, surpresa.

— Como você sabe meu nome?

Ele inclinou a cabeça, um sorriso enigmático curvando seus lábios.

— Eu sei mais sobre você do que imagina.

Antes que ela pudesse responder, ele começou a se transformar. Seus ossos estalaram, seu corpo se expandiu, e em segundos ele estava diante dela como um enorme lobo negro, seus olhos dourados ainda brilhando com intensidade.

Helena deu um passo para trás, a boca aberta em choque.

— Isso… Isso não é possível…

O lobo deu um rosnado baixo, mas não ameaçador, antes de desaparecer entre as árvores, deixando-a sozinha no meio da floresta estranha e silenciosa.

Helena caiu de joelhos, sua mente girando.

— O que diabos está acontecendo?

Ela tocou o pescoço novamente. O sangue havia parado de escorrer, mas a marca... A marca era profunda, como se queimasse. E, pela primeira vez, sentiu algo diferente em seu peito. Algo poderoso, pulsando sob sua pele, como se algo dentro dela tivesse despertado a partir daquela mordida.

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