Capítulo 7 A noite envolvia a cabana como um manto silencioso. O vento passava pelas árvores ao redor, sussurrando segredos esquecidos de um mundo condenado. No interior, a luz fraca do fogo lançava sombras oscilantes nas paredes de madeira rústica. Helena estava deitada sobre a cama improvisada de peles, sentindo o calor da fogueira acariciar sua pele. Ainda estava acordada, os pensamentos girando sem descanso. Ao seu lado, Erik repousava, ou pelo menos fingia. Seu corpo era uma presença sólida e quente, um lembrete constante de tudo o que havia mudado desde que ela chegara a Eryndor. O silêncio entre eles não era incômodo, mas carregado de perguntas não feitas. Finalmente, Helena rompeu a barreira do silêncio. — Você sabia, não sabia? — Sua voz soou baixa, hesitante. Erik abriu os olhos dourados, virando levemente a cabeça para encará-la. — Sobre o quê? — Ele perguntou, embora soubesse exatamente do que ela falava. Ela se virou para o lado, ficando de frente para ele.
Capítulo 8O amanhecer trouxe consigo uma névoa fina que se erguia dos campos ao redor da cabana. O ar estava fresco, carregado com o cheiro úmido das folhas e da terra. Helena puxou a manta ao redor do corpo, sentindo um arrepio que não vinha apenas do frio.Erik já estava de pé. Observava a clareira diante deles, os braços cruzados sobre o peito forte. Seus olhos dourados captavam cada movimento ao redor, como se estivessem sempre em alerta. Quando percebeu que Helena se aproximava, virou-se para ela com um meio sorriso.— Está pronta? — Ele perguntou, a voz rouca pelo frio da manhã.Helena hesitou por um momento, mas assentiu. Se quisesse sobreviver em Eryndor, precisava aprender.Erik levou-a até um espaço aberto entre as árvores, onde a grama era baixa e o solo firme. Ele girou uma pequena adaga entre os dedos e a entregou a ela.— Primeira lição: nunca confie apenas na magia. O corpo também precisa saber lutar.Helena segurou a lâmina, sentindo o peso frio em sua mão. Parecia pe
Capítulo 9A noite já havia se instalado sobre Eryndor, e a única luz que iluminava a clareira era a fogueira crepitante diante de Helena e Erik. O calor da chama pintava sombras no rosto dele, acentuando os contornos fortes de sua mandíbula e a intensidade dourada de seus olhos.Helena ainda sentia o peso do treinamento do dia em seus músculos, mas sua mente estava inquieta. Havia algo que não saía de sua cabeça desde aquele momento mais cedo, quando a pele de Erik roçou contra a sua e seus dedos deslizaram instintivamente até a marca no pescoço dele.Ela nunca havia reparado de verdade naquilo antes. Sim, já tinha visto a marca algumas vezes, mas nunca prestara atenção. Agora, porém, sentia que algo estava diferente… Ou talvez fosse apenas a forma como Erik reagira ao seu toque.Ela observou Erik pelo canto do olho. Ele parecia concentrado no fogo, mas algo em sua postura indicava que ele também estava imerso em pensamentos.Helena mordeu o lábio, reunindo coragem antes de perguntar
Capítulo 10A tensão entre eles ainda pairava no ar quando Erik virou bruscamente a cabeça, seu corpo inteiro se enrijecendo. Helena seguiu seu olhar para a escuridão da floresta, mas tudo o que viu foi a silhueta retorcida das árvores.— Erik? — Sua voz saiu baixa, mas cheia de alerta.Ele ergueu a mão, pedindo silêncio. Seus olhos dourados estavam fixos em um ponto além da névoa rasteira. Então, ele sussurrou:— Eles estão aqui.O sangue de Helena gelou.— Os caçadores?Erik assentiu lentamente, sua expressão sombria.— São pelo menos cinco. Eles estão nos cercando.O coração de Helena martelava. Ela se levantou de um salto, sentindo o corpo ainda dolorido do treinamento.— E agora? Fugimos?— Se ficarmos, teremos que lutar. Mas se corrermos… — Ele inspirou fundo, analisando a situação. — Podemos ter uma chance de despistá-los antes que nos alcancem.Helena não hesitou.— Então corremos.Sem mais uma palavra, Erik segurou sua mão e puxou-a consigo para dentro da floresta. O mundo ao
Eles conseguiram retornar para a cabana, mas temendo que os caçadores voltassem, Erik pegou os cavalos e seguiu com a Helena para a tribo dos ursos. A floresta ao redor era mais densa do que qualquer outra parte de Eryndor que Helena havia visto até então. Árvores colossais erguiam-se como pilares de um templo antigo, seus galhos entrelaçados formando um teto natural que filtrava a luz do sol. O ar era carregado com o cheiro de terra molhada e musgo, e o som distante de um rio ecoava entre as rochas.Helena montava um cavalo castanho, seguindo Erik, que cavalgava à frente com sua postura sempre alerta. Ele não gostava da ideia de se aproximar da Tribo do Urso, mas sabia que não havia outra escolha. Com os caçadores de maldições à espreita e o poder de Helena ainda instável, eles precisavam de aliados.— Você tem certeza de que eles vão nos ajudar? — Helena perguntou, segurando firme as rédeas do cavalo.Erik soltou um suspiro curto.— Não. Mas são a melhor chance que temos.A Tribo do
Capítulo 12O calor da batalha já havia passado, mas Erik ainda sentia o sangue fervendo. Ele andava pela cabana que Bjorn havia lhes cedido temporariamente, os passos pesados e a expressão fechada. Suas mãos estavam cerradas em punhos ao lado do corpo, como se ainda segurassem a espada.A resposta não dada por Helena na floresta continuava ecoando em sua mente. Ela o havia escolhido agora, mas e depois? E se ela não quisesse manter o vínculo?"Eu fico com Erik."Ela havia dito isso, mas com uma hesitação que o irritava profundamente. Por que demorou tanto para responder? O que a impedia de simplesmente rejeitar a oferta de Bjorn? Ele sabia que Helena tinha outra forma de ver aquele vínculo, ela não pertencia a ninguém, mas só a ideia dela considerando a possibilidade de ficar sob a proteção do líder dos ursos o deixava furioso. Bjorn sabia provocar. Sabia exatamente onde atingir.E Erik odiava que estivesse funcionando.Helena estava sentada no colchão simples da cabana, observando
Capítulo 13A noite caía lentamente sobre a floresta, trazendo consigo um silêncio peculiar. O vento soprava entre as árvores, carregando o cheiro da madeira úmida e do musgo, enquanto pequenos feixes de luz dourada do pôr do sol ainda dançavam entre as folhas. Helena sentiu um arrepio percorrer sua pele ao descer da sela de seu cavalo. O dia havia sido longo, marcado por batalhas e negociações tensas com a Tribo do Urso, e seu corpo clamava por descanso.— Há um riacho logo adiante. — Erik disse, desmontando ao lado dela. — Podemos aproveitar para nos limpar antes de continuar.Helena suspirou em alívio. O suor e a poeira da viagem estavam grudados em sua pele, e a ideia de se banhar em águas frescas era tentadora. Ela o seguiu pela trilha estreita até uma clareira onde um riacho serpenteava entre as pedras, refletindo as primeiras estrelas da noite. A água parecia cristalina, movendo-se suavemente sob a luz tênue.— Você primeiro. — Erik disse, jogando sua capa sobre uma pedra.Hele
Capítulo 14Desde que a Lua Vermelha brilhara no céu na noite anterior, algo dentro dela parecia diferente.Ela se movia com mais leveza, seus sentidos estavam mais aguçados, e a magia que antes parecia uma força bruta incontrolável agora pulsava de forma mais harmoniosa dentro de seu corpo. Mas, ao mesmo tempo, um nó persistente se formava em seu peito.Eryndor não era seu lar.Ou, pelo menos, não deveria ser.Helena passara os últimos dias tentando sobreviver, e agora tentava se adaptar. As roupas modernas que vestira ao chegar ali haviam sido substituídas por trajes mais adequados àquele mundo. Um conjunto de calças de couro flexível, uma túnica leve e um cinto adornado com pequenas facas. Suas botas eram feitas à mão, resistentes e confortáveis. O tecido áspero das roupas lhe causara estranhamento no início, mas agora já fazia parte de sua rotina.Ela passara a maior parte da manhã explorando os arredores da aldeia, esperando Erik retornar da caça. Ele não estava longe, mas ela sa