Capítulo 10A tensão entre eles ainda pairava no ar quando Erik virou bruscamente a cabeça, seu corpo inteiro se enrijecendo. Helena seguiu seu olhar para a escuridão da floresta, mas tudo o que viu foi a silhueta retorcida das árvores.— Erik? — Sua voz saiu baixa, mas cheia de alerta.Ele ergueu a mão, pedindo silêncio. Seus olhos dourados estavam fixos em um ponto além da névoa rasteira. Então, ele sussurrou:— Eles estão aqui.O sangue de Helena gelou.— Os caçadores?Erik assentiu lentamente, sua expressão sombria.— São pelo menos cinco. Eles estão nos cercando.O coração de Helena martelava. Ela se levantou de um salto, sentindo o corpo ainda dolorido do treinamento.— E agora? Fugimos?— Se ficarmos, teremos que lutar. Mas se corrermos… — Ele inspirou fundo, analisando a situação. — Podemos ter uma chance de despistá-los antes que nos alcancem.Helena não hesitou.— Então corremos.Sem mais uma palavra, Erik segurou sua mão e puxou-a consigo para dentro da floresta. O mundo ao
Eles conseguiram retornar para a cabana, mas temendo que os caçadores voltassem, Erik pegou os cavalos e seguiu com a Helena para a tribo dos ursos. A floresta ao redor era mais densa do que qualquer outra parte de Eryndor que Helena havia visto até então. Árvores colossais erguiam-se como pilares de um templo antigo, seus galhos entrelaçados formando um teto natural que filtrava a luz do sol. O ar era carregado com o cheiro de terra molhada e musgo, e o som distante de um rio ecoava entre as rochas.Helena montava um cavalo castanho, seguindo Erik, que cavalgava à frente com sua postura sempre alerta. Ele não gostava da ideia de se aproximar da Tribo do Urso, mas sabia que não havia outra escolha. Com os caçadores de maldições à espreita e o poder de Helena ainda instável, eles precisavam de aliados.— Você tem certeza de que eles vão nos ajudar? — Helena perguntou, segurando firme as rédeas do cavalo.Erik soltou um suspiro curto.— Não. Mas são a melhor chance que temos.A Tribo do
Capítulo 12O calor da batalha já havia passado, mas Erik ainda sentia o sangue fervendo. Ele andava pela cabana que Bjorn havia lhes cedido temporariamente, os passos pesados e a expressão fechada. Suas mãos estavam cerradas em punhos ao lado do corpo, como se ainda segurassem a espada.A resposta não dada por Helena na floresta continuava ecoando em sua mente. Ela o havia escolhido agora, mas e depois? E se ela não quisesse manter o vínculo?"Eu fico com Erik."Ela havia dito isso, mas com uma hesitação que o irritava profundamente. Por que demorou tanto para responder? O que a impedia de simplesmente rejeitar a oferta de Bjorn? Ele sabia que Helena tinha outra forma de ver aquele vínculo, ela não pertencia a ninguém, mas só a ideia dela considerando a possibilidade de ficar sob a proteção do líder dos ursos o deixava furioso. Bjorn sabia provocar. Sabia exatamente onde atingir.E Erik odiava que estivesse funcionando.Helena estava sentada no colchão simples da cabana, observando
Capítulo 13A noite caía lentamente sobre a floresta, trazendo consigo um silêncio peculiar. O vento soprava entre as árvores, carregando o cheiro da madeira úmida e do musgo, enquanto pequenos feixes de luz dourada do pôr do sol ainda dançavam entre as folhas. Helena sentiu um arrepio percorrer sua pele ao descer da sela de seu cavalo. O dia havia sido longo, marcado por batalhas e negociações tensas com a Tribo do Urso, e seu corpo clamava por descanso.— Há um riacho logo adiante. — Erik disse, desmontando ao lado dela. — Podemos aproveitar para nos limpar antes de continuar.Helena suspirou em alívio. O suor e a poeira da viagem estavam grudados em sua pele, e a ideia de se banhar em águas frescas era tentadora. Ela o seguiu pela trilha estreita até uma clareira onde um riacho serpenteava entre as pedras, refletindo as primeiras estrelas da noite. A água parecia cristalina, movendo-se suavemente sob a luz tênue.— Você primeiro. — Erik disse, jogando sua capa sobre uma pedra.Hele
Capítulo 14Desde que a Lua Vermelha brilhara no céu na noite anterior, algo dentro dela parecia diferente.Ela se movia com mais leveza, seus sentidos estavam mais aguçados, e a magia que antes parecia uma força bruta incontrolável agora pulsava de forma mais harmoniosa dentro de seu corpo. Mas, ao mesmo tempo, um nó persistente se formava em seu peito.Eryndor não era seu lar.Ou, pelo menos, não deveria ser.Helena passara os últimos dias tentando sobreviver, e agora tentava se adaptar. As roupas modernas que vestira ao chegar ali haviam sido substituídas por trajes mais adequados àquele mundo. Um conjunto de calças de couro flexível, uma túnica leve e um cinto adornado com pequenas facas. Suas botas eram feitas à mão, resistentes e confortáveis. O tecido áspero das roupas lhe causara estranhamento no início, mas agora já fazia parte de sua rotina.Ela passara a maior parte da manhã explorando os arredores da aldeia, esperando Erik retornar da caça. Ele não estava longe, mas ela sa
Capítulo 15Os dias na tribo do urso haviam sido tranquilos, mas Erik não conseguia se livrar da sensação de que essa calmaria era enganosa. Havia algo no ar, um pressentimento incômodo que o deixava inquieto. Ele observava os membros da tribo enquanto trabalhavam, caçavam e conviviam em perfeita harmonia, mas sentia um peso no peito. Como se algo estivesse à espreita, apenas esperando o momento certo para se revelar.Além disso, havia outro detalhe que o incomodava profundamente. Os olhares dos ursos sobre Helena.Ele não podia culpá-los. Helena carregava algo que os atraía. Sua linhagem, sua aura, o sangue da deusa pulsando em suas veias. Os transmorfos da tribo do urso eram instintivos, e ele sentia o desejo bruto que emanava deles sempre que sua companheira estava por perto. O único motivo pelo qual não haviam agido de forma mais direta era a presença de Erik ao lado dela, um aviso silencioso de que ela não estava disponível.Mas ele não gostava disso. Não gostava da forma como a
Capítulo 16Helena e Erik haviam se estabelecido em um aposento dentro do templo, um lugar seguro e protegido, mas ela não conseguia descansar. Sua mente estava inquieta, e o vínculo que a ligava a Erik parecia mais forte do que nunca, como se a Lua Vermelha ainda pairasse sobre eles, mesmo que já tivesse passado.Ela se levantou da cama, caminhando até a janela. A vista era impressionante: a floresta densa se estendia até onde os olhos podiam ver, e as estrelas brilhavam intensamente no céu escuro. Mas Helena não conseguia apreciar a beleza daquele lugar. Algo dentro dela a chamava, uma sensação que não conseguia ignorar.— Não consegue dormir? — A voz de Erik a fez se virar. Ele estava sentado em uma cadeira próximo à lareira, observando-a com aqueles olhos dourados que pareciam ver tudo.— Não — ela respondeu, cruzando os braços. — Sinto que há algo que preciso descobrir. Algo que está me chamando.Erik se levantou, aproximando-se dela. Sua presença era reconfortante, mas também in
Capítulo 17No centro do salão, Helena sentia-se encurralada. Os líderes transmorfos discutiam entre si, suas palavras se misturando ao brilho trêmulo das tochas espalhadas pelo espaço. Os olhares lançados a ela eram como lanças afiadas—alguns carregados de esperança, outros de desconfiança e, em alguns casos, de frieza absoluta. Ela sabia que, para muitos ali, sua presença representava uma ameaça, algo que devia ser eliminado antes que trouxesse mais problemas.Ao seu lado, Erik mantinha-se imóvel, mas sua postura tensa e o olhar dourado atento denunciavam sua prontidão. Ele observava cada líder, analisando gestos e expressões, como um predador esperando pelo momento certo de atacar. Helena não precisava perguntar para saber que, se as coisas saíssem do controle, ele não hesitaria em lutar para protegê-la.Um homem alto, de ombros largos e cabelos escuros desgrenhados, avançou para o centro da roda formada pelos líderes. Seu nome era Garran, o alfa da matilha do Sul. Conhecido por su